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AS DESIGUALDADES GLOBAIS: DA FRAGMENTAÇÃO DO MOVIMENTO DO TERCEIRO MUNDO
Os pilares mundiais que sustentavam a Guerra Fria – bipolaridade e disputa ideológica – acabaram por gerar, no entanto, um claro descontentamento de determinados povos e nações. 
A partir desta percepção, surge um dos movimentos mais importantes do período para as relações políticas entre os países ricos e os subdesenvolvidos: o Terceiro Mundo. 
Esse grupo exerceria forte influência nas transformações da agenda internacional ao longo da segunda metade do século XX.
Durante o período da Guerra Fria, o chamado embate ideológico entre o “Oeste” – capitalista e liderado pelos Estados Unidos – e o “Leste” – comunista liderado pela União Soviética monopolizou atenção da política internacional.
No plano internacional o movimento de descolonização avançava com o apoio dos Estados Unidos por defender uma perspectiva de independência e autonomia dos povos, e a partir do trabalho das próprias organizações criadas no pós-guerra, com ênfase para as Nações Unidas e seu Conselho de Tutela.
O fim do colonialismo trouxe para o sistema internacional uma série de países independentes com novas demandas às organizações internacionais e percepções adversas à lógica belicista da Guerra Fria. 
Temas como subdesenvolvimento, analfabetismo, subnutrição, alta mortalidade infantil, pobreza, distanciamento das relações internacionais e acesso a mecanismo de crescimento econômico estavam à frente do velho e tradicional discurso bipolar.
O terceiro-mundismo significou um projeto de poder autônomo à influência de Washington e Moscou, buscando uma real independência no jogo de alinhamento global da Guerra Fria. 
Para eles a agenda internacional precisava ser revista, tirando o monopólio dos temas de segurança nas discussões globais e na atuação das organizações internacionais e focando as questões de pobreza e subdesenvolvimento.
O TERCEIRO MUNDO NÃO E CAPITALISTA, NEM COMUNISTA.
A primeira grande expressão do grupo do Terceiro Mundo foi a Conferência Afro-asiática de Bandung em 1955.
Os princípios de Bandung fazem referência direta a uma reformulação na ordem da Guerra Fria, negando o alinhamento com qualquer uma das potências que dominavam o antagonismo Leste X Oeste.
A primeira grande expressão do grupo do Terceiro Mundo foi a Conferência Afro-asiática de Bandung em 1955.
Os princípios de Bandung fazem referência direta a uma reformulação na ordem da Guerra Fria, negando o alinhamento com qualquer uma das potências que dominavam o antagonismo Leste X Oeste.
Com o pensamento terceiro-mundista de conscientização dos problemas oriundos dos países subdesenvolvidos e recém-descolonizados, passa a existir uma forte pressão para que as Nações Unidas e outros organismos criados no pós-guerra incluíssem em seus foros de discussão as demandas dos países mais pobres.
Em 1964, é estabelecida em Genebra a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento. 
A pressão registrava o fato de que as negociações para a liberalização do comércio mundial beneficiava apenas os tradicionais países mais ricos e influentes. Na visão dos subdesenvolvidos, os organismos que incentivavam o comércio internacional no pós-guerra passariam à margem das necessidades da maior parte dos países do mundo, os mais pobres.
Acatando essa demanda, as Nações Unidas criam dentro da Assembleia Geral a UNCTAD como um foro permanente de negociações e debates, privilegiando as iniciativas advindas dos mais pobres.
No entanto, as decisões da UNCTAD não possuiriam caráter obrigatório.
Um novo escopo de trabalho conjunto foi criado, o chamado G77, com o objetivo de:
defender posições articuladas e interesses econômicos dos países mais pobres.
O G77 deveria servir como um elemento de pressão, atuando junto na busca por pressionar as negociações comercias com os países desenvolvidos.
institucionalizar um diálogo permanente e comum aos países do Sul 
(Hemisfério Sul, berço do pensamento terceiro-mundista)
Atualmente o G77 é composto por mais de 130 países, representando o maior grupo intergovernamental dos países subdesenvolvidos, ou em vias de desenvolvimento, dentro das Nações Unidas, atuando não apenas na UNCTAD, mas também na FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – , na UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura –, entre outras.
Ao lado do G77, uma das grandes ações da UNCTAD passa a ser a defesa de que os países mais ricos diminuam ou suspendam as barreiras tarifárias aos produtos originários dos países subdesenvolvidos. Isso abriria espaço para o aumento da produção nas regiões mais pobres e incentivaria a economia local.
Essa política, todavia, esbarrava numa outra política do GATT.
A UNCTAD passa então a buscar um sistema de preferências tarifárias aplicável apenas aos países subdesenvolvidos, dando mais competitividade aos produtos exportados pelos países pobres.
Uma das bandeiras mais importantes e polêmicas é a pressão feita pelos países subdesenvolvidos e em vias de desenvolvimento para que uma ampla reforma seja feita nas organizações do pós-guerra, com ênfase nas voltadas para o comércio internacional e ao sistema financeiro. 
Na visão destes países, o sistema inaugurado em Bretton Woodos logo após a Segunda Guerra Mundial precisa ser atualizado, refletindo as transformações nas relações internacionais, na nova configuração do poder econômico dos países no mundo contemporâneo e os novos desafios inerentes ao comércio internacional.
Dessa postura surge, em 1974, o pedido por uma Nova Ordem Econômica Internacional, apresentada em uma sessão especial das Nações Unidas neste ano.  
A NOEI, como ficou conhecida, buscava harmonizar as disparidades de poder econômico e político entre as nações mais e menos desenvolvidas, criando mecanismos que impedissem a manutenção de um modelo que claramente tinha sido criado e expandido para favorecer prioritariamente os países mais ricos do globo.
Mas, por outro lado, os países do Sul obtiveram algumas concessões em termos de acesso preferencial aos mercados europeus, novas perspectivas no processo de estabilização de preços de produtos primários, reescalonamento e revisão de dívidas. 
O Norte, com fortíssima influência no próprio funcionamento das organizações internacionais, se recusou a discutir demandas mais árduas, como o perdão de dívidas, a regulação das corporações internacionais ou mesmo a reestruturação de Bretton Woods.

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