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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco 2011 Recife-PE Licenciatura em Geografi a Climatologia Adauto Gomes Barbosa Coautoria Antônio Vicente Ferreira Júnior Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES Este Caderno foi elaborado em parceria entre o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologiade Pernambuco - IFPE e a Universidade Aberta do Brasil - UAB Equipe de Elaboração Coordenação do Curso Maria José Golçalves de Melo Logística de Conteúdo Giselle Tereza Cunha de Araújo Maridiane Viana Coordenação Institucional Reitoria Pró-Reitoria de Ensino Diretoria de Educação a Distância Pró-Reitoria de Extensão Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação Pró-Reitoria de Administração e Planejamento Projeto Gráfi co - Capa Giselle Tereza Cunha de Araújo Verônica Emília Campos Freire Diagramação Rafaela Pereira Pimenta de Oliveira Edição de Imagens Rafaela Pereira Pimenta de Oliveira Revisão Linguística Alice Paula Bastos Chagas Fátima Suassuna Ivone Lira de Araújo Sumário Sumário 5 Apresentação da disciplina 7 Aula 1 11 Aula 2 19 Aula 3 27 Aula 4 49 Aula 5 69 Aula 6 87 UABClimatologia 5 Licenciatura em Geografi aUAB 6 Apresentação da Disciplina Caro(a) estudante, Bem-vindo(a) à disciplina Climatologia do curso de Licenciatura em Geogra- fi a na modalidade a distância, oferecida pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE). Esta disciplina está subdividida em seis aulas, que tratam dos assuntos essenciais à formação do professor de Geografi a. Em nossa primeira aula, iremos abordar os conceitos básicos para o entendimento da dinâmica do clima da Terra. Faremos, inicialmente, uma apresentação dos diversos campos da Climatologia, bem como a dife- renciação entre a Climatologia e a Meteorologia, onde esclareceremos seus distintos objetivos e aplicações. Além disso, abordaremos a interação dos sistemas naturais atmosfera – superfície terrestre. Sem o entendimento de como ocorre tal interação, qualquer tentativa de compreensão do funciona- mento da dinâmica atmosférica será infrutífera. Na aula seguinte – a aula 2 –, aprofundaremos o assunto atmosfera e, desta feita, explicaremos quais são os principais elementos químicos que partici- pam da sua composição, a estrutura em camadas e suas respectivas proprie- dades. Na aula 03, serão analisados os elementos e fatores que infl uenciam o clima. Os elementos climáticos são os próprios aspectos que formam o clima do planeta: a umidade, a temperatura e a pressão atmosférica. Cada um será abordado à luz do arcabouço teórico conceitual claro e conciso, sem perder de vista a linguagem científi ca, indispensável para a formação do licenciado. Em seguida, nesta mesma aula, trataremos dos fatores ge- ográfi cos que interferem na dinâmica climática do planeta. Assim, serão analisados, enquanto fatores que infl uenciam e interferem nos elementos climáticos, a latitude, a altitude, as massas de ar, as correntes marítimas, dentre outros, que, em interação com os elementos do clima, interferem no sistema atmosférico local ou regionalmente. Na aula 04, abordaremos os principais modelos de classifi cação climática. Serão destacados os pontos relevantes em termos de aplicação, clareza e fi nalidade de cada classifi cação apresentada. Na aula 05, como continuação da discussão apresentada nas aulas anteriores, veremos os tipos climáticos UABClimatologia 7 que ocorrem no Brasil, tendo por base a infl uência da dinâmica das massas de ar. Destacaremos que a enorme extensão territorial brasileira, associada à sua localização geográfi ca predominantemente tropical, constitui quadro de referência importante na compreensão da diversidade climática e paisagísti- ca do território brasileiro. Por fi m, na aula 06, veremos as mudanças climáticas que marcam a dinâmi- ca atmosférica atual e chamaremos a atenção para as mudanças climáticas em tempos pretéritos e seus principais indicadores. Apresentaremos, ainda, uma breve discussão sobre o campo de incertezas que paira no meio aca- dêmico sobre tal assunto, visto que qualquer conclusão científi ca mais apro- fundada sobre o clima e, mais ainda, sobre mudanças climáticas demanda investigação de um lapso temporal nem sempre compatível com os dados e instrumentos de análise disponíveis no momento. O tema do aquecimento global é apreciado com bastante ênfase no papel dos gases de efeito estufa no provável aumento da temperatura global. Contudo, tem-se o cuidado de tratar desse assunto não como uma verdade absoluta, mas como um campo muito recente das pesquisas científi cas, em que a ecodiplomacia e a ciência nem sempre dão conta de esclarecer a realidade. Encerrando esta aula, ana- lisaremos o El Niño e o processo de desertifi cação, dois temas de absoluta importância no quadro das mudanças climáticas atuais. Esperamos que as análises e a discussão aqui apresentadas contribuam para instigar a sua curiosidade para a Climatologia como tema fundamental na formação acadêmica em Geografi a. Ao longo dos textos, há ainda seções que tratam, sucintamente, de alguns aspectos que podem incitá-lo(a) a buscar outros materiais para aprofundamento da leitura sobre os assuntos aqui abordados. As referências bibliográfi cas que serviram de apoio à construção deste mate- rial didático devem, na medida do possível, ser adquiridas pelo aluno, como forma de aprofundar seus conhecimentos sobre o campo de estudos da Climatologia e servir de suporte para futuras intervenções profi ssionais que demandarão revisão de bases conceituais. Ademais, sugerimos que explore a internet como meio de busca de ricos artigos, dissertações e teses não apenas sobre esse assunto, mas sobre qualquer outra temática do curso de Geografi a. O material é também acompanhado de atividades com exercí- cios. Aproveite-os bem e faça ótimo uso deste material. Licenciatura em Geografi aUAB 8 UABClimatologia 9 Aula 1 Objetivos Nesta aula, abordaremos os conceitos básicos para o entendimento da dinâmica do clima da Terra. Nesse sentido, faremos inicialmen- te uma apresentação dos diversos campos de estudo e aplicações da Climatologia, bem como a diferenciação entre a Climatologia e a Meteorologia, onde esclarecemos seus distintos objetivos e apli- cações. Outro objetivo desta aula consiste em abordar a interação dos sistemas naturais atmosfera – superfície terrestre. Assuntos – Campos de estudo da Climatologia; – Diferença entre tempo e clima; – Subdivisões da Climatologia. Introdução – O campo de estudo e atuação da Climatologia A Climatologia é uma das ciências da natureza e o seu estudo é de extrema relevância no amplo campo das ciências ambientais. Para Ayoade (2004), os processos atmosféricos infl uenciam os processos nas outras partes do am- biente, principalmente na biosfera, hidrosfera e litosfera. Da mesma forma, estes ambientes não se sobrepõem uns aos outros, mas permanecem em constante troca de energia entre si e não podem ser ignorados no estudo da Climatologia (Fig. 1). UABClimatologia 11 Figura 1 – O tempo e o clima inseridos nas ciências ambientais. Como podemos ver na fi gura acima, ocorre uma interação direta entre todos os seus constituintes. O clima infl uencia diretamente as plantas, os animais (incluindo o homem) e o solo. Desse modo, ele infl uencia as rochas através do intemperismo1 e os agentes externos do relevo são basicamente contro- lados pelas condições climáticas. O clima, principalmente próximo da super- fície, é infl uenciado pelos elementos naturais e humanos, através de suas várias interações. De acordo com Azevedo (2005), o fato de o objeto de estudo da Climato- logia ser essencialmente abstrato e não poder ser integralmente apreendido pelo instrumental sensorial próprio do ser humano, isto é, nossos próprios sentidos, há que se recorrer a dois expedientes: o uso de instrumental ar- tifi cial e a observação de indicadores e indícios de processos em sua evolu- ção temporal. Essa observação instrumental é bastante custosa, pois envolve equipamentos muitas vezes de última geração e, portanto, de acesso a pou- cas instituições de pesquisa. O trabalho de campo, antecedido de hipóteses e objetivos bem formulados sobre o que se pretende investigar, depende da observação direta dos fenômenos, bem como sua medição e monitoramen- to por meio de distintos recursos tecnológicos. Esta é uma área do conhe- cimento científi co extremamente instigante e, como não deveria deixar de ser, a abordagem feita aqui está voltada para a formação do licenciado em Geografi a. 1 Intemperismo ou meteorização é um dos agentes externos do relevo terrestre, ocorrendo na natureza por meio da decomposição química e da desagregação física da rocha, diretamente associadas às condi- ções climáticas reinantes no ambiente. Assim, numa área submetida ao clima úmido, prevalece o intem- perismo químico, ao passo que, numa área seca, predomina o intemperismo físico. Licenciatura em Geografi aUAB 12 Climatologia e Meteorologia Inicialmente, faz-se necessário distinguir e compreender estes dois ramos da ciência atmosférica. Apenas a partir do século XIII é que esta ciência incorpo- rou princípios de lógica e método, sendo seguida de fragmentação de ramos específi cos de cada ciência, a partir de estudos individualizados de cada área de conhecimento. De acordo com Ayoade (2004), a Meteorologia estuda as condições mo- mentâneas da atmosfera no que se refere ao seu estado físico, dinâmico e químico e às interações entre eles e a superfície terrestre subjacente. Desse modo, esse ramo do conhecimento se enquadra na área das ciências natu- rais, tendo como objetivo o estudo dos fenômenos isolados da atmosfera (raios, trovões, nuvens, composição físico-química do ar, entre outros) e do tempo atmosférico. O tempo é outro conceito que causa confusão com o clima. O tempo pode ser defi nido como o estado da atmosfera em um determinado momento e local. Assim, seria um conjunto de elementos que caracterizam um instante, tais como radiação (insolação), temperatura, umidade (precipitação, nebulo- sidade, etc.) e pressão (ventos). Dessa forma, vale salientar que, para determinar um tipo de clima, seja ele local, regional ou global, é necessário um estudo do comportamento da at- mosfera num intervalo de tempo de, no mínimo, 30 anos. