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Lei 9784 de 1999 Comentada Artigo por Artigo parte 5

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Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa.
Não se deve considerar inflexível essa regra legal, devendo ela ser interpretada sem que dela se extraia a vedação a que, após a terceira instância, a decisão seja reformada. A regra é que o percurso ocorra nas três instâncias no máximo, mas será viável, dependendo da hipótese, que a autoridade de grau mais elevado modifique ou reforme a decisão da autoridade hierarquicamente inferior. Concluindo que determinado ato merece modificação ou supressão, o administrador não está impedido de fazê-lo pelo mero fato de o processo ter percorrido três instâncias.
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:
Nem todas as pessoas são habilitadas à interposição de recursos. É preciso que haja um mínimo de conexão entre o titular do interesse e o titular do direito a recorrer, ou seja, que haja legitimidade recursal.
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;
Participantes do processo podem ser titulares de direitos subjetivos, como também podem ser detentores de meros interesses, hipótese, por exemplo, admitida quando o interessado faz seu pedido por razões de mérito com o fim de obter revogação de decisões. No processo administrativo parte não tem o mesmo sentido que no processo judicial, ou seja, de sujeito ativo ou passivo de litígios, pois no processo administrativo nem sempre haverá litígios, podendo inclusive inexistir direito a ser tutelado. Portanto, deve-se interpretar parte como interessado no processo.
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão recorrida;
Terceiros são suscetíveis de ser atingidos por decisão judicial proferida em processo no qual não figuram como interessados diretos. Contudo, a decisão pode afetar tais pessoas, causando-lhes prejuízos. Para evitar novo processo em que esse terceiro venha a pleitear a revisão da decisão, a lei os legitimou para oferecimento de recurso.
III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos;
Sendo tais entidades representantes de grupos titulares de direitos transindividuais coletivos, possuem idoneidade para defender os interesses de seus representados no processo administrativo. Direitos coletivos são aqueles de natureza indivisível, pertencentes a grupos de pessoas ligadas entre si por uma relação jurídica base, como por exemplo, moradores de um mesmo condomínio.
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos.
Direitos difusos também têm natureza indivisível, mas os componentes do grupo são vinculados por um mero acaso, sendo esta vinculação jurídica meramente esporádica e casual, fato que legitima tais cidadãos a oferecerem recursos administrativos, pois a lei permite que busquem a tutela de direitos do próprio grupo ao qual pertencem. Já as associações, com maior razão têm legitimidade, já que são elas que representam o grupo de indivíduos e podem buscar a proteção de seus direitos.
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para interposição de recurso administrativo, contado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
A contagem do prazo de 10 dias se inicia com a ciência da decisão ou com a divulgação oficial, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do vencimento. Se este cair em domingo, feriado ou em dia sem expediente normal, prorroga-se o prazo até o primeiro dia útil subsequente. O prazo para recurso é peremptório e contínuo. Peremptório, porque nem a administração nem os interessados podem alterá-los; contínuo porque não se suspende ou interrompe em razão de feriados, domingos e dias sem expediente, salvo mediante comprovada força maior. Não interposto o recurso neste prazo, será ele considerado intempestivo e não será conhecido pela autoridade administrativa.
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão competente.
Trata-se de norma em que se estabelece dever de agir para o administrador. O dever de atuar atribuído à autoridade decisória tem relação com o direito de o administrado ver o seu recurso decidido no prazo legal. A contagem se inicia a partir do recebimento do processo pelo órgão competente. Eventual omissão do órgão que analisará o recurso só poderá ser considerada se restar comprovado que o órgão efetivamente recebeu os autos com o recurso.
§ 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.
Admite este parágrafo que o prazo de 30 dias possa ser prorrogado por igual período, desde que haja justificativa explícitya para a não apreciação do recurso no prazo legal. Essa justificativa deve ser motivada, ou seja, dizer as razões pelas quais não pôde apreciar o recurso no prazo incialmente estabelecido.
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.
Neste artigo constam os requisitos formais e materiais do recurso, que deve ser apresentado por meio de requerimento, ou seja, através de uma petição. A lei admite que esta petição seja acompanhada de documentos que o recorrente julgar convenientes para melhor apreciação da matéria. Já o requisito material consiste nos fundamentos do recurso, que são as razões que o recorrente deve apresentar para tentar demonstrar, junto à autoridade competente, que a decisão recorrida merece reforma.
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo.
O fundamento dessa posição é o caráter de autoexecutoriedade de que são dotados os atos administrativos. Assim sendo, a decisão atacada não terá a paralisação dos efeitos que deve produzir em virtude do recurso interposto. No entanto, poderão surgir situações específicas para as quais o legislador conferiu tutela diferenciada, atribuindo efeito suspensivo ao recurso. 
