LAUDO PERICIAL

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AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 11ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE MANAUS.
LAUDO PERICIAL CONTÁBIL
Processo n.º 873.4625.01.2015.8.99.0010
Autor: B.S Informática LTDA 
Réu: Banco Santander S.A
Eu, Sonia S. Oliveira da Silva, contadora, registrada sob o nº 0000/00 CRC-AM, legalmente habilitada a realizar perícias judiciais, honrosamente nomeada para o encargo de realizar a prova pericial técnica nos autos do processo em referência, conforme o Código do Processo Civil e as Normas Brasileiras de Perícia e do Perito Contábil, vem respeitosamente apresentar o resultado do trabalho, consubstanciado no seguinte:
SUMÁRIO
OBJETIVO DA PERÍCIA
CRITÉRIOS METODOLÓGICOS 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
RESPOSTAS AOS QUESITOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
OBJETIVO DA PERÍCIA
O presente trabalho tem por objetivo responder aos quesitos, para dirimir os conflitos e dúvidas que possam haver entre as partes e auxiliar a tomada da decisão da lide, constituindo-se do conjunto de procedimentos técnicos necessários destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários à solução do litígio, na forma de Laudo Pericial, em conformidade com as normas aplicáveis e a legislação específica pertinente.
CRITÉRIOS METODOLÓGICOS
Para início da perícia, examinou-se, do ponto de vista estritamente técnico, o conteúdo de diversas peças dos autos, notadamente a documentação anexada, constatando-se, desse exame, que, para bem cumprir o encargo a si confiado, seria necessário vistoriar outros documentos além dos apresentados.
 Desta forma, foi solicitado ao Banco Santander contratos de prestação de serviços assinados pela autora. Após a apresentação da documentação, análise e estudo da matéria, passou-se às respostas dos quesitos formulados pelas partes.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A Autora, Empresa BS Informática LTDA, ingressou em juízo com ação, constituindo o Processo n° 873.4625.01.2015.8.99.0010, em face do Réu, Banco Santander S.A, Agência Sefaz, CNPJ 84.652.723/0001-72, por entender que, após alguns anos como cliente, o Réu passou a lançar débitos de valores exorbitantes na conta corrente da Autora a título de juros e outros encargos, sem os devidos fatos geradores que justificassem tais débitos. Alega ainda, que na última tentativa que fez para tentar resolver a situação junto ao Banco/Réu, o débito até junho de 2013 estava em R$ 72. 332,82 (setenta e dois mil, trezentos e trinta e dois reais e oitenta e dois centavos).
Que houve também um volume assustador de cobrança de juros, que levou a Autora, bem como seu sócio avalista nas operações a enfrentarem grave crise financeira e consequentemente tornarem-se inadimplentes com restrição no banco de dados do SERASA e SPC.
Vale ressaltar que o autor, às folhas, 534/536, apresentou quesitos e não indicou assistente técnico.
Da mesma forma o réu, às folhas, 538/540, apresentou quesitos e também não indicou assistente técnico.
Intimado, a folha 553, o perito judicial apresentou proposta de honorários à folha 556.
Proposta de honorários aceita pelo juiz, pagamento dos honorários periciais efetuado na conta judicial, sendo determinado o início dos trabalhos periciais, às folhas 565/566.
RESPOSTAS AOS QUESITOS
QUESITOS DA AUTORA
“Queira o Sr. Perito informar se as taxas praticadas pelo Réu se deram dentro dos parâmetros médios publicados pelo Banco Central e se os juros lançados à conta corrente do autor estão corretos? ”
Resposta: 
A taxa de juros praticada pelo réu não condiz com os parâmetros médios publicados pelo Banco Central. De acordo com a Constituição Federal, Artigo 192, §3º “As taxas de juros reais, nelas incluídas comissões e quaisquer outras remunerações direta ou indiretamente referidas à concessão de crédito, não poderão ser superiores a 12% aa (doze pôr cento ao ano); ”. Deste modo, os juros lançados a conta corrente da Autora estão em desacordo, por estarem acima do estabelecido pelo Banco Central. 
“Qual a origem dos lançamentos à conta corrente com as nomenclaturas “Tarifa Saque Pessoal” e “Tarifa Adiantamento Depositante”? As mesmas estão revestidas de legalidade? ”
Resposta: 
A “tarifa de saque especial” originou-se de saques feitos em terminais eletrônicos, excedendo o limite de quatro saques mensais. Já a “Tarifa de Adiantamento Depositante” ocorreu devido ao crédito adicional concedido pelo banco para cobertura de eventual saldo devedor em conta corrente. Ambas foram instituídas através da Resolução BACEN nº 3.518/2007. Porém, o Código de Defesa do Consumidor as considera abusivas, ocorrendo controvérsias.