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o clima é defi nido como um conjunto fl utuante de condições atmosféricas caracterizadas pelos estados e evolução do tempo no curso de um período sufi cientemente longo, em um domínio espacial determinado, sendo, assim, a síntese do tempo num determinado lugar durante um período de 30 a 35 anos de observações. Nesse sentido, podemos afi rmar que o clima da Zona da Mata do Nordeste brasileiro é do tipo Tropical Úmido, com chuvas de outono – inverno. Mendonça e Danni-Oliveira (2007) abordam a Climatologia com enfoque na paisagem geográfi ca. Para esses autores, a Climatologia está defi nida como um estudo de padrões de comportamento da atmosfera em suas interações com as atividades humanas e com a superfície do planeta durante um longo período de tempo. Então, observa-se uma forte ligação entre as relações da sociedade e da natureza como pressuposto para a compreensão das diferen- tes paisagens do planeta. Interação biosfera e atmosfera A atmosfera atual tem uma concentração de gases que é mantida pelas atividades biológicas na biosfera. Essa interrelação se dá em diferentes escalas. Uma fl oresta tropical e um campo ou a superfície dos oceanos, por exemplo, produzem e consomem volumes diferentes de O2 e CO2 no processo da fotossíntese. Outro exemplo da interrelação do clima com a biosfera refere-se à quantidade de energia absorvida e devolvida à atmosfera. Um ecossistema com uma quantidade elevada de matéria orgânica (biomassa), como uma fl oresta tropical, absorve grandes quantidades de energia e devolve à atmosfera, sob a forma de calor, uma quantidade dessa energia menor do que a devolvida por um deserto. Esses fatos permitem afi rmar que cada superfície com vida ou parte da biosfera, sejam rochas expostas, mares ou desertos, possui uma capacidade distinta de interagir com a atmosfera. (CONTI; FURLAN, 2000, p. 71 – 72). Saiba mais UABClimatologia 13 A Climatologia situa-se entre as Ciências Humanas (Geografi a) e as Ciências Naturais (Meteorologia e a Física), sendo que possui maior ligação com as Ciências Humanas do que as Naturais. Apesar da similaridade entre a Clima- tologia e Meteorologia, estas ciências utilizam distintas técnicas e métodos. O meteorologista utiliza leis da física clássica e faz uso da linguagem da ma- temática para compreender os processos atmosféricos, enquanto que o cli- matólogo aplica, principalmente, técnicas estatísticas sobre os dados obtidos do clima. Assim, podemos sintetizar que o meteorologista estuda o tempo, enquanto que o climatólogo estuda o clima. Apesar de que um estudo deve complementar o outro, a Meteorologia deve incorporar tanto o estudo do tempo quanto o do clima e, para legitimar os dados do clima, são imprescin- díveis os dados da Meteorologia. Figura 2 - Área da Climatologia no campo do conhecimento científi co. O clima resulta da interação dos elementos com os fatores climáticos. É pre- ciso, então, procurar distingui-los corretamente. Pode-se dizer que os ele- mentos climáticos são os aspectos naturais que compõem o clima. São eles: a temperatura, a umidade e a pressão atmosférica. Porém, eles se apresen- tam na atmosfera com maior ou menor intensidade, dependendo justamen- te da interferência dos fatores climáticos. Em outras palavras, os elementos, em suas diferentes manifestações, variam espacial e temporalmente em de- corrência da infl uência dos fatores climáticos, que são: a latitude, a altitude, a maritimidade, a continentalidade, a vegetação, as correntes marítimas, as massas de ar e as atividades humanas. Na aula 03, os elementos e os fatores climáticos serão explicados de forma detalhada. Dependendo do objetivo para o qual o estudo for dirigido, a Climatolo- gia está subdividida em distintos ramos ou níveis de abordagens, conforme aponta Ayoade (2004): 1. Climatologia regional – é a descrição dos climas em áreas selecionadas da Terra. O tempo e o clima são duas noções bem distintas. A primeira corresponde a uma situação transitória da atmosfera, com mudanças diárias e até horárias, ao passo que a segunda se defi ne por padrões estabelecidos após, pelo menos, trinta anos de observações, apresentando, portanto, no mínimo, um perfi l relativamente estável. Por isso mesmo é fácil detectar modifi cações no tempo, porém difícil demonstrar alterações no clima, principalmente em escala global. (CONTI; FURLAN, 2000). Saiba mais Licenciatura em Geografi aUAB 14 2. Climatologia sinótica – é o estudo do tempo e do clima em uma área com relação ao padrão de circulação atmosférica predominante. A Climatologia sinótica é, assim, essencialmente, uma nova abordagem para a Climatologia regional. 3. Climatologia física – envolve a investigação do comportamento dos ele- mentos do tempo ou processos atmosféricos em termos de princípios físicos. Neste, dá-se ênfase à energia global e aos regimes de balanço hídrico da terra e da atmosfera. 4. Climatologia dinâmica – enfatiza os movimentos atmosféricos em várias escalas, particularmente na circulação geral da atmosfera. 5. Climatologia aplicada – enfatiza a aplicação do conhecimento climatoló- gico e dos princípios climatológicos nas soluções dos problemas práticos que afetam a humanidade. 6. Climatologia histórica – é o estudo do desenvolvimento dos climas através dos tempos. Escalas de estudos em Climatologia Em qualquer área de conhecimento, o estudo da escala procura delimitar a sua dimensão para uma melhor compreensão espaço-temporal do obje- to a ser investigado. De acordo com Mendonça e Danni-Oliveira (2007), a escala climática diz respeito à dimensão ou à ordem de grandeza espacial (extensão) e temporal (duração), segundo as quais os fenômenos climáticos são estudados. As escalas espaciais ganham maior destaque na abordagem geográfi ca do clima, sendo as mais conhecidas as escalas macroclimática, mesoclimática e microclimática. As escalas temporais mais utilizadas são as escalas geológica, histórica e contemporânea (Tab. 1). A seguir, estão apresentadas as subdivisões apontadas pelos respectivos au- tores: 1- Macroclima: é a maior das unidades climáticas e compreende áreas muito extensas na superfície da Terra e com movimentos atmosféricos em larga escala que afetam o clima do planeta. A extensão espacial dos climas nesta unidade escalar é, genericamente, superior à ordem de milhões de km2, sen- do sua defi nição subordinada à circulação geral da atmosfera (altas e baixas pressões), a fatores astronômicos e fatores geográfi cos (grandes divisões do UABClimatologia 15 relevo, oceanos, continentes, etc.) e à variação da distribuição da radiação no planeta (baixas e altas latitudes). 2 - Mesoclima: é uma unidade intermediária entre as de grandeza superior e a inferior do clima e pode ser aplicada às regiões naturais interiores aos continentes, como o estudo de grandes fl orestas, de extensos desertos ou de pradarias. Nessa escala, não há uma extensão defi nida, pois em Geogra- fi a a região por si só não possui delimitações espaciais precisas, a não ser por um ou outro elemento de destaque da paisagem. O clima regional, por essa característica, é uma subunidade de transição entre a ordem superior e a inferior. 3- Microclima: é a menor e a mais imprecisa unidade escalar climática; sua extensão pode ir de alguns centímetros a até algumas dezenas ou centenas de m2. Os fatores que defi nem essa unidade dizem respeito ao movimento turbulento do ar na superfície, a determinados obstáculos à circulação do ar, a detalhes do uso e da ocupação do solo, entre outros. A título de exemplo, podem ser citados o clima de construções (uma sala de aula, um apartamen- to), o clima de uma rua ou de um parque urbano à beira de um lago, etc. Tabela 1: Organização das escalas espacial e temporal do clima. Ordem de Grandeza Subdivi- sões Escala Horizon- tal Escala Vertical Tempora- lidade das variações mais repre- sentativas Exemplifi ca- ção Espacial Macroclima Clima zonal Clima regio- nal >2.000 km 3 a 12 km Algumas semanas a vários decênios O globo, um hemisfério, oceano, conti- nente, mares, etc. Mesoclima Clima regio- nal Clima local Topoclima 2.000 km a 10 km 12 km a 100 km Várias horas a alguns dias Região natu- ral, monta- nha, região metropolitana, cidade, etc. Microclima 10 km a alguns m Abaixo de 100 m De minutos ao dia Bosque, uma rua, uma edifi cação- casa, etc. Fonte: Mendonça; Danni-Oliveira (2007). Licenciatura em Geografi aUAB 16 Exercícios 1. Com base na leitura atenta do texto, esclareça como se dá a interação at- mosfera – superfície terrestre na conformação da dinâmica climática da Terra. 