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Climatologia (BARBOSA, Adauto)

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Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia
de Pernambuco
2011
Recife-PE
Licenciatura em Geografi a 
Climatologia
Adauto Gomes Barbosa
Coautoria
Antônio Vicente Ferreira Júnior
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
Este Caderno foi elaborado em parceria entre o Instituto Federal de Educação, 
Ciência e Tecnologiade Pernambuco - IFPE e a Universidade Aberta do Brasil - UAB
Equipe de Elaboração
Coordenação do Curso
Maria José Golçalves de Melo
Logística de Conteúdo
Giselle Tereza Cunha de Araújo
Maridiane Viana
Coordenação Institucional
Reitoria
 Pró-Reitoria de Ensino
 Diretoria de Educação a Distância
Pró-Reitoria de Extensão
Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação
Pró-Reitoria de Administração e Planejamento
Projeto Gráfi co - Capa
Giselle Tereza Cunha de Araújo
Verônica Emília Campos Freire
Diagramação
Rafaela Pereira Pimenta de Oliveira
Edição de Imagens
Rafaela Pereira Pimenta de Oliveira
Revisão Linguística
Alice Paula Bastos Chagas
Fátima Suassuna
Ivone Lira de Araújo 
Sumário
Sumário 5
Apresentação da disciplina 7
Aula 1 11
Aula 2 19
Aula 3 27
Aula 4 49
Aula 5 69
Aula 6 87
UABClimatologia 5
Licenciatura em Geografi aUAB 6
Apresentação da Disciplina
Caro(a) estudante,
Bem-vindo(a) à disciplina Climatologia do curso de Licenciatura em Geogra-
fi a na modalidade a distância, oferecida pelo Instituto Federal de Educação, 
Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE). Esta disciplina está subdividida 
em seis aulas, que tratam dos assuntos essenciais à formação do professor 
de Geografi a. Em nossa primeira aula, iremos abordar os conceitos básicos 
para o entendimento da dinâmica do clima da Terra. Faremos, inicialmente, 
uma apresentação dos diversos campos da Climatologia, bem como a dife-
renciação entre a Climatologia e a Meteorologia, onde esclareceremos seus 
distintos objetivos e aplicações. Além disso, abordaremos a interação dos 
sistemas naturais atmosfera – superfície terrestre. Sem o entendimento de 
como ocorre tal interação, qualquer tentativa de compreensão do funciona-
mento da dinâmica atmosférica será infrutífera.
Na aula seguinte – a aula 2 –, aprofundaremos o assunto atmosfera e, desta 
feita, explicaremos quais são os principais elementos químicos que partici-
pam da sua composição, a estrutura em camadas e suas respectivas proprie-
dades. Na aula 03, serão analisados os elementos e fatores que infl uenciam 
o clima. Os elementos climáticos são os próprios aspectos que formam o 
clima do planeta: a umidade, a temperatura e a pressão atmosférica. Cada 
um será abordado à luz do arcabouço teórico conceitual claro e conciso, 
sem perder de vista a linguagem científi ca, indispensável para a formação 
do licenciado. Em seguida, nesta mesma aula, trataremos dos fatores ge-
ográfi cos que interferem na dinâmica climática do planeta. Assim, serão 
analisados, enquanto fatores que infl uenciam e interferem nos elementos 
climáticos, a latitude, a altitude, as massas de ar, as correntes marítimas, 
dentre outros, que, em interação com os elementos do clima, interferem no 
sistema atmosférico local ou regionalmente.
Na aula 04, abordaremos os principais modelos de classifi cação climática. 
Serão destacados os pontos relevantes em termos de aplicação, clareza e 
fi nalidade de cada classifi cação apresentada. Na aula 05, como continuação 
da discussão apresentada nas aulas anteriores, veremos os tipos climáticos 
UABClimatologia 7
que ocorrem no Brasil, tendo por base a infl uência da dinâmica das massas 
de ar. Destacaremos que a enorme extensão territorial brasileira, associada à 
sua localização geográfi ca predominantemente tropical, constitui quadro de 
referência importante na compreensão da diversidade climática e paisagísti-
ca do território brasileiro.
Por fi m, na aula 06, veremos as mudanças climáticas que marcam a dinâmi-
ca atmosférica atual e chamaremos a atenção para as mudanças climáticas 
em tempos pretéritos e seus principais indicadores. Apresentaremos, ainda, 
uma breve discussão sobre o campo de incertezas que paira no meio aca-
dêmico sobre tal assunto, visto que qualquer conclusão científi ca mais apro-
fundada sobre o clima e, mais ainda, sobre mudanças climáticas demanda 
investigação de um lapso temporal nem sempre compatível com os dados e 
instrumentos de análise disponíveis no momento. O tema do aquecimento 
global é apreciado com bastante ênfase no papel dos gases de efeito estufa 
no provável aumento da temperatura global. Contudo, tem-se o cuidado de 
tratar desse assunto não como uma verdade absoluta, mas como um campo 
muito recente das pesquisas científi cas, em que a ecodiplomacia e a ciência 
nem sempre dão conta de esclarecer a realidade. Encerrando esta aula, ana-
lisaremos o El Niño e o processo de desertifi cação, dois temas de absoluta 
importância no quadro das mudanças climáticas atuais.
Esperamos que as análises e a discussão aqui apresentadas contribuam para 
instigar a sua curiosidade para a Climatologia como tema fundamental na 
formação acadêmica em Geografi a. Ao longo dos textos, há ainda seções 
que tratam, sucintamente, de alguns aspectos que podem incitá-lo(a) a 
buscar outros materiais para aprofundamento da leitura sobre os assuntos 
aqui abordados.
As referências bibliográfi cas que serviram de apoio à construção deste mate-
rial didático devem, na medida do possível, ser adquiridas pelo aluno, como 
forma de aprofundar seus conhecimentos sobre o campo de estudos da 
Climatologia e servir de suporte para futuras intervenções profi ssionais que 
demandarão revisão de bases conceituais. Ademais, sugerimos que explore 
a internet como meio de busca de ricos artigos, dissertações e teses não 
apenas sobre esse assunto, mas sobre qualquer outra temática do curso de 
Geografi a. O material é também acompanhado de atividades com exercí-
cios. Aproveite-os bem e faça ótimo uso deste material.
Licenciatura em Geografi aUAB 8
UABClimatologia 9
Aula 1
Objetivos
Nesta aula, abordaremos os conceitos básicos para o entendimento 
da dinâmica do clima da Terra. Nesse sentido, faremos inicialmen-
te uma apresentação dos diversos campos de estudo e aplicações 
da Climatologia, bem como a diferenciação entre a Climatologia e 
a Meteorologia, onde esclarecemos seus distintos objetivos e apli-
cações. Outro objetivo desta aula consiste em abordar a interação 
dos sistemas naturais atmosfera – superfície terrestre.
Assuntos
 – Campos de estudo da Climatologia;
 – Diferença entre tempo e clima;
 – Subdivisões da Climatologia.
Introdução – O campo de estudo 
e atuação da Climatologia 
A Climatologia é uma das ciências da natureza e o seu estudo é de extrema 
relevância no amplo campo das ciências ambientais. Para Ayoade (2004), os 
processos atmosféricos infl uenciam os processos nas outras partes do am-
biente, principalmente na biosfera, hidrosfera e litosfera. Da mesma forma, 
estes ambientes não se sobrepõem uns aos outros, mas permanecem em 
constante troca de energia entre si e não podem ser ignorados no estudo da 
Climatologia (Fig. 1).
UABClimatologia 11
Figura 1 – O tempo e o clima inseridos nas ciências ambientais.
Como podemos ver na fi gura acima, ocorre uma interação direta entre todos 
os seus constituintes. O clima infl uencia diretamente as plantas, os animais 
(incluindo o homem) e o solo. Desse modo, ele infl uencia as rochas através 
do intemperismo1 e os agentes externos do relevo são basicamente contro-
lados pelas condições climáticas. O clima, principalmente próximo da super-
fície, é infl uenciado pelos elementos naturais e humanos, através de suas 
várias interações.
De acordo com Azevedo (2005), o fato de o objeto de estudo da Climato-
logia ser essencialmente abstrato e não poder ser integralmente apreendido 
pelo instrumental sensorial próprio do ser humano, isto é, nossos próprios 
sentidos, há que se recorrer a dois expedientes: o uso de instrumental ar-
tifi cial e a observação de indicadores e indícios de processos em sua evolu-
ção temporal. Essa observação instrumental é bastante custosa, pois envolve 
equipamentos muitas vezes de última geração e, portanto, de acesso a pou-
cas instituições de pesquisa. O trabalho de campo, antecedido de hipóteses 
e objetivos bem formulados sobre o que se pretende investigar, depende da 
observação direta dos fenômenos, bem como sua medição e monitoramen-
to por meio de distintos recursos tecnológicos. Esta é uma área do conhe-
cimento científi co extremamente instigante e, como não deveria deixar de 
ser, a abordagem feita aqui está voltada para a formação do licenciado em 
Geografi a.
1 Intemperismo ou meteorização é um dos agentes externos do relevo terrestre, ocorrendo na natureza 
por meio da decomposição química e da desagregação física da rocha, diretamente associadas às condi-
ções climáticas reinantes no ambiente. Assim, numa área submetida ao clima úmido, prevalece o intem-
perismo químico, ao passo que, numa área seca, predomina o intemperismo físico.
Licenciatura em Geografi aUAB 12
Climatologia e Meteorologia 
Inicialmente, faz-se necessário distinguir e compreender estes dois ramos da 
ciência atmosférica. Apenas a partir do século XIII é que esta ciência incorpo-
rou princípios de lógica e método, sendo seguida de fragmentação de ramos 
específi cos de cada ciência, a partir de estudos individualizados de cada área 
de conhecimento.
De acordo com Ayoade (2004), a Meteorologia estuda as condições mo-
mentâneas da atmosfera no que se refere ao seu estado físico, dinâmico e 
químico e às interações entre eles e a superfície terrestre subjacente. Desse 
modo, esse ramo do conhecimento se enquadra na área das ciências natu-
rais, tendo como objetivo o estudo dos fenômenos isolados da atmosfera 
(raios, trovões, nuvens, composição físico-química do ar, entre outros) e do 
tempo atmosférico.
