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RESUMO DO CAPÍTULO 1 
	Constitucionalismo significa, em essência, limitação do poder e supremacia da lei. 
	Há pelo menos um caso notório em que o ideal constitucionalista está presente independentemente de constituição escrita, o do Reino Unido. 
	Não basta, portanto, a existência de uma ordem jurídica qualquer. É preciso que ela seja dotada de determinados atributos e que tenha legitimidade, a adequação voluntária e espontânea de seus destinatários.
	Em um Estado constitucional existem três ordens de limitações do poder. Em primeiro lugar, as limitações materiais: há valores básicos e direitos fundamentais que hão de ser sempre preservados, como a dignidade da pessoa humana, a justiça, a solidariedade e os direitos à liberdade de religião de expressão, de associação. Em segundo lugar, há uma específica estrutura orgânica exigível: as funções de legislar, administrar e julgar devem ser atribuídas a órgãos distintos e independentes, mas que, ao mesmo tempo, se controlem reciprocamente (checks and balances). Por fim, há as limitações processuais: os órgãos do poder devem agir não apenas com fundamentos na lei, mas também observando o devido processo legal, que congrega regras tanto de caráter procedimental (contraditório, ampla defesa, inviolabilidade do domicílio, vedação de provas obtidas por meios ilícitos) como de natureza substantiva (racionalidade, razoabilidade-proporcionalidade, inteligibilidade). 
	A constituição inglesa é produto de longo desenvolvimento histórico, tendo lastro nas convenções e nas leis constitucionais. As convenções são práticas consolidadas ao longo dos séculos no exercício do poder político, incluindo sua organização e a repartição de competências. Os papéis desempenhados Primeiro-Ministro, pelo Gabinete e pelo Monarca, por exemplo, são fruto de convenção. Já as leis constitucionais são atos do Parlamento e têm natureza constitucional não em razão da forma de votação, mas do seu conteúdo, por lidarem com matérias afetas ao poder político e aos direitos fundamentais. 
CAPÍTULO 2
	A ciência do direito constitucional: a singularidade da ciência do Direito é que ela não pode servir-se, em escala relevante, da ambição da objetividade que caracteriza as ciências exatas. Como domínio científico, o direito constitucional procura ordenar elementos e saberes diversos, relacionados a aspectos normativos do poder político e dos direitos fundamentais, que incluem, por exemplo, reflexões advindas da filosofia, a produção doutrinária acerca das normas e dos institutos políticos e a atividade de juízes e tribunais na aplicação prática do Direito. Na perspectiva de um domínio científico, trata-se de um conjunto sistemático de conhecimentos teóricos e históricos – conceitos e categorias doutrinárias – que permitem a reflexão acerca da disciplina do poder no âmbito do Estado, sua organização, limites e finalidades, assim como da definição dos direitos fundamentais das pessoas sujeitas à sua incidência. 
	Direito constitucional positivo: o direito constitucional positivo é composto do conjunto de normas jurídicas em vigor que têm o status de normas constitucionais, isto é, que são dotadas de máxima hierarquia dentro do sistema. O direito constitucional positivo consiste, em primeiro lugar, nas normas que compõem a Constituição. Mas o direito não se esgota nas normas legisladas: nele se inclui, igualmente, o costume, proposição que é válida também no âmbito do direito constitucional, a despeito das sutilezas que comporta. São, portanto, admissíveis construções que expandem o seu sentido e alcance, com fundamento nos valores compartilhados pela sociedade e respeitados os limites da legitimidade democrática da atuação. 
	O direito constitucional como direito subjetivo: aqui, temos a possibilidade que o beneficiário de uma norma tem de fazê-la atuar em seu favor, inclusive por meio de recurso à coação estatal. Normas jurídicas e normas constitucionais tutelam bem jurídicos socialmente relevantes e interesses individuais. Um direito subjetivo constitucional confere a seu titular a faculdade de invocar a norma da constituição para assegurar o desfrute da situação jurídica nela contemplada. Direitos subjetivos constitucionais investem os jurisdicionados no poder de exigir do Estado – ou de outro eventual destinatário da norma constitucional – prestações positivas ou negativas que proporcionem o desfrute dos bens e interesses jurídicos nela consagrados. Tais direitos incluem os individuais, políticos, sociais e coletivos. 
	Em síntese conclusiva, a expressão “direito constitucional” pode significar o domínio científico que o estuda, o direito positivo que o ordena ou o direito subjetivo decorrente de normas constitucionais. 
O direito constitucional é não apenas um sistema em si, mas uma forma – na verdade, a forma adequada – de ler e interpretar as normas dos demais ramos dos direitos, isto é, todas as normas infraconstitucionais.
