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CAPÍTULO IV
Da Pena de Multa
Conceito - segundo o art. 49 do Código Penal “A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa”.
Cálculo dos dias-multa – há três etapas para calcular o valor do dia multa: “a) encontrar o número de dias-multa; b) encontrar o valor de cada dia-multa; c) multiplicar o valor de cada dia multa”.[1: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 465.]
Como encontrar o número de dias-multa – o Código Penal em seu art. 49 prevê que a pena de multa “Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa”.  Diante dessa margem ampla entre 10 e 360 dias há três correntes para dosar entre esse montante:[2: Conforme CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 465.]
capacidade econômica do réu – quanto mais rico, maior o número de dias fixado (art. 60 do CP). Adotado por Capez que entende que após a proibição de se converter a pena de multa em prisão não é mais preciso se utilizar das regras previstas na duas correntes citadas abaixo. Isso porque antes da Lei 9.268/96 se o condenado fosse mais rico ficaria mais tempo preso pois receberia maior valor pecuniário. Atualmente não pode mais haver conversão tornando possível adotar esse critério. 
culpabilidade do agente segundo o critério trifásico do art. 68 do CP;
culpabilidade do agente utilizando somente do critério previsto no art. 59 do CP – segundo esse critério o número será de 10 dias-multa se o art. 59 do CP for todo favorável ao réu e caminhará em direção aos 360 dias caso haja circunstâncias prejudiciais ao réu. Esse critério é adotado por João José Leal e é o que tem predominado na doutrina e na jurisprudência conforme Alberto Silva Franco. [3:  “Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”.][4: LEAL, João José. Direito penal geral. 3ª. ed. rev. e atual. Florianópolis: OAB/SC, 2004, p. 468 e 516.][5: Apud ESTEFAM, André. Direito penal: parte geral. Vol. 1. 1ª. ed. 2ª. tir. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 333.]
Como fixar o valor de cada dia-multa? Deve-se observar o previsto no art. 49, § 1º do CP “O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário”. O critério judicial para fixar o valor de cada dia-multa deve levar em conta a capacidade econômica do réu. Não, há divergência quanto à aplicação desse critério na escolha do valor de cada dia-multa segundo Capez e Estefam.[6: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 466.][7: ESTEFAM, André. Direito penal: parte geral. Vol. 1. 1ª. ed. 2ª. tir. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 333.]
Correção monetária: o art. 49, § 2º prescreve que “O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária”. Qual é o termo inicial para a incidência da correção monetária? Há várias correntes: [8: Segundo CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 467.]
a partir da data do fato criminoso – é a posição de Leal e Capez. É a posição que predominou na jurisprudência e atualmente está pacificada no STJ segundo o estudo dos referidos autores.[9: LEAL, João José. Direito penal geral. 3ª. ed. rev. e atual. Florianópolis: OAB/SC, 2004, p. 470; CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 470.]
a partir da citação do réu;
a partir do trânsito em julgado da sentença penal condenatória;
não incide mais pois foi extinta pelo Decreto-lei n. 2.284/96 que instituiu novo regime econômico – esta é a posição de Damásio, Paulo José da Costa entre outros.[10: Ver: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 470.]
Multa aplicada de valor irrisório – não pode ser extinta pois a pena criminal é inderrogável, isto é, não pode deixar de ser aplicada.[11: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 467.]
Conversão da pena de multa em detenção: não é mais possível em razão da Lei 9.268/96. Quando era permitida, na conversão, cada dia-multa correspondia a um dia de detenção. Caso a multa fosse paga, a conversão ficava sem efeito. Na conversão a pena não podia exceder um ano.[12: Ver: LEAL, João José. Direito penal geral. 3ª. ed. rev. e atual. Florianópolis: OAB/SC, 2004, p. 472.]
Mudanças trazidas com a Lei n. 9.268/96 – 
proibição da conversão da pena de multa em detenção através de nova redação ao art. 51 do CP e revogação do art. 182 da LEP. Motivo: o não pagamento da multa gerava retribuição de maior gravidade ao réu.
 modificações no procedimento de execução da pena de multa. Surgiram as seguintes indagações segundo Capez: a) O MP continua a executar a pena de multa ou passa à Fazenda Pública? b) qual o juízo competente para processá-la – Vara das Execuções Penais ou da Fazenda Pública? c) o prazo prescricional é regido pelo CP ou passa a ser regido pelo CTN? [13: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 468.]