O tempo é outro conceito que causa confusão com o clima. O tempo pode 
ser defi nido como o estado da atmosfera em um determinado momento e 
local. Assim, seria um conjunto de elementos que caracterizam um instante, 
tais como radiação (insolação), temperatura, umidade (precipitação, nebulo-
sidade, etc.) e pressão (ventos).
Dessa forma, vale salientar que, para determinar um tipo de clima, seja ele 
local, regional ou global, é necessário um estudo do comportamento da at-
mosfera num intervalo de tempo de, no mínimo, 30 anos. De acordo com 
a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o clima é defi nido como um 
conjunto fl utuante de condições atmosféricas caracterizadas pelos estados 
e evolução do tempo no curso de um período sufi cientemente longo, em 
um domínio espacial determinado, sendo, assim, a síntese do tempo num 
determinado lugar durante um período de 30 a 35 anos de observações. 
Nesse sentido, podemos afi rmar que o clima da Zona da Mata do Nordeste 
brasileiro é do tipo Tropical Úmido, com chuvas de outono – inverno.
Mendonça e Danni-Oliveira (2007) abordam a Climatologia com enfoque na 
paisagem geográfi ca. Para esses autores, a Climatologia está defi nida como 
um estudo de padrões de comportamento da atmosfera em suas interações 
com as atividades humanas e com a superfície do planeta durante um longo 
período de tempo. Então, observa-se uma forte ligação entre as relações da 
sociedade e da natureza como pressuposto para a compreensão das diferen-
tes paisagens do planeta.
Interação biosfera 
e atmosfera
A atmosfera atual tem 
uma concentração de 
gases que é mantida pelas 
atividades biológicas na 
biosfera. Essa interrelação 
se dá em diferentes escalas. 
Uma fl oresta tropical e um 
campo ou a superfície dos 
oceanos, por exemplo, 
produzem e consomem 
volumes diferentes de O2 
e CO2 no processo da 
fotossíntese. Outro exemplo 
da interrelação do clima 
com a biosfera refere-se 
à quantidade de energia 
absorvida e devolvida à 
atmosfera. Um ecossistema 
com uma quantidade 
elevada de matéria orgânica 
(biomassa), como uma 
fl oresta tropical, absorve 
grandes quantidades 
de energia e devolve à 
atmosfera, sob a forma de 
calor, uma quantidade dessa 
energia menor do que a 
devolvida por um deserto. 
Esses fatos permitem afi rmar 
que cada superfície com 
vida ou parte da biosfera, 
sejam rochas expostas, 
mares ou desertos, possui 
uma capacidade distinta de 
interagir com a atmosfera. 
(CONTI; FURLAN, 2000, p. 
71 – 72).
Saiba mais
UABClimatologia 13
A Climatologia situa-se entre as Ciências Humanas (Geografi a) e as Ciências 
Naturais (Meteorologia e a Física), sendo que possui maior ligação com as 
Ciências Humanas do que as Naturais. Apesar da similaridade entre a Clima-
tologia e Meteorologia, estas ciências utilizam distintas técnicas e métodos. 
O meteorologista utiliza leis da física clássica e faz uso da linguagem da ma-
temática para compreender os processos atmosféricos, enquanto que o cli-
matólogo aplica, principalmente, técnicas estatísticas sobre os dados obtidos 
do clima. Assim, podemos sintetizar que o meteorologista estuda o tempo, 
enquanto que o climatólogo estuda o clima. Apesar de que um estudo deve 
complementar o outro, a Meteorologia deve incorporar tanto o estudo do 
tempo quanto o do clima e, para legitimar os dados do clima, são imprescin-
díveis os dados da Meteorologia.
Figura 2 - Área da Climatologia no campo do conhecimento científi co.
O clima resulta da interação dos elementos com os fatores climáticos. É pre-
ciso, então, procurar distingui-los corretamente. Pode-se dizer que os ele-
mentos climáticos são os aspectos naturais que compõem o clima. São eles: 
a temperatura, a umidade e a pressão atmosférica. Porém, eles se apresen-
tam na atmosfera com maior ou menor intensidade, dependendo justamen-
te da interferência dos fatores climáticos. Em outras palavras, os elementos, 
em suas diferentes manifestações, variam espacial e temporalmente em de-
corrência da infl uência dos fatores climáticos, que são: a latitude, a altitude, 
a maritimidade, a continentalidade, a vegetação, as correntes marítimas, as 
massas de ar e as atividades humanas. Na aula 03, os elementos e os fatores 
climáticos serão explicados de forma detalhada.
Dependendo do objetivo para o qual o estudo for dirigido, a Climatolo-
gia está subdividida em distintos ramos ou níveis de abordagens, conforme 
aponta Ayoade (2004):
1. Climatologia regional – é a descrição dos climas em áreas selecionadas da 
Terra.
O tempo e o clima são 
duas noções bem distintas. 
A primeira corresponde a 
uma situação transitória da 
atmosfera, com mudanças 
diárias e até horárias, 
ao passo que a segunda 
se defi ne por padrões 
estabelecidos após, pelo 
menos, trinta anos de 
observações, apresentando, 
portanto, no mínimo, 
um perfi l relativamente 
estável. Por isso mesmo é 
fácil detectar modifi cações 
no tempo, porém difícil 
demonstrar alterações 
no clima, principalmente 
em escala global. (CONTI; 
FURLAN, 2000).
Saiba mais
Licenciatura em Geografi aUAB 14
2. Climatologia sinótica – é o estudo do tempo e  do clima em uma área com 
relação ao padrão de circulação atmosférica predominante. A Climatologia 
sinótica é, assim, essencialmente, uma nova abordagem para a Climatologia 
regional.
3. Climatologia física – envolve a investigação do comportamento dos ele-
mentos do tempo ou processos atmosféricos em termos de princípios físicos. 
Neste, dá-se ênfase à energia global e aos regimes de balanço hídrico da 
terra e da atmosfera.
4. Climatologia dinâmica – enfatiza os movimentos atmosféricos em várias 
escalas, particularmente na circulação geral da atmosfera.
5. Climatologia aplicada – enfatiza a aplicação do conhecimento climatoló-
gico e dos princípios climatológicos nas soluções dos problemas práticos que 
afetam a humanidade.
6. Climatologia histórica – é o estudo do desenvolvimento dos climas através 
dos tempos.
Escalas de estudos em Climatologia
Em qualquer área de conhecimento, o estudo da escala procura delimitar 
a sua dimensão para uma melhor compreensão espaço-temporal do obje-
to a ser investigado. De acordo com Mendonça e Danni-Oliveira (2007), a 
escala climática diz respeito à dimensão ou à ordem de grandeza espacial 
(extensão) e temporal (duração), segundo as quais os fenômenos climáticos 
são estudados. As escalas espaciais ganham maior destaque na abordagem 
geográfi ca do clima, sendo as mais conhecidas as escalas macroclimática, 
mesoclimática e microclimática. As escalas temporais mais utilizadas são as 
escalas geológica, histórica e contemporânea (Tab. 1).
A seguir, estão apresentadas as subdivisões apontadas pelos respectivos au-
tores:
1- Macroclima: é a maior das unidades climáticas e compreende áreas muito 
extensas na superfície da Terra e com movimentos atmosféricos em larga 
escala que afetam o clima do planeta. A extensão espacial dos climas nesta 
unidade escalar é, genericamente, superior à ordem de milhões de km2, sen-
do sua defi nição subordinada à circulação geral da atmosfera (altas e baixas 
pressões), a fatores astronômicos e fatores geográfi cos (grandes divisões do 
UABClimatologia 15
relevo, oceanos, continentes, etc.) e à variação da distribuição da radiação 
no planeta (baixas e altas latitudes).
2 - Mesoclima: é uma unidade intermediária entre as de grandeza superior 
e a inferior do clima e pode ser aplicada às regiões naturais interiores aos 
continentes, como o estudo de grandes fl orestas, de extensos desertos ou 
de pradarias. Nessa escala, não há uma extensão defi nida, pois em Geogra-
fi a a região por si só não possui delimitações espaciais precisas, a não ser 
por um ou outro elemento de destaque da paisagem. O clima regional, por 
essa característica, é uma subunidade de transição entre a ordem superior e 
a inferior. 
3- Microclima: é a menor e a mais imprecisa unidade escalar climática; sua 
extensão pode ir de alguns centímetros a até algumas dezenas ou centenas 
de m2. Os fatores que defi nem essa unidade dizem respeito ao movimento 
turbulento do ar na superfície, a determinados obstáculos à circulação do ar, 
a detalhes do uso e da ocupação do solo, entre outros. A título de exemplo, 
podem ser citados o clima de construções (uma sala de aula, um apartamen-
to), o clima de uma rua ou de um parque urbano à beira de um lago, etc.
Tabela 1: Organização das escalas espacial e temporal do clima.
Ordem de 
Grandeza
Subdivi-
sões
Escala 
Horizon-
tal
Escala 
Vertical
Tempora-
lidade das 
variações 
mais repre-
sentativas
Exemplifi ca-
ção Espacial
Macroclima Clima zonal
Clima regio-
nal
>2.000 
km
3 a 12 
km
Algumas 
semanas 
a vários 
decênios
O globo, um 
hemisfério, 
oceano, conti-
nente, mares, 
etc.
Mesoclima Clima regio-
nal
Clima local
Topoclima
2.000 km 
a 10 km
12 km a 
100 km
Várias horas 
a alguns dias
Região natu-
ral, monta-
nha, região 
metropolitana, 
cidade, etc.
Microclima 10 km a 
alguns m
Abaixo 
de 100 
m
De minutos 
ao dia
Bosque, uma 
rua, uma 
edifi cação-
casa, etc.
Fonte: Mendonça; Danni-Oliveira (2007).
Licenciatura em Geografi aUAB 16
Exercícios 
1. Com base na leitura atenta do texto, esclareça como se dá a interação at-
mosfera – superfície terrestre na conformação da dinâmica climática da Terra.
2. Qual a diferença entre clima e tempo e em que contexto cada uma dessas 
duas noções é aplicada?