2. Qual a diferença entre clima e tempo e em que contexto cada uma dessas duas noções é aplicada? Respostas dos exercícios 1. Conforme aponta o texto, há uma interação entre o clima e o ambiente físico. Clima, solos, relevo, vegetação e sistema hidrográfi co se infl uenciam mutuamente. A cobertura vegetal, que depende e infl uencia os solos, con- tribui para a umidade do ar através da evapotranspiração ou ainda ao reter água no lençol freático, contribuindo ainda para amenizar a temperatura local. Dependendo das características do relevo, o clima de uma região po- derá ser mais ou menos úmido, mais ou menos frio. Dessa forma, o clima não pode ser compreendido de forma separada dos demais aspectos físicos do ambiente. Além disso, com a crescente capacidade de atuação, o homem também interfere no clima, através das variadas atividades que ele desenvol- ve na superfície do planeta. 2. O clima varia de acordo com os elementos climáticos e indica as condições atmosféricas durante longos períodos: anos, décadas ou até séculos. O clima varia espacial e temporalmente em decorrência da infl uência dos fatores cli- máticos, que são: a latitude, a altitude, a maritimidade, a continentalidade, a vegetação, as correntes marítimas, as massas de ar e as atividades humanas. Já o tempo pode ser defi nido como o estado da atmosfera em um deter- minado momento e local. Assim, é um conjunto de elementos que carac- terizam um instante, tais como radiação (insolação), temperatura, umidade (precipitação, nebulosidade, etc.) e pressão (ventos). O primeiro é objeto de estudo da Climatologia e o segundo da Meteorologia. Referências AZEVEDO, Tarik Rezende de. Técnicas de campo e laboratório em climatologia. In: VENTURI, Luis Antonio Bittar (org.). Praticando geografi a: técnicas de campo e laboratório. São Paulo: Ofi cina de Textos, 2005, p. 131 – 146. AYOADE, J. O. Introdução à Climatologia para os trópicos. Tradução: Maria Juraci Zani dos Santos. 10a ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. 332 p. CONTI, J. Bueno; FURLAN, S. Angelo. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. In: Geografi a do Brasil. Ross, J. L. Sanches (org.). 3a ed. São Paulo: EDUSP, 2000, p 67-198. MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Ofi cina de Textos, 2007. 206 p. UABClimatologia 17 Licenciatura em Geografi aUAB 18 Aula 2 Objetivos Nesta aula, explicaremos a composição química da atmosfera, bem como sua estrutura em camadas e respectivas propriedades. Esperamos que, ao fi nal desta aula, tenha uma compreensão clara sobre a dinâmica intensa que caracteriza as distintas camadas at- mosféricas e os seus efeitos aqui na superfície do planeta. Assunto – As camadas da atmosfera e suas propriedades. Introdução A atmosfera é uma massa gasosa que envolve a superfície do globo ter- restre, estendendo-se por cerca de 800 km acima da superfície, de acordo com Ayoade (2004). Em comparação ao raio da Terra, de aproximadamente 6.600 km, é uma camada muito fi na. Na verdade, por conta da atração gra- vitacional, a maioria dos gases está concentrada na camada mais inferior da atmosfera, chamada de troposfera, formando uma capa de cerca de 15 km acima da superfície terrestre. Diversos autores apontam a importância de se estudar a troposfera, pois é nesta parte da atmosfera que ocorrem as grandes interações atmosféricas e fenômenos meteorológicos que ocasionam efeitos nas nossas vidas, sejam eles positivos ou prejudiciais para nossa sobrevivência. Como exemplo, po- demos citar as mudanças de temperatura que provocam transformações no padrão do tempo, em escala global, afetando o suprimento de alimentos, o regime de precipitações, o recebimento de radiação solar, entre outros. Ferreira (2006) alerta que é muito difícil entender a atmosfera e prever a ocorrência de fenômenos meteorológicos, visto que existem interações en- tre a chegada e a saída de energia. As diferenças de temperatura são causa- das pelo aquecimento ou resfriamento da superfície terrestre, que, em seu entorno, causam mudanças do volume e da densidade do ar, resultando UABClimatologia 19 em mudanças de pressão. Exemplifi cando: o ar frio é mais pesado porque as moléculas dos gases que o formam estão comprimidas, enquanto o ar quente é mais leve, pois as moléculas estão mais dilatadas, ocasionando mudanças de pressão. É esse jogo permanente de entrada e saída de energia que torna a atmosfera terrestre extremamente dinâmica, o que constitui um enorme desafi o para os pesquisadores estabelecerem modelos ou padrões com vistas a explicar o comportamento do clima. Composição da atmosfera A atmosfera é composta de uma mistura de gases, formada, principalmente, por nitrogênio (78%) e oxigênio (21%) e por pequenas quantidades de hi- drogênio, metano, ozônio, dióxido de nitrogênio, dióxido de carbono, óxido de carbono e outros gases nobres (Tab. 1). Tabela 1 – Principais gases do ar seco (adaptado de BARRY e CHORLEY, 1976). Gás Volume (%) Nitrogênio (N2) 78,08 Oxigênio (O2) 20,94 Argônio (A) 0,93 Dióxido de Carbono (CO2) 0,03 Neônio (Ne) 0,0018 Hélio (He) 0,0005 Ozônio (O3) 0,00006 Hidrogênio (H2) 0,00005 Criptônio (Kr) Indícios Xenônio (Xe) Indícios Metano (CH4) Indícios Licenciatura em Geografi aUAB 20 A composição do ar não é constante nem no tempo nem no espaço. A composição do ar mantém-se invariável até, mais ou menos, 70 km de al- titude. Entre esse nível e 130 km, os raios ultravioleta rompem e separam a molécula de oxigênio, aumentando a proporção desse gás, que chega a aproximadamente 34%, diminuindo a quantidade de nitrogênio para 66%. A partir dos 300 km de altitude, começa a ionização do nitrogênio e, mais acima, esse gás, alcança a proporção de 80%, e a quantidade de oxigênio passa a 20% (Ferreira, 2006). Na primeira camada da atmosfera, também ocorre em pequeno número o vapor d’água, material particulado e o ozônio. Mendonça e Danni-Oliveira (2007) defi nem os três compostos de maneira especial devido às suas pecu- liaridades de ocorrência. • O vapor d’água não se apresenta uniformemente distribuído, uma vez que sua presença depende não só de uma superfície que forneça água, mas também de uma série de outros fatores, como os ventos. Estes trans- portam o vapor d’água ao redor do planeta, levando água para regiões com menor disponibilidade hídrica. • O material particulado de origem natural constitui-se de poeira, cinzas, material orgânico e sal em suspensão no ar, provenientes do solo, da atividade vulcânica, da vegetação e dos oceanos, além das atividades hu- manas que decorrem da utilização de combustíveis fósseis em indústrias e veículos, da queima do carvão mineral e orgânico para aquecimento e cozimento domésticos e de práticas agrícolas, como queimadas, entre outros. • O ozônio está presente em forma concentrada entre os 20 e 35 km de altura. A propriedade que os gases oxigênio e ozônio apresentam ao reagirem fotoquimicamente nesses níveis, agindo como um fi ltro ao ab- sorverem a maior parte das radiações ultravioleta, é que garante a exis- tência da vida na superfície da Terra. A caixa de texto abaixo faz menção ao aumento da radiação ultravioleta na superfície do planeta devido à rarefação da camada de ozônio. UABClimatologia 21 Estrutura da atmosfera Conforme é descrita por Ayoade (2004), a atmosfera apresenta uma com- plexa estrutura de vários níveis, composta de diversos gases e está dividida, de forma alternada, em três camadas relativamente quentes, separadas por duas relativamente frias. As três camadas quentes ocorrem nas proximidades da superfície da Terra, entre 50 e 60 km, e acima de 120 km, enquanto que as camadas frias são encontradas entre 10 e 30 km, e em torno de 80 km acima da superfície da Terra (Fig. 1). Figura: 1 – A estrutura da atmosfera, de acordo com as mudanças de temperatura (modifi cado de: AYOADE, 2004). A energia fl ui pela atmosfera A fi ltragem da radiação ultravioleta é importante para o equilíbrio da biosfera, e qualquer alteração nesse processo coloca em risco a vida do planeta. Atualmente, há fortes indícios de que produtos oriundos da atividade industrial, sobretudo os clorofl uorcarbonos (CFCs), estejam comprometendo a camada de ozônio, tornando-a mais rarefeita ou destruindo-a em alguns pontos. Estudos divulgados em 1991 pelo Programa Ecológico da ONU informam que o “buraco” na camada de ozônio entende-se além da Antártida, como se pensava inicialmente, abrangendo também a América do Norte, a Europa, a Austrália, a Rússia e a América Latina. Em 1986, celebrou-se um acordo internacional na cidade de Montreal objetivando controlar o uso de gases nocivos ao ozônio estratosférico. Na troposfera, o dióxido de carbono (CO2) e o vapor d’água retêm a radiação infravermelha, provocando o aquecimento conhecido como efeito estufa, que seria responsável, a longo prazo, pela elevação da temperatura na Terra. (CONTI; FURLAN, 2000, p. 92.) Saiba mais Licenciatura em Geografi aUAB 22 Como foi visto na fi gura acima, a camada inferior da atmosfera é denomina- da troposfera. Esta camada possui aproximadamente 75% da massa gasosa total da atmosfera, além da totalidade do vapor d’água e de aerossóis. Ou- tra especifi cidade desta camada é que a sua temperatura diminui a uma taxa média de 6,5°C por quilômetro, porém essa taxa pode apresentar variações ao longo de diferentes latitudes. A sua altitude também não é constante, variando de lugar para lugar e de época para época, sendo mais elevada na linha do Equador (16 km), onde ocorrem aquecimento e turbulência vertical, e é mais baixa nos polos (8 km). É nesta camada onde os fenômenos do tempo atmosférico e a turbulência são os mais marcantes, sendo descrita como a camada da atmosfera que estabelece as condições meteorológicas (AYOADE, 2004). Por esta alta complexidade, a troposfera é a principal camada para o desen- volvimento de estudo dos meteorologistas. Ferreira (2006) ressalta o uso de balões de radiossondagens meteorológicas, lançados em estações meteo- rológicas de altitude, para a medição de temperatura na atmosfera. Com os valores de temperatura, os balões meteorológicos medem outros parâ- metros, tais como: a umidade do ar, a pressão atmosférica e a velocidade e direção do vento, em diferentes altitudes. As camadas atmosféricas não terminam de forma abrupta, pois ocorre sem- pre uma faixa de transição entre elas, nas quais pouco a pouco vão desapa- recendo as características dominantes da camada anterior e sobressaindo as características da camada seguinte. A faixa de transição entre a primeira camada – troposfera – e a segunda – a estratosfera – é chamada de tropo- pausa. Nela, há uma pequena faixa de isotermia e, logo acima, o ar começa a esquentar com a altitude, indicando o início da estratosfera. A camada seguinte, a estratosfera, se estende até aproximadamente 50 km acima da superfície da Terra. Ao contrário do que acontece na troposfera, na estratosfera a temperatura tende a aumentar com a altitude. Como a den- sidade do ar é muito menor, até mesmo uma absorção pequena de radia- ção solar pelos constituintes atmosféricos, principalmente o ozônio, produz um grande aumento de temperatura (AYOADE, 2004). Considerando que o ozônio possui a capacidade de absorver a radiação ultravioleta do Sol, como consequência ocorre o aquecimento da estratosfera. O fi m da estratosfera é assinalado pela estratopausa, ou seja, ela marca a transição entre a estratosfera e a mesosfera. A estratopausa está localizada acima da infl uência da camada de ozônio e por isso ela não se aquece com UABClimatologia 23 o aumento da altitude, conforme ocorre na porção inferior da estratosfera e indica a transição para o início da mesosfera. A camada seguinte é chamada de mesosfera e se distribui entre 50 e 80 km da superfície. Quanto à temperatura, ocorre o processo inverso da estratos- fera, ou seja, há uma diminuição da temperatura à medida que aumenta a altitude. Suas temperaturas podem atingir -90°C. Nesta faixa ocorre uma zona de grande rarefação do ar, o que diminui, consideravelmente, a ca- pacidade de seus gases reterem energia solar, por isso a queda de energia (MENDONÇA; DANNI-OLIVEIRA, 2007). A termosfera estende-se de 80 km de altitude até o espaço e apresenta temperaturas extremamente altas, em geral, acima de 1.200°C. Isso é bem compreendido quando recordamos que temperatura é uma medida do mo- vimento das moléculas, não o calor que sentimos com o tato. As tempe- raturas nessa camada são extremamente altas, porque as moléculas de ar são movimentadas por partículas de alta energia oriundas do espaço. Como essas partículas carregadas viajam por essa camada, elas movimentam as moléculas de ar com sua energia e, algumas vezes, criam fenômenos lumi- nosos conhecidos como aurora boreal, no hemisfério Norte, e aurora austral, no hemisfério Sul (FERREIRA, 2006). Os limites e camadas da atmosfera não são consenso na comunidade cien- tífi ca. A divisão apresentada nos parágrafos acima é o modelo mais aceito entre os pesquisadores, mas é importante que saiba que tal divisão pode apresentar pequenas diferenças, a depender do autor consultado. A caixa de texto a seguir faz referência à presença da ionosfera, que não foi men- cionada anteriormente. Só a título de esclarecimento, essa camada tem uma espessura de aproximadamente 500 km e está localizada e se distribui a partir da termosfera, portanto na parte superior da atmosfera. A ionosfera é extremamente rarefeita e ainda assim oferece sufi ciente resistência aos me- teoros, que bombardeiam diariamente a Terra, fragmentando-os. Exercícios 1. Analise a composição da atmosfera e como essa composição infl uencia na dinâmica climática. 2. Caracterize a estrutura da atmosfera, destacando as propriedades térmi- cas de cada uma de suas camadas. A homosfera, a ionosfera e a exosfera A atmosfera possui cinco camadas, divididas por um critério: as variações de temperatura. Além disso, as três primeiras camadas - troposfera, estratosfera e mesosfera - formam a chamada homosfera, onde predomina a mesma composição química do ar: basicamente nitrogênio (78%) e oxigênio (21%). As mudanças na temperatura que as defi nem são causadas pela radiação solar e suas interações com o solo (a maior fonte de calor da atmosfera) e as partículas do ar. “Na verdade, essas divisões não são rígidas, porque a atmosfera é uma estrutura complexa e pode ser classifi cada de formas diferentes, mas cada região tem uma série de características em comum”, diz Robert Clemesha, meteorologista do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), em São Carlos (SP). Fora a homosfera, há mais uma camada que se sobrepõe às cinco divisões da atmosfera - a ionosfera, que começa a 80 quilômetros de altitude e termina junto com a exosfera. Essa camada foi defi nida por outra característica: é onde a energia do Sol quebra as moléculas de ar, formando os íons, partículas com carga elétrica positiva ou negativa. A atmosfera, principalmente as duas primeiras camadas, é onde ocorrem os fenômenos climáticos. “A diferença de temperatura no Equador, onde a incidência de raios solares é maior, e nos polos, causa o movimento dos ventos”, diz Pedro Dias, meteorologista do Instituto Astronômico e Geofísico Saiba mais Licenciatura em Geografi aUAB 24 Respostas dos exercícios 1. Conforme foi visto no texto, a atmosfera é composta de uma mistura de gases, como o nitrogênio (78%) e o oxigênio (21%), além de pequenas quantidades de hidrogênio, metano, ozônio, dióxido de nitrogênio, dióxido de carbono, óxido de carbono e outros gases nobres que, por serem mui- tos raros, são chamados de gases nobres. A distribuição desses gases não ocorre de forma homogênea entre as camadas da atmosfera. Exemplo disso é que a presença de vapor d’água depende não só de uma superfície que forneça água, mas também de uma série de outros fatores, como os ventos, logo não é encontrado uniformemente na atmosfera. Além dos gases, na atmosfera é encontrado material particulado, isto é, partículas de poeira em suspensão de diversas origens, como cinzas vulcânicas, sedimentos e polens transportados pelos ventos, dentre outros. 2. A atmosfera possui uma estrutura bastante complexa e, do ponto de vista térmico, está dividida, de forma alternada, em três camadas relativamente quentes, separadas por duas relativamente frias. As três camadas quentes são a troposfera, junto à superfície até 10 km, a mesosfera, entre 50 e 60 km, e a camada acima da termosfera. As camadas frias são a estratosfera, entre 10 e 30 km, e a termosfera, em torno de 80 km acima da superfície da Terra. Referências AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. Tradução: Maria Juraci Zani dos Santos. 10a ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. 332 p. BARRY, R. G.; CHORLEY, R. J. Atmosphere, weather and climate. 3a ed. Londres: Menthuem, 1976. 327 p. CONTI, J. Bueno; FURLAN, S. Angelo. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. In: Geografi a do Brasil. Ross, J. L. Sanches (org.). 3a ed. São Paulo: EDUSP, 2000, p. 67-198. FERREIRA, A. Gonçalves. Meteorologia prática. São Paulo: Ofi cina de Textos, 2006. 188 p. MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Ofi cina de Textos, 2007. 206 p. da USP. A espessura da atmosfera sobre a Terra pode ser comparada, proporcionalmente, à casca de uma maçã. Mas, sem ela, o planeta seria tão inóspito quanto a Lua. A atmosfera fornece ar e água para os seres vivos, mantém o planeta aquecido e nos protege dos raios solares e de meteoritos. Fonte: http:// mundoestranho.abril. com.br/geografi a/ pergunta_285767.shtml Acessado em: 26 jan. 2011. UABClimatologia 25 Licenciatura em Geografi aUAB 26 Aula 3 Objetivos Nesta aula, temos por objetivo analisar os elementos climáticos e os fatores geográfi cos e suas interinfl uências no complexo jogo do clima do planeta. Dessa forma, discutimos como eles interagem entre si, resultando nas condições climáticas de cada porção da superfície terrestre. Abordamos ainda como se formam as condi- ções que levam a mudanças da temperatura, além da formação do orvalho, dos nevoeiros e das geadas. Assuntos – Os elementos formadores do clima; – Os fatores geográfi cos que interferem no clima; – A circulação geral da atmosfera. Introdução Conforme sugere o título, esta aula trata dos elementos e fatores climáticos. Podemos dizer que o clima é o resultado dessa interação, sempre muito dinâmica. Para termos uma compreensão dos diferentes tipos de clima da Terra, é preciso, inicialmente, abordar os elementos e fatores que os condi- cionam. Conforme foi dito na aula anterior, os elementos climáticos são os aspec- tos que compõem o clima, e estão relacionados com as propriedades da atmosfera de um dado local. Os mais utilizados para caracterizá-lo são a temperatura, a umidade e a pressão, que, infl uenciados pela diversidade geográfi ca, manifestam-se por meio de precipitação, vento, nebulosidade, ondas de calor e frio, entre