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Processo de Urbanização no Brasil Prof. Camila Furukava camilafurukava@gmail.com 01/2012 BIBLIOGRAFIA CAVALHO, Grazielli Anjos. Análise espacial urbano-sócio-ambiental como subsídio ao planejamento territorial do município de Sabará. Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte: Departamento de Geografia, Universidade Federal de Minas Gerais, 2010. CHOAY, Francoise. O Urbanismo, utopias e realidade, uma antologia. Tradução de Dafene Nascimento. Perspectiva: São Paulo, 3.a ed., 1992. MONTE-MÓR, R.L. Do urbanismo à política urbana: notas sobre a experiência urbana. In: Costa, G.M. Planejamento urbano no Brasil: trajetória, avanços e perspectivas /Organizadores: Geraldo Magela Costa, Jupira Gomes de Mendonça. [Editor: Fernando Pedro da Silva ] – Belo horizonte: C/Arte, 2008. 304p. PLANO DE AULA – N02 PLANEJAMENTO URBANO E TERRITORIAL (CIV0414) LOCAL: Setor de Aulas IV – Sala A2 Prof. Camila Furukava / Luiz Alessandro OBJETIVO S: Identificar o processo de urbanização no Brasil, trazendo modelos de cidades planejadas; Orientar para o seminário. TEMA Parte 01 - Processo de Urbanização no Brasil Parte 02 – Orientação do seminário I METODOLOGIA Aula expositiva dialogada com uso de projeção para expor os principais elementos que subsidiarão a discussão COMPETÊNCIAS E HABILIDADES Identificar a urbanização brasileira e as experiências realizadas: pontos positivos e negativos da urbanização e das cidades planejadas. Urbanismo • “Disciplina que se apresenta como ciência e uma teoria da cidade” (FAG, 2012) • “Distinguindo-se das artes urbanas anteriores pelo seu caráter reflexivo e crítico e pela sua pretensão científica” (HARQUEL, 1990) • Engloba uma grande parte do que diz respeito a cidade: obras públicas, morfologia urbana, planos urbanos, práticas sociais, legislação e direito relativo a cidade. • Com a revolução industrial engrena o urbanismo moderno – utiliza como recurso a utopia. Urbanismo • “Foi a partir do questionamento da cidade industrial e da própria sociedade capitalista moderna que surgiu, face ao contexto tecnológico e cultural dos países desenvolvidos, uma nova área de estudos e pesquisas: o urbanismo” (Monte-Mor, 2008) • Com o urbanismo as cidades passam a poder ser planejadas. • Correntes do urbanismo – o estudo dessas correntes é uma forma didática de identificar a influencia destes no planejamento urbano, mas a prática é mais complexa. Urbanismo – Choay (1992) X Campos Filho (2008) • “Ciência e teoria da localização humana” (Choay, 1992) 1910 Pre-urbanismo Urbanismo 1914 Bulletin de La Société Geographique de Neufchatel e a sociedade francesa dos arquitetos-urbanistas Estético-Viário Embelezamento urbano através da reestruturação de vias Técnico-setorial (positivismo, higienismo e sanitarismo) Ocupação do solo / setorização Correntes do Urbanismo Progressista ou Racionalista Culturalistas Homem comum – independente do tempo, espaço ou cultura A proposta progressista é passível de ser implantada em qualquer contexto Lógica Mecânica; Quantitativo; Indiferença Técnico-setorial (positivismo, higienismo e sanitarismo) Ocupação do solo / setorização Lógica Orgânica; Qualitativo; Participação Le Corbusier – Carta de Atenas Brasília Pre-urbanistas sem Modelo – Marx e Engels – Economia como foco, não a cidade – não propõe a estruturação física da cidade - sem resolver as questões sociais não há como lidar com as questões urbanas – cidade na lógica do capital. Correntes do Urbanismo – Campos Filho • Urbanismo estético – viário • Urbanismo técnico-setorial • Urbanismo globalizante utópico: pró – industrial e pró –urbano. Correntes do Urbanismo: Urbanismo estético – viário “encerra uma lógica inerente à estratégia de classe e pode levar ao limite essa coerência racional (...). Haussmann talha, implacavelmente, linhas retas no tecido urbano. Ainda não se trata da ditadura do ângulo reto (promulgada pela Bauhaus e por Le Corbusier), mas já é a ordem da régua, do alinhamento, da perspectiva geométrica. Uma tal racionalidade só pode emanar de uma instituição. É a mais alta, a instituição suprema que intervêm: o Estado” (Lefebvre, 1999 apud Cavalho, 2010). Correntes do Urbanismo: Urbanismo estético – viário Paris Hoje Intervenção de Haussman 1850 Boa Vista, 1944 • “Behind choices there are always values. Before one