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.
O disposto instituiu modalidade de efeito suspensivo eventual. Apenas nas hipóteses em que menciona a lei é que será conferido ao recurso o efeito suspensivo. O justo receio deve corresponder objetivamente à ameaça que venha a pairar sobre o direito do interessado: se este se encontrar sob ameaça de sofrer gravame de difícil ou incerta reparação, caberá a tutela preventiva pela suspensividade dos efeitos do recurso. A lei permite ainda que, ante a constatação do pressuposto de risco, a própria administração poderá determinar a suspensão dos efeitos da decisão recorrida, ou seja, atividade ex officio do administrador.
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhecer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações.
Quem vai providenciar a intimação dos demais interessados será o órgão competente para julgar o recurso. A intimação deverá anteceder à decisão sobre o conhecimento ou não do recurso. Essa oportunidade de apresentar alegações que é dada aos interessados constitui o contraditório recursal. É a oportunidade de manifestação dos demais interessados, a fim de que opinem sobre o que pretende o recorrente. O prazo é de cinco dias corridos, devendo ser contado a partir da intimação do interessado, excluindo-se o dia do início e incluindo-se o dia do vencimento.
Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
Ou seja, quando a autoridade competente sequer examinará as alegações mencionadas pelo recorrente.
I - fora do prazo;
A primeira causa de não conhecimento do recurso é a intempestividade, ou seja, a interposição fora do prazo legal. Ultrapassado o prazo, surge o fenômeno denominado de preclusão,que significa a perda da oportunidade de utilização de faculdade dentro do processo. Como já visto, os prazos são peremptórios, portanto, interposto o recurso fora do prazo, a autoridade competente dele não irá conhecer.
II - perante órgão incompetente;
A via recursal deve obedecer à tramitação adequada, fixada de acordo com a estrutura funcional dos órgãos administrativos. Se o recurso é oferecido perante o órgão que não possa apreciá-lo, não deve ser conhecido.
III - por quem não seja legitimado;
Para evitar que o recurso seja oferecido por quem não tenha a menor relação com a matéria objeto do processo.
IV - após exaurida a esfera administrativa.
Como prevê o art. 57 desta lei, o curso do processo obedecerá no máximo três instâncias. Assim sendo, se elas já tiverem sido percorridas, haverá o esgotamento da via administrativa. Com o percurso integral das instâncias, a Administração não tem a obrigação de renovar a discussão objeto do recurso. Se assim fosse, ou seja, se não houvesse limite de instâncias, o processo nunca seria concluído.
§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.
Isso ocorre para que não haja prejuízo ao interessado que, por desconhecer as regras disciplinadoras do procedimento recursal, o direciona à autoridade incompetente, devolvendo-se o prazo recursal, sendo que essa devolução corresponderá à concessão ao interessado da oportunidade de oferecer o recurso junto à autoridade competente apenas no período remanescente do prazo recursal, e não em todo o prazo de dez dias.
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa.
O fato de o recurso não ser conhecido, por alguma das causas mencionadas no art. 63, não impede que a Administração proceda à revisão de ofício do ato ilegal, a não ser que já tenha ocorrido preclusão administrativa. A revisão ex officio dos atos administrativos processada pela Administração se insere em uma de suas principais prerrogativas, ou seja, a autotutela. 
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência.
Decisões confirmadoras são aquelas que corroboram a solução adoptada pela decisão objeto do recurso. Sendo confirmadora a decisão, o órgão revisor nega provimento ao recurso. Já ala alteradoras são aquelas que produzem alguma modificação na decisão recorrida, podendo estas serem totais ou parciais. As decisões supressivas são aquelas em que o órgão competente superior procede à anulação ou revogação da decisão objeto do recurso. 
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da decisão.
Ao estabelecer que o recurso possa causar gravame ao recorrente, a lei admite que a decisão no recurso desfavoreça mais ainda o recorrente. Ao abrir a possibilidade de o recorrente formular suas alegações antes da decisão, não se poderá dizer que o interessado não teve a chance de deduzir razões para evita-la, o que representa observância do princípio do contraditório e da ampla defesa.
Art. 64-A.  Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.       (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).  Vigência
A explicitação das razões, a que se refere o dispositivo, constitui a própria motivação da decisão hostilizada no que tange à aplicabilidade ou não da súmula vinculante. Exige-se, pois, que o agente da Administração mencione expressamente no ato a justificativa que o levou a aplicar ou não aplicar a súmula vinculante na hipótese sob sua apreciação.