outros. Aos elementos citados, juntam-se os fatores geográfi cos que interferem no clima. E são constituídos por aspectos dinâmicos do meio oceânico e at- UABClimatologia 27 mosférico, como correntes oceânicas, massas de ar e frentes, quanto por aspectos como latitude, altitude, relevo, vegetação, continentalidade/mariti- midade e atividades humanas. Conforme já foi dito, tais elementos e os fatores climáticos exercem infl u- ência mutuamente, de modo que, na natureza, é impossível compreender a atuação de um sem a interferência de outros. E apenas por uma questão didática, serão explicados um a um, ainda que, na prática, estejam intima- mente relacionados. Temperatura A temperatura é um dos elementos mais abordados nos estudos da Climato- logia, e se refere ao estado térmico da atmosfera, sendo defi nida em termos do movimento de moléculas, de modo que quanto mais rápido o seu deslo- camento mais elevada ela será. A temperatura é a condição que determina o fl uxo de calor que passa de uma substância para outra. Quanto maior é esse fl uxo, maior é a sensação de calor. A temperatura do ar é mensurada através de termômetros sendo expressos em graus Celsius ou Fahrenheit. Anders Celsius, físico e astrônomo sueco, foi o inventor do termômetro centígrado, o qual toma por base o valor de 100° para indicar o ponto de ebulição da água. Por sua vez, Daniel Fahre- nheit, físico alemão, dividiu o termômetro em 212°. Essa divisão é usada nos países de língua inglesa. Além da temperatura média que refl ete o calor presente no ar naquele de- terminado instante, também são registrados com termômetros específi cos os valores da temperatura máxima e mínima (fi gura 1), que correspondem ao maior e menor valor registrado em um intervalo de tempo, seja diário, semanal, mensal, anual ou decenal. A diferença entre as temperaturas máxi- mas e mínimas é reconhecida como amplitude térmica. Assim, a amplitude térmica diária é a diferença entre a mínima e máxima temperatura ao longo de um determinado dia, a amplitude térmica mensal, de um determinado mês e assim por diante. Licenciatura em Geografi aUAB 28 Figura 1: Termômetro de máxima e mínima Fonte: http://www.ufjf.br/labcaa/equipamentos/ O termômetro de máxima é constituído de um vidro contendo mercúrio, o qual se dilata ao ser submetido a um aumento da temperatura e se contrai quando a temperatura diminui. Já o termômetro de mínima, que ao invés de mercúrio, utiliza o álcool, é responsável por registrar a menor temperatura diária. Vários fatores infl uenciam na distribuição de temperatura sobre a superfície da Terra, a exemplo da latitude, altitude, do tipo de superfície, da distância de corpos hídricos, do relevo, dos tipos de ventos e das correntes oceânicas. Em decorrência da esfericidade da Terra, a latitude é o principal fator respon- sável pela diferença de intensidade de insolação na superfície do planeta, ou seja, os raios solares incidem desigualmente. Quanto mais inclinada for tal incidência, mais baixa é a temperatura e o contrário também é verdadeiro, quanto mais reto é o ângulo de incidência, maior é a temperatura (fi gura 2). Nas áreas polares, por exemplo, os raios solares incidem sempre de forma muito inclinada, ou seja, na sua trajetória aparente na abóboda celeste, o Sol não passa no meio do céu, logo as temperaturas dessas regiões são sempre baixíssimas. O contrário ocorre na zona intertropical do globo, cujos ângulos de incidência dos raios solares fi cam próximos de 90° e as temperaturas, constituindo a zona climática mais quente do globo. UABClimatologia 29 Figura 2: Ângulo de incidência dos raios solares Fonte: MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografi a Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2004. Observe que a quantidade de energia emitida pelo Sol é a mesma nos dois casos, mas a superfície coberta na faixa mais próxima do polo é maior, onde os raios chegam de forma mais inclinada, logo não se aquece tanto quanto na faixa mais próxima da linha do Equador, que é menor e dessa maneira se aquece mais. Outro aspecto que deve ser levado em consideração é a distância de corpos hídricos que atua como um regulador da temperatura do ar, reduzindo a sua amplitude anual. Essa característica auxilia no efeito da continentalidade. Segundo Varejão-Sila (2001), a continentalidade corresponde à infl uência causada pelo oceano e é normalmente, expressa pela distância do mar, to- mada na direção do vento dominante. Assim, nas áreas situadas no interior dos continentes e sob condições de baixa umidade do ar, ocorre uma grande amplitude térmica diária, ou seja, uma grande diferença entre a temperatura mínima e a máxima. Essa elevada amplitude térmica se explica pelo fato de as rochas que formam os continentes serem formadas por material que em geral são bons condu- tores de calor. Durante o dia, com a insolação, a temperatura sobe bastante. À noite, as rochas se esfriam e a temperatura cai consideravelmente. Esse fenômeno é bastante comum em áreas continentais de climas seco, a exem- plo do interior do Nordeste brasileiro, onde o clima é semiárido, e as áreas desérticas, como o Saara, no norte da África. Licenciatura em Geografi aUAB 30 Já a maritimidade corresponde à infl uência da proximidade dos oceanos ou de grandes superfícies líquidas no clima das regiões vizinhas. Como a água possui um calor específi co alto e, portanto, é um mau condutor de calor, as áreas litorâneas tropicais, carregadas por elevada umidade (concentração de vapor d’água na atmosfera), apresentam pequena diferença entre a tempe- ratura mínima e a máxima ao longo do dia ou até mesmo ao longo do ano. Nesse caso, durante o dia, faz calor por conta do aquecimento do continen- te, e apesar de logo no início da noite as rochas que formam o continente esfriarem, a água do oceano libera, lentamente, o calor produzido durante o dia. É por isso que em áreas litorâneas, as temperaturas não caem muito durante a noite e embora a areia da praia, rapidamente, esfrie, a água do mar permanece morna por bem mais tempo. Os ventos predominantes e as correntes oceânicas também infl uenciam as temperaturas do ar, porque podem transportar ou transmitir por advecção o calor ou o frio de uma área para outra, dependendo das características térmicas junto às áreas que infl uenciam (AYOADE, 2004). Uma das consequências de diferenças entre as temperaturas está relaciona- da ao tamanho da área continental e dessa maneira à distribuição das terras e das águas na superfície do globo. Como a maior extensão do Hemisfério Norte é formada por terras emersas, os verões são mais quentes e os inver- nos mais frios do que no Hemisfério Sul, que é predominantemente cons- tituído por águas na sua superfície (tabela 1). Mais uma vez, a questão do elevado calor específi co da água e do baixo calor específi co das rochas exer- ce infl uência na variação anual da temperatura em ambos os hemisférios. Portanto, seguindo o mesmo raciocínio apresentado nos parágrafos acima, sobre a maior capacidade de condução de calor pelas rochas e menor pela água, a distribuição das terras e das águas na superfície do planeta também repercute nas condições climáticas na escala global. Tabela 1: Temperaturas médias dos Hemisférios Norte e Sul Hemisfério Norte Hemisfério Sul Verão 22,4°C 17,1°C Inverno 8,1°C 9,7°C Fonte: Ayoade, (2004). UABClimatologia 31 Quanto à altitude, o efeito sobre a temperatura média do ar é evidente. Duas localidades próximas, mas situadas em altitudes muito diferentes, devem apresentar curvas anuais de temperatura bastante diferentes. Assim, pode- se concluir que a temperatura média do ar diminui com a altitude. Na região tropical, esse efeito é bastante acentuado e contribui, signifi cativamente, para a melhoria do conforto ambiental, perceptível nas serras e montanhas, pois, na troposfera, a cada 100 metros de altitude, a temperatura diminui 0,6°C (VAREJÃO-SILVA, 2001). Variações na temperatura Ocorrem variações na temperatura em várias escalas temporais, sejam elas, quase instantâneas, diárias ou anuais, apresentando um ciclo que percorre da temperatura máxima a mínima. As variações instantâneas podem decor- rer de fatores como a presença de fenômenos como vórtices turbulentos, vapor d’água, poluentes, dentre outros. No caso de variações diárias, por exemplo, uma invasão de ar frio, pode alterar a expectativa de temperaturas extremas quanto aos horários esperados (VAREJÃO-SILVA, 2001). Nos primeiros parágrafos, você viu que a latitude é o principal fator que interfere na diferenciação térmica na superfície do globo e isso decorre da incidência dos raios solares ao longo do ano. Em razão da inclinação do eixo terrestre e do movimento de translação em torno do Sol, o ângulo de inci- dência dos raios solares varia de acordo com as estações do ano. As temperaturas são mais elevadas no verão, quando os volumes de insola- ção são maiores e mais baixas no inverno, quando as recepções de insolação são mais baixas. As variações sazonais na temperatura do ar são maiores nas áreas extratropicais, a exemplo das faixas sob o efeito de climas temperados. Assim, as variações sazonais da temperatura do ar aumentam com a latitude e com o grau de continentalidade. A umidade do ar A presença do vapor d’água na atmosfera é tratada como umidade. Os ter- mos pressão de vapor, umidade absoluta e umidade relativa são as principais variações da forma de abordar a presença de vapor. A pressão