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TRANSICIONAIS

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Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Centro de Ciências da Saúde
CCS296 Tópicos Especiais em Psicologia I – Seminários Introdutórios em Winnicott.
Discente: Cailze Caldas Silva
TRANSICIONAIS, FENÔMENOS.
O fenômeno transicional diz respeito a uma dimensão do viver que não depende nem da realidade interna, nem da realidade externa, mas diz do espaço em que ambas as realidades encontam-se (integração) e separam-se (diferenciação e personalização). Essa dimensão também é chamada de terceira área, área intermediária, espaço potencial, local de repouso e localização da experiência cultural. Os fenômenos transicionais existem desde o inicio do nascimento, em relação á díade mãe-bebê. 
	Quando dar inicio a divisão entre eu e não-eu, abandona-se o estágio de dependência relativa, fazendo uso do objeto transicional, que estão relacionados ao brincar e á criatividade. 
	Winnicott fala de uma sequência de acontecimentos, que tem inicio com o bebê recém-nascido levando o punho a boca, depois um brinquedo macio, ou então um brinquedo mais resistente. Apesar da excitação oral e da satisfação ser a base de tudo, é importante observar outras coisas nesses acontecimentos, como: a natureza do objeto; a capacidade do bebê de reconhecer o objeto como não-eu; a localização do objeto; a capacidade do bebê de criar, imaginar, inventar, dar origem, produzir um objeto; o inicio de um tipo afetuoso de relação de objeto. 
	Esse objeto externo adotado pela criança é a sua primeira posso, constitui-se no símbolo da passagem que o bebê faz da experiência de adaptação da mãe as suas necessidades durante o período de dependência absoluta, para a dependência relativa, passando a ver a mãe como não sendo parte dele mesmo. Retrata também a capacidade que o bebê possui de criar aquilo que necessita, por isso o objeto transicional se transforma na primeira posso, pois foi ele quem criou. 
	O objeto transicional pode ser não apenas um objeto real, mas uma palavra ou melodia, e se constitui como uma defesa contra a ansiedade. Winnicott também aponta que mães e pais compreendem a importância que esses objetos tem para o seus filhos, sempre levando junto com ele e deixando que o objeto permaneça com o cheiro, pois se lavar, introduzirá uma quebra de continuidade na experiência do bebê, destruindo o significado e o valor que o objeto tem para ele. Com isso, os pais parecem perceber que o objeto transicional é uma parte do bebê. 
	Outra característica dos objetos transicionais, é que não há uma diferenciação substancial entre meninos e meninas no uso que fazem desses objetos. 
	Outros aspectos fazem parte do que Winnicott chama de qualidades especiais da relação: o bebê adquiri direitos sobre o objeto; o objeto é afetuosamente afagado.
	O objeto transicional pode ser usado pelo bebê para relaciona-se com as duas mães e de reuni-las: mãe-objeto (a quem ama de uma forma excitada) e mãe-ambiente (a mãe dos momentos de tranquilidade). 
	Assim, o uso que o bebê faz do objeto transicional e a habilidade dos pais em aceitar esse brincar estão assentado sobre os alicerces da relação precoce mãe-bebê. 
	O objeto transicional é um símbolo de um aspecto da experiência de ambiente do bebê, no entanto, isso não significa a capacidade usar símbolos, mas aponta para a existência de um estagio de transição do desenvolvimento, que parte da relação de objeto chegando até o uso do objeto. O termo objeto transicional dá espaço ao processo de tornar-se capaz de aceitar as diferenças e as similaridades. 
	Inicialmente o bebê precisa acreditar ser o responsável pela criação do seio. Ele está faminto, chora e recebe pela mãe aquilo que necessita, fazendo-o acreditar que é ele o criador do seio. Esta é a ilusão necessária, a função da mãe durante o período de dependência relativa é desiludi-lo. A apresentação do objeto pela mãe que está no estado de preocupação materna primária conduz á ilusão de que o bebê criou aquilo de que necessita, o segundo assume a forma de objeto transicional. O bebê começa a perceber objetivamente, mas para isso, é necessário ter passado por suficientes experiências de ilusão. 
	Entre o despertar e o adormecer, a criança salta de um mundo que é percebido para um mundo autocriado. Numa posição intermediária, encontra-se a necessidade do objeto transicional. Entre o despertar e o adormecer, ilustra-se dois mundos: o interior, que faz parte do sono e do sonho, do inconsciente e da realidade subjetiva; e o exterior que faz parte do ambiente e de uma realidade compartilhada, percebida conscientemente como não-eu. O objeto transicional pode ser usado para interligar esses dois estágios, o que indica para a necessidade da criança ter um objeto transicional particularmente no momento de ir dormir. 
	Winnicott fala sobre a experiência cultural, onde dependendo da cultura em que nascemos, o prazer será obtido de diferentes maneiras: lendo, jogando futebol, dançando, entretanto, a cultura primária é a relação precoce mãe-bebê. 
	Em relação a amizade, Winnicott aponta que a afinidade egóica presente na relação mãe-bebê, onde o ser, a criatividade, a não-integração e as experiências culturais estão localizadas, é entendida como a base para a amizade. Ao brincar, é oferecido uma organização para o início das relações emocionais, possibilitando que os contatos sociais aconteçam. O brincar facilita o crescimento e consequentemente à saúde. É também uma forma de comunicação na psicoterapia, e está a serviço da comunicação com os outros. Assim como, quando o bebê se separa da mãe, ele preenche o espaço potencial com o brincar e a experiência cultural.

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