Art. 64-B.  Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.      (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). Vigência
Ao acolher a reclamação, o STF anula o ato administrativo e determina que outra decisão seja proferida com ou sem aplicação da súmula, conforme o caso. Pode-se considerar que a anulação e a ordem para nova decisão são os efeitos imediatos da procedência da reclamação. Já a determinação do STF no sentido de que os órgãos administrativos procedam à adequação de futuras decisões em casos semelhantes, configura-se como efeito mediato, ou seja, uma consequência de caráter mandamental, que retrata uma obrigação de fazer a ser cumprida no futuro. Os efeitos específicos, no caso de inobservância da ordem do STF, serão as responsabilizações nas esferas cível, administrativa e penal, podendo tais sanções serem aplicadas cumulativamente se a conduta ofender simultaneamente mais de um tipo de norma. 
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada.
A revisão tem por objeto reverter a situação gerada pela aplicação de determinada sanção em outro processo. A lei admite que o pedido de revisão seja formulado a qualquer tempo, sendo vedado que os órgãos administrativos deixem de conhecer do pedido em razão de ter sucedido a prescrição. Os pressupostos para que ela aconteça são: que os fatos sejam novos; que as circunstâncias sejam relevantes e que deles emane a conclusão de que foi inadequada a sanção. O fato novo precisa, por exemplo, alterar profundamente a conclusão antes firmada. A descoberta de determinado documento já existe à época do fato, mas desconhecido pelas partes, por exemplo, é circunstância relevante, se necessário para justificar a injustiça da punição. Nota-se, portanto, que o recurso de revisão visa corrigir erro de julgamento, evitando que o interessado seja vítima de sanção onde esta não deveria ter sido aplicada ou de sanção mais grave do que aquela que merecia. 
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção.
	Dispondo a lei dessa forma, fica evidente que ela está adotando o mesmo postulado do direito processual penal, ou seja, o princípio da vedação à reformatio in pejus. Se o recorrente pretende ver atenuada a sanção que lhe foi aplicada, por considera-la desproporcional, não poderá o julgador agravá-la mais ainda com a aplicação de sanção mais gravosa. Dessa maneira, em nenhuma situação a revisão pode dar ensejo a que se piore a situação do recorrente.
CAPÍTULO XVI
DOS PRAZOS
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento.
No sistema da presente lei, os prazos são peremptórios, ou seja, insuscetíveis de alteração por vontade das partes. Quando a lei admite prorrogação de prazo, não o faz como resultado de qualquer ajuste, mas sim para conferir aos órgãos administrativos essa possibilidade. A cientificação oficial, como traz o artigo acima, é o fato pelo qual o destinatário do prazo toma conhecimento, real ou presumido, de ato praticado ou de conduta a ser efetivada dentro do respectivo período. Tantos os interessados quanto as autoridades têm direito à ciência oficial, que pode ser via postal com aviso de recebimento, publicação oficial, edital, nos casos previstos em lei, dentre outros. 
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente ou este for encerrado antes da hora normal.
Tal consideração tem em mira evitar que a parte ou o interessado tenham prejuízo quanto ao prazo, em virtude de atos alheiosa sua vontade e aos quais não deram causa. A prorrogação vai até o primeiro dia útil, ou seja, dia em que o expediente da repartição atende às condições normais de funcionamento.
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.
Diferentemente do que acontece com o atual Código de Processo Civil, em que os prazos são contados em dias úteis, no processo administrativo eles são contados em dias corridos, ou seja, se a parte tomou ciência do ato em uma quinta-feira e tem três dias de prazo, seu prazo se encerrará na segunda-feira, pois começou a contar na sexta-feira (excluindo-se o dia do começo, que foi a quinta) e terminará no domingo, porém, como domingo não é dia útil, esse prazo se encerra na segunda-feira (inclui-se o dia do vencimento).
§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês.
Isso significa dizer que, fixado prazo de dois meses, por exemplo, se o termo inicial do prazo ocorre em 30 de agosto, o vencimento se dará em 30 de outubro. A segunda parte do §3º, entretanto, faz uma ressalva, o que significa dizer que se o início do prazo tiver ocorrido em 31 de agosto, o termo final se dará em 30 de setembro, sendo o prazo legal de um mês. 
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os prazos processuais não se suspendem.
Adota-se nesse caso o sistema da continuidade dos prazos. É válido lembrar que a lei se referiu à suspensão, ou seja, o prazo tem seu curso obstado por algum fato, mas, superado este, continuará a correr normalmente, fluindo apenas pelo período faltante. Não há ensejo para o instituto da interrupção de prazo, em que, se fosse o caso, a contagem seria iniciada considerando-se o prazo integral. Quanto à expressão “motivo de força maior”, necessário se faz que o fato seja efetivamente impeditivo da conduta a ser efetivada e que ela seja devidamente comprovada, tornando impossível a prática do ato ou a efetivação da diligência.