de vapor refe- re-se ao peso do vapor dado pela pressão que ele exerce sobre uma superfí- cie ao nível médio do mar. A umidade absoluta expressa o peso do vapor de água em um dado volume de ar, representado em gramas por metro cúbico (g/m3). Já a umidade relativa é o termo mais utilizado para representar a pre- Glossário Continentalidade e maritimidade A maior ou menor proximidade de grandes quantidades de água exerce forte infl uência não só no comportamento da umidade relativa do ar, mas também na temperatura. O calor específi co da água é maior do que o da terra. Sendo assim, os continentes aquecem-se mais rápido e resfriam-se também mais rápido e o contrário é válido para os oceanos. Resultado: áreas sob a infl uência da maritimidade apresentam baixa amplitude térmica diária e sob a infl uência da continentalidade apresentam característica inversa. Licenciatura em Geografi aUAB 32 sença de vapor no ar, sendo expressa por uma relação de proporção relativa entre o vapor existente no ar e o ponto de saturação do mesmo. Ou seja, representa uma porcentagem de quanto de vapor está presente no ar em relação à quantidade máxima possível de vapor que nele poderia haver, sob a temperatura em que se encontra. (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007). De toda a sua composição gasosa, a atmosfera só comporta 4% de va- por d’água. Isso signifi ca que, quando apresentar esse percentual, está com 100% de umidade relativa. Se, por exemplo, a água sob a forma de vapor na atmosfera representar 3,2% do total dos gases, signifi ca que a umidade relativa do ar é de 80%. Além disso, toda vez que atinge 100% de umidade relativa, a atmosfera não consegue absorver mais vapor d’água e para que o ciclo hidrológico continue a funcionar é necessário que existam as preci- pitações, as quais, no mundo tropical, ocorrem, predominantemente, sob a forma de chuva. O instrumento para medir a umidade relativa do ar é denominado de psicô- metro (fi gura 3). Em geral, esse equipamento é constituído por dois termô- metros comuns, denominados de termômetro de bulbo seco e termômetro de bulbo úmido. O diferencial é que o segundo é revestido por um tecido ou cordão de algodão que permanece constantemente molhado, preferencial- mente, com água destilada. Figura 3: Psicômetro que mede a umidade relativa do ar, de modo indireto, em por- centagem (%) Fonte: http://www.ufjf.br/labcaa/equipamentos/ Infl uência da temperatura do ar em seres vivos A temperatura do ar desempenha um papel muito importante dentre os fatores que condicionam o ambiente propício aos animais, às plantas e ao próprio Homem. De uma maneira geral, cada raça ou cultivo tem exigências próprias quanto às variações da temperatura, requerendo uma faixa ótima, dentro da qual o crescimento e o desenvolvimento ocorrem normalmente. Essa faixa situa-se dentro de outra mais ampla, chamada faixa de tolerância, cujos limites superior e inferior são críticos. Quando a temperatura do ar atinge a faixa de tolerância (zona superior ou inferior), as atividades fi siológicas do ser começam a ser comprometidas. A taxa de crescimento diminui, ou cessa por completo, em função do tempo de exposição e do afastamento em relação ao limite ótimo correspondente, refl etindo-se na produção de biomassa. Uma exposição à temperatura maior que a máxima tolerável (crítica superior) ou menor que a mínima tolerável (crítica inferior) é muito prejudicial: os efeitos podem não ser reversíveis e, caso a exposição seja prolongada, pode levar o organismo à morte. Nos animais que vivem em regiões frias, a pele é espessa e os pelos longos e abundantes; a derme é muito irrigada e rica em gordura, protegendo, termicamente, o organismo. Saiba mais UABClimatologia 33 Formação de orvalhos, geadas, nevoeiro e nuvens Conforme apontam Mendonça e Danni-Oliveira (2007), a ocorrência de or- valho, nevoeiro e nuvens depende do modo como o ar úmido se resfria e, consequentemente, do modo como a condensação ocorre. Quando a condensação do vapor se dá por contato entre o ar quente e úmido e uma superfície fria, há a geração de orvalho. O orvalho forma-se quase ao ama- nhecer, quando, geralmente, o ar registra sua temperatura mínima, deixan- do as superfícies frias recobertas por uma película de gotas de água. O vapor d’água ao entrar em contato com a superfície mais fria sofre condensação, isto é, passa do estado gasoso para o líquido. O orvalho pode ocorrer tam- bém ao anoitecer, em noites de acentuado resfriamento. Já a geada, é provocada por resfriamento mais intenso do ar, quando as temperaturas chegam próximas a 0°C ou até negativas, com a presença de massas de ar frio e céu limpo. Assim, uma cobertura de pequenas partículas de gelo, que se formam à noite no solo e nos objetos expostos, resfriam-se abaixo do ponto de orvalho e o ponto de orvalho é inferior ao ponto de congelamento da água. Os nevoeiros também podem ser conhecidos como neblina e cerração, que são formados por gotículas d’água suspensas na atmosfera, próximas à superfície. De acordo com Ayoade (2004), as nuvens constituem agregados de gotícu- las de água ou cristais de gelo em suspensão no ar. Elas se formam por causa do movimento vertical de ar úmido, como na convecção, ou em ascensão forçada sobre áreas elevadas, ou no movimento vertical em larga escala, associado a frentes e depressões. São classifi cadas de acordo com dois as- pectos: 1. Estrutura e forma ou aparência da nuvem; 2. Altura na qual a nuvem ocorre na atmosfera. Seguindo o primeiro aspecto, ocorrem os principais tipos de nuvens: (i) nuvens cirriformes, com aparência fi brosa; (ii) nuvens estratiformes, que se apresentam em camadas; (iii) nuvens cumiliformes que se apresentam empilhadas. Utilizando o segundo critério, podem ser identifi cadas: (i) nuvens baixas; (ii) nuvens médias; (iii) nuvens altas. (tabela 2). Já naqueles da mesma espécie que habitam climas quentes, a pele é menos espessa, normalmente pigmentada e revestida por pelos mais curtos, fi nos e menos abundantes; a epiderme torna-se espessa, enquanto a derme se atrofi a. Tais fatos revelam a adaptação dos animais ao clima, mediante o desenvolvimento de caracteres que lhe asseguram um intercâmbio mais efi ciente de energia com o ambiente. (VAREJÃO- SILVA, 2001). Licenciatura em Geografi aUAB 34 Tabela 2: Variações na altitude na base das nuvens, nas diversas zonas latitu- dinais, em metros (conforme Barry e Choley, 1976) Grupo Níveis médios superior e inferior (em metros) Tipos de nuvens Nuvens altas 6.000 – 12.000 Cirrus (Ci) Cirroscumulos (Cc) Cirrostratus (Cs) Nuvens médias 2.000 – 6.000 Altocumulus (Ac) Altostratus (As) Nuvens baixas Nível do solo – 2.000 Stratocumulos (Sc) Stratus (S) Nimbostratus (Ns) Cumulos (Cu) Cumulonimbus (Cb) Baseando-se nos autores Ayoade (2004), Ferreira (2006) e Varejão-Silva (2001) e nas informações adicionais do Centro de Previsão de Tempo e Estu- do Climáticos (CPTEC), serão descritos, a seguir, os principais tipos de nuvens de acordo com a sua base em relação ao nível do solo (fi gura a seguir). • Nuvens altas: sua base está a mais de 6 km da superfície, correspondem às nuvens do tipo Cirrus compostas por cristais de gelo, em que as tem- peraturas são muito frias. Essa nuvem tem aparência fi brosa e delgada, delineada pelos fortes ventos em altitude, em que existe pouca quantida- de de vapor d’água, portanto, são bastante fi nas. Normalmente, os cirrus são visualizados antes de uma frente fria chegar, na linguagem popular, são chamados de “crista de galo”. • Nuvens médias: sua base está em média de 2 a 6 km de altura. Forma- das por nuvens altostratus, com aspecto de lençol ou camada de nuvem acinzentada ou branca azulada de aspecto estriado, fi broso ou uniforme, cobrindo parcial ou inteiramente o céu. Comumente associado ao mau tempo, formam-se na frente de tempestades com chuva ou neve contí- nua. UABClimatologia 35 Figura 4: Principais tipos de nuvens Fonte: http://www.cptec.inpe.br/glossario.shtml#10 Nuvens baixas: sua base está do nível do solo até 2 km de altitude. Corres- ponde às nuvens do tipo stratus e stratuscumulus, também fazendo parte as nuvens nimbostratus, que são as nuvens de chuva geradas a partir da stratus. Possuem camada nebulosa, acinzentada, de base uniforme e defi ni- da. São constituídas por gotículas micrométricas de água e quando espessas podem vir a ocasionar chuvisco. Formação da precipitação A formação de nuvens não é sufi ciente para que ocorra a precipitação. A condensação e a sublimação, que geram as nuvens, marcam apenas o início do processo de precipitação. Gotas de água, cristais de gelo e gotas de chu- va devem ainda ser produzidas. A maioria das gotas é muito pequena para vencer a barreira das correntes ascendentes de ar que produzem as nuvens e se precipitaram além delas. As gotas de chuva e os fl ocos de neve precisam crescer o sufi ciente para não serem carregados pelas correntes do interior das nuvens e para não serem capazes de atingir a superfície sem antes eva- porarem completamente (MENDONÇA; DANNI-OLIVEIRA, 2007). Além da chuva e da neve, pode haver precipitação de pelotas de gelo chama- das de granizo, o qual é gerado nas nuvens cumulonimbus, que, por terem grande desenvolvimento vertical e serem formadas por correntes convectivas (ascendentes e descendentes) velozes, permitindo que as gotas de nuvem e de chuva congelem-se ao serem levados pelos movimentos turbulentos a setores da nuvem onde as temperaturas