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Resenha - A Cidade Antiga - Fustel de Coulanges

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COULANGES, Fustel. A cidade antiga: estudos sobre o culto, e o direito as instituições da Grécia e Roma. (Trad. Jonas Camargo Leite) São Paulo: HEMUS, 1975. p.33-91
A CIDADE ANTIGA
								Lucas Stevens de Almeida
Fustel de Coulanges (1830-1889) foi um dos mais conhecidos historiadores franceses, posteriormente veremos como ele descreve a melhor cidade antiga.
Ao iniciar o segundo livro da sua magnifica obra o autor o primeiro capítulo descreve a religião como o princípio construtivo da família greco-romana antiga. Fustel fala dos costumes de cada família, tendo cada uma dela seus deuses, ao qual dirigia suas adorações diárias e prestavam seus cultos.
A casa tinha o pai como o chefe - líder doméstico, quando solteira, a jovem filha deste pai participa desde cedo da religião do pai, quando casada, passa a adorar aos antepassados do esposo. Cada casa tinha um fogo sagrado no centro do seu interior, diante dele era adorado os manes do sacerdote do lar.
Ainda no primeiro capítulo, no que se refere ao líder do domicilio, a obra revela que com base na ideia de alguns historiadores, foi julgado que a posição de deus do lar deveria ser exercida pelo pai, talvez pela força expressada ora sobre a mulher, ora sobre a filha. A religião do fogo sagrado, comum entre os gregos e romanos, traz no seu princípio a formação de uma família em um só corpo nesta e a outra vida.
No segundo capitulo do segundo livro, Fustel descreve o casamento como a primeira instituição estabelecida pela religião doméstica, falando que essa religião era transmitida somente de varão para varão, e não pertencia somente ao homem, pois a mulher também tomava parte no culto. Quando a filha fosse pedida em casamento por um jovem vizinho, para ela não era tão simples como apenas sair de uma casa e ir para outra, ressalta o autor que ela irá se desfazer de todo laço familiar criado até então, e dali em diante se colocará diante de um império de um deus até então desconhecido, adorando aos antepassados do seu marido. Para o jovem o casamento é um ato muito sério, pois está introduzindo no seu lar uma estranha, e posteriormente, dentro do seu lar, com a companhia de sua esposa ira oficializar sua cerimônia, revelando a ela, ritos e formulas que formam o alicerce da família.
A cerimônia de casamento grega era composta por três atos, sendo primeiro realizado na casa do pai, no qual o pai oferece um sacrifício e pronuncia uma formula sacramental à filha e entrega ela ao homem que a pediu em casamento.
No segundo ato citado na cerimônia de casamento, em algumas ocasiões, a esposa era levada para casa pelos arautos. Ao chegar na sua nova residência, a moça é pegada no colo pelo seu marido, ato este que deveria simular um rapto onde a sua esposa produziria uns gritos, e as mulheres que acompanham ela gritem, dando a sensação de defendê-la.
Já no interior de sua nova residência, a esposa é colocada frente a divindade doméstica, é aspergida por agua lustral e dali em diante segue alguns rituais juntamente com o seu esposo. No entanto, a cerimônia de casamento romana, se diferencia pouco da grega, traditio, deductio in domum e confarretio eram os três atos conhecidos no decorrer desta cerimônia. O casamento desliga totalmente a mulher de toda a relação com a família do seu pai, proporcionando um segundo nascimento, dali em diante, ela é a “filha do marido”. O divórcio tornava-se quase impossível porque o casamento é baseado na ideia de que o homem tinha que prolongar a sua geração, devendo este constituir uma família, na qual o adorasse e tivesse-o como um deus após a sua morte. A maior desgraça que podia ocorrer em uma família era o adultério, um filho nascido fruto de um adultério é tido como estranho dentro do lar. O adultério perturba a natureza do nascimento, toda a essência da família se dispersa, e é interrompido assim, todo o processo de construção familiar que até então deveria ser indissolúvel.
Ao entrar no terceiro capítulo de sua obra, o autor enfatiza além da continuidade da família, a proibição do estado de solteiro, o divórcio em caso de esterilidade, e a desigualdade entre o filho e filha. O homem depois de sua morte, se torna um demônio malfazejo caso os seus familiares não lhe ofereça banquetes públicos. Seu único pensamento era se iria ter um varão para servir-lhe com ofertas ao túmulo. A religião da família antiga exige que não seja extinguida.