Respostas dos exercícios
1. Conforme aponta o texto, há uma interação entre o clima e o ambiente 
físico. Clima, solos, relevo, vegetação e sistema hidrográfi co se infl uenciam 
mutuamente. A cobertura vegetal, que depende e infl uencia os solos, con-
tribui para a umidade do ar através da evapotranspiração ou ainda ao reter 
água no lençol freático, contribuindo ainda para amenizar a temperatura 
local. Dependendo das características do relevo, o clima de uma região po-
derá ser mais ou menos úmido, mais ou menos frio. Dessa forma, o clima 
não pode ser compreendido de forma separada dos demais aspectos físicos 
do ambiente. Além disso, com a crescente capacidade de atuação, o homem 
também interfere no clima, através das variadas atividades que ele desenvol-
ve na superfície do planeta.
2. O clima varia de acordo com os elementos climáticos e indica as condições 
atmosféricas durante longos períodos: anos, décadas ou até séculos. O clima 
varia espacial e temporalmente em decorrência da infl uência dos fatores cli-
máticos, que são: a latitude, a altitude, a maritimidade, a continentalidade, a 
vegetação, as correntes marítimas, as massas de ar e as atividades humanas. 
Já o tempo pode ser defi nido como o estado da atmosfera em um deter-
minado momento e local. Assim, é um conjunto de elementos que carac-
terizam um instante, tais como radiação (insolação), temperatura, umidade 
(precipitação, nebulosidade, etc.) e pressão (ventos). O primeiro é objeto de 
estudo da Climatologia e o segundo da Meteorologia.
Referências 
AZEVEDO, Tarik Rezende de. Técnicas de campo e laboratório em climatologia. In: 
VENTURI, Luis Antonio Bittar (org.). Praticando geografi a: técnicas de campo e laboratório. 
São Paulo: Ofi cina de Textos, 2005, p. 131 – 146.
AYOADE, J. O. Introdução à Climatologia para os trópicos. Tradução: Maria Juraci 
Zani dos Santos. 10a ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. 332 p.
CONTI, J. Bueno; FURLAN, S. Angelo. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. In: 
Geografi a do Brasil. Ross, J. L. Sanches (org.). 3a ed. São Paulo: EDUSP, 2000, p 67-198. 
MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. 
São Paulo: Ofi cina de Textos, 2007. 206 p.
UABClimatologia 17
Licenciatura em Geografi aUAB 18
Aula 2
Objetivos
Nesta aula, explicaremos a composição química da atmosfera, 
bem como sua estrutura em camadas e respectivas propriedades. 
Esperamos que, ao fi nal desta aula, tenha uma compreensão clara 
sobre a dinâmica intensa que caracteriza as distintas camadas at-
mosféricas e os seus efeitos aqui na superfície do planeta.
Assunto
 – As camadas da atmosfera e suas propriedades.
Introdução
A atmosfera é uma massa gasosa que envolve a superfície do globo ter-
restre, estendendo-se por cerca de 800 km acima da superfície, de acordo 
com Ayoade (2004). Em comparação ao raio da Terra, de aproximadamente 
6.600 km, é uma camada muito fi na. Na verdade, por conta da atração gra-
vitacional, a maioria dos gases está concentrada na camada mais inferior da 
atmosfera, chamada de troposfera, formando uma capa de cerca de 15 km 
acima da superfície terrestre.
Diversos autores apontam a importância de se estudar a troposfera, pois é 
nesta parte da atmosfera que ocorrem as grandes interações atmosféricas e 
fenômenos meteorológicos que ocasionam efeitos nas nossas vidas, sejam 
eles positivos ou prejudiciais para nossa sobrevivência. Como exemplo, po-
demos citar as mudanças de temperatura que provocam transformações no 
padrão do tempo, em escala global, afetando o suprimento de alimentos, o 
regime de
precipitações, o recebimento de radiação solar, entre outros.
Ferreira (2006) alerta que é muito difícil entender a atmosfera e prever a 
ocorrência de fenômenos meteorológicos, visto que existem interações en-
tre a chegada e a saída de energia. As diferenças de temperatura são causa-
das pelo aquecimento ou resfriamento da superfície terrestre, que, em seu 
entorno, causam mudanças do volume e da densidade do ar, resultando 
UABClimatologia 19
em mudanças de pressão. Exemplifi cando: o ar frio é mais pesado porque 
as moléculas dos gases que o formam estão comprimidas, enquanto o ar 
quente é mais leve, pois as moléculas estão mais dilatadas, ocasionando 
mudanças de pressão. É esse jogo permanente de entrada e saída de energia 
que torna a atmosfera terrestre extremamente dinâmica, o que constitui um 
enorme desafi o para os pesquisadores estabelecerem modelos ou padrões 
com vistas a explicar o comportamento do clima.
Composição da atmosfera
A atmosfera é composta de uma mistura de gases, formada, principalmente, 
por nitrogênio (78%) e oxigênio (21%) e por pequenas quantidades de hi-
drogênio, metano, ozônio, dióxido de nitrogênio, dióxido de carbono, óxido 
de carbono e outros gases nobres (Tab. 1). 
Tabela 1 – Principais gases do ar seco (adaptado de BARRY e CHORLEY, 
1976).
Gás Volume (%)
Nitrogênio (N2)
78,08
Oxigênio (O2)
20,94
Argônio (A)
0,93
Dióxido de Carbono (CO2)
0,03
Neônio (Ne)
0,0018
Hélio (He)
0,0005
Ozônio (O3)
0,00006
Hidrogênio (H2)
0,00005
Criptônio (Kr)
Indícios
Xenônio (Xe)
Indícios
Metano (CH4)
Indícios
Licenciatura em Geografi aUAB 20
A composição do ar não é constante nem no tempo nem no espaço. A 
composição do ar mantém-se invariável até, mais ou menos, 70 km de al-
titude. Entre esse nível e 130 km, os raios ultravioleta rompem e separam 
a molécula de oxigênio, aumentando a proporção desse gás, que chega a 
aproximadamente 34%, diminuindo a quantidade de nitrogênio para 66%. 
A partir dos 300 km de altitude, começa a ionização do nitrogênio e, mais 
acima, esse gás, alcança a proporção de 80%, e a quantidade de oxigênio 
passa a 20% (Ferreira, 2006).
Na primeira camada da atmosfera, também ocorre em pequeno número o 
vapor d’água, material particulado e o ozônio. Mendonça e Danni-Oliveira 
(2007) defi nem os três compostos de maneira especial devido às suas pecu-
liaridades de ocorrência.
• O vapor d’água não se apresenta uniformemente distribuído, uma vez 
que sua presença depende não só de uma superfície que forneça água, 
mas também de uma série de outros fatores, como os ventos. Estes trans-
portam o vapor d’água ao redor do planeta, levando água para regiões 
com menor disponibilidade hídrica. 
• O material particulado de origem natural constitui-se de poeira, cinzas, 
material orgânico e sal em suspensão no ar, provenientes do solo, da 
atividade vulcânica, da vegetação e dos oceanos, além das atividades hu-
manas que decorrem da utilização de combustíveis fósseis em indústrias 
e veículos, da queima do carvão mineral e orgânico para aquecimento e 
cozimento domésticos e de práticas agrícolas, como queimadas, entre 
outros. 
• O ozônio está presente em forma concentrada entre os 20 e 35 km de 
altura. A propriedade que os gases oxigênio e ozônio apresentam ao 
reagirem fotoquimicamente nesses níveis, agindo como um fi ltro ao ab-
sorverem a maior parte das radiações ultravioleta, é que garante a exis-
tência da vida na superfície da Terra. A caixa de texto abaixo faz menção 
ao aumento da radiação ultravioleta na superfície do planeta devido à 
rarefação da camada de ozônio.
UABClimatologia 21
Estrutura da atmosfera
Conforme é descrita por Ayoade (2004), a atmosfera apresenta uma com-
plexa estrutura de vários níveis, composta de diversos gases e está dividida, 
de forma alternada, em três camadas relativamente quentes, separadas por 
duas relativamente frias. 
As três camadas quentes ocorrem nas proximidades da superfície da Terra, 
entre 50 e 60 km, e acima de 120 km, enquanto que as camadas frias são 
encontradas entre 10 e 30 km, e em torno de 80 km acima da superfície da 
Terra (Fig. 1).
Figura: 1 – A estrutura da atmosfera, de acordo com as mudanças de temperatura 
(modifi cado de: AYOADE, 2004).
A energia fl ui pela 
atmosfera
A fi ltragem da radiação 
ultravioleta é importante 
para o equilíbrio da biosfera, 
e qualquer alteração 
nesse processo coloca em 
risco a vida do planeta. 
Atualmente, há fortes 
indícios de que produtos 
oriundos da atividade 
industrial, sobretudo os 
clorofl uorcarbonos (CFCs), 
estejam comprometendo 
a camada de ozônio, 
tornando-a mais rarefeita 
ou destruindo-a em alguns 
pontos. Estudos divulgados 
em 1991 pelo Programa 
Ecológico da ONU informam 
que o “buraco” na camada 
de ozônio entende-se 
além da Antártida, como 
se pensava inicialmente, 
abrangendo também 
a América do Norte, a 
Europa, a Austrália, a 
Rússia e a América Latina. 
Em 1986, celebrou-se 
um acordo internacional 
na cidade de Montreal 
objetivando controlar o 
uso de gases nocivos ao 
ozônio estratosférico. Na 
troposfera, o dióxido de 
carbono (CO2) e o vapor 
d’água retêm a radiação 
infravermelha, provocando 
o aquecimento conhecido 
como efeito estufa, que 
seria responsável, a longo 
prazo, pela elevação da 
temperatura na Terra. 
(CONTI; FURLAN, 2000, p. 
92.)
Saiba mais
Licenciatura em Geografi aUAB 22
Como foi visto na fi gura acima, a camada inferior da atmosfera é denomina-
da troposfera. Esta camada possui aproximadamente 75% da massa gasosa 
total da atmosfera, além da totalidade do vapor d’água e de aerossóis. Ou-
tra especifi cidade desta camada é que a sua temperatura diminui a uma taxa 
média de 6,5°C por quilômetro, porém essa taxa pode apresentar variações 
ao longo de diferentes latitudes. A sua altitude também não é constante, 
variando de lugar para lugar e de época para época, sendo mais elevada na 
linha do Equador (16 km), onde ocorrem aquecimento e turbulência vertical, 
e é mais baixa nos polos (8 km). É nesta camada onde os fenômenos do 
tempo atmosférico e a turbulência são os mais marcantes, sendo descrita 
como a camada da atmosfera que estabelece as condições meteorológicas 
(AYOADE, 2004). 