encontram-se abaixo de 0°C. Licenciatura em Geografi aUAB 36 O tamanho das pelotas de granizo indica a capacidade de transporte dos movimentos de turbulência que as sustentam, quanto maiores, mais pode- rosos são os movimentos em seu interior. A fi gura 5 apresenta gráfi cos com variação da precipitação no intervalo aproximado de 30 anos para as cidades de Recife, Porto Alegre e Manaus. Observe bem os três gráfi cos e identifi que quais são os períodos chuvosos e secos ao longo do ano nas três cidades citadas. UABClimatologia 37 Figura 5: Variação da precipitação em cidades brasileiras com latitudes diferentes Fonte: http://www.inmet.gov.br/html/clima. php A precipitação pluviométrica (chuva) é a precipitação de gotas de água com diâmetro superior a 0,5 cm. Para quantifi car a queda de água caída no solo, geralmente é expressa em termos da espessura da cama de água que se formaria sobre uma superfície horizontal, plana e impermeável. Esse fenômeno é caracterizado por sua duração, intensidade, defi nido como a quantidade de água caída por unidade de tempo, em uma hora ou em 10 minutos. A unidade adotada é o milímetro (mm) e os instrumentos de leitura direta, usados para quantifi car a precipitação são os pluviômetros e os plu- viógrafos (fi g. 6). A grande vantagem destes sobre aqueles é possibilitar a determinação da intensidade e da duração da precipitação (VAREJÃO-SILVA, 2001). Figura 6: Pluviômetro que mede a quantidade de precipitação pluvial (chuva), em milímetros (mm). Fonte:/http://www.ufjf.br/labcaa/equipamentos/ Licenciatura em Geografi aUAB 38 As chuvas são classifi cadas de acordo com a sua gênese, que é resultado do tipo de processo que controla os movimentos ascensionais geradores das nuvens das quais se precipitam, sendo assim diferenciadas conforme Men- donça e Danni-Oliveira (2004). • Chuva de origem convectiva: Ocorre nas células convectivas. Os movi- mentos verticais que caracterizam a célula de convecção resultam do acentuado aquecimento de dada coluna de ar úmido, que é forçada a se expandir, ascendendo para níveis superiores da troposfera, onde se resfria adiabaticamente. Uma vez resfriada, a parcela de ar é forçada a se adensar, retornando à superfície em movimentos turbilhonares e comple- tando a célula convectiva. No processo de resfriamento, a parcela atinge seu ponto de saturação, ha- vendo a formação de nuvem (fi g. 7). O aquecimento de ar, ao longo do dia, desencadeia o processo convectivo, gerando, com a continuidade do aquecimento, pequenas nuvens cumulus, que tendem a se transformar em cumulonimbus, geralmente, responsáveis pelos aguaceiros tropicais de fi nal de tarde. É o tipo de chuva que ocorre na Floresta Amazônica e praticamente em toda faixa equatorial do globo, onde é comum a formação de correntes convectivas do ar. Figura 7: Chuva convectiva Fonte: http://www.infoescola.com/meteorologia/tipos-de-chuvas/ Chuva de origem orográfi ca: ocorre por ação física do relevo, que atua como uma barreira à advecção livre do ar, forçando-o a ascender (fi g. 8). O ar úmi- UABClimatologia 39 do e quente, ao ascender próximo às encostas, resfria-se, adiabaticamente, devido à descompressão promovida pela menor densidade do ar nos níveis mais elevados. O resfriamento conduz à saturação do vapor, possibilitando a formação de nuvens estratiformes e cumuliformes, que com a continuidade do processo de ascensão tendem a produzir chuvas. Nesse caso, chove nas encostas localizadas a barlavento, ao passo que nas encostas a sotavento fi cam secas. São as chuvas que ocorrem nas encostas úmidas dos Brejos do Planalto da Borborema, em estados como Paraíba e Pernambuco e, sobretu- do, na Serra do Mar, a exemplo da faixa litorânea do Estado de São Paulo, onde o índice de pluviosidade é de aproximadamente 4.000 mm/ano. Figura 8: Chuva orográfi ca Fonte: http://www.infoescola.com/meteorologia/tipos-de-chuvas/ • Chuva de origem frontal: resulta do contato de duas massas de ar (fren- te) de características diferentes, uma quente e outra fria, associado à formação de nuvens e à consequente precipitação da água na forma de chuva (fi gura a seguir). A intensidade das chuvas, bem como a sua du- ração será infl uenciada pelo tempo de permanência da frente do local, pelo teor de umidade contido nas massas de ar que as formam, pelos contrastes de temperatura e pela velocidade da mesma. Esse tipo de chuva é comum ao longo da faixa litorânea leste e sul do Brasil, ou seja, do litoral oriental do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, sobretudo no inverno, quando a massa polar (fria) proveniente da Antár- tida avança na direção norte e se encontra com a massa tropical atlântica (quente), ocasionando as típicas frentes frias tão anunciadas pelos órgãos de previsão do tempo nessa época do ano. Licenciatura em Geografi aUAB 40 Figura 9: Chuva frontal Fonte: http://www.infoescola.com/meteorologia/tipos-de-chuvas/ Pressão atmosférica A pressão atmosférica corresponde à força provocada pelo peso do ar. As moléculas de gases presentes na atmosfera possuem uma massa defi nida e por causa da gravidade da Terra, têm um peso. Assim, essa força exercida pelas moléculas de gases na atmosfera sobre uma superfície é chamada de pressão atmosférica. Um aspecto que deve ser levado em consideração é diferença de altitude que modifi ca a densidade da pressão atmosférica, quanto maior altitude, menor é a coluna e maior a rarefação do ar, o que diminui a pressão. De acordo com Ferreira (2006), a pressão atmosférica decresce com a altitu- de à medida que a gravidade concentra mais massa de gases atmosféricos próximos à superfície terrestre. Isso explica por que é mais difícil respirar em áreas da Terra que estão em grandes elevações, como nas cidades de Quito, UABClimatologia 41 no Equador, e La Paz, na Bolívia, ambas localizadas sobre a Cordilheira dos Andes, situadas, respectivamente, acerca de 2.800 e 3.800 metros de altitu- de. Nessas áreas, existe menor quantidade de oxigênio disponível, porque a atmosfera é menos espessa e densa do que no nível do mar. O instrumento utilizado para medir a pressão atmosférica é o barômetro, representado na fi gura a seguir pelo barômetro de mercúrio. A sua opera- cionalização se deve ao ar que aplica uma pressão com seu peso. É feito a partir de um tubo de vidro longo, preenchido com mercúrio cuja altura no tubo é a medida da pressão do ar. Quando a pressão atmosférica aumenta, o mercúrio se movimenta para a parte superior do tubo, quando a pressão atmosférica diminui, o mesmo volta para o fundo. Podendo, assim, calcular as diferenças da pressão atmosférica. Figura 10: Barômetro que mede a pressão atmosférica Fonte: http://www.ufjf.br/labcaa/equipamentos/ De acordo com Mendonça e Danni-Oliveira (2007), o ar tem sua densidade alterada com a altitude, como resultado da ação gravitacional. A variação da pressão do ar em superfície se dá em decorrência da distribuição de energia e de umidade do globo, bem como da dinâmica de seus movimentos. O aquecimento do ar conduz ao aumento de energia cinética das moléculas, o que produz um maior número de choque entre elas. Com isso, elas passam a se distanciar uma das outras, ocasionando uma expansão do ar e, conse- quentemente, uma diminuição na pressão exercida por ele. A atmosfera está em permanente dinamismo A curvatura do planeta produz contrastes importantes da distribuição de energia, a qual por sua vez, é responsável pela formação de massas de ar. Nas médias e altas latitudes, onde o balanço radiativo é negativo, originam-se massas frias ou polares; nas baixas, onde é positivo, as quentes ou tropicais, estabelecendo- se entre ambas, na altura das latitudes médias, uma linha de descontinuidade conhecida como frente polar. Mecanismos complexos, ao movimento de rotação do planeta e ao fl uxo da alta troposfera, determinam ondulações na frente polar e esses movimentos, também chamados de correntes perturbadoras vão defi nir as condições de tempo e do clima na maior parte da Terra. Nas baixas latitudes, na altura do Equador, confi gura-se a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e, entre as latitudes de 25° e 35° para norte e para sul, a faixa dos anticiclones subtropicais. A primeira corresponde ao encontro dos alísios, e sua oscilação, para o norte ou para o sul, é importante para defi nir as estações de seca e de chuva nas suas áreas de infl uência. Os alísios são ventos de grande escala que se manifestam, principalmente, sobre os oceanos, tendo sua origem nos anticiclones subtropicais. (Fonte: CONTI, J. B; FURLAN, S. A, 2000). Saiba mais Licenciatura em Geografi aUAB 42 Os ventos se movimentam de zonas de alta pressão, onde o ar está mais pe- sado, para zonas de baixa pressão, onde o ar está mais leve. O gradiente de pressão é formado quando há duas áreas próximas com características ba- rométricas diferentes, vindo a constituir uma área de alta pressão e outra de baixa pressão. A velocidade do vento possui forte correlação pelo gradiente de pressão. Quanto maior a diferença de pressão do ar entre duas superfí- cies, mais velozes são os ventos. Em função da diferença entre as pressões, o ar converge nas áreas de baixa pressão e diverge nas de alta. Em outras pa- lavras, as áreas de baixa pressão são receptoras de vento, enquanto as áreas de alta pressão são dispersoras de vento. Enfi m, todo e qualquer movimento de ar ou vento na atmosfera decorre da diferença de pressão. A velocidade e a direção