Corrente que tem prevalecido no STJ segundo Tavares Júnior e Nucci é que entende ser a Fazenda Pública a parte legitimada para executar a pena de multa criminal que não perdeu a natureza jurídica penal na Vara da Fazenda Pública do Juízo das Execuções Penais. Com isso: a) pena de multa não converte em detenção; b) caso não seja paga pelo autor do crime, a pena de multa deve ser executada pela Fazenda Pública na forma prevista no art. 51 do CP. Os artigos 164, 165 e 166 da LEP da LEP perderam o efeito; c) as regras que norteiam a execução da pena de multa passam para a Lei n. 6.839/80 (execuções fiscais). d) a competência será da Vara da Fazenda pública; e) prazos interruptivos e suspensivos passam a ser previstos na Lei n. 6.830/80 e no CTN. Interruptivos: art. 174, § único do CTN. Suspensivos: art. 151 do CTN e art. 2º. §3º e. art. 40 da Lei n. 6.830/1980. f) a pena de multa permanece com a sua natureza penal, subsistindo os efeitos da sentença condenatória (reincidência, mau antecedente etc.). Essa é a posição consolidada no STJ: “É firme nesta Corte o entendimento segundo o qual o advento da Lei 9.268/96, que alterou o artigo 51 do Código Penal, convertendo a pena de multa em dívida de valor, não lhe retirou o caráter penal, atribuído pela própria Constituição Federal (art. 5º, XLVI, "c", CF)”. Portanto é a execução que se torna extrapenal. Com isso a obrigação de pagamento não se transmite aos herdeiros do autor do crime. Quanto à prescrição da pretensão punitiva – PPP - da pena de multa o TJSC seguindo posição do STJ decidiu que vale o prazo de 2 anos quando a pena de multa for a única cominada ou aplicada na forma do art. 114 do CP. No que toca à prescrição da pretensão executória – PPE - da pena de multa o TJSC também respeitou o prazo de 2 anos previsto no art. 114 do CP a contar da data do trânsito em julgado a ambas as partes. As regras relativas aos marcos interruptivos e suspensivos estão no CTN e na Lei n. 6.830/80.[14: JUNIOR, Carlos Augusto Sardinha Tavares. A execução da pena de multa e a redação do art. 51 do Código Penal. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 3001, 19 set. 2011 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/20019>. Acesso em: 15 jan. 2013.][15: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2012, p.457.][16: “Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normasda legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição”.][17: “Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado, que valerá como título executivo judicial, o Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou nomear bens à penhora. § 1º Decorrido o prazo sem o pagamento da multa, ou o depósito da respectiva importância, proceder-se-á à penhora de tantos bens quantos bastem para garantir a execução. § 2º A nomeação de bens à penhora e a posterior execução seguirão o que dispuser a lei processual civil”.][18: “Art. 165. Se a penhora recair em bem imóvel, os autos apartados serão remetidos ao Juízo Cível para prosseguimento”. Ver dispositivo pertinente na Lei n. 6.839/80 (execuções fiscais).][19: “Art. 166. Recaindo a penhora em outros bens, dar-se-á prosseguimento nos termos do § 2º do artigo 164, desta Lei”. Ver dispositivo pertinente na Lei n. 6.839/80 (execuções fiscais).][20: “Art. 174. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor”.][21: “Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; II - o depósito do seu montante integral;  III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI – o parcelamento. Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes”.][22: “§ 3º A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo”.][23: “Art. 40 - O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição. § 1º - Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao representante judicial da Fazenda Pública. § 2º - Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos. § 3º - Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados os autos para prosseguimento da execução. § 4o Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato. § 5o A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4o deste artigo será dispensada no caso de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro de Estado da Fazenda”.][24: Nesse sentido: ESTEFAM, André. Direito penal: parte geral. Vol. 1. 1ª. ed. 2ª. tir. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 473; JESUS, Damásio E. de. Direito penal: parte geral. 1º. Vol. 26ª. ed., rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 741; CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 15ª. ed. 2ª. tir. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 634-5. ][25: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 468.][26: BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n. 1.111.584, do Rio de Janeiro, em que é Recorrente Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, por seu Promotor e Recorrido Vinícius da Silva Leocádio. Relatora: Min. Maria Thereza de Assis Moura. Local e data do julgamento: Brasília, 20 de agosto de 2009. Disponível em: http://www.stj.jus.br>. Acesso em: 24 de julho de 2010.][27: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 468.][28:   “Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada”.][29: Apelação Criminal n. 2010.057233-7, de Porto União. Data do Julgamento:10.04.2012.][30: Recurso de agravo n. 2001.004732-2, de Videira. Data do julgamento: 29.04.2003.]