 O debate contemporâneo acerca da noção de interesse público impõe reavivar uma distinção fundamental e pouco explorada, que o divide em primário e secundário. O interesse público primário é a razão de ser do Estado e sintetiza-se nos fins que cabe a ele promover: justiça, segurança e bem-estar social. Estes são os interesses de toda a sociedade. O interesse público secundário é o da pessoa jurídica de direito que seja parte em determinada relação jurídica – quer se trate da União, quer se trate do Estado-membro, do município ou das autarquias. Em ampla medida, pode ser identificado como o interesse do erário, que é o de maximizar a arrecadação e minimizar as despesas. 
CAPÍTULO 3 – CONSTITUIÇÃO 
	A Constituição histórica ou institucional designa o modo de organização do poder política do Estado, sendo antes um dado da realidade que uma criação racional. Diz-se Constituição em sentido institucional porque ligada à institucionalização do poder. 
	Na perspectiva moderna e liberal, porém, a Constituição não tem caráter meramente descritivo das instituições, mas sim a pretensão de influenciar sua ordenação, mediante um ato de vontade e de criação, usualmente materializado em um documento escrito. 
	Em uma visão esquemática e simplificadora, é possível conceituar a constituição: 
	Do ponto de vista político, como o conjunto de decisões do poder constituinte ao criar ou reconstruir o Estado, instituindo os órgãos de poder e disciplinando as relações que manterão entre si e com a sociedade; 
	Do ponto de vista jurídico, é preciso distinguir duas dimensões: 
- em sentido material, quanto ao conteúdo de suas normas, a Constituição organiza o exercício do poder político, define os direitos fundamentais, consagra valores e indica fins públicos a serem realizados;
- em sentido formal, quanto à sua posição no sistema, a Constituição é a norma fundamental e superior, que regula o modo de produção das demais normas do ordenamento jurídico e limita o seu conteúdo; 
	Foi a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, com seu caráter universal, que divulgou a nova ideologia, fundada na Constituição, na separação de Poderes e nos direitos individuais. Em 1791 foi promulgada a primeira Constituição Francesa.
	Concepções e teorias acerca da Constituição: a concepção sociológica e a concepção jurídica ou positivista. Ainda: a concepção normativa, que, de certa forma, tenta produzir uma síntese entre as duas correntes anteriores. 
	O sociologismo constitucional ou conceito sociológico de constituição é associado ao alemão Ferdinand Lassalle. De acordo com sua formulação, a Constituição de um país é, em essência, a soma dos fatores reais do poder que regem a sociedade. Em outras palavras, o conjunto de forças políticas, econômicas e sociais, atuando dialeticamente, estabelece uma realidade, um sistema de poder: esta é a Constituição real, efetiva do Estado. A constituição jurídica, mera “folha de papel”, limita-se a converter esses fatores reais do poder em instituição jurídicas, em Direito. Lei x Constituição: a constituição é de uma hierarquiasuperior; A constituição não é meramente um papel escrito, ela é a junção dos fatores reais do poder: monarquia, aristocracia, burguesia, banqueiros, operários e baixa burguesia; A constituição tende a refletir a realidade real. O que se tem na modernidade é o triunfo da escrita, na idade média já existia constituição. Para uma constituição ser duradora, o texto tem que ser compatível com os fatores reais de poder. Ele confunde validade e eficácia, o ser e o dever ser. 
	Na vertente oposta, situa-se a concepção estritamente jurídica da Constituição, vista como lei suprema do Estado. Ligada ao positivismo normativista, essa corrente teve seu ponto culminante na elaboração teórica de Hans Kelsen. Em busca de um tratamento científico que conferisse “objetividade e exatidão” ao Direito, Kelsen desenvolveu sua teoria pura, na qual procurava depurar seu objeto de elementos de outras ciências (como a sociologia, a filosofia), bem como da política e, em certa medida, até da própria realidade. Direito é norma; o mundo normativo é o do dever-ser, e não o do ser. Nessa dissociação, Kelsen concebeu a Constituição como uma estrutura formal, cuja nota era o caráter normativo, a prescrição de um dever-ser, independente da legitimidade ou justiça de seu conteúdo e da realidade política subjacente. Pai do juspositivismo. Ele afasta valores morais e tudo aquilo que não é objeto do direito. 
	Com elementos de uma e de outra, desenvolveu-se a ideia de Constituição normativa. A Constituição jurídica de um Estado é condicionada historicamente pela realidade de seu tempo. Essa é uma evidência que não se pode ignorar. Mas ela não se reduz à mera expressão das circunstâncias concretas de cada época. A constituição tem uma existência própria, autônoma, embora relativa, que advém de sua força normativa, pela qual ordena e conforma o contexto social e político. Existe, assim, entre a norma e a realidade uma tensão permanente, da qual derivam as possibilidades e os limites do direito constitucional. 
