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RESUMO DO LIVRO “A CIDADE ANTIGA”, DE FUSTEL DE COULANGES

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RESUMO DO LIVRO “A CIDADE ANTIGA”, DE FUSTEL DE COULANGES
Fustel de Coulanges foi um historiador francês que reformou o método dos estudos históricos na França, sendo responsável por uma abordagem mais científica dos temas da história antiga. O trabalho que o consagrou foi “A cidade antiga”, em que estuda a evolução política e social das antigas Grécia e Roma. Este é, na verdade, um estudo sobre a civilização greco-romana onde o autor analisa as características e transformações pela qual passou a religião, costumes, política e instituições do mundo antigo, desde o seu florescimento até sua queda, centrando-se no papel das crenças religiosas para a formação dos diferentes tipos de organização social e instituições políticas de um grupo humano.
Fustel inicia a obra caracterizando as crenças dos antigos, essas crenças criaram ao longo dos anos algumas regras, como a de alimentar os mortos. Isso estabeleceu uma verdadeira religião da morte com seus dogmas e rituais. Para ele são delas que resultam as formas de instituições e a leis que regulam estas sociedades. Assim, as leis e o direito ganham nesta obra grande destaque na medida em que estes são reflexos das crenças e das formas de organização política e social de uma sociedade humana.
Em toda casa de grego ou de romano havia um altar, sobre o qual ficava o fogo sagrado. Este não deveria nunca se extinguir, pois, caso contrário, grande desgraça recairia sobre a casa. Eles o cultuavam, oferecendo vinho, flores, tudo que julgassem ser do seu agrado e pediam-lhe proteção, saúde, riqueza e felicidade. Assim o viam como um Deus protetor, forte, que protegia suas casa e famílias. O culto dos mortos se assemelha com o dos cristãos em relação aos santos. 
Ao contrário dos dias atuais, cada família possuía seus próprios deuses protetores, e estes só podiam ser adorados por ela. A religião era estritamente doméstica e na família antiga pouco representava o afeto natural, algo muito mais forte unia seus membros: a crença e a cultura. Nela a autoridade era exercida pelo pater, era ele quem realizava os ritos sagrados e quem julgava. Nenhuma autoridade estava acima da sua. 
Era possível, contudo, que famílias se unissem para celebração de um culto que lhes fosse comum. Ocorreu que muitas famílias, sem abrir mão da sua religião particular, se uniram e formaram um grupo, esse grupo possuía suas divindades e seu culto. A associação continuou naturalmente a crescer e diversos grupos se aglutinaram, formando tribos. Estas possuíam um tribunal de jurisdição sobre seus membros e acima delas não havia nenhum poder. Diversas tribos, então, se associaram com a condição de que o culto de cada uma delas fosse respeitado, e dessa aliança nasceram as cidades. Desse modo, a sociedade cresceu segundo esse sistema.
Pequenos cultos acabaram sendo substituídos, espontaneamente, por um culto comum. Bem como, politicamente, sobre pequenos governos, se levantou um governo comum. Do mesmo modo como a família possuía seus deuses penates, as cidades também possuíam seus deuses protetores.
A lei nasceu como consequência direta e necessária da crença, era a própria religião aplicada às relações entre os homens. Assim sendo, o verdadeiro legislador não era o homem, mas a crença religiosa que nele residia. Para os antigos, obedecer a lei era obedecer aos deuses. Por isso, como na família, a cidade tinha o seu chefe político, que era colocado entre os deuses e o homem: os reis, cuja autoridade e poder eram mantidos pela crença.
Estas sociedades tão solidamente constituídas vieram a vivenciar uma série de revoluções, devido, principalmente, à extrema desigualdade de classes, característica destas civilizações. Além disso, a mudança das ideias destas sociedades foi outro fator que também contribuiu para que estas transformações fizessem esmorecer as antigas crenças nas quais se fundamentava o mundo antigo.
A autoridade política, com o passar do tempo, é tirada dos reis. Surge uma aristocracia formada pelos patres, e promove a luta contra os reis, que são despojados de seu antigo poder, tornando-se apenas um sacerdócio. 
A aristocracia, (que em Roma durou pouco , mas na Grécia vigorou por um longo período), permaneceu absoluta no poder. Mas, em dado momento, as velhas instituições começaram a enfraquecer. Aos poucos as regras da indivisibilidade foram abandonadas. Esse desmembramento das gens enfraqueceu a antiga família sacerdotal, o que tornou mais fáceis outras transformações. 
A desigualdade não durou muito tempo, pois, segundo Fustel, as sociedades tendem para a igualdade, assim, a democracia chegou inevitavelmente. Porém nem mesmo esta conseguiu acabar com os problemas, afinal, constituição alguma jamais suprimiu as fraquezas e as imperfeições da natureza humana. A plebe, então, passa a fazer parte da cidade, o povo conseguiu eleger chefes entre os seus, e não podendo dar-lhes o nome de reis chamou-os de tiranos. Os tiranos só enquanto satisfazem as ambições da multidão e alimentavam as suas paixões podiam manter-se no poder. 
À medida em que as revoluções seguiam o seu curso, os povos se afastavam do regime antigo. O velho regime, então, desaparece, levando consigo suas instituições, crenças e regras. O governo, que antes se baseava na religião, adotou como novo princípio o interesse público. O novo princípio regulador (o único que é superior às vontades individuais e que pode obrigá-las a ele se submeter), que daí em diante sustenta e dá vida à todas as instituições, é o interesse público.
Assim como a sociedade, o direito também se modifica. Nos novos códigos que surgiram, a lei não é mais tida como uma obra divina, mas sim como fruto da vontade e necessidade humana, e por ser obra humana, entende-se passível de alteração.
O cristianismo representa a ruptura final da sociedade antiga. O temor aos deuses foi substituído pelo amor à Deus, ou seja, ao invés do politeísmo característico da religião primitiva, o cristianismo apresenta ao homem um único Deus, o qual pode ser adorado por todos, independente de classe ou cidade. É com esta nova religião que ocorre a separação definitiva entre a religião e a política. 
É necessário, portanto, citar a importância das leis naqueles povos antigos. Nas palavras de Fustel: “Entre gregos e romanos, assim como entre os hindus, desde o princípio a lei surgiu naturalmente como parte da religião. Os antigos códigos das cidades reuniam um conjunto de ritos, de prescrições litúrgicas, de orações e, ao mesmo tempo, de disposições legislativas”. Podemos, então, com relação à História do Direito e sua formação, perceber a relação estreita entre o este e a religião.

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