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Fichamento Historia da Psicologia

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Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora
Aluno: Adriano Vilar Oliveira
Curso de psicologia
Disciplina: Historia da Psicologia 
Profa. Regina Castelo 
	
Historia da psicologia
Fios, seduções e olhares: os primórdios “psi” nas terapias para corpos e mentes perturbados.
(Cap. 8)
Denise Barcellos da Rocha Monteiro
 Ana Maria Jacó-Vilela
	Editora Trarepa – Rio de Janeiro - 2005
No final do século XVIII, Franz Anton Mesmer (1734-1815), alemão, culto, músico, com títulos no campo da teologia, doutor em filosofia, em direito e, por fim, em medicina, formado na Universidade de Viena com a dissertação acerca da influência dos ciclos planetários nos distúrbios humanos, postula a existência da “gravitas universalis”,que seria uma força motriz dos cosmos e mais tarde,como força magnética.Inspirado em Benjamin Franklin,afirma que a doença seria causada pela desestabilização dos fluidos magnéticos no corpo.Dessa forma, Mesmer cria em sua mansão meios de energização que curam muitas pessoas,denominado blaquet,que se resume em garrafas imersas em água,ligadas a cabos condutores,que eram aplicadas em uma média de 20 doentes.Em 1775,Mesmer conclui que nenhuma outra força da natureza é maior que aquela que um homem pode exercer sobre o outro,chamado poder da SUGESTÃO.Em 1777,muda-se para Paris,e populariza o método de cura.Mais tarde,com a oposição de Luís XIV e outros estudiosos, não só negam a existência de uma força de natureza sugestiva exercida pelo magnetizador, como alude aos perigos da promiscuidade e da histeria provocada nos ambientes onde se pratica a cura pelo magnetismo. Mesmer, assim, inaugurou a prática do que mais tarde veio a ser designado como hipnose, embora o batismo desse estado especial da consciência só ocorresse em 1843, quando JAMES BRAID conceituou o estado hipnótico como uma forma de sono intensa que afetava a atividade encefálica do indivíduo e que seria induzido pelo hipnotizador. Além disso, os estudos de hipnose prosseguirão cada vez mais no âmbito científico, analisados pelas obras de Foucault, seguindo uma lógica de medicina clássica, preocupada em descrever e analisar uma lógica denominada “botânica de sintomas”. Comportava uma linguagem idealizada, perceptiva e depurada pela razão, analisava a doença por meio do conjunto de sintomas, concluindo a doença representada que se baseia nas relações, causas, evoluções e prescrições. A percepção médica é uma ponte entre o sintoma e a doença. Assim, o corpo doente concreto não é o objeto da consideração, pelo contrário, é abstraído como fonte de confusão, para que se possam observar os signos que diferenciam uma doença da outra. Nesse caso, a patologia é vista como fenômeno da natureza e, portanto, o lugar por excelência do embate com a doença é o lugar da vida, o âmbito familiar, o domicílio – não o hospital. No final do século XVIII, marca-se a emergência da medicina moderna, na qual, a “lógica BOTÂNICA” será substituída por uma “GRAMÁTICA dos signos” Agora, o olhar é do especialista investido de poder de intervir, sobrepondo-se à observação, o cálculo e a previsão.
Charcot e a hipnose
O uso terapêutico da hipnose é marcado pelos trabalhos de Charcot, médico e criador do que mais tarde se tornaria um dos maiores centros de pesquisa de neurologia do século XIX. Ele conceituou a histeria como uma neurose que se manifestaria em indivíduos predispostos hereditariamente por trauma físico. A partir disso, a hipnose e a histeria são agrupadas numa classificação patológica distinta daquela que reunia as doenças mentais causadas por lesões do sistema nervoso. Os estudos de Charcot levaram à conclusão que tais manifestações somáticas podiam ser transferidas de um ponto a outro do corpo por meio de ímãs. O famoso médico francês resgata “cientificamente” as ideias de Mesmer. Porém, o ambiente onde suas “demonstrações” ocorriam – o hospital – conferia ao método uma aura científica reunindo não só médicos de várias especialidades, mas também literatos, pintores e fotógrafos. Um dos presentes, Theodule Ribot (1839-1916), filósofo, lança as bases da “nova psicologia” defende a constituição de uma psicologia como ciência autônoma, com uma metodologia própria, apartada das considerações metafísicas, em contraposição à “velha psicologia”, articulada à filosofia espiritualista. Defende a constituição de uma psicologia como ciência autônoma, com uma metodologia própria, apartada das considerações metafísicas, em contraposição à “velha psicologia”, articulada à filosofia espiritualista. A partir de 1880, começa a esboçar sua visão de psicologia, uma PSICOLOGIA FISIOLÓGICA. Dedica-se então ao que será a parcela mais significativa de sua obra – uma série de estudos que edificam a ênfase psicopatológica de seus trabalhos, sobre os quais as exposições de Charcot exerceram grande influência. Definiu também o seu método, que consistia em elucidar mecanismos normais de funcionamento apelando à observação da patologia, considerada como uma degradação da função normal. Uma das fases de suas obras refere-se aos estudos sobre a vida afetiva e os sentimentos, ou seja, a relevância de fatores emocionais e afetivos, e de forças