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SEMINARIO EM SERVIÇO SOCIAL SEMINÁRIOS EM SERVIÇO SOCIAL – MOVIMENTOS SOCIAIS Esta disciplina tem como objeto de estudo a categoria sociológica Movimentos Sociais. Este termo foi utilizado pela primeira vez em 1850 por Lorens Von Stein, em suas considerações sobre a emergência dos conflitos entre capitalistas e operários na Europa, durante a consolidação da sociedade industrial. Os movimento sociais podem ser entendidos como expressão das contradições existentes dentro da sociedade. São formas de pensar e agir coletivamente sobre a realidade em que se vive. Eles representam a possibilidade de intervenção crítica do sujeito na preservação ou mudança do status quo, conforme sua visão de mundo. Nesse sentido, faz-se importante ao profissional de Serviço Social a compreensão dessa importante ferramenta de ação coletiva sobre a realidade. A análise dessas manifestações contribui para o entendimento da relação entre o individuo, a sociedade e o Estado. Esses movimentos são considerados importantes objetos de estudo dentro das Ciências Sociais, como a Sociologia, a Ciência Política e a História. Para essas áreas do conhecimento, eles são formas legitimas de expressão da sociedade civil organizada, em defesa de seus interessas diante de uma situação desfavorável. Assim, o profissional de Serviço Social deve estar atento às dinâmicas de ação crítica da sociedade civil perante a estrutura social, bem como compreender o processo de desenvolvimento da relação entre individuo sociedade e Estado. Para isso, faz-se necessária uma breve reconstrução histórica e teórica da categoria Movimentos Sociais. Será importante o estudo de alguns dos principais movimentos históricos, bem como das mais relevantes teorias a esse respeito, tanto em uma abordagem clássica, como em uma nova sobre os movimentos sociais. Assim, acredita-se ser possível compreender de que forma essas manifestações coletivas contribuem para a construção e exercício de uma cidadania ativa. OBJETIVO DA AULA estabelecer a relação entre os movimentos operários europe 1. Identificar a categoria Movimentos Sociais como importante objeto de estudo da Sociologia; 2. Conhecer os aspectos fundamentais na construção do conceito sociológico de Movimento Social; 3. Compreender os Movimentos Sociais como forma legítima e democrática de ação crítica; 4. Distinguir as principais abordagens sociológicas sobre Movimentos Sociais. BEM VINDO À DISCIPLINA SEMINÁRIOS EM SERVIÇO SOCIAL – MOVIMENTOS SOCIAIS! Esta disciplina tem como o objetivo e estudo a categoria sociológica Movimentos Sociais. Este termo foi utilizado pela primeira vez em 1850 por Lorens Von Stein, em suas considerações sobre a emergência dos conflitos entre capitalistas e operários na Europa, durante a consolidação da sociedade industrial. Os movimentos sociais podem ser entendidos como expressão das contradições existentes dentro da sociedade. São formas de pensar e agir coletivamente sobre a realidade em que se vive. Eles representam a possibilidade de intervenção crítica do sujeito na preservação ou mudança do status quo, conforme sua visão de mundo. Nesse sentido, faz-se importante ao profissional de Serviço Social a compreensão dessa importante ferramenta de ação coletiva sobre a realidade. A análise dessas manifestações contribui para o entendimento da relação entre o individuo, a sociedade e o Estado. Esse movimentos são considerados importantes objetos de estudo dentro das Ciências Sociais, como a Sociologia, a Ciência Política e a História. Para essas áreas do conhecimento. Eles são formas legítimas de expressão da sociedade civil organizada, em defesa de seus interesses diante de uma situação desfavorável. Assim, o profissional de Serviço Social deve estar atento às dinâmicas de ação crítica da sociedade civil perante a estrutura social, bem como compreender o processo de desenvolvimento da relação entre individuo, sociedade e Estado. Para isso, faz-se necessária uma breve reconstrução histórica e teórica da categoria Movimentos Sociais. Será importante o estudo de alguns dos principais movimentos históricos, bem como das mais relevantes teorias a esse respeito, tanto em uma abordagem clássica, como em uma nova sobre os movimentos sociais. Assim, acredita-se ser possível compreender de que forma essa manifestações coletivas para a construção e exercício de uma cidadania ativa. AULA 1: O QUE SÃO MOVIMENTOS SOCIAIS? 