“Com base nos contratos de prestação de serviço assinados pelas partes envolvidas, responder se para os débitos ocorridos nas contas do Autor e narrados na Exordial, houve previsão e pactuação dos mesmos. Em caso positivo, foram debitados nas datas pactuadas? ” 
Resposta: 
Foi verificado no contrato juntado aos autos que não houve assinatura por parte da autora, porém, ao utilizar os serviços, entende-se que houve o consentimento das cláusulas. Sendo este, um elemento intrínseco que dá validade ao contrato, ocasionando os lançamentos dos débitos nas datas pactuadas. 
“Tais encargos foram cobrados em duplicidade, sobre o mesmo fato gerador, num verdadeiro Bis in Idem? Em caso afirmativo, favor explicitar tal instituto. ”
Resposta: 
Segundo analise realizada em extratos bancários da autora, é possível visualizar a cobrança em duplicidade de encargos, ocorrendo um Bis in Idem, principio jurídico que significa repetição sobre o mesmo. Outro conceito a ser utilizado, Bis in Idem, é um fenômeno do direito que consiste na repetição (bis) de uma sanção sobre mesmo fato (in idem). O estudo desse fenômeno jurídico é realizado principalmente pelo direito tributário e pelo direito penal. 
“Tomando-se como base a taxa de juros cobrada pelo Banco Réu no contrato de conta corrente, poderia o ilustre expert esclarecer se houve a prática de juros capitalizados (anatocismo)? Em caso positivo, caberia a aplicação do Artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor? ”
Resposta: 
Conforme mencionado no quesito 1, a taxa de juros praticada pelo réu está acima do instituído pelo Bacen, logo, há juros de forma capitalizada. Podendo a autora recorrer ao artigo 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor, que determina: 
“O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição de indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável”. 
A empresa pode ser dispensada de tal punição, em caso de engano justificável.
QUESITOS DO RÉU
“Pede-se ao Sr. Perito informar qual a taxa de juros as Instituições Financeiras estão autorizadas a praticar, segundo determinação do CMN e Resoluções do BACEN. ”
Resposta: 
As taxas de juros diferem entre instituições e variam de acordo com diversos fatores de risco envolvidos nas operações, tais como o valor e a qualidade das garantias apresentadas na contratação do crédito, o valor do pagamento dado como entrada da operação, o histórico e a situação cadastral de cada cliente, o prazo da operação, entre outros. Baseado em pesquisas ao site do Bacen, tendo como referência o cheque especial, a taxa média de juros atingiu 12.64% a.m.
“Queira o Sr. Perito informar como deve ser efetuado o pagamento de obrigação pelo devedor, segundo o Artigo 354 do Código Civil Brasileiro.” 
Resposta:
 De acordo com Art. 354 do Código Civil Brasileiro, “Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital. ” Assim, devendo capital e juros, o pagamento, salvo acordo, se atribui primeiro nos juros vencidos e exigíveis e depois no capital.
“Mesmo não tendo ocorrido o anatocismo nesta lide, informe à Perícia Judicial o que dispõe a Lei n° 10.931/04 a respeito, inclusive com as alterações legislativas posteriores”.Resposta: 
Conforme a Lei nº 10.931 /04 que instituiu a cédula de crédito bancário como título executivo extrajudicial, não é inconstitucional, as instituições bancárias, conforme reiteradas decisões do STJ, não estão impedidas de praticar a cobrança de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano. Em se tratando de cédula de crédito bancário, desde que pactuada a cobrança de juros capitalizados, não há razão para declarar a ilegalidade de tal procedimento, pois dita cobrança também é garantida por lei.
“A conta corrente apresentou lançamentos à crédito, bem como saldo credor no período de apuração?” 
Resposta:
 Considera o perito o quesito impertinente, fugindo ao assunto da lide, portanto, opta em não o responder.
“Esclareça à Perícia Judicial se os juros negociados concretamente no mercado, bem como as taxas informadas pelo BACEN, Cetip e outras instituições é a Taxa Efetiva Anual? ”
Resposta:
 Não, a taxa informada pelo Bacen e instituições é apenas um dos principais custos na operação de crédito. No entanto, existem ainda os tributos, tarifas, seguros, custos relacionados a registro de contrato e outras despesas cobradas na operação, fazendo com que a taxa real da operação aumente. A essa taxa, calculada levando-se em consideração todos os custos incluídos na operação de crédito, damos o nome de Custo Efetivo Total (CET).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim encerramos os trabalhos, conforme os fatos relatados e transcritos, por intermédio das diligências para as buscas de provas materiais e, ainda, após análise de toda documentação fornecida bem como daquela acostada aos autos, respondemos os quesitos da autora e do réu em relação a lide, utilizando-se dos parâmetros definidos nos mesmos.
Nada mais havendo a considerar, damos por finalizado o presente Laudo, constituído de 08(oito) laudas, sem anexos, pela contadora Sonia oliveira da Silva que subscreve e assina.
	
						Manaus, 11 de outubro de 2017
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						Sonia oliveira da Silva 
 Contadora
CPF 111.111.111-11
CRC-AM 000000/00