Por esta alta complexidade, a troposfera é a principal camada para o desen-
volvimento de estudo dos meteorologistas. Ferreira (2006) ressalta o uso de 
balões de radiossondagens meteorológicas, lançados em estações meteo-
rológicas de altitude, para a medição de temperatura na atmosfera. Com 
os valores de temperatura, os balões meteorológicos medem outros parâ-
metros, tais como: a umidade do ar, a pressão atmosférica e a velocidade e 
direção do vento, em diferentes altitudes.
As camadas atmosféricas não terminam de forma abrupta, pois ocorre sem-
pre uma faixa de transição entre elas, nas quais pouco a pouco vão desapa-
recendo as características dominantes da camada anterior e sobressaindo 
as características da camada seguinte. A faixa de transição entre a primeira 
camada – troposfera – e a segunda – a estratosfera – é chamada de tropo-
pausa. Nela, há uma pequena faixa de isotermia e, logo acima, o ar começa 
a esquentar com a altitude, indicando o início da estratosfera. 
A camada seguinte, a estratosfera, se estende até aproximadamente 50 km 
acima da superfície da Terra. Ao contrário do que acontece na troposfera, na 
estratosfera a temperatura tende a aumentar com a altitude. Como a den-
sidade do ar é muito menor, até mesmo uma absorção pequena de radia-
ção solar pelos constituintes atmosféricos, principalmente o ozônio, produz 
um grande aumento de temperatura (AYOADE, 2004). Considerando que o 
ozônio possui a capacidade
de absorver a radiação ultravioleta do Sol, como 
consequência ocorre o aquecimento da estratosfera.
O fi m da estratosfera é assinalado pela estratopausa, ou seja, ela marca a 
transição entre a estratosfera e a mesosfera. A estratopausa está localizada 
acima da infl uência da camada de ozônio e por isso ela não se aquece com 
UABClimatologia 23
o aumento da altitude, conforme ocorre na porção inferior da estratosfera e 
indica a transição para o início da mesosfera.
A camada seguinte é chamada de mesosfera e se distribui entre 50 e 80 km 
da superfície. Quanto à temperatura, ocorre o processo inverso da estratos-
fera, ou seja, há uma diminuição da temperatura à medida que aumenta a 
altitude. Suas temperaturas podem atingir -90°C. Nesta faixa ocorre uma 
zona de grande rarefação do ar, o que diminui, consideravelmente, a ca-
pacidade de seus gases reterem energia solar, por isso a queda de energia 
(MENDONÇA; DANNI-OLIVEIRA, 2007).
A termosfera estende-se de 80 km de altitude até o espaço e apresenta 
temperaturas extremamente altas, em geral, acima de 1.200°C. Isso é bem 
compreendido quando recordamos que temperatura é uma medida do mo-
vimento das moléculas, não o calor que sentimos com o tato. As tempe-
raturas nessa camada são extremamente altas, porque as moléculas de ar 
são movimentadas por partículas de alta energia oriundas do espaço. Como 
essas partículas carregadas viajam por essa camada, elas movimentam as 
moléculas de ar com sua energia e, algumas vezes, criam fenômenos lumi-
nosos conhecidos como aurora boreal, no hemisfério Norte, e aurora austral, 
no hemisfério Sul (FERREIRA, 2006).
Os limites e camadas da atmosfera não são consenso na comunidade cien-
tífi ca. A divisão apresentada nos parágrafos acima é o modelo mais aceito 
entre os pesquisadores, mas é importante que saiba que tal divisão pode 
apresentar pequenas diferenças, a depender do autor consultado. A caixa 
de texto a seguir faz referência à presença da ionosfera, que não foi men-
cionada anteriormente. Só a título de esclarecimento, essa camada tem uma 
espessura de aproximadamente 500 km e está localizada e se distribui a 
partir da termosfera, portanto na parte superior da atmosfera. A ionosfera é 
extremamente rarefeita e ainda assim oferece sufi ciente resistência aos me-
teoros, que bombardeiam diariamente a Terra, fragmentando-os.
Exercícios 
1. Analise a composição da atmosfera e como essa composição infl uencia 
na dinâmica climática.
2. Caracterize a estrutura da atmosfera, destacando as propriedades térmi-
cas de cada uma de suas camadas.
A homosfera, a ionosfera 
e a exosfera 
A atmosfera possui cinco 
camadas, divididas por um 
critério: as variações de 
temperatura. Além disso, 
as três primeiras camadas 
- troposfera, estratosfera 
e mesosfera - formam 
a chamada homosfera, 
onde predomina a mesma 
composição química do 
ar: basicamente nitrogênio 
(78%) e oxigênio (21%). As 
mudanças na temperatura 
que as defi nem são 
causadas pela radiação solar 
e suas interações com o solo 
(a maior fonte de calor da 
atmosfera) e as partículas 
do ar. “Na verdade, essas 
divisões não são rígidas, 
porque a atmosfera é 
uma estrutura complexa 
e pode ser classifi cada de 
formas diferentes, mas cada 
região tem uma série de 
características em comum”, 
diz Robert Clemesha, 
meteorologista do Instituto 
de Pesquisas Espaciais (INPE), 
em São Carlos (SP). Fora a 
homosfera, há mais uma 
camada que se sobrepõe às 
cinco divisões da atmosfera 
- a ionosfera, que começa a 
80 quilômetros de altitude 
e termina junto com a 
exosfera.
Essa camada foi defi nida 
por outra característica: 
é onde a energia do Sol 
quebra as moléculas de ar, 
formando os íons, partículas 
com carga elétrica positiva 
ou negativa. A atmosfera, 
principalmente as duas 
primeiras camadas, é onde 
ocorrem os fenômenos 
climáticos. “A diferença de 
temperatura no Equador, 
onde a incidência de raios 
solares é maior, e nos polos, 
causa o movimento dos 
ventos”, diz Pedro Dias, 
meteorologista do Instituto 
Astronômico e Geofísico 
Saiba mais
Licenciatura em Geografi aUAB 24
Respostas dos exercícios
1. Conforme foi visto no texto, a atmosfera é composta de uma mistura 
de gases, como o nitrogênio (78%) e o oxigênio (21%), além de pequenas 
quantidades de hidrogênio, metano, ozônio, dióxido de nitrogênio, dióxido 
de carbono, óxido de carbono e outros gases nobres que, por serem mui-
tos raros, são chamados de gases nobres. A distribuição desses gases não 
ocorre de forma homogênea entre as camadas da atmosfera. Exemplo disso 
é que a presença de vapor d’água depende não só de uma superfície que 
forneça água, mas também de uma série de outros fatores, como os ventos, 
logo não é encontrado uniformemente na atmosfera. Além dos gases, na 
atmosfera é encontrado material particulado, isto é, partículas de poeira em 
suspensão de diversas origens, como cinzas vulcânicas, sedimentos e polens 
transportados pelos ventos, dentre outros.
2. A atmosfera possui uma estrutura bastante complexa e, do ponto de vista 
térmico, está dividida, de forma alternada, em três camadas relativamente 
quentes, separadas por duas relativamente frias. As três camadas quentes 
são a troposfera, junto à superfície até 10 km, a mesosfera, entre 50 e 60 
km, e a camada acima da termosfera. As camadas frias são a estratosfera, 
entre 10 e 30 km, e a termosfera, em torno de 80 km acima da superfície 
da Terra.
Referências 
AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. Tradução: Maria Juraci 
Zani dos Santos. 10a ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. 332 p.
BARRY, R. G.; CHORLEY, R. J. Atmosphere, weather and climate. 3a ed. Londres: 
Menthuem, 1976. 327 p.
CONTI, J. Bueno; FURLAN, S. Angelo. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. In: 
Geografi a do Brasil. Ross, J. L. Sanches (org.). 3a ed. São Paulo: EDUSP, 2000, p. 67-198.
FERREIRA, A. Gonçalves. Meteorologia prática. São Paulo: Ofi cina de Textos, 2006. 188 p.
MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. 
São Paulo: Ofi cina de Textos, 2007. 206 p.
da USP. A espessura da 
atmosfera sobre a Terra 
pode ser comparada, 
proporcionalmente, à casca 
de uma maçã. Mas, sem 
ela, o planeta seria tão 
inóspito quanto a Lua. A 
atmosfera fornece ar e água 
para os seres vivos, mantém 
o planeta aquecido e nos 
protege dos raios solares e 
de meteoritos.
Fonte: http://
mundoestranho.abril.
com.br/geografi a/
pergunta_285767.shtml
Acessado em: 26 jan. 2011.
UABClimatologia 25
Licenciatura em Geografi aUAB 26
Aula 3
Objetivos
Nesta aula, temos por objetivo analisar os elementos climáticos e 
os fatores geográfi cos e suas interinfl uências no complexo jogo do 
clima do planeta. Dessa forma, discutimos como eles interagem 
entre si, resultando nas condições climáticas de cada porção da 
superfície terrestre. Abordamos ainda como se formam as condi-
ções que levam a mudanças da temperatura, além da formação do 
orvalho, dos nevoeiros e das geadas.
Assuntos
 – Os elementos formadores do clima;
 – Os fatores geográfi cos que interferem no clima;
 – A circulação geral da atmosfera.
Introdução
Conforme sugere o título, esta aula trata dos elementos e fatores climáticos. 
Podemos dizer que o clima é o resultado dessa interação, sempre muito 
dinâmica. Para termos uma compreensão dos diferentes tipos de clima da 
Terra, é preciso, inicialmente, abordar os elementos e fatores que os condi-
cionam. 
Conforme foi dito na aula anterior, os elementos climáticos são os aspec-
tos que compõem o clima, e estão relacionados com as propriedades da 
atmosfera de um dado local. Os mais utilizados para caracterizá-lo são a 
temperatura,
a umidade e a pressão, que, infl uenciados pela diversidade 
geográfi ca, manifestam-se por meio de precipitação, vento, nebulosidade, 
ondas de calor e frio, entre outros.
Aos elementos citados, juntam-se os fatores geográfi cos que interferem no 
clima. E são constituídos por aspectos dinâmicos do meio oceânico e at-
UABClimatologia 27
mosférico, como correntes oceânicas, massas de ar e frentes, quanto por 
aspectos como latitude, altitude, relevo, vegetação, continentalidade/mariti-
midade e atividades humanas. 