can make a decision there must be something that suggests a particular course is better than another. This is as true in the growth of a city as in any other human activity. Thus the Paris that you see around you is the result of the values that shaped the action of decision makers at crucial moments. There were always other possibilities that might have been realized had a different set of values been dominant at the time that important decisions were made” (http://www.iub.edu/~paris10/ParisOSS/D3Haussmann/d3in dex.html). • “(...) um instrumento técnico de melhoria da racionalidade da organização do espaço urbano e também das qualidades estéticas desse espaço, considerando essas qualidades visuais como desvinculadas de qualquer determinação mais profunda da organização social prevalecente”. (Campos Filho, 1989 apud Cavalho, 2010) • Foi caracterizada pelo viés higienista/sanitarista e pelo caráter Progressista/Positivista, no qual, muitas das ações do Estado estavam baseadas na “destruição criativa”. • Crítica - não buscou compreender a raiz dos males existentes nas cidades. Ainda assim teve aceitação crescente, embora também combatida. • Como consequência - legislação Urbanística, o estabelecimento das Normas Legais e dos Códigos de Regulamentação Urbanística ou Códigos de Obras. Correntes do Urbanismo: Urbanismo técnico-setorial BH - 1889 BH – 2013 Pontos positivos e pontos negativos Arborização distribuída Pouco elo entre as áreas verdes Meio ambiente tem uma dinâmica Própria de sobrevivência GOIANIA - 1930 Brasil, Goiânia, GO. 22/11/2006. Vista noturna da Praça Cívica e, ao fundo, a Avenida Goiás, no centro da cidade de Goiânia (GO). – Crédito:CARLOS COSTA/ GOIANIA - 2013 Pereira Passos – RJ RIO DE JANEIRO Baia da Guanabara Niteroi Correntes do Urbanismo: Urbanismo Globalizante Utópico: Pró - Industrial e Pró –Urbano • O Urbanismo Globalizante Utópico: Pró - Industrial e Pró –Urbano desenvolveu-se na Europa, no início do séc. XX. Buscou conciliar o conceito de cidade pequena, entremeada com muitas áreas verdes e lagos, com o conceito de cidade industrial e de serviços. Seus principais teóricos são Tony Garnier, Walter Gropius, com a Bauhaus na Alemanha, e Le Corbusier, na Suíça e França. • Os Urbanistas Globalizantes Utópico Pró - Industriais e Pró –Urbanos, também chamados de “progressistas ou racionalistas” ignoram por completo a existência das classes sociais e de seus interesses conflitantes. • Marco teórico desta corrente é a publicação da Carta de Atenas (1941), escrita durante o IV Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), em 1933. Nesta carta foram estabelecidos os princípios para uma Carta de Urbanismo e tais princípios (habitação, recreio, trabalho, circulação). • QUAIS SERIAM AS OUTRAS FUNÇÕES DA CIDADE? Brasília - 1954 • “As visões contemporâneas são particularmente influenciadas pela mescla de valores e modos de pensar o urbano, de modo que cabe a verificação do que deu certo, do que não se sustentou, como também promover releituras dos modelos passados, mas adaptados aosnovos valores. O que se observa hoje é o reconhecimento das questões urbanas como uma abordagem sistêmica, onde inúmeras variáveis interagem e estão em constante mutação” (CAVALHO, 2010) Urbanismo no Brasil • 1808 – Vinda da família Real – Salvador – país extrativista e as cidades eram pontos de apoio da extração. • Por volta de 1815, a corte se instala no RJ – Missão Francesa Brasileira – Academia de Belas Artes • 1850 – Paris Haussmann – redefinição das cidades com amplas avenidas – estratégico de defesa / fácil acesso as revoltas – modelo • 1888 – abolição da escravatura – êxodo / crise cafeeira • 1903 – reforma Pereira Passos no RJ (copia sem ter tido os mesmos problemas políticos de Paris). – VIDEO RJ Pereira Passos - RJ O Rio de Janeiro, então uma cidade que acumulava as funções administrativa e portuária, foi vendo as ruas estreitas e tortas de seu centro antigo lotarem de cortiços. Em 1902 eram em torno de 600, que representavam a única opção de moradia para a legião de pobres que vivam no Rio. As ridículas condições de higiene daqueles locais fizeram com que a cidade fosse infestada por diversas pestes como a malária, a febre amarela e a varíola. A propagação de doenças acabou por ser o pretexto que faltava para uma grande reforma que já era pensada havia tempos: