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A REVOLUÇÃO DOS BICHOS

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A REVOLUÇÃO DOS BICHOS – UMA ANÁLISE CRÍTICA E CULTURAL.
fevereiro 20, 2017 Guilherme Calmon 
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Colunas, Guilherme Calmon
Todos nós já temos em mente as ideias de que o nome de certos tipos de animais são usados como adjetivos por conta de suas características, como por exemplo, o porco, que vive na lama, é aplicado a uma pessoa sem costumes ou caprichos, em vários sentidos e em diversas situações, como por exemplo, um indivíduo que não gosta de hábitos de higiene. Um objeto de estudo que se utiliza deste artifício para desenvolver sua trama é o livro A Revolução Dos Bichos, onde o autor George Orwell desenvolve uma história de corrupção e traição e recorre a essas figuras de animais para retratar as fraquezas humanas e destruir o “paraíso comunista” imposto pela Rússia na época de Stalin.
Um breve resumo desta trama, se dá por um um velho porco, chamado Major, que reúne os animais da fazenda para compartilhar de um sonho: serem governados por eles próprios, os animais, sem a submissão e exploração do homem. Ensinou-lhes uma antiga canção, Bichos Da Inglaterra, que resume a filosofia do Animalismo, exaltando a igualdade entre eles e os tempos prósperos que estavam por vir, deixando os demais animais extasiados com as possibilidades. Major falece três dias depois deste feito, e os jovens porcos Bola de Neve e Napoleão, passaram a se reunir clandestinamente à fim de traçar as estratégias da revolução. Certo dia, Sr. Jones, proprietário da fazenda, se descuidou da alimentação dos bichos, o que serviu de estopim para a rebelião dos mesmos. Sob o comando dos porcos, eles então passaram a chamar o lugar de “Fazenda dos Animais” e aprenderam sete mandamentos, sendo eles:
1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2. Qualquer coisa que ande sobre quatro patas, ou tenha asas, é amigo.
3. Nenhum animal usará roupas.
4. Nenhum animal dormirá em cama.
5. Nenhum animal beberá álcool.
6. Nenhum animal matará outro animal
7. Todos os animais são iguais.
Para os animais de menor intelecto, os porcos resumiram os mandamentos apenas na frase “Quatro pernas bom, duas pernas ruim”, que passou a ser repetido constantemente pelas ovelhas. Após a primeira invasão dos humanos, na tentativa frustrada de retomar a fazenda, Bola de Neve luta bravamente e dedica todo o seu tempo ao aprimoramento da fazenda e da qualidade de vida de todos, mas, mesmo assim, Napoleão o expulsa do território, alegando sérias acusações contra o antigo companheiro. Acusações estas que se prolongam por toda a história, mesmo após o desaparecimento de Bola de Neve, na tentativa de encobrir algo ou mesmo ter alguma explicação para os animais referente à catástrofes, criando-se um mito em torno do porco que, a partir daí, é considerado um traidor.
Napoleão se apossa então da ideia de Bola de Neve de construir um moinho de vento para gerar energia, mesmo tendo criticado no passado esta ideia. Passado um tempo, os porcos começam então a negociar com os agricultores da região, recusando a existência de uma resolução de não contactar com os humanos, alegando essa ser mais uma ideia de Bola de Neve. Os porcos passam a viver na antiga casa do Sr. Jones e fazem então alterações nos mandamentos escritos na porta do celeiro.
4. Nenhum animal dormirá em cama com lençóis.
5. Nenhum animal beberá álcool em excesso.
6. Nenhum animal matará outro animal sem motivo.
7. Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros.
O hino da revolução foi banido, já que a sociedade ideal descrita, segundo Napoleão, já teria sido atingida sob o seu comando. Napoleão é declarado líder por unanimidade. As condições de trabalho se tornam cada vez mais precárias, e um novo ataque humano ocorre e os animais já não se lembram se na época que eram submissos ao Sr. Jones era de fato pior, mas eram recordados da liberdade proclamada por meio de sábios discursos suínos proferidos principalmente por um porco chamado Garganta, que era dono de uma notória habilidade de persuasão. Enquanto Napoleão, os outros porcos e os agricultores locais celebram em conjunto a produtividade da Fazenda dos Animais, os outros bichos trabalham arduamente em troca de míseras quantidades de ração.
O slogan das ovelhas é mudado ligeiramente para “Quatro pernas bom, duas pernas melhor!”, pois agora os porcos andavam apenas sobre as duas patas traseiras. No final, os outros bichos, ao olharem para dentro da antiga casa do Sr. Jones, onde agora os porcos vivem em considerável luxo em relação aos outros animais, vêem Napoleão e outros suínos jogando carteado com Frederick e Pilkington, senhores das fazendas vizinhas, e celebrando o sucesso econômico que seus acordos trouxeram para suas respectivas fazendas. Numa visão confusa, os animais já não conseguem distinguir os porcos dos homens.
“Grande homem, homem porco, ha ha, que falso você é”. Esse é um dos versos da música “Pigs (Three Different Ones)” do álbum Animals da banda Pink Floyd. Lançado em 1977, este disco nasceu numa época onde eram altos os índices de violência racial, alta inflação e desemprego na Grã Bretanha. É um álbum completamente baseado no livro A Revolução Dos Bichos, porém com o diferencial de que as músicas são uma crítica direta ao estado, e que no enredo, as ovelhas se rebelam e dominam seus opressores. Com cinco faixas apenas, cada uma delas se refere à característica de cada animal. “Pigs On The Wing” (Part l) e (Part ll) e “Pigs (Three Different Ones)”, falam a respeito dos políticos corruptos e moralistas, “Dogs” representa os homens da lei, que detêm o poder de polícia, e “Sheep”, fala das pessoas que, sem um, pensamento próprio, seguem cegamente um líder. Tanto o livro quanto o álbum são excelentes obras, e servem de dica musical ou de leitura caso queiram aprofundar os conhecimentos sobre cada um, ou entender de maneira sutil, do início ao fim, porque socialismo/comunismo são os piores erros já criados pela humanidade e ainda existentes.

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