motivacionais no funcionamento psicológico e no desenvolvimento da personalidade, o que fundamenta o caráter de uma “psicologia dinâmica”. O grupo de Charcot, a chamada Escola de Salpêtrière, é considerado um dos fundadores da neurologia como especialidade da medicina. Entretanto, vários ataques, principalmente por parte de um grupo de médicos da Faculdade de Nancy, discordavam do postulado de Charcot de que tanto a hipnose quanto a histeria seriam fenômenos patológicos associados, discordando também dos estágios da hipnose e da transferência magnética. Tanto as práticas de Charcot quanto a linha seguida na Escola de Nancy estiveram presentes no surgimento da psicanálise, cujos enunciados se opõem à etiologia orgânica da histeria, indo buscar suas causas nos acontecimentos de natureza traumática da vida infantil.
A psicologia francesa
Enquanto o debate entre Nancy e Salpêtrière corria, o francês Pierre Janet completava seus estudos de filosofia. Sua dissertação a respeito do “automatismo psicológico” apresenta uma série de estados mentais anormal que envolveria a histeria e a psicose, apreendidas através da observação clínica, quando também aplicava a hipnose e a escrita automática na investigação desses estados especiais, que denominava automatismo. Um de seus casos mais longos foi Pauline Lair Lamotte ou Madeleine Lebouc (“O Bode”), como ela mesma gostava de se apresentar – a que veio para expiar os pecados do mundo. MADELEINE, que em seus sintomas nunca apresentou o ARCO HISTÉRICO, andava na ponta dos pés, num trote curto e doloroso, esticada, porque, como a Virgem, era puxada aos céus por Deus. Foi médico também de Sophie, que cuidava da cortina onde o espírito de sua mãe havia se instalado, ou mergulhava de cabeça na bacia onde estava o espírito do tio.Assim, o médico que aos 15 anos passou por uma violenta crise religiosa e que escreveu então um trabalho sobre Francis Bacon e os alquimistas parece compensar sua tendência mística com a predileção pelas pacientes extáticas, que trata à luz da mais positivista psicologia. George Dumas, o menos famoso dos discípulos de Ribot, é quem, de fato, ocupa seu lugar, no sentido de difusão e institucionalização da psicologia.
A influência da psicologia francesa no Brasil
Tendo em vista a relação de grande proximidade de nossa elite política, econômica e intelectual com o universo francês, foi esse o campo que mais influência exerceu no pensamento brasileiro. A medicina moderna (e com ela, um novo conceito de psicologia) não emergiu nem se propagou simultaneamente por toda a Europa. Consequentemente, as colônias dependentes dessas metrópoles, tanto econômica quanto culturalmente, estiveram submetidas a essas restrições. No Brasil, colônia portuguesa, a profissão de médico foi vetada aos brasileiros até 1800. Com a chegada da família real em 1808, foramcriadas escolas para a formação de “cirurgiões”, responsáveis por sangrias, aplicações de sanguessugas, extrações dentárias etc.; no entanto, a formação de médicos permanecia restrita. . É nesse cenário que deve ser compreendido o curioso título do livro do médico pernambucano João Lopes Cardoso Machado Dicionário médico-prático – para uso dos que tratam de saúde pública, onde não há professores de medicina. Esse compêndio de 1823 fala pela primeira vez de magnetismo animal, aplicando o termo “catalepsia espontânea”. A institucionalização da medicina brasileira foi marcada pela criação da SOCIEDADE DE MEDICINA, no Rio de Janeiro, em 1829. Eliminaram-se funções típicas da sociedade colonial – curandeiros, herbalistas, sangradores – exercidas por pessoas humildes, mestiços descendentes de negros e índios. Na segunda metade do século XIX, principalmente a partir de 1870, o campo da medicina já se mostra fortalecido. Foi o período da constituição de uma imprensa médica, configurando-se a necessidade de um perfil específico de atuação que controlasse as epidemias, e fosse capaz de realizar o atendimento dos inúmeros doentes. E é através do “monarca esclarecido” que Charcot volta à nossa cena, já que D. Pedro II não só foi um dos pacientes mais ilustres do médico da Salpêtrière, como também um amigo chegado, hóspede habitual nas famosas “reuniões de terça-feira” na residência do Boulevard Saint-German. Em 1887, o imperador recorreu a Charcot como paciente com astenia física e psíquica, que hoje seria denominada “depressão”. A influência desse grupo no Brasil se dará especialmente na fundação da neurologia, através do trabalho de ANTÔNIO AUSTREGÉSILO. Em 1887, Érico Coelho apresenta três comunicações à Academia Imperial de Medicina, anunciando a aplicação da hipnoterapia na cura do beribéri. A hipnose, nos moldes de Berheim, foi aplicada por esses médicos no tratamento de distúrbios motores, fobias, crise aguda de beribéri, anorexia, enxaquecas e como anestesia em partos e intervenções cirúrgicas. Assim, não estava restrita às enfermidades nervosas, mas entendia uma íntima relação entre fenômenos somáticos e psíquicos. As práticas psicoterápicas francesas se revelam na emergente psiquiatria brasileira. A psicologia francesa permanecerá entre nós através da influência de Binet e do uso de testes, substituindo a psicologia experimental centrada em instrumentos de laboratórios.

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