	Sentido Político: a constituição é decisão política fundamental. Ela serve para estruturar o estado ou assegurar direitos fundamentais, pois politicamente a constituição serve para isso. Fora isso, não é constituição, mas sim leis constitucionais. Carl Schmidtt considera como preponderante a decisão política fundamental. Essa decisão é que seria o fator principal de elaboração da constituição. Para ele, a constituição poderia ter qualquer matéria que fosses elencada pelo poder constituinte, daí o seu caráter estritamente decisionista, ponto central de seu marco teórico. Daniel Sarmento em muito contribui nessa discussão: “O conceito de Constituição de Carl Schmitt não se apoia em critérios de justiça ou racionalidade do conteúdo normativo adotado, como sustenta a teoria ideal. Para Schmitt, o poder constituinte pode estabelecer qualquer conteúdo constitucional, inclusive um completamente divergente dos princípios do Estado Liberal.” Ele acredita que a vontade geral se manifesta a partir do presidente, sendo este um soberano dotado de uma autoridade, após ser eleito por maioria absoluta. O soberano representa o povo e contem em si a possibilidade de manifestar as opções políticas fundamentais. Schmitt questionava o papel do Judiciário como guardião da Constituição. Ele negava ao Judiciário o título de guardião da constituição. Segundo sua concepção, somente o Presidente do Reich teria legitimidade para desempenhar semelhante função. Esse posicionamento o coloca em lado oposto ao de Hans Kelsen, que acredita que o guardião da constituição deveria ser um Tribunal Constitucional colegiado, o que em nossa Constituição ficou consagrado como sendo o STF. 
	CÁPÍTULO 4 
	“A constituinte burguesa” é o livro em que Sieyès apresentou as reivindicações do terceiro estado (a rigor, a burguesia) em face dos estamentos privilegiados, sobretudo a aristocracia. Após identificar o terceiro estado com a nação, formulou ele a distinção essencial entre poder constituinte e poder constituído. O poder constituinte, incondicionado e permanente, seria a vontade da nação, só encontrando limites no direito natural. O poder constituído, por sua vez, receberia, receberia sua existência e suas competências do primeiro, sendo por ele juridicamente limitado. Portanto, o debate acerca da titularidade do poder constituinte, na teoria constitucional, não tem por objeto a descrição da força material que o exerce, mas sua valoração ética. Ao contrário dos atos infraconstitucionais e infralegais, que se sujeitam a um controle validade em face da Constituição e das leis, a atuação do poder constituinte não é limitada pela ordem jurídica preexistente. Diante disso, só é possível aferir se ele é legítimo ou não, vale dizer, se corresponde aos valores civilizatórios e às aspirações de justiça, segurança e bem-estar da coletividade política. 
	A ideia de soberania nacional, pela qual o poder constituinte tem como titular a nação, foi sustentada por Sieyès e teve acolhida ampla na doutrina francesa. Com tal teoria, subtraía-se o poder constituinte tanto do monarca como dos poderes constituídos. Ao combinar poder constituinte com sistema representativo, Sieyès admitiu que a Constituição fosse elaborada não diretamente pelo povo (que via como uma entidade puramente numérica), mas por uma assembleia constituinte, órgãos cujos representantes eram eleitos e que expressava a vontade da nação. Sendo soberana a assembleia, a constituição não precisaria ser ratificada. 
	A verdade, contudo, é que não se deve, em rigor, falar em ato constituinte, mas sim em um processo constituinte, composto de vários atos que se encadeiam no propósito de superação do status quo vigente.
	Se a teoria democrática do poder constituinte se assenta na sua legitimidade, não há como imaginá-la como um poder ilimitado. O poder constituinte estará sempre condicionado pelos valores sociais e políticos que levaram à sua deflagração e pela ideia de Direito que traz em si. O poder constituinte, portanto, é também um poder de Direito. Ele está fora e acima do Direito posto preexistente, mas é limitado pela cosmovisão da sociedade – sua concepção sobre ética, dignidade humana, justiça, igualdade, liberdade – e pelas instituições jurídicas necessárias à sua positivação. Fora daí pode haver dominação e outorga, mas não constitucionalismo. 
	O poder constituinte, titularizado pelo povo e exercido mediante um procedimento especial, elabora a Constituição. A constituição institui os órgãos do poder constituído e impõe limites de forma e de conteúdos a sua atuação. O poder constituinte, como intuitivo, é superior ao poder constituído, assim como a Constituição desfruta de supremacia em relação à legislação ordinária. 
	A mutação constitucional consiste em uma alteração do significado de determinada norma da constituição, sem observância do mecanismo constitucionalmente previsto para as emendas e, além disso, sem que tenham havido qualquer modificação de seu texto. Esse novo sentido ou alcance do mandamento constitucional pode decorrer de uma mudança na realidade fática ou de uma nova percepção do Direito, uma releitura do que deve ser considerado ético ou justo. Para que seja legítima, a mutação precisa ter lastro democrático, isto é, deve corresponder a uma demanda social efetiva por parte da coletividade, estando respaldada, portanto, pela soberania popular.

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