Conforme já foi dito, tais elementos e os fatores climáticos exercem infl u-
ência mutuamente, de modo que, na natureza, é impossível compreender 
a atuação de um sem a interferência de outros. E apenas por uma questão 
didática, serão explicados um a um, ainda que, na prática, estejam intima-
mente relacionados.
Temperatura
A temperatura é um dos elementos mais abordados nos estudos da Climato-
logia, e se refere ao estado térmico da atmosfera, sendo defi nida em termos 
do movimento de moléculas, de modo que quanto mais rápido o seu deslo-
camento mais elevada ela será.
A temperatura é a condição que determina o fl uxo de calor que passa de 
uma substância para outra. Quanto maior é esse fl uxo, maior é a sensação 
de calor.
A temperatura do ar é mensurada através de termômetros sendo expressos 
em graus Celsius ou Fahrenheit. Anders Celsius, físico e astrônomo sueco, 
foi o inventor do termômetro centígrado, o qual toma por base o valor de 
100° para indicar o ponto de ebulição da água. Por sua vez, Daniel Fahre-
nheit, físico alemão, dividiu o termômetro em 212°. Essa divisão é usada nos 
países de língua inglesa.
Além da temperatura média que refl ete o calor presente no ar naquele de-
terminado instante, também são registrados com termômetros específi cos 
os valores da temperatura máxima e mínima (fi gura 1), que correspondem 
ao maior e menor valor registrado em um intervalo de tempo, seja diário, 
semanal, mensal, anual ou decenal. A diferença entre as temperaturas máxi-
mas e mínimas é reconhecida como amplitude térmica.
Assim, a amplitude térmica diária é a diferença entre a mínima e máxima 
temperatura ao longo de um determinado dia, a amplitude térmica mensal, 
de um determinado mês e assim por diante.
Licenciatura em Geografi aUAB 28
Figura 1: Termômetro de máxima e mínima
Fonte: http://www.ufjf.br/labcaa/equipamentos/
O termômetro de máxima é constituído de um vidro contendo mercúrio, o 
qual se dilata ao ser submetido a um aumento da temperatura e se contrai 
quando a temperatura diminui. Já o termômetro de mínima, que ao invés de 
mercúrio, utiliza o álcool, é responsável por registrar a menor temperatura 
diária.
Vários fatores infl uenciam na distribuição de temperatura sobre a superfície 
da Terra, a exemplo da latitude, altitude, do tipo de superfície, da distância 
de corpos hídricos, do relevo, dos tipos de ventos e das correntes oceânicas.
Em decorrência da esfericidade da Terra, a latitude é o principal fator respon-
sável pela diferença de intensidade de insolação na superfície do planeta, ou 
seja, os raios solares incidem desigualmente. Quanto mais inclinada for tal 
incidência, mais baixa é a temperatura e o contrário também é verdadeiro, 
quanto mais reto é o ângulo de incidência, maior é a temperatura (fi gura 2). 
Nas áreas polares, por exemplo, os raios solares incidem sempre de forma 
muito inclinada, ou seja, na sua trajetória aparente na abóboda celeste, o Sol 
não passa no meio do céu, logo as temperaturas dessas regiões são sempre 
baixíssimas. O contrário ocorre na zona intertropical do globo, cujos ângulos 
de incidência dos raios solares fi cam próximos de 90° e as temperaturas, 
constituindo a zona climática mais quente do globo.
UABClimatologia 29
Figura 2: Ângulo de incidência dos raios solares
Fonte: MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografi a Geral e do Brasil. São 
Paulo: Scipione, 2004.
Observe que a quantidade de energia emitida pelo Sol é a mesma nos dois 
casos, mas a superfície coberta na faixa mais próxima do polo é maior, onde 
os raios chegam de forma mais inclinada, logo não se aquece tanto quanto 
na faixa mais próxima da linha do Equador, que é menor e dessa maneira se 
aquece mais.
Outro aspecto que deve ser levado em consideração é a distância de corpos 
hídricos que atua como um regulador da temperatura do ar, reduzindo a sua 
amplitude anual. Essa característica auxilia no efeito da continentalidade. 
Segundo Varejão-Sila (2001), a continentalidade corresponde à infl uência 
causada pelo oceano e é normalmente, expressa pela distância do mar, to-
mada na direção do vento dominante.
Assim, nas áreas situadas no interior dos continentes e sob condições de 
baixa umidade do ar, ocorre uma grande amplitude térmica diária, ou seja, 
uma grande diferença entre a temperatura mínima e a máxima.
Essa elevada amplitude térmica se explica pelo fato de as rochas que formam 
os continentes serem formadas por material que em geral são bons condu-
tores de calor. Durante o dia, com a insolação, a temperatura sobe bastante. 
À noite, as rochas se esfriam e a temperatura cai consideravelmente. Esse 
fenômeno é bastante comum em áreas continentais de climas seco, a exem-
plo do interior do Nordeste brasileiro, onde o clima é semiárido, e as áreas 
desérticas, como o Saara, no norte da África.
Licenciatura em Geografi aUAB 30
Já a maritimidade corresponde à infl uência da proximidade dos oceanos ou 
de grandes superfícies líquidas no clima das regiões vizinhas. Como a água 
possui um calor específi co alto e, portanto, é um mau condutor de calor, as 
áreas litorâneas tropicais, carregadas por elevada umidade (concentração de 
vapor d’água na atmosfera), apresentam pequena diferença entre a tempe-
ratura mínima e a máxima ao longo do dia ou até mesmo ao longo do ano.
Nesse caso, durante o dia, faz calor por conta do aquecimento do continen-
te, e apesar de logo no início da noite as rochas que formam o continente 
esfriarem, a água do oceano libera, lentamente, o calor produzido durante 
o dia. É por isso que em áreas litorâneas, as temperaturas não caem muito 
durante a noite e embora a areia da praia, rapidamente, esfrie, a água do 
mar permanece morna por bem mais tempo.
Os ventos predominantes e as correntes oceânicas também infl uenciam as 
temperaturas do ar, porque podem transportar ou transmitir por advecção 
o calor ou o frio de uma área para outra, dependendo das características 
térmicas junto às áreas que infl uenciam (AYOADE, 2004). 
Uma das consequências de diferenças entre as temperaturas está relaciona-
da ao tamanho da área continental e dessa maneira à distribuição das terras 
e das águas na superfície do globo. Como a maior extensão do Hemisfério 
Norte é formada por terras emersas, os verões são mais quentes e os inver-
nos mais frios do que no Hemisfério Sul, que é predominantemente cons-
tituído por águas na sua superfície (tabela 1). Mais uma vez, a questão do 
elevado calor específi co da água e do baixo calor específi co das rochas exer-
ce infl uência na variação anual da temperatura em ambos os hemisférios.
Portanto, seguindo o mesmo raciocínio apresentado nos parágrafos acima, 
sobre a maior capacidade de condução de calor pelas rochas e menor pela 
água, a distribuição das terras e das águas na superfície do planeta também 
repercute nas condições climáticas na escala global. 
Tabela 1: Temperaturas médias dos Hemisférios Norte e Sul 
Hemisfério Norte Hemisfério Sul
Verão 22,4°C 17,1°C
Inverno 8,1°C 9,7°C
Fonte: Ayoade, (2004).
UABClimatologia 31
Quanto à altitude, o efeito sobre a temperatura média do ar é evidente. Duas 
localidades próximas,
mas situadas em altitudes muito diferentes, devem 
apresentar curvas anuais de temperatura bastante diferentes. Assim, pode-
se concluir que a temperatura média do ar diminui com a altitude. Na região 
tropical, esse efeito é bastante acentuado e contribui, signifi cativamente, 
para a melhoria do conforto ambiental, perceptível nas serras e montanhas, 
pois, na troposfera, a cada 100 metros de altitude, a temperatura diminui 
0,6°C (VAREJÃO-SILVA, 2001).
Variações na temperatura
Ocorrem variações na temperatura em várias escalas temporais, sejam elas, 
quase instantâneas, diárias ou anuais, apresentando um ciclo que percorre 
da temperatura máxima a mínima. As variações instantâneas podem decor-
rer de fatores como a presença de fenômenos como vórtices turbulentos, 
vapor d’água, poluentes, dentre outros. No caso de variações diárias, por 
exemplo, uma invasão de ar frio, pode alterar a expectativa de temperaturas 
extremas quanto aos horários esperados (VAREJÃO-SILVA, 2001).
Nos primeiros parágrafos, você viu que a latitude é o principal fator que 
interfere na diferenciação térmica na superfície do globo e isso decorre da 
incidência dos raios solares ao longo do ano. Em razão da inclinação do eixo 
terrestre e do movimento de translação em torno do Sol, o ângulo de inci-
dência dos raios solares varia de acordo com as estações do ano.
As temperaturas são mais elevadas no verão, quando os volumes de insola-
ção são maiores e mais baixas no inverno, quando as recepções de insolação 
são mais baixas. As variações sazonais na temperatura do ar são maiores nas 
áreas extratropicais, a exemplo das faixas sob o efeito de climas temperados. 
Assim, as variações sazonais da temperatura do ar aumentam com a latitude 
e com o grau de continentalidade.
A umidade do ar
A presença do vapor d’água na atmosfera é tratada como umidade. Os ter-
mos pressão de vapor, umidade absoluta e umidade relativa são as principais 
variações da forma de abordar a presença de vapor. A pressão de vapor refe-
re-se ao peso do vapor dado pela pressão que ele exerce sobre uma superfí-
cie ao nível médio do mar. A umidade absoluta expressa o peso do vapor de 
água em um dado volume de ar, representado em gramas por metro cúbico 
(g/m3). Já a umidade relativa é o termo mais utilizado para representar a pre-
Glossário
Continentalidade 
e maritimidade 
A maior ou menor 
proximidade de grandes 
quantidades de água 
exerce forte infl uência não 
só no comportamento da 
umidade relativa do ar, mas 
também na temperatura. 
O calor específi co da água 
é maior do que o da terra. 
Sendo assim, os continentes 
aquecem-se mais rápido e 
resfriam-se também mais 
rápido e o contrário é válido 
para os oceanos. Resultado: 
áreas sob a infl uência da 
maritimidade apresentam 
baixa amplitude térmica 
diária e sob a infl uência 
da continentalidade 
apresentam característica 
inversa.