dos ventos são medidas pelo anemômetro, sendo registrada, em geral, por km/h ou m/s. A tabela de Beaufort (tabela a seguir) propõe a classifi cação do vento a partir da correlação entre a sua velocidade e os impactos causados na paisagem. Tabela 3: Classifi cação da velocidade dos ventos de acordo com Beaufort Grau Velocidade km/h Classifi cação do vento Efeitos na paisagem 0 0-1 Calmaria A fumaça eleva-se verticalmente 1 2-6 leve A fumaça mostra a direção do vento 2 7-12 brisa leve Folhas se agitam levemente 3 13-18 Fraco O vento estica o pano das bandeiras Pequenas ondas sobre os lagos 4 19-26 vento moderado O vento carrega sujeiras e pedacinhos de papel 5 27-35 vento regular Pequenas árvores começam a balançar 6 36-44 vento meio forte Galhos grandes se movem 7 45-54 vento forte Árvores inteiras em movimento Na escala planetária, a ZCIT atua no sentido de transferir calor e umidade dos níveis inferiores da atmosfera das regiões tropicais para os níveis superiores da troposfera e para as médias e altas latitudes. UABClimatologia 43 8 55-65 vento muito forte Pequenos galhos se quebram É difícil caminhar contra o vento 9 66-77 ventania Telhas caem ao chão 10 78-90 vendaval Árvores são arrancadas e janelas são quebradas 11 91-104 tempestade Danos por toda parte 12 Acima de 105 furacão Destruição total A circulação global dos ventos A circulação atmosférica segue, em linhas gerais, um padrão de alternância entre zonas de baixa e de alta pressão, a cada faixa de aproximadamente 30° de latitude, conforme se vê na fi gura a seguir. Os movimentos do ar (massas de ar e ventos) resultam da distribuição desigual da energia solar nas zonas de baixas, médias e altas latitudes. O ar frio (mais pesado) gera zonas de alta pressão ou zonas anticiclonais. O ar quente (mais leve) gera zonas de baixa pressão ou zonas ciclonais. As áreas frias ou de alta pressão, como as polares e as subtropicais ou de latitudes médias são dispersoras de massas de ar e ventos, sendo chamadas de áreas anticiclonais. Figura 11: Circulação global da atmosfera Fonte:http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.scielo.br/img/revis- tas/rbef/v30n1/a05fi g07.gif&imgrefurl=http://www.scielo.br/ Acesso em: 20 set 2010. O vento atua no transporte de propriedades naturais. Efeitos favoráveis: Calor: de regiões mais quentes para mais frias; vapor d’água: regiões úmidas para regiões mais frias; dispersão de gases e partículas suspensas no ar: diminui a concentração de poluentes (inverno). Remoção do calor de plantas e animais nas épocas quentes. Renovação de ar próximo a plantas, mantendo o suprimento de CO2 para as folhas durante o processo de fotossíntese. Dispersão de sementes, pólen, facilitando a dispersão de espécies e a polinização. Efeitos desfavoráveis: Erosão eólica e deformação da paisagem. Eliminação de insetos polinizadores. Desconforto animal, devido à remoção excessiva de calor, acelerando o metabolismo animal e diminuindo o ganho de peso. Deformação de plantas. Abrasão de partículas do solo danifi cando tecidos (caules) vegetais. Fissura de tecidos vegetais pela agitação contínua, permitindo a penetração de microorganismos; Desfolha por efeito mecânico. Aumento da transpiração, fechamento de estômatos, queda na taxa de fotossíntese, diminuição do crescimento e produção. (Fonte: MOREIRA, J. C; SENE E., 2005.) Saiba mais Licenciatura em Geografi aUAB 44 As áreas quentes ou de baixa pressão atmosférica (de baixa latitude), como as equatoriais, são receptoras de massas de ar e ventos, sendo chamadas de áreas ciclonais. As áreas de baixa pressão se distribuem na latitude 0º, chamada de zona de convergência intertropical (ZCIT) e 60°, onde ocorre a baixa pressão subpolar. Já as áreas de alta pressão ocorrem nos paralelos 30° e nos polos, onde se formam, respectivamente, as áreas de alta pressão subtropicais e polares. Entre a zona intertropical e a zona de média e de alta latitude, ocorrem trocas térmicas. Os ventos que sopram na zona tropical são chamados de alíseos de nordeste, no Hemisfério Norte, e alíseos de sudeste, no Hemisfério Sul. Trata-se de ventos quentes e úmidos que contribuem para o alto índice de pluviosidade dessa zona climática, sobretudo na faixa equatorial, na ZCIT. Já os ventos de oeste sopram nas médias latitudes e se encontram com os ventos polares na zona de baixa pressão subpolar. Exercícios 1. Analise a atuação de cada um dos elementos formadores do clima. R. O clima é constituído por três elementos: temperatura, umidade e pressão atmosférica. A temperatura está relacionada com o movimento de molécu- las do ar, de modo que quanto mais rápido o deslocamento mais elevada ela será. A temperatura é a condição que determina o fl uxo de calor que passa de uma substância para outra. Quanto maior é esse fl uxo, maior é a sensação de calor. A umidade corresponde à quantidade de água sob a forma de vapor na atmosfera. A atmosfera só consegue absorver 4% de água e quando isso acontece, signifi ca que atingiu 100% de umidade relativa, logo é preciso perder água por precipitação, para que volte a absorver água e continue o ciclo hidrológico. Por fi m, a pressão corresponde ao peso que a coluna de ar exerce sobre uma determinada superfície. Como nas áreas montanhosas, essa coluna é menor, a pressão atmosférica é menor do que a das áreas lo- calizadas ao nível do mar. 2. Explique como ocorrem os três tipos de chuva mencionados no texto. R. As chuvas são classifi cadas em três tipos: convectivas, orográfi cas e fron- tais. Glossário Tornados e Furacões Tornado é um redemoinho de ventos, girando com muita velocidade e que se forma em condições especiais num ambiente de tempestade muito forte. Esse redemoinho descende de uma nuvem de tempestade (cumulonimbus), muitas vezes, atinge o chão, causando destruição por onde passa. A dimensão espacial do tornado é de centenas de metros e ele, normalmente, tem uma vida média de poucos minutos e percorre uma extensão de 500 a 1500 metros, ainda que na sua trajetória os ventos passem comumente a velocidade de 200 km/h. A visibilidade desse fenômeno é derivada da poeira e da sujeira levantadas do solo e pelo vapor d’água condensado. A pressão baixa dentro de um funil causa a expansão e resfriamento do ar, resultando na condensação do vapor d’água. Às vezes, o ar é tão seco que os ventos giratórios permanecem invisíveis até atingir o solo, começando, então, a carregar sujeiras. Os tornados ocorrem em muitas partes do mundo, porém os mais frequentes e violentos acontecem nos Estados Unidos, numa média de mais de 800 por ano. Também ocorrem na Inglaterra, Canadá, China, França, Alemanha, Holanda, Hungria, Índia, Itália, Japão, Rússia, e até nas Bermudas e nas Ilhas Fiji. Contudo, não estão restritos somente a esses países. UABClimatologia 45 As chuvas convectivas são típicas da faixa equatorial do globo e ocorrem pelo movimento convectivo de subida e descida do ar, provocando a renova- ção da atmosfera. Junto à superfície, o ar se aquece e sobe, transformando- se em chuva. Enquanto isso, o ar frio localizado acima fi ca pesado e desce. Esse movimento ininterrupto forma as células de convecção do ar. As chuvas orográfi cas são infl uenciadas pelo relevo local. Elas ocorrem quan- do o ar úmido atinge uma elevação e ao subi-la, perde temperatura e o vapor presente se condensa, isto é, passa para o estado líquido, originando chuva. Daí, esse tipo de chuva ser também é chamado de chuva de relevo. Já as chuvas frontais se dão pelo encontro frontal de uma massa de ar quen- te com outra fria, ocasionando a condensação e a consequente precipitação. Referências AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. Tradução: Maria Juraci Zani dos Santos. 10a ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004, 332 p. CONTI, J. Bueno; FURLAN, S. Angelo. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. In: Geografi a do Brasil. ROSS, Jurandyr L. Sanches (org.). 3a ed. São Paulo: EDUSP, 2000, 67-198. FERREIRA, A. Gonçalves. Metereologia prática. São Paulo: Ofi cina de Textos, 2006. 188p. MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Ofi cinas de Textos, 2007, 206p. MOREIRA, J. C.; SENE, E. Geografi a: espaço geográfi co e globalização. São Paulo: Scipione, 2005, 560p. VAREJÃO-SILVA, M. A. Meteorologia e climatologia. 2ª ed. Brasília: INMET, 2001, 367p. Um furacão é um ciclone tropical que se tornou muito intenso, com ventos girando no sentido horário no Hemisfério Sul e em sentido anti-horário no Hemisfério Norte ao redor de um centro de baixa pressão. Normalmente, bem no centro do furacão há uma região sem nuvens e com ventos calmos, chamada de olho do furacão. Aí, há movimentos de ar descendentes, ao lado de uma grande área circular de centenas de quilômetros com vigorosos movimentos ascendentes do ar, o que provoca formação de nuvens e muita chuva. Há também várias outras formas de ciclones, como os ciclones extratropicais, em que também os ventos giram em torno de um centro de baixa pressão, mas os processos físicos de formação e manutenção são muito distintos daqueles que atuam no furacão. Normalmente, os ciclones tropicais se formam quando um centro de baixa pressão, viajando sobre oceanos tropicais, encontra águas com temperaturas acima de 26ºC. Nesse ponto, aumenta a evaporação da superfície do oceano e o ar úmido ascendendo próximo ao centro esfria e formam- se nuvens com mais de 8 a 10 km
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