1. Compreender os movimentos sociais e as formas de agir da sociedade civil; 2. analisar as contradições sociopolíticas, econômicas e culturais; 3. entender o homem em seu processo histórico; 4. identificar aspectos teóricos da categoria Movimentos Sociais. AULA 2: MOVIMENTOS SOCIAIS CLÁSSICOS – UMA BREVE RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA 1. Conhecer a origem do termo movimento social; 2. analisar a emergência dos conflitos entre capitalistas e operários; 3. entender a consolidação da sociedade industrial; 4. compreender a abordagem histórico-estrutural; 5. saber o que foram o Movimento Operário e a ação coletiva de classe. AULA 3: OS MOVIMENTOS SOCIAIS COMO MOTOR DA HISTÓRIA: A CONTRIBUIÇÃO DE KARL MARX 1. Compreender os movimentos sociais e o Marxismo; 2. definir e entender a luta de classes, os conceitos marxistas relacionados aos movimentos sociais; o materialismo dialético e histórico, ideologia, alienação, práxis e a transformação social. AULA 4: MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL (SÉCULO XVI AO XIX): DA COLÔNIA À REPÚBLICA VELHA. 1. Entender O impacto das idéias liberais democráticas, abolicionistas e republicanas no Brasil Império e República; 2. conhecer os primeiros movimentos sociais nacionais; 3. definir os conceitos de ideologia e imaginário coletivo; 4. saber o que é a Desconstrução do Mito de Passividade. AULA 5: REVOLTAS, MESSIANISMOS E BANDITISMO SOCIAL NO BRASIL 1. Conhecer os movimentos populares do início do século XX no Brasil; 2. analisar as contradições da República Velha; 3. saber o que foi o coronelismo, o messianismo e o banditismo social no campo. AULA 6: PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES: O RURAL E O URBANO EM MOVIMENTO. 1. Compreender a transição da Monarquia para República; 2. entender a concentração de terras e a exploração dos trabalhadores rurais; 3. conhecer informações sobre a Liga Camponesa e as lutas no campo, o Movimento dos Sem Terra, o Movimento Operário e a repressão do Estado, a influência anarquista e comunista no Brasil e a ditadura militar em 1964. AULA 7: A CONSTITUIÇÃO CIDADÃ E OS MOVIMENTOS SOCIAIS: DA ORDEM ECONÔMICA, POLÍTICA E SOCIAL 1. Conhecer a Constituição da República de 1988; 2. entender a reconstrução da cidadania; os fundamentos jurídicos dos movimentos sociais contemporâneos; a Função Social da Propriedade, os Projetos de Lei por Iniciativa Popular e a Seguridade Social. AULA 8: OS NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS: POR UMA NOVA CIDADANIA 1. Compreender os novos movimentos sociais; 2. sintetizar informações sobre a diversidade de grupos e demandas coletivas; 3. entender as lutas de classes e a tomada do poder. 4. Saber os conceitos dos seguintes termos ou expressões e relacioná-los: abordagem culturalista; visão de mundo versus ideologia marxista; direitos e interesses difusos de cidadania; solidariedade transgeracional; movimentos sociais e a globalização. AULA 9: OS NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL 1. Reconhecer novos movimentos sociais no Brasil; 2. definir os diversos segmentos da sociedade civil; 3. entender e conhecer o resgate histórico e os movimentos feminista, negro e indígena. AULA 10: A SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA: O TERCEIRO SETOR EM CENA 1. Compreender dados e informações sobre a construção da cidadania moderna; 2. entendera insuficiência do Estado diante das novas demandas sociais e o mercado; 3. conhecer as organizações civis de promoção e defesa de direitos; 4. identificar quando o Terceiro Setor entra em cena; 5. definir criticamente democracia social. BIBLIOGRAFIA 1. Tempos de Sociologia. São Paulo: Editora do Brasil; FGV, 2010. 2. COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Editora Moderna, 2010. 3. COSTA, Luís César Amad; MELLO, Leonel Itaussu A. História do Brasil. São Paulo: Editora Scipione,1993. 4. COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia. História e grandes temas. São Paulo: Editora Saraiva, 2001. 5. DIMENSTEIN, Gilberto. Dez Lições de sociologia. São Paulo: FTD editora, 2008. 6. ______. Aprendiz do futuro: cidadania hoje e amanhã. São Paulo: Editora Ática, 2006. 7. FERREIRA, João Paulo Mesquita Hidalgo; FERNANDES, Luís Estevam de Oliveira. Nova história integrada. Campinas: Companhia da Escola, 2005. 8. FIGUEIRA, Divalte Garcia. História. São Paulo: Editora Ática, 2005. 9. GOHN, Maria. Novas teorias dos movimentos sociais. 4. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2012. 10. HOBSBAWN, Eric J. Era dos extremos: o breve século XX. 10. ed. São Paulo: Cia das Letras, 2008. 11. IANNI, Otávio; CARDOSO, Fernando Henrique. Homem e sociedade. Leituras Básicas de Sociologia. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1976. 12. MAYO, Henry B. Introdução à teoria marxista. São Paulo. Editora Livraria Freitas Bastos, 1966. 13. NEGRÃO, Lísias Nogueira. Sobre os messianismos e milenarismos brasileiros. Revista USP. São Paulo. n. 82. 2009. 14. PAZZINATO, Alceu Luiz; SENISE, Maria Helena. História moderna e contemporânea. São Paulo: Editora Ática, 1993. 15. PEREIRA DE QUEIROZ, Maria Isaura Pereira. Messianismo no Brasil e no mundo. São Paulo, Dominus/EDUSP, 1965. 16. SADER, Eder. Quando novos personagens entram em cena: experiências e lutas dos trabalhadores da grande São Paulo 1970-1980. 4. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001. 17. SCHAEFER, Richard T. Sociologia. São PauloMcGraw-Hill editora, 2006. 18. TOMAZI, Nelson Dácio. Iniciação à sociologia. São Paulo: Atual editora, 1997. A DISCIPLINA Seminário em Serviço Social- Movimentos Sociais visa identificar a categoria Movimentos Sociais como importante objeto de estudo da Sociologia, na medida em que traduz as tensões sociais existentes; compreender os aspectos históricos e teóricos fundamentais na construção da categoria Movimento Social, tanto para a abordagem Histórico-estruturalista quanto para a culturalista; compreender o surgimento dos movimentos sociais clássicos a partir da abordagem histórico-estruturalista e sua relação com os movimentos operários; compreender o surgimento dos novos movimentos sociais a partir da abordagem culturalista e sua relação com as novas demandas sociais; perceber os movimentos sociais como forma legítima de ação crítica da sociedade civil organizada na construção e reconstrução do seu espaço social; entender os movimentos sociais como formas de construção e exercício de uma cidadania ativa. AULA 1 - MOVIMENTO SOCIAL: O PENSAR E O AGIR SOBRE O MUNDO Podemos afirmar que uma das principais diferenças entre o homem e os outros animais é sua capacidade de pensar e agir sobre o mundo em que vive. Desta forma, a sociedade é essencialmente resultado da vontade humana. O homem, em suas relações sociais, constrói e reconstrói a sua sociedade. Essa complexa rede de interações sociais não está livre das relações de poder e opressão. Isso quer dizer que a vida em sociedade é marcada por contradições internas, em que determinadas ideias ou interesses são sufocados por outros. Neste sentido surgem os conflitos sociais, que podem se desdobrar em movimentos de contestação ou preservação do status quo. Os movimentos sociais não são novidades no processo histórico. Na idade antiga, os escravos se rebelavam contra os seus senhores. Na baixa idade média, podemos relembrar os levantes dos servos contra os senhores feudais. Na sociedade moderna, podemos citar os movimentos operários contra as péssimas condições de trabalho e vida implementadas pelo modelo capitalista. Atualmente, merecem destaques os chamados Novos Movimentos Sociais, que transcendem a ideia da divisão da sociedade em classes, como exemplos: os movimentos ambientais e os pacifistas. FILME CORAÇÃO VALENTE No século XIII, soldados ingleses matam a mulher do escocês William Wallace (Mel Gibson) bem na sua noite de núpcias. Para vingar a amada, ele resolve liderar seu povo em uma luta contra o cruel Rei inglês Edward I (Patrick McGoohan). Com a