Superveniência de doença mental – ocorrerá a suspensão da execução da multa. É o que prevê o art. 52 do CP: “É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença mental”. A prescrição continua correndo pois não há causa suspensiva ou interruptiva do lapso prescricional. A LEP prevê a situação no art. 167 “A execução da pena de multa será suspensa quando sobrevier ao condenado doença mental (artigo 52 do Código Penal)”.[31: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 470.]
Multa substitutiva – art. 60, §2º. do CP: O art. 44, § 2o prevê que “Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos”. O art. 44, § 2o, segundo Luiz Flávio Gomes e Capez, revogou o § 2º. do art. 60 do CP. Este prevê três requisitos para serem aplicados ao réu: a) pena igual ou inferior a seis meses; b) réu não reincidente em crime doloso (art. 44, II); c) circunstâncias judiciais favoráveis (art. 44, III). Com o advento da Lei 9.714/1998 que alterou as penas alternativas o primeiro requisito foi elevado de 6 meses para um ano. Como a lei posterior – 9.714/98 regulou inteiramente o conteúdo da lei anterior o §2º. do art. 60 do CP encontra-se revogado segundo Capez. Diante desse entendimento de revogação do §2º. do art. 60 do CP Capez lembra que não é possível converter a pena de multa prevista no art. 44, § 2o do CP em pena de prisão pois o art. 51 do CP veda essa conversão. André Estefam sustenta que o parágrafo 2º. do art. 60 do CP continua em vigor e deve ser aplicado aos crimes violentos ou com grave ameaça e com penas que não excedam a 6 meses. Já o art. 44, § 2o deve ser aplicado aos crimes não violentos ou sem grave ameaça a pessoa. Essa questão merece solução jurisprudencial. [32:   “§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código”.][33: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 446.][34: Ver: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 446.][35: ESTEFAM, André. Direito penal: parte geral. Vol. 1. 1ª. ed. 2ª. tir. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 331-2.]
Fixação do número de dias-multa na pena substitutiva ou vicariante – não precisa corresponder ao número de dias de pena privativa de liberdade substituída.[36: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 471.]
Não pagamento da multa substitutiva – art. 60, §2º. do CP: por ter sido revogado pelo art. 44, § 2o Capez entende que este dispositivo (art. 44, § 2o) não pode ser convertido em prisão devendo a multa ser executada.[37:   “§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código”.][38: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 472.]
Cumulação de multas - nos crimes em que a lei cumula a pena privativade liberdade mais a pena de multa, caso seja possível substituir a pena privativa de liberdade pela pena de multa, deverá o condenado pagar duas multas? Sim, conforme Capez. Ex.: O crime de furto prevê pena de 1 a 4 anos e multa. Se o furto for cometido em relação a produto de pequeno valor o juiz pode substituir a pena de prisão pela pecuniária resultando em duas penas de multa. A pena de prisão substituída + a pena de multa cominada no tipo penal do caput do art. 155. Contudo, caso o crime esteja previsto em lei penal especial não haverá como fazer a substituição da pena privativa de liberdade pela pena de multa por força da Súmula 171 do STJ: “Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativas de liberdade e pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa”. Cabe registrar que o entendimento dominante da jurisprudência é de que “uma multa “absorve” a outra, resultando, na prática, a imposição de somente uma pena de multa” conforme Estefam.[39: Ver: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 472.][40: “Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa”.][41: “Art. 155 § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa”.][42: ESTEFAM, André. Direito penal: parte geral. Vol. 1. 1ª. ed. 2ª. tir. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 335.]