CAPÍTULO XVII
DAS SANÇÕES
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o direito de defesa.
Sanções são atos de natureza punitiva praticados em decorrência de comportamento ofensivo a preceito legal. Os pressupostos dos atos sancionatórios consistem na violação à norma legal. As sanções pecuniárias de que tratam o artigo são aquelas que se caracterizam pelo fato de a imposição punitiva ser representada por débito de natureza pecuniária, tais como as multas administrativas. Já as sanções mandamentais, que resultam de uma ordem emanada de autoridade administrativa, se aplicam no sentido de que o sancionado faça ou deixe de fazer alguma coisa. Nelas está implícita uma obrigação, seja para conduta positiva seja para comportamento negativo. Em relação ao direito de defesa de que trata a lei, é preciso que a expressão seja interpretada em seu sentido amplo, de modo a ter inseridos em seu conteúdo todos os elementos que compõem esse direito, tais como a possibilidade de apresentar provas, inquirir testemunhas, produzir provas técnicas. Sem que se tenha garantido tal direito ao sancionado, este tem plena legitimidade para pleitear a invalidação do ato punitivo, seja na via administrativa ou judicial.
CAPÍTULO XVIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.
Isso significa dizer que a Lei 9.784 será aplicada em caráter subsidiário quando tratar-se de processos administrativos específicos, como por exemplo, leis tributárias, reguladores do processo tributário, que têm caráter especial, incidindo, portanto, o postulado de que lei especial derroga lei geral.
Art. 69-A.  Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão ou instância, os procedimentos administrativos em que figure como parte ou interessado:       (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
A lei 12.008/09 introduziu nesta lei o artigo 69-A e seus parágrafos nos quais assegura prioridade na tramitação de processos administrativos quando forem partes ou interessadas algumas pessoas cuja situação peculiar as insere em círculo especial de proteção. Ela garante celeridade na solução a ser adotada para tais processos, posto que em certas situações a demora no andamento dos processos pode torna-los sem eficácia se, por exemplo, o interessado falece por conta de idade avançada.
I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;      (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
A proteção aqui decorre da idade da parte ou interessado. Acima de 60 anos o indivíduo caracteriza-se como idoso e a Constituição protege essa categoria de pessoas. O Estatuto do Idoso fixou que a garantia de prioridade compreende, dente outros aspectos, “atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população”. Assim, necessário reconhecer a prioridade de tramitação de processos judiciais e administrativos quando idosos figuram como partes.
II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;       (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
Assim como os idosos, as pessoas portadoras de deficiência também detêm proteção por diversos dispositivos da nossa Constituição. As dificuldades que acometem tais pessoas, tanto no que diz respeito a obstáculos de ordem física quanto psíquica, representam motivo básico de todo quadro normativo tutelar, de modo que nessa tutela é compreensível que se haja estendido a elas a prioridade na tramitação de processos.
III – (VETADO)       (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após o início do processo.      (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
Tratam-se aqui das doenças graves. É válido ressaltar que este é um rol meramente exemplificativo, porque outra doença, ainda que não incluída neste rol, pode ser considerada igualmente grave se assim concluir o setor médico. Não importa se o interessado já tinha a doença ao momento em que foi instaurado o processo administrativo ou se contraiu a doença ao longo dele, pois em ambos os casos a lei garante prioridade na tramitação.
§ 1o  A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administrativa competente, que determinará as providências a serem cumpridas.       (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
À autoridade competente não cabe fazer qualquer aferição discricionária da postulação. Reconhecida a condição, na forma da lei, terá ela a obrigação de conferir ao interessado o direito à prioridade na tramitação do processo. Da mesma forma, se a prova não atestar condição desfavorável, terá que indeferir o pedido. 
§ 2o  Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria que evidencie o regime de tramitação prioritária.       (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
Tal regra é válida inclusive para os processos que já estavam em andamento antes da Lei 12.008/09 entrar em vigor. Essa identificação é positiva para a autoridade que preside o processo, pois dessa maneira, evita-se que ela não dispense ao processo o tratamento prioritário que a lei previu, minimizando-se o risco de cometer infração funcional e violação ao princípio da legalidade.
§ 3o  (VETADO)      (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
§ 4o  (VETADO)      (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data desua publicação.
Sua publicação ocorreu no dia 01/02/1999, data em que o diploma entrou em vigor.

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