Licenciatura em Geografi aUAB 32
sença de vapor no ar, sendo expressa por uma relação de proporção relativa 
entre o vapor existente no ar e o ponto de saturação do mesmo. Ou seja, 
representa uma porcentagem de quanto de vapor está presente no ar em 
relação à quantidade máxima possível de vapor que nele poderia haver, sob 
a temperatura em que se encontra. (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007).
De toda a sua composição gasosa, a atmosfera só comporta 4% de va-
por d’água. Isso signifi ca que, quando apresentar esse percentual, está com 
100% de umidade relativa. Se, por exemplo, a água sob a forma de vapor 
na atmosfera representar 3,2% do total dos gases, signifi ca que a umidade 
relativa do ar é de 80%. Além disso, toda vez que atinge 100% de umidade 
relativa, a atmosfera não consegue absorver mais vapor d’água e para que 
o ciclo hidrológico continue a funcionar é necessário que existam as preci-
pitações, as quais, no mundo tropical, ocorrem, predominantemente, sob a 
forma de chuva.
O instrumento para medir a umidade relativa do ar é denominado de psicô-
metro (fi gura 3). Em geral, esse equipamento é constituído por dois termô-
metros comuns, denominados de termômetro de bulbo seco e termômetro 
de bulbo úmido. O diferencial é que o segundo é revestido por um tecido ou 
cordão de algodão que permanece constantemente molhado, preferencial-
mente, com água destilada.
Figura 3: Psicômetro que mede a umidade relativa do ar, de modo indireto, em por-
centagem (%)
Fonte: http://www.ufjf.br/labcaa/equipamentos/
Infl uência da temperatura 
do ar em seres vivos
A temperatura do ar 
desempenha um papel 
muito importante dentre os 
fatores que condicionam 
o ambiente propício aos 
animais, às plantas e ao 
próprio Homem.
De uma maneira geral, 
cada raça ou cultivo 
tem exigências próprias 
quanto às variações da 
temperatura, requerendo 
uma faixa ótima, dentro 
da qual o crescimento e o 
desenvolvimento ocorrem 
normalmente. Essa faixa 
situa-se dentro de outra 
mais ampla, chamada 
faixa de tolerância, cujos 
limites superior e inferior 
são críticos. Quando a 
temperatura do ar atinge 
a faixa de tolerância (zona 
superior ou inferior), as 
atividades fi siológicas 
do ser começam a ser 
comprometidas. A taxa 
de crescimento diminui, 
ou cessa por completo, 
em função do tempo de 
exposição e do afastamento 
em relação ao limite 
ótimo correspondente, 
refl etindo-se na produção 
de biomassa. Uma exposição 
à temperatura maior que 
a máxima tolerável (crítica 
superior) ou menor que a 
mínima tolerável (crítica 
inferior) é muito prejudicial: 
os efeitos podem não 
ser reversíveis e, caso a 
exposição seja prolongada, 
pode levar o organismo à 
morte.
Nos animais que vivem 
em regiões frias, a pele é 
espessa e os pelos longos 
e abundantes; a derme é 
muito irrigada e rica em 
gordura, protegendo, 
termicamente, o organismo.
Saiba mais
UABClimatologia 33
Formação de orvalhos, geadas, nevoeiro e nuvens
Conforme apontam Mendonça e Danni-Oliveira (2007), a ocorrência de or-
valho, nevoeiro e nuvens depende do modo como o ar úmido se resfria 
e, consequentemente, do modo como a condensação ocorre. Quando a 
condensação do vapor se dá por contato entre o ar quente e úmido e uma 
superfície fria, há a geração de orvalho. O orvalho forma-se quase ao ama-
nhecer, quando, geralmente, o ar registra sua temperatura mínima, deixan-
do as superfícies frias recobertas por uma película de gotas de água. O vapor 
d’água ao entrar em contato com a superfície mais fria sofre condensação, 
isto é, passa do estado gasoso para o líquido. O orvalho pode ocorrer tam-
bém ao anoitecer, em noites de acentuado resfriamento.
Já a geada, é provocada por resfriamento mais intenso do ar, quando as 
temperaturas chegam próximas a 0°C ou até negativas, com a presença de 
massas de ar frio e céu limpo. Assim, uma cobertura de pequenas partículas 
de gelo, que se formam à noite no solo e nos objetos expostos, resfriam-se 
abaixo do ponto de orvalho e o ponto de orvalho é inferior ao ponto de 
congelamento da água. Os nevoeiros também podem ser conhecidos como 
neblina e cerração, que são formados por gotículas d’água suspensas na 
atmosfera, próximas à superfície. 
De acordo com Ayoade (2004), as nuvens constituem agregados de gotícu-
las de água ou cristais de gelo em suspensão no ar. Elas se formam por causa 
do movimento vertical de ar úmido, como na convecção, ou em ascensão 
forçada sobre áreas elevadas, ou no movimento vertical em larga escala, 
associado a frentes e depressões. São classifi cadas de acordo com dois as-
pectos: 
1. Estrutura e forma ou aparência da nuvem; 
2. Altura na qual a nuvem ocorre na atmosfera. 
Seguindo o primeiro aspecto, ocorrem os principais tipos de nuvens:
(i) nuvens cirriformes, com aparência fi brosa;
(ii)
nuvens estratiformes, que se apresentam em camadas;
(iii) nuvens cumiliformes que se apresentam empilhadas.
Utilizando o segundo critério, podem ser identifi cadas: 
(i) nuvens baixas;
(ii) nuvens médias;
(iii) nuvens altas. (tabela 2). 
Já naqueles da mesma 
espécie que habitam climas 
quentes, a pele é menos 
espessa, normalmente 
pigmentada e revestida por 
pelos mais curtos, fi nos 
e menos abundantes; a 
epiderme torna-se espessa, 
enquanto a derme se 
atrofi a. Tais fatos revelam 
a adaptação dos animais 
ao clima, mediante 
o desenvolvimento 
de caracteres que lhe 
asseguram um intercâmbio 
mais efi ciente de energia 
com o ambiente. (VAREJÃO-
SILVA, 2001).
Licenciatura em Geografi aUAB 34
Tabela 2: Variações na altitude na base das nuvens, nas diversas zonas latitu-
dinais, em metros (conforme Barry e Choley, 1976)
Grupo Níveis médios superior e 
inferior (em metros)
Tipos de nuvens
Nuvens altas 6.000 – 12.000
Cirrus (Ci)
Cirroscumulos (Cc)
Cirrostratus (Cs)
Nuvens médias 2.000 – 6.000 Altocumulus (Ac)
Altostratus (As)
Nuvens baixas Nível do solo – 2.000
Stratocumulos (Sc)
Stratus (S)
Nimbostratus (Ns)
Cumulos (Cu)
Cumulonimbus (Cb)
Baseando-se nos autores Ayoade (2004), Ferreira (2006) e Varejão-Silva 
(2001) e nas informações adicionais do Centro de Previsão de Tempo e Estu-
do Climáticos (CPTEC), serão descritos, a seguir, os principais tipos de nuvens 
de acordo com a sua base em relação ao nível do solo (fi gura a seguir).
• Nuvens altas: sua base está a mais de 6 km da superfície, correspondem 
às nuvens do tipo Cirrus compostas por cristais de gelo, em que as tem-
peraturas são muito frias. Essa nuvem tem aparência fi brosa e delgada, 
delineada pelos fortes ventos em altitude, em que existe pouca quantida-
de de vapor d’água, portanto, são bastante fi nas. Normalmente, os cirrus 
são visualizados antes de uma frente fria chegar, na linguagem popular, 
são chamados de “crista de galo”.
• Nuvens médias: sua base está em média de 2 a 6 km de altura. Forma-
das por nuvens altostratus, com aspecto de lençol ou camada de nuvem 
acinzentada ou branca azulada de aspecto estriado, fi broso ou uniforme, 
cobrindo parcial ou inteiramente o céu. Comumente associado ao mau 
tempo, formam-se na frente de tempestades com chuva ou neve contí-
nua.
UABClimatologia 35
Figura 4: Principais tipos de nuvens
Fonte: http://www.cptec.inpe.br/glossario.shtml#10
Nuvens baixas: sua base está do nível do solo até 2 km de altitude. Corres-
ponde às nuvens do tipo stratus e stratuscumulus, também fazendo parte 
as nuvens nimbostratus, que são as nuvens de chuva geradas a partir da 
stratus. Possuem camada nebulosa, acinzentada, de base uniforme e defi ni-
da. São constituídas por gotículas micrométricas de água e quando espessas 
podem vir a ocasionar chuvisco.
Formação da precipitação
A formação de nuvens não é sufi ciente para que ocorra a precipitação. A 
condensação e a sublimação, que geram as nuvens, marcam apenas o início 
do processo de precipitação. Gotas de água, cristais de gelo e gotas de chu-
va devem ainda ser produzidas. A maioria das gotas é muito pequena para 
vencer a barreira das correntes ascendentes de ar que produzem as nuvens e 
se precipitaram além delas. As gotas de chuva e os fl ocos de neve precisam 
crescer o sufi ciente para não serem carregados pelas correntes do interior 
das nuvens e para não serem capazes de atingir a superfície sem antes eva-
porarem completamente (MENDONÇA; DANNI-OLIVEIRA, 2007).
Além da chuva e da neve, pode haver precipitação de pelotas de gelo chama-
das de granizo, o qual é gerado nas nuvens cumulonimbus, que, por terem 
grande desenvolvimento vertical e serem formadas por correntes convectivas 
(ascendentes e descendentes) velozes, permitindo que as gotas de nuvem 
e de chuva congelem-se ao serem levados pelos movimentos turbulentos a 
setores da nuvem onde as temperaturas encontram-se abaixo de 0°C. 
Licenciatura em Geografi aUAB 36
O tamanho das pelotas de granizo indica a capacidade de transporte dos 
movimentos de turbulência que as sustentam, quanto maiores, mais pode-
rosos são os movimentos em seu interior.
A fi gura 5 apresenta gráfi cos com variação da precipitação no intervalo 
aproximado de 30 anos para as cidades de Recife, Porto Alegre e Manaus.
Observe bem os três gráfi cos e identifi que quais são os períodos chuvosos e 
secos ao longo do ano nas três cidades citadas.