pretendia-se adequar a cidade do Rio de Janeiro ao status de capital do Brasil, cortando-o com largas avenidas e edificações imponentes ao gosto do modelo de produção que viria a instalar- se a partir desse período. Pereira Passos - RJ Avenida Rio Branco Pereira Passos - RJ Moro da Providência – Para onde foram os moradores dos cortiços Urbanismo no Brasil • 1930, com o maior desenvolvimento industrial do país, marcado, sobretudo, pela substituição das importações, o governo central desempenha o papel de indutor da urbanização. Desta forma, o meio urbano torna-se alvo de movimentos migratórios, aonde os novos ocupantes vão à busca de emprego e melhores condições de vida. Consequentemente, o desenvolvimento do capitalismo industrial brasileiro intensificou os chamados “problemas urbanos” e com eles a busca por soluções. • 1933 - CIAM • 1954-1960 - Brasília foi criada com o objetivo estratégico de retirar a capital brasileira do litoral – Carta de Atenas (1941) – habitação, trabalho, ócio ligadas por vias de circulação. • “Assim, os novos projetos incorporaram os conceitos modernos de racionalidade espacial, hierarquização dos espaços habitacionais, cinturões verdes de proteção ambiental, zoneamento, etc. (...) É nesse contexto que o modelo progressista /racionalista se impôs como a principal influência no movimento urbanístico brasileiro, tendo seu coroamento com a construção de Brasília”(Monte- Mór,2008). Progressista – Le Corbusier – Carta de Atenas - Brasília • Habitação • Recreação – espaços livres - devem ser prolongações diretas ou indiretas das habitações. Estabelece ainda que deve haver uma justa proporção entre os espaços edificados e os espaços livres nas cidades, o que proporcionaria maior qualidade de vida aos moradores. • Trabalho - as distâncias entre lugares de habitação e lugares de trabalho se reduzam ao mínimo. Entretanto, “os setores industriais devem permanecer independentes dos setores de habitação, separados uns dos outros por uma superfície verde, próximos as estradas de ferro, rios e á rodovia” (Le Corbusier,1964:47-48). • Circulação - separação total dos caminhos entre pedestres e automóveis, Estabelece ainda que as ruas devem ser mais largas e a distancia entre seus cruzamentos maiores. Estabelece desta forma que “as vias de circulação devem ser classificadas segundo sua natureza e construídas em função dos veículos e de suas velocidades” (Le Corbusier,1964: 60). • A questão ambiental é vista como mero paisagismo, aonde a natureza encontra-se dominada pela humanidade. Desta forma, o desenho do território representa um estilo de vida. Urbanismo no Brasil • 1964 – Ditadura no Brasil – modelo urbanísticos modernista, progressista é amplamente difundido pelo Governo Federal. • 1970 – Metodologia de trabalho militarista - “o cenário urbano foi enfrentado com instrumentos legislativos e normativos, com a missão de promover o desenvolvimento integrado e o equilíbrio entre as funções urbanas” – PDDI – centralizado e tecnocrático – PD na prateleira sem aplicabilidade Difusão – Conjuntos habitacionais Urbanismo no Brasil • 1980 – crítica ao modelo modernista de planejamento / funcionalista / centralizado – busca-se a identidade urbana – pós-modernismo “A questão é que o pós-modernismo urbano ao criar icones locais, o faz no intuito mercantilista, transformando a cidade em capital- dinheiro, num contexto em que dominava a economia de mercado e o capitalismo financeiro”. Corrente urbanística compreensiva – relatório das cidades com intuito de compreende-las. CIDADE LEGAL X CIDADE REAL PROCESSO DE REFORMA URBANA NO BRASIL 1988 – Constituição Federal 2001 – Estatuto da Cidade PDDI – PDMunicipais Participativos Planejamento Urbano / Urbanismo • Campos Filho (1989:05) entende que o Planejamento Urbano tem como objetivos: • “(...) ordenar as cidades e resolver seus problemas. Para isso seria suficiente listar esses problemas e, em seguida, definir uma ordem de prioridades na implantação de sua solução. Finalmente, restaria implementá-las com técnicas adequadas, dependendo dos recursos disponíveis. Por esse método, o bem comum seria finalmente alcançado, desde que tal objetivo fosse perseguido honestamente” Referências • http://www.arquitetonico.ufsc.br/a-reforma-urbana-de- pereira-passos-no-rio-de-janeiro
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