Pena de multa e violência doméstica - não cabe aplicar pena de multa isolada a casos de violência doméstica e familiar na forma do art. 17 da Lei 11.340/2006.[43: “Art. 17.  É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa”.]
Pagamento da multa - Dispõe o art. 50 do Código Penal: “A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais.  § 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado quando: a) aplicada isoladamente; b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos; c) concedida a suspensão condicional da pena. §2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família”. Sobre o pagamento da pena de multa vale citar aqui os arts. 168, 169 e 170 da LEP: “Art. 168. O Juiz poderá determinar que a cobrança da multa se efetue mediante desconto no vencimento ou salário do condenado, nas hipóteses do artigo 50, § 1º, do Código Penal, observando-se o seguinte: I - o limite máximo do desconto mensal será o da quarta parte da remuneração e o mínimo o de um décimo; II - o desconto será feito mediante ordem do Juiz a quem de direito; III - o responsável pelo desconto será intimado a recolher mensalmente, até o dia fixado pelo Juiz, a importância determinada. Art. 169. Até o término do prazo a que se refere o artigo 164 desta Lei, poderá o condenado requerer ao Juiz o pagamento da multa em prestações mensais, iguais e sucessivas. § 1° O Juiz, antes de decidir, poderá determinar diligências para verificar a real situação econômica do condenado e, ouvido o Ministério Público, fixará o número de prestações. § 2º Se o condenado for impontual ou se melhorar de situação econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, revogará o benefício executando-se a multa, na forma prevista neste Capítulo, ou prosseguindo-se na execução já iniciada. Art. 170. Quando a pena de multa for aplicada cumulativamente com pena privativa da liberdade, enquanto esta estiver sendo executada, poderá aquela ser cobrada mediante desconto na remuneração do condenado (artigo 168). § 1º Se o condenado cumprir a pena privativa de liberdade ou obtiver livramento condicional, sem haver resgatado a multa, far-se-á a cobrança nos termos deste Capítulo.§ 2º Aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior aos casos em que for concedida a suspensão condicional da pena”.
A pena de multa pode ser aplicada mesmo quando não prevista na pena cominada ao crime na parte especial – alguns crimes não possuem pena de multa cominada como o crime do art. 129, caput, de lesão corporal leve: “Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano”. Mesmo assim, sendo possível substituir a pena privativa de liberdade é possível de se aplicar a pena de multa ao crime. É o que dispõe o art. Art. 58 do CP “A multa, prevista em cada tipo legal de crime, tem os limites fixados no art. 49 e seus parágrafos deste Código. Parágrafo único - A multa prevista no parágrafo único do art. 44 e no § 2º do art. 60 deste Código aplica-se independentemente de cominação na parte especial”. 
A pena de multa não se transfere aos herdeiros do condenado – princípio da intranscendência – “tal princípio está previsto no art. 5º, XLV da CF. Também denominado princípio da intranscendência ou da pessoalidade ou, ainda, personalidade da pena, preconiza que somente o condenado, e mais ninguém, poderá responder pelo fato praticado, pois a pena não pode passar da pessoa do condenado”. “Este princípio justifica a extinção da punibilidade pela morte do agente. Resta óbvia a extinção quando estamos tratando da pena privativa de liberdade, mas o princípio da responsabilidade pessoal faz com que, mesmo tendo o falecido deixado amplo patrimônio, a pena de multa não possa atingi-lo, pois estaria passando da pessoa do condenado para atingir seus herdeiros. Sendo assim, sempre estará extinta a punibilidade, independente da pena aplicada, quando ocorrer a morte do agente”.[44: Fonte: Dupret, Cristiane. Manual de Direito Penal . Impetus, 2008. In: http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2118340/em-que-consiste-o-principio-da-responsabilidade-pessoal-no-direito-penal-marcelo-alonso. ]

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