UABClimatologia 37
Figura 5: Variação da precipitação em cidades brasileiras com latitudes diferentes
Fonte: http://www.inmet.gov.br/html/clima. php
A precipitação pluviométrica (chuva) é a precipitação de gotas de água com 
diâmetro superior a 0,5 cm. Para quantifi car a queda de água caída no solo, 
geralmente é expressa em termos da espessura da cama de água que se 
formaria sobre uma superfície horizontal, plana e impermeável. 
Esse fenômeno é caracterizado por sua duração, intensidade, defi nido como 
a quantidade de água caída por unidade de tempo, em uma hora ou em 10 
minutos. A unidade adotada é o milímetro (mm) e os instrumentos de leitura 
direta, usados para quantifi car a precipitação são os pluviômetros e os plu-
viógrafos (fi g. 6). A grande vantagem destes sobre aqueles é possibilitar a 
determinação da intensidade e da duração da precipitação (VAREJÃO-SILVA, 
2001).
Figura 6: Pluviômetro que mede a quantidade de precipitação pluvial (chuva), em 
milímetros (mm). Fonte:/http://www.ufjf.br/labcaa/equipamentos/
Licenciatura em Geografi aUAB 38
As chuvas são classifi cadas de acordo com a sua gênese, que é resultado do 
tipo de processo que controla os movimentos ascensionais geradores das 
nuvens das quais se precipitam, sendo assim diferenciadas conforme Men-
donça e Danni-Oliveira (2004).
• Chuva de origem convectiva: Ocorre nas células convectivas. Os movi-
mentos verticais que caracterizam a célula de convecção resultam do 
acentuado aquecimento de dada coluna de ar úmido, que é forçada a 
se expandir, ascendendo para níveis superiores da troposfera, onde se 
resfria adiabaticamente. Uma vez resfriada, a parcela de ar é forçada a se 
adensar, retornando à superfície em movimentos turbilhonares e comple-
tando a célula convectiva. 
No processo de resfriamento, a parcela atinge seu ponto de saturação, ha-
vendo a formação de nuvem (fi g. 7). O aquecimento de ar, ao longo do 
dia, desencadeia o processo convectivo, gerando, com a continuidade do 
aquecimento, pequenas nuvens cumulus, que tendem a se transformar em 
cumulonimbus, geralmente, responsáveis pelos aguaceiros tropicais de fi nal 
de tarde. É o tipo de chuva que ocorre na Floresta Amazônica e praticamente 
em toda faixa equatorial do globo, onde é comum a formação de correntes 
convectivas do ar. 
Figura 7: Chuva convectiva
Fonte: http://www.infoescola.com/meteorologia/tipos-de-chuvas/
Chuva de origem orográfi ca: ocorre por ação física do relevo, que atua como 
uma barreira à advecção livre do ar, forçando-o a ascender (fi g. 8). O ar úmi-
UABClimatologia 39
do e quente, ao ascender próximo às encostas, resfria-se, adiabaticamente, 
devido à descompressão promovida pela menor densidade do ar nos níveis 
mais elevados. O resfriamento conduz à saturação do vapor, possibilitando a 
formação de nuvens estratiformes e cumuliformes, que com a continuidade 
do processo de ascensão tendem a produzir chuvas. Nesse caso, chove nas 
encostas localizadas a barlavento, ao passo que nas encostas a sotavento 
fi cam secas. São as chuvas que ocorrem nas encostas úmidas dos Brejos do 
Planalto da Borborema, em estados como Paraíba e Pernambuco e, sobretu-
do, na Serra do Mar, a exemplo da faixa litorânea do Estado de São Paulo, 
onde o índice de pluviosidade
é de aproximadamente 4.000 mm/ano.
Figura 8: Chuva orográfi ca
Fonte: http://www.infoescola.com/meteorologia/tipos-de-chuvas/
• Chuva de origem frontal: resulta do contato de duas massas de ar (fren-
te) de características diferentes, uma quente e outra fria, associado à 
formação de nuvens e à consequente precipitação da água na forma de 
chuva (fi gura a seguir). A intensidade das chuvas, bem como a sua du-
ração será infl uenciada pelo tempo de permanência da frente do local, 
pelo teor de umidade contido nas massas de ar que as formam, pelos 
contrastes de temperatura e pela velocidade da mesma.
Esse tipo de chuva é comum ao longo da faixa litorânea leste e sul do Brasil, 
ou seja, do litoral oriental do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, 
sobretudo no inverno, quando a massa polar (fria) proveniente da Antár-
tida avança na direção norte e se encontra com a massa tropical atlântica 
(quente), ocasionando as típicas frentes frias tão anunciadas pelos órgãos de 
previsão do tempo nessa época do ano.
Licenciatura em Geografi aUAB 40
Figura 9: Chuva frontal
Fonte: http://www.infoescola.com/meteorologia/tipos-de-chuvas/
Pressão atmosférica
A pressão atmosférica corresponde à força provocada pelo peso do ar. As 
moléculas de gases presentes na atmosfera possuem uma massa defi nida e 
por causa da gravidade da Terra, têm um peso. Assim, essa força exercida 
pelas moléculas de gases na atmosfera sobre uma superfície é chamada de 
pressão atmosférica.
Um aspecto que deve ser levado em consideração é diferença de altitude 
que modifi ca a densidade da pressão atmosférica, quanto maior altitude, 
menor é a coluna e maior a rarefação do ar, o que diminui a pressão. De 
acordo com Ferreira (2006), a pressão atmosférica decresce com a altitu-
de à medida que a gravidade concentra mais massa de gases atmosféricos 
próximos à superfície terrestre. Isso explica por que é mais difícil respirar em 
áreas da Terra que estão em grandes elevações, como nas cidades de Quito, 
UABClimatologia 41
no Equador, e La Paz, na Bolívia, ambas localizadas sobre a Cordilheira dos 
Andes, situadas, respectivamente, acerca de 2.800 e 3.800 metros de altitu-
de. Nessas áreas, existe menor quantidade de oxigênio disponível, porque a 
atmosfera é menos espessa e densa do que no nível do mar.
O instrumento utilizado para medir a pressão atmosférica é o barômetro, 
representado na fi gura a seguir pelo barômetro de mercúrio. A sua opera-
cionalização se deve ao ar que aplica uma pressão com seu peso. É feito a 
partir de um tubo de vidro longo, preenchido com mercúrio cuja altura no 
tubo é a medida da pressão do ar. Quando a pressão atmosférica aumenta, 
o mercúrio se movimenta para a parte superior do tubo, quando a pressão 
atmosférica diminui, o mesmo volta para o fundo. Podendo, assim, calcular 
as diferenças da pressão atmosférica. 
Figura 10: Barômetro que mede a pressão atmosférica
Fonte: http://www.ufjf.br/labcaa/equipamentos/
De acordo com Mendonça e Danni-Oliveira (2007), o ar tem sua densidade 
alterada com a altitude, como resultado da ação gravitacional. A variação da 
pressão do ar em superfície se dá em decorrência da distribuição de energia 
e de umidade do globo, bem como da dinâmica de seus movimentos. O 
aquecimento do ar conduz ao aumento de energia cinética das moléculas, o 
que produz um maior número de choque entre elas. Com isso, elas passam 
a se distanciar uma das outras, ocasionando uma expansão do ar e, conse-
quentemente, uma diminuição na pressão exercida por ele.
A atmosfera está em 
permanente dinamismo
A curvatura do planeta 
produz contrastes 
importantes da distribuição 
de energia, a qual por 
sua vez, é responsável 
pela formação de massas 
de ar. Nas médias e altas 
latitudes, onde o balanço 
radiativo é negativo, 
originam-se massas frias ou 
polares; nas baixas, onde 
é positivo, as quentes ou 
tropicais, estabelecendo-
se entre ambas, na altura 
das latitudes médias, uma 
linha de descontinuidade 
conhecida como frente 
polar. Mecanismos 
complexos, ao movimento 
de rotação do planeta e ao 
fl uxo da alta troposfera, 
determinam ondulações 
na frente polar e esses 
movimentos, também 
chamados de correntes 
perturbadoras vão defi nir 
as condições de tempo e 
do clima na maior parte da 
Terra.
Nas baixas latitudes, 
na altura do Equador, 
confi gura-se a Zona de 
Convergência Intertropical 
(ZCIT) e, entre as latitudes 
de 25° e 35° para norte 
e para sul, a faixa dos 
anticiclones subtropicais. 
A primeira corresponde ao 
encontro dos alísios, e sua 
oscilação, para o norte ou 
para o sul, é importante 
para defi nir as estações de 
seca e de chuva nas suas 
áreas de infl uência. Os 
alísios são ventos de grande 
escala que se manifestam, 
principalmente, sobre os 
oceanos, tendo sua origem 
nos anticiclones subtropicais. 
(Fonte: CONTI, J. B; FURLAN, 
S. A, 2000).
Saiba mais
Licenciatura em Geografi aUAB 42
Os ventos se movimentam de zonas de alta pressão, onde o ar está mais pe-
sado, para zonas de baixa pressão, onde o ar está mais leve. O gradiente de 
pressão é formado quando há duas áreas próximas com características ba-
rométricas diferentes, vindo a constituir uma área de alta pressão e outra de 
baixa pressão. A velocidade do vento possui forte correlação pelo gradiente 
de pressão. Quanto maior a diferença de pressão do ar entre duas superfí-
cies, mais velozes são os ventos. Em função da diferença entre as pressões, o 
ar converge nas áreas de baixa pressão e diverge nas de alta. Em outras pa-
lavras, as áreas de baixa pressão são receptoras de vento, enquanto as áreas 
de alta pressão são dispersoras de vento. Enfi m, todo e qualquer movimento 
de ar ou vento na atmosfera decorre da diferença de pressão. 
A velocidade e a direção dos ventos são medidas pelo anemômetro, sendo 
registrada, em geral, por km/h ou m/s. A tabela de Beaufort (tabela a seguir) 
propõe a classifi cação do vento a partir da correlação entre a sua velocidade 
e os impactos causados na paisagem.