ajuda de Robert e Bruce, ele vai deflagrar uma violenta batalha com o objetivo de libertar a Escócia de uma vez por todas. MASSA E MULTIDÃO VERSUS MOVIMENTOS SOCIAIS Sabemos que os movimentos sociais são formas de ação coletiva diante da realidade social desfavorável. Entretanto, nem todas as manifestações coletivas são movimentos sociais. Vamos compreender melhor a ação humana no mundo. Ação Humana no Mundo Social: De modo geral, agimos, pensamos e sentimos coisas conforme a sociedade à qual pertencemos e que nos formou como ser social. Desde a infância aprendemos normas de conduta que são transmitidas pelo processo de socialização. Muitas dessas regras e valores são interiorizadas por nós e tidas como espontâneas ou naturais, como a língua, o patriotismo, a religião e o trabalho. Assim, apresentamos em sociedade comportamentos sociais padronizados, que podem conduzir para o engajamento em determinadas manifestações coletivas. Isso irá depender do grau de afinidade ou vínculo social preestabelecido. Excepcionalmente, a vida social apresenta algumas situações que fogem do nosso comportamento social típico. Nesses casos, somos tomados por emoções coletivas abruptas que subtraem nossa capacidade de racionalização individual ou de classe no momento em que agimos. Quando isso ocorre, chamamos de comportamento coletivo. São os casos em que nos encontramos em uma situação de massa e em uma situação de multidão. Conheça a seguir um pouco mais sobre as duas situações. SITUAÇÃO DE MASSA Refere-se à influência exercida pelos meios de comunicação de massa sobre comportamento dos indivíduos, como no caso da televisão, dos jornais e revistas. Normalmente associada à sociedade de consumo e à cultura de massa, os indivíduos apresentam um comportamento passivo e acrítico. Em uma situação de massa, os indivíduos agem orientados pela força midiática, que subtrai ou diminui a capacidade de racionalidade individual crítica. Podemos dizer que enquanto a massa sofre uma determinação externa, o movimento social se autodetermina. TRECHO DA MÚSICA 3ª DO PLURAL, DOS ENGENHEIROS DO HAWAII (...) Corrida pra vender os carros Pneu, cerveja e gasolina Cabeça pra usar boné E professar a fé de quem patrocina Eles querem te vender, Eles querem te comprar, Querem te matar (de rir), Querem te fazer chorar Quem são eles? Quem eles pensam que são? (...) A música 3ª do Plural, da banda Engenheiros do Hawaii, faz uma abordagem crítica à sociedade de massa, na qual comportamentos coletivos são criados para a cultura do consumo no modelo capitalista. SITUAÇÃO DE MULTIDÃO Está relacionada a um aglomerado desorganizado de indivíduos, que estão fisicamente próximos, por um breve período de tempo. Nessa situação, o estado emocional de um influencia o do outro, levando à determinada conduta que não fariam se estivessem sozinhos. Outra característica típica da multidão é o anonimato. O indivíduo perde sua identidade pessoal ou social, sendo absorvido pela multidão. Ao contrário dos movimentos sociais que são organizadose críticos em sua intervenção sobre a realidade, a multidão é desorganizada e acrítica. OBSERVE A IMAGEM E O TEXTO SEGUINTE. TRATA-SE DE UM EXEMPLO TÍPICO DE MOVIMENTO SOCIAL. Imagem diz RJ: aumento de tarifa de barcas é adiado, mas protesto é mantido. CARACTERÍSTICAS E ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE OS MOVIMENTOS SOCIAIS Todas essas pessoas estavam reunidas e ORGANIZADAS em prol do mesmo PROJETO: impedir o aumento da tarifa cobrada para travessia de barcas. Elas se reconheciam entre si como possuindo a mesma IDENTIDADE SOCIAL, porque estavam defendendo o mesmo interesse. Por sua vez, existe claro um CONFLITO entre os interesses dos empresários das barcas e os passageiros. Isso se dá pela forma diferente como pensam a realidade. É o que sociologicamente podemos chamar de IDEOLOGIA ou VISÃO DE MUNDO. Em meio a esse confronto, o Estado aparece tentando controlar o movimento social. A PARTIR DO TRECHO ACIMA, PODEMOS DESTACAR AS SEGUINTES CARACTERÍSTICAS TEÓRICAS QUE SÃO TÍPICAS DE TODO MOVIMENTO SOCIAL: Organização / Projeto / Identidade social comum / Ideologia ou visão de mundo Independente