No que se refere ao celibato, o autor deixa claro a ideia de perpetuação da família ora citada acima. Se o homem fosse solteiro para sempre, não daria continuidade a sua família, seus ancestrais não seriam adorados, logo estes se tornariam demônios malfazejos. O celibato era considerado crime e o casamento era obrigatório porque objetivava a perpetuação da família, poderia ser anulado se a mulher fosse estéril. No casamento, o mais esperado era o filho, pois nele o pai assegura a sua imortalidade, resultado da adoração do filho ao mane.
Posteriormente, tratando dos institutos da adoção e emancipação, o autor nos conduz ao entendimento destes. A adoção tem como fonte de direito o dever de perpetuar a família, a mesma religião que obrigava o homem a se casar, substituía o marido por um parente em caso de impotência ou morte, esta oferecia à família um recurso: a adoção. O surgimento da emancipação é correlativo ao da adoção, pois para a renúncia da família onde nascera, era necessário a emancipação.
Tratando do instituto da sucessão de bens, era imprescindível que houvesse um filho varão para herdar os bens do pai, pois é o filho quem dá a continuação natural e obrigatória do culto. O filho neste momento herda não pela vontade do pai, e sim em pleno direito. A filha não herda os bens do pai, pois a regra do culto é a transmissão de varão para varão e a regra da herança é conformar-se com o culto. A filha ao se casar renuncia a religião do pai, desligando-se totalmente a religião dele, passando assim a adorar aos ancestrais do seu esposo, por isso não tem nenhum título para herdar.
Fustel narra em sua obra do que era composto, quais eram os atributos do poder paterno, e como o pai da religião doméstica administrava seus direitos. As leis lhe conferiam numerosos direitos. O pai como chefe supremo da religião doméstica dirige todas as cerimônias do culto como bem entende, nas quais ninguém pode contestar esta supremacia sacerdotal. A perpetuidade da família e do culto depende somente do pai, daí em diante lhe é conferido um conjunto de direitos como reconhecer o filho ou rejeitar após o seu nascimento, ele podia repudiar a mulher em caso de esterilidade ou adultério, o pai tinha o direito de casar a filha e o filho, podia o mesmo excluir o filho da família e do culto, ato este conhecido como emancipação, e podia até mesmo indicar antes da sua morte quem seria o seu substituto. 
Em seguida no decorrer dos capítulos, percebe-se que o direito propriedade era um direito familiar. Os bens pertenciam aos antepassados e aos descendentes, na família não era aceito mais do que eu proprietário e mais do que um usufrutuário. O dote da mulher pertencia exclusivamente ao marido e tudo o que ela adquiria durante o casamento era repassado ao marido. O filho era visto nas mesmas condições que a mãe, todo que fora adquirido com esforço dele era fonte de renda para o seu pai, tornando-se propriedade do pai, o filho no direito romano podia até ser vendido pelo pai.
Ainda dentro do contexto dos atributos do poder paterno, o autor relata que não pode se apresentar em justiça as pessoas que estão sobe poder de outras, ou seja, os filhos, as mulheres, e os escravos. Todo delito cometido por essas pessoas, seriam respondidos no tribunal da cidade pelo pai. O chefe de família era quem recebia a sentença por virtude da sua autoridade paternal e conjugal. O senado romano queria extinguir completamente as bacanais decretando pena de morte aos participantes deste ato. A princípio não haviam problemas quanto à aplicação destas leis aos cidadãos, mas quando eram aplicadas às mulheres existiam algumas contradiçõespois somente que julgaria a mulher seria a família, então, o senado se calou, ficou assim, sob encargo dos pais e maridos dar a sentença de morte contra as mulheres. No último capítulo do segundo livro o autor nos mostra do que se tratava a gens. Genos (gens em latim) era um grupo de famílias com descendência comum e origem pura nas quais tinham seus deuses comuns. Tinham os mesmos sobrenomes, e viviam num corpo verdadeiro do qual tornava-se membro inseparável. A família tinha seu chefe hereditário e podia se constituir de um grupo numeroso que era mantido em unidade pela religião, por meio de leis próprias, direito privado e formando grande sociedade.
Fustel tinha uma visão ampla no conceito da melhor cidade antiga, sua obra perpetua servindo de inspiração para a construção de um estado, onde suas leis e princípios são extraídos por muitas vezes de livros como este dele.

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