Tabela 3: Classifi cação da velocidade dos ventos de acordo com Beaufort
Grau Velocidade
km/h
Classifi cação do 
vento
Efeitos na paisagem
0 0-1 Calmaria A fumaça eleva-se verticalmente
1 2-6 leve A fumaça mostra a direção do vento
2 7-12 brisa leve Folhas se agitam levemente
3 13-18 Fraco O vento estica o pano das bandeiras
Pequenas ondas sobre os lagos
4 19-26 vento moderado O vento carrega sujeiras e 
pedacinhos de papel
5 27-35 vento regular Pequenas árvores começam 
a balançar
6 36-44 vento meio forte Galhos grandes se movem
7 45-54 vento forte Árvores inteiras em movimento
Na escala planetária, a ZCIT 
atua no sentido de transferir 
calor e umidade dos níveis 
inferiores da atmosfera 
das regiões tropicais para 
os níveis superiores da 
troposfera e para as médias 
e altas latitudes.
UABClimatologia 43
8 55-65 vento muito forte Pequenos galhos se quebram
É difícil caminhar contra o vento
9 66-77 ventania Telhas caem ao chão
10 78-90 vendaval Árvores são arrancadas e janelas são 
quebradas
11 91-104 tempestade Danos por toda parte
12 Acima de 105 furacão Destruição total
A circulação global dos ventos
A circulação atmosférica segue, em linhas gerais, um padrão de alternância 
entre zonas de baixa e de alta pressão, a cada faixa de aproximadamente 30° 
de latitude, conforme se vê na fi gura a seguir. Os movimentos do ar (massas 
de ar e ventos) resultam da distribuição desigual da energia solar nas zonas 
de baixas, médias e altas latitudes. O ar frio (mais pesado) gera zonas de alta 
pressão ou zonas anticiclonais. O ar quente (mais leve) gera zonas de baixa 
pressão ou zonas ciclonais. As áreas frias ou de alta pressão, como as polares
e as subtropicais ou de latitudes médias são dispersoras de massas de ar e 
ventos, sendo chamadas de áreas anticiclonais.
Figura 11: Circulação global da atmosfera
Fonte:http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.scielo.br/img/revis-
tas/rbef/v30n1/a05fi g07.gif&imgrefurl=http://www.scielo.br/ Acesso em: 20 set 
2010.
O vento atua 
no transporte de 
propriedades naturais.
Efeitos favoráveis:
Calor: de regiões mais 
quentes para mais frias; 
vapor d’água: regiões 
úmidas para regiões mais 
frias; dispersão de gases 
e partículas suspensas no 
ar: diminui a concentração 
de poluentes (inverno). 
Remoção do calor de 
plantas e animais nas 
épocas quentes. Renovação 
de ar próximo a plantas, 
mantendo o suprimento 
de CO2 para as folhas 
durante o processo de 
fotossíntese. Dispersão de 
sementes, pólen, facilitando 
a dispersão de espécies e a 
polinização.
Efeitos desfavoráveis:
Erosão eólica e deformação 
da paisagem. Eliminação 
de insetos polinizadores. 
Desconforto animal, 
devido à remoção excessiva 
de calor, acelerando o 
metabolismo animal e 
diminuindo o ganho 
de peso. Deformação 
de plantas. Abrasão 
de partículas do solo 
danifi cando tecidos 
(caules) vegetais. Fissura 
de tecidos vegetais 
pela agitação contínua, 
permitindo a penetração 
de microorganismos; 
Desfolha por efeito 
mecânico. Aumento da 
transpiração, fechamento de 
estômatos, queda na taxa 
de fotossíntese, diminuição 
do crescimento e produção. 
(Fonte: MOREIRA, J. C; SENE 
E., 2005.)
Saiba mais
Licenciatura em Geografi aUAB 44
As áreas quentes ou de baixa pressão atmosférica (de baixa latitude), como 
as equatoriais, são receptoras de massas de ar e ventos, sendo chamadas 
de áreas ciclonais. As áreas de baixa pressão se distribuem na latitude 0º, 
chamada de zona de convergência intertropical (ZCIT) e 60°, onde ocorre 
a baixa pressão subpolar. Já as áreas de alta pressão ocorrem nos paralelos 
30° e nos polos, onde se formam, respectivamente, as áreas de alta pressão 
subtropicais e polares.
Entre a zona intertropical e a zona de média e de alta latitude, ocorrem 
trocas térmicas. Os ventos que sopram na zona tropical são chamados de 
alíseos de nordeste, no Hemisfério Norte, e alíseos de sudeste, no Hemisfério 
Sul. Trata-se de ventos quentes e úmidos que contribuem para o alto índice 
de pluviosidade dessa zona climática, sobretudo na faixa equatorial, na ZCIT. 
Já os ventos de oeste sopram nas médias latitudes e se encontram com os 
ventos polares na zona de baixa pressão subpolar.
Exercícios 
1. Analise a atuação de cada um dos elementos formadores do clima.
R. O clima é constituído por três elementos: temperatura, umidade e pressão 
atmosférica. A temperatura está relacionada com o movimento de molécu-
las do ar, de modo que quanto mais rápido o deslocamento mais elevada 
ela será. A temperatura é a condição que determina o fl uxo de calor que 
passa de uma substância para outra. Quanto maior é esse fl uxo, maior é a 
sensação de calor. 
A umidade corresponde à quantidade de água sob a forma de vapor na 
atmosfera. A atmosfera só consegue absorver 4% de água e quando isso 
acontece, signifi ca que atingiu 100% de umidade relativa, logo é preciso 
perder água por precipitação, para que volte a absorver água e continue o 
ciclo hidrológico. Por fi m, a pressão corresponde ao peso que a coluna de 
ar exerce sobre uma determinada superfície. Como nas áreas montanhosas, 
essa coluna é menor, a pressão atmosférica é menor do que a das áreas lo-
calizadas ao nível do mar.
2. Explique como ocorrem os três tipos de chuva mencionados no texto.
R. As chuvas são classifi cadas em três tipos: convectivas, orográfi cas e fron-
tais. 
Glossário
Tornados e Furacões
Tornado é um redemoinho 
de ventos, girando com 
muita velocidade e que 
se forma em condições 
especiais num ambiente 
de tempestade muito 
forte. Esse redemoinho 
descende de uma 
nuvem de tempestade 
(cumulonimbus), muitas 
vezes, atinge o chão, 
causando destruição por 
onde passa. A dimensão 
espacial do tornado é de 
centenas de metros e ele, 
normalmente, tem uma 
vida média de poucos 
minutos e percorre uma 
extensão de 500 a 1500 
metros, ainda que na sua 
trajetória os ventos passem 
comumente a velocidade de 
200 km/h. 
A visibilidade desse 
fenômeno é derivada 
da poeira e da sujeira 
levantadas do solo e pelo 
vapor d’água condensado. 
A pressão baixa dentro de 
um funil causa a expansão 
e resfriamento do ar, 
resultando na condensação 
do vapor d’água. Às 
vezes, o ar é tão seco 
que os ventos giratórios 
permanecem invisíveis até 
atingir o solo, começando, 
então, a carregar sujeiras. 
Os tornados ocorrem em 
muitas partes do mundo, 
porém os mais frequentes 
e violentos acontecem 
nos Estados Unidos, numa 
média de mais de 800 por 
ano. Também ocorrem na 
Inglaterra, Canadá, China, 
França, Alemanha, Holanda, 
Hungria, Índia, Itália, Japão, 
Rússia, e até nas Bermudas 
e nas Ilhas Fiji. Contudo, 
não estão restritos somente 
a esses países. 
UABClimatologia 45
As chuvas convectivas são típicas da faixa equatorial do globo e ocorrem 
pelo movimento convectivo de subida e descida do ar, provocando a renova-
ção da atmosfera. Junto à superfície, o ar se aquece e sobe, transformando-
se em chuva. Enquanto isso, o ar frio localizado acima fi ca pesado e desce. 
Esse movimento ininterrupto forma as células de convecção do ar. 
As chuvas orográfi cas são infl uenciadas pelo relevo local. Elas ocorrem quan-
do o ar úmido atinge uma elevação e ao subi-la, perde temperatura e o 
vapor presente se condensa, isto é, passa para o estado líquido, originando 
chuva. Daí, esse tipo de chuva ser também é chamado de chuva de relevo.
Já as chuvas frontais se dão pelo encontro frontal de uma massa de ar quen-
te com outra fria, ocasionando a condensação e a consequente precipitação.
Referências 
AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. Tradução: Maria Juraci 
Zani dos Santos. 10a ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004, 332 p.
CONTI, J. Bueno; FURLAN, S. Angelo. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. In: Geografi a 
do Brasil. ROSS, Jurandyr L. Sanches (org.). 3a ed. São Paulo: EDUSP, 2000, 67-198. 
FERREIRA, A. Gonçalves. Metereologia prática. São Paulo: Ofi cina de Textos, 2006. 
188p. 
MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. 
São Paulo: Ofi cinas de Textos, 2007, 206p.
MOREIRA, J. C.; SENE, E. Geografi a: espaço geográfi co e globalização. São Paulo: 
Scipione, 2005, 560p.
VAREJÃO-SILVA, M. A. Meteorologia e climatologia. 2ª ed. Brasília: INMET, 2001, 
367p.
Um furacão é um ciclone 
tropical que se tornou 
muito intenso, com ventos 
girando no sentido horário 
no Hemisfério Sul e em 
sentido anti-horário no 
Hemisfério Norte ao redor 
de um centro de baixa 
pressão. Normalmente, 
bem no centro do furacão 
há uma região sem nuvens 
e com ventos calmos, 
chamada de olho do 
furacão. Aí, há movimentos 
de ar descendentes, ao 
lado de uma grande área 
circular de centenas de 
quilômetros com vigorosos 
movimentos ascendentes do 
ar, o que provoca formação 
de nuvens e muita chuva. 
Há também várias outras 
formas de ciclones, como 
os ciclones extratropicais, 
em que também os ventos 
giram em torno de um 
centro de baixa pressão, 
mas os processos físicos de 
formação e manutenção 
são muito distintos daqueles 
que atuam no furacão. 
Normalmente, os ciclones 
tropicais se formam quando 
um centro de baixa pressão, 
viajando sobre oceanos 
tropicais, encontra águas 
com temperaturas acima 
de 26ºC. Nesse ponto, 
aumenta a evaporação da 
superfície do oceano e o ar 
úmido ascendendo próximo 
ao centro esfria e formam-
se nuvens com mais de 8 
a 10 km

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