do tipo de abordagem preferida, podemos dizer que todo movimento social atua em prol da realização de algum projeto. Isso não significa que sempre consiga realizá-lo. Esse objetivo projetado pode ser de base Histórico-estrutural, como expressão da luta de classes na relação com o poder político do Estado. Ou ainda, numa visão mais culturalista, expressar necessidades de existência social que vão além da esfera de política estatal. Também podemos afirmar que para se caracterizar um movimento social é necessário algum grau de organização, pois ele surge a partir da conscientização de um fato adverso, que precisa ser superado. Por isso, é importante estabelecer estratégias para realização do projeto em questão. Outra característica dos movimentos sociais é a caracterização de uma identidade comum entre os participantes, que se reconhecem como compartilhando a mesma situação de opressão. Esta pode ser estrutural, quando está relacionada à forma como a sociedade está organizada. Pode ser conjuntural, quando se refere a uma situação problemática momentânea. Por fim, podemos observar a presença de alguma ideologia ou visão de mundo como norteadora do movimento social. Os participantes do movimento compartilham um conjunto de valores e crenças sociais que os motivam a agir. É o èlan propulsor da ação coletiva de classe ou dos indivíduos. Em uma abordagem marxista, a ideologia pode significar uma falsa percepção da realidade ou o conjunto de ideias de uma classe, seja ela revolucionária ou conservadora. Isso irá depender do grau de consciência da classe em tese. Para evitar essa dicotomia conceitual sobre ideologia, preferimos o conceito de visão de mundo, que contempla as diversas formas de pensar e interpretar o mundo em que se vive. Esse conceito é mais amplo do que o de ideologia, pois supera o sentido estritamente político e econômico de classe. Também é importante observar que os indivíduos podem possuir diversas visões de mundo, e por isso podem participar de diversos movimentos sociais. TIPOS DE MOVIMENTOS SOCIAIS E OS SEUS OBJETIVOS De modo geral, os movimentos sociais podem tanto buscar a transformação como a preservação das condições de opressão. Vejamos um pouco melhor como tipificar os movimentos sociais quanto aos seus objetivos: MOVIMENTO SOCIAL CONSERVADOR: é o movimento que busca preservar ou restaurar o status quo de opressão, que significa a forma como a sociedade está organizada. Isso porque os seus integrantes são por ele favorecidos. Assim, a desigualdade de classes, a subordinação da mulher ao homem ou a discriminação social e racial devem ser preservados ou reestabelecidos. Um exemplo desse tipo de movimento foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em que setores conservadores brasileiros ligados ao clero, à família e à política se organizaram contra o presidente João Goulart. O motivo seria a aproximação do presidente com a política e ideologia comunista, explicitada pelo programa de governo de Reformas de Base. Foram várias manifestações em todo o país com mais de um milhão de pessoas participando. Esses movimentos encontram suas bases nas tradições e valores patrimonialistas, sexistas e racistas. Normalmente são chamados de reacionários quando buscam realizar seus objetivos de modo radical. MOVIMENTO SOCIAL REFORMISTA: constitui o movimento que busca alteração de algum aspecto opressor em sociedade sem atacar diretamente a estrutura social. O projeto é pontual e não radical. Acredita-se que mudanças gradativas na legislação e administração pública são suficientes para superar a situação de opressão em debate. Um bom exemplo são os abaixo-assinados que visam pressionar alguma decisão das autoridades públicas. MOVIMENTO SOCIAL REVOLUCIONÁRIO: constitui o movimento que busca a construção de uma nova sociedade, por isso ataca diretamente os fundamentos preestabelecidos da estrutura social. O projeto é radical e exige o fim do status quo de opressão. Podemos lembrar aqui a Revolução Russa de 1917, em que integrantes do proletariado russo tomam o poder destruindo o regime czarista, considerado opressor. Os revolucionários atacam radicalmente a estrutura social e instauram o socialismo, considerado por eles como emancipador. CONCLUSÃO De modo geral, considerando as diversas perspectivas teóricas, podemos definir o conceito de movimento social como sendo a ação coletiva consciente e organizada sobre a realidade em conflito, com o objetivo de influenciá-la, a partir de uma determinada visão de mundo e de identidade sociocultural comum. NESTA AULA, VOCÊ: Constatou que os movimentos sociais não são novidades no processo histórico; compreendeu que os movimentos sociais são formas de ação coletiva diante da realidade social desfavorável; verificou que nem todas as manifestações coletivas são movimentos sociais, como a massa e a multidão; aprendeu que os movimentos sociais tem como características a organização, o projeto, a identidade social comum e a ideologia ou visão de mundo; identificou as abordagens teóricas histórico-estrutural, neopositivista e culturalista sobre os movimentos sociais; compreendeu que os movimentos sociais podem ser conservadores, reformistas ou revolucionários. AULA 2 - MOVIMENTOS SOCIAIS CLÁSSICOS – UMA BREVE RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA Nesta aula, estudaremos a caracterização dos movimentos sociais a partir da abordagem histórica-estruturalista, em que os movimentos operários europeus merecem destaque. De acordo com essa abordagem, esses movimentos apresentam-se como contestadores do modelo social vigente e propõem a construção de uma nova sociedade, justa e igualitária. Essa postura crítica irá influenciar outros movimentos sociais ao longo do processo histórico. Vamos ver?! A CONSTRUÇÃO DA CATEGORIA TEÓRICA MOVIMENTO SOCIAL Vimos, na aula passada, que os movimentos sociais podem ser entendidos como expressão das contradições existentes dentro da sociedade. São formas de pensar e agir coletivamente sobre a realidade em que se vive. Eles representam a possibilidade de intervenção crítica do sujeito na preservação ou mudança do status quo, conforme sua visão de mundo. A análise dessas manifestações coletivas contribui para o entendimento e a reflexão sobre a relação entre o indivíduo, a sociedade e o Estado. Esses movimentos são considerados importantes no estudo das Ciências Sociais, como a Sociologia, a Ciência Política e a História. Para essas áreas do conhecimento, eles são formas legítimas de expressão da sociedade civilorganizada, em defesa de seus interesses diante de uma situação desfavorável. Seja em uma abordagem histórico-estruturalista ou em uma culturalista, ou ainda em uma com a denominação de movimento social clássico ou novo, o fato é que essa categoria teórica caracteriza todo o processo histórico da humanidade, desde a idade antiga até os dias de hoje. Mas foi na emergência da sociedade industrial capitalista que tais movimentos ganham destaque e passam a receber um olhar científico próprio. MOVIMENTOS SOCIAIS Em 1850, o estudioso Lorenz von Stein utiliza pela primeira vez o termo ‘movimentos sociais’ para designar a efervescência dos conflitos de interesses entre os operários e os industriais europeus no período. Esses movimentos lutavam contra a intensa exploração presente na relação capital-trabalho. Diversos eventos contextualizam a construção dessa categoria sociológica. Vamos conhecer melhor! A ORIGEM DOS MOVIMENTOS SOCIAIS EUROPEUS DO SÉCULO XIX Vamos compreender melhor de que forma os movimentos sociais europeus no século XIX se constituem como símbolos da luta de classes histórico-estruturalistas. * Os Três dias gloriosos, de 1830 * A Primavera dos povos, de 1848 Dois acontecimentos em especial marcam a França de 1815: a derrota de Napoleão Bonaparte, em sua guerra de conquista da Europa, e o consequente Congresso de Viena. Este último restaurou a monarquia e impôs uma série de subordinações aos franceses, como a perda de parte do território e a obrigação de indenizar as forças aliadas. Evidentemente, o cenário político, econômico e social francês não era dos melhores. A relação entre o povo e o governo francês entrou em colapso com a reaproximação entre o Estado e a Igreja Católica, devolvendo a esta o controle sobre a educação. Soma-se a isso o autoritarismo do Rei Carlos X, o aumento dos impostos e o fim da liberdade de imprensa em 1830. Diante desse quadro terrível, o povo se rebela contra o Rei e toma as ruas de Paris nos dias 27, 28 e 29 de julho daquele ano. São os Três dias gloriosos. Apesar da fuga do monarca, o movimento republicano não obteve êxito na transformação da estrutura política, devido às forças conservadoras ligadas à burguesia. De todo modo, a revolta de 1830 serviu de inspiração para vários outros movimentos liberais na Holanda, Itália, Portugal, Espanha e Polônia. Em 1848, a França vive novamente uma forte crise econômica, em que republicanos e socialistas fazem oposição ao Governo de Luís Felipe. Em uma dessas manifestações, 16 mil pessoas são mortas e 4 mil exiladas. A França volta a ser berço de revoluções, semeando pela Europa o espírito revolucionário. O nacionalismo aparece como uma das principais bandeiras de luta dos movimentos sociais daquele período. Podemos citar, como exemplo, a luta do povo polonês contra a dominação russa, austríaca e prussiana e a luta dos irlandeses contra os ingleses. Essa época de ebulições sociais e políticas ficou conhecida como a Primavera dos povos. AROMAS DA PRIMAVERA Três bandeiras ideológicas se destacam dentre aquelas defendidas pelos movimentos sociais do período. São elas: * Liberalismo: defendia o constitucionalismo político e era contrário aos regimes monárquicos absolutistas. * Nacionalismo: afirmava a soberania do Estado e fundamentava-se na identidade nacional. * Socialismo: preocupava-se com a questão social e a superação dos problemas oriundos do capitalismo. Essas três correntes não se apresentaram de forma uniforme ou pura em toda a Europa. Ao contrário, elas se mesclavam e assumiam diversas expressões em cada país. A INGLATERRA DO SÉCULO XIX O LUDISMO Após a Revolução Industrial, a Inglaterra do século XIX apresentava um capitalismo consolidado e péssimas condições de existência para o povo: fome no campo, êxodo rural, cidades superpopulosas, elevadas jornadas de trabalho (16-18 horas/dia), desemprego pelo uso de máquinas e diversas epidemias de tifo e tuberculose. As primeiras manifestações operárias são quase instintivas e se direcionam contra as máquinas que vinham substituindo o trabalho humano e gerando desemprego. Em 1758 começam os “quebra- -quebras” nas fábricas inglesas. Esse movimento ficou conhecido como Ludismo, em alusão a Ned Ludd, operário que teria quebrado as máquinas de seu patrão como forma de revolta. A reação do governo inglês foi dura e em 1768 foi instituída a pena de morte para quem destruísse maquinários fabris. O ludismo teve seu clímax em 1811 quando operários invadiram e destruíram a oficina William Cartwright. Treze pessoas foram condenadas à morte e o ludismo perdeu força sem obter conquistas significativas. O CARTISMO Em 1836, é criada em Londres a Associação dos Operários, que anuncia o programa Carta do Povo, na defesa do direito do voto como instrumento de conquista dos direitos trabalhistas: salários dignos, diminuição da jornada de trabalho e melhores condições de vida. Esse movimento ficou conhecido como Cartismo, que obteve a redução da jornada de trabalho para 10 horas para crianças e mulheres em 1847. Entretanto, a partir de 1848, a forte repressão do governo levou ao fim esse movimento operário. **O Sindicalismo e o Movimento Operário O filósofo francês George Sorel foi o grande ideólogo da organização de sindicatos como instrumentos de luta da classe operária na França, Espanha e Itália. Para Sorel, somente um movimento operário racionalmente organizado em sindicatos seria capaz de defender os interesses de classe perante o governo e os capitalistas, em que a greve constituía um instrumento legítimo de luta. “(...) Esses movimentos deram origem a formas de organização coletiva denominadas Sindicatos. Na Inglaterra, os sindicatos (trade unions) foram declarados ilegais em 1824. Na França, a liberdade sindical só seria conquistada em 1884.” (FIGUEIRA, Divalte Garcia. História. Editora Ática, 2005. Volume único. p. 242.)** INSPIRAÇÃO SOCIALISTA Percebemos que, ao longo de seu desenvolvimento histórico, os movimentos operários foram ganhando sofisticação em suas formas de luta. Isso se explica pela forte influência das teorias socialistas sobre eles. De modo geral, o Socialismo se constituiu como uma doutrina política e ideológica contra as desigualdades sociais. Para os socialistas, o sistema capitalista preserva a estrutura histórica de dominação de classes, cria novas formas de exploração e agrava as já existentes. Os movimentos socialistas do período podem ser classificados em: reformistas, revolucionários, utópicos e científicos. Além destes, podemos destacar o anarquismo, o anarco-sindicalismo e o catolicismo social como filosofias importantes para o desenvolvimento dos movimentos sociais clássicos. REFORMA OU REVOLUÇÃO Vejamos as principais teorias que floresceram naquela época e como contribuíram para o desenvolvimento dos movimentos sociais. Em 1848, o movimento operário francês sofreu forte influência das ideias socialistas. De um lado, o Socialismo Reformista de Louis Blanc. Do outro, o Socialismo Revolucionário de Auguste Blanqui. *O Socialismo Reformista defendia a transformação social gradativa e pregava a reforma da sociedade capitalista, por meio das eleições e do processo legislativo, até a implementação total do modelo socialista. *Já o Socialismo Revolucionário proclamava a libertação imediata da classe operária da exploração burguesa, por meio da revolução armada como forma de transformar radicalmente a estrutura social. UTOPIA VERSUS CIÊNCIA Entre os anos de 1820 e 1840, podemos observar o desenvolvimento do Socialismo Utópico na Europa. Seus principais representantes foram Charles Fourier e Claude Saint-Simon, na França, e Robert Owen, na Inglaterra.Os socialistas utópicos criticavam a exploração capitalista e propunham o fim da propriedade privada, mas não indicavam uma forma concreta para os trabalhadores conseguirem acabar com a estrutura de dominação. Por sua vez, em 1848, na Alemanha, Karl Marx e Friedrich Engels proclamaram o Manifesto do Partido Comunista e criaram a Liga dos Comunistas. Estava instaurado o chamado Socialismo Científico. Essa concepção consistia em uma crítica radical ao capitalismo e pregava a revolução social do proletariado (classe operária) para tomada do poder. Seria instaurado um Estado Socialista com objetivo de por fim à propriedade privada dos meios de produção e redistribuir a riqueza socialmente produzida. Então, uma vez transformada a estrutura social, estariam criadas as condições ideais para uma sociedade sem Estado e sem classes, denominada de Comunismo. OUTRAS CONTRIBUIÇÕES FILOSÓFICAS Por sua vez, o anarquismo propunha o fim imediato do Estado e da propriedade privada. Segundo eles, todas as formas de governo são perversas, por isso defendiam uma sociedade organizada na participação política direta dos cidadãos. Sua ideologia libertária foi difundida primeiramente pelo francês Joseph Proudhon e, em seguida, pelos russos Mikhail Bakunim e Peter Kropotkin. Tanto os marxistas como os anarquistas criticavam a propriedade privada e a dominação de classes. Entretanto, para os marxistas era preciso destruir as bases históricas da dominação de classe. Assim, o Estado socialista seria uma etapa necessária de transição para o comunismo. Já os anarquistas, conhecidos como libertários e influenciados pelo socialismo utópico, eram contra qualquer forma de governo. Por isso, defendiam a instauração imediata de uma sociedade sem estado e sem classes. Uma variante do movimento anarquista foi o anarco-sindicalismo, que defendia a união entre as ideias libertárias e a ação sindical. Esse movimento teve bastante força na Espanha do século XIX e no Brasil do século XX. Por fim, não podemos esquecer o catolicismo social ou socialismo cristão, que surge no final do século XIX, dentro da Igreja Católica. Diante das péssimas condições de vida da classe operária, o Papa Leão XIII edita a Encíclica Rerum Novarum, na qual pregava a humanização da sociedade. Entre outros aspectos estava a regulamentação do trabalho feminino e infantil, a diminuição da jornada de trabalho e melhorias nas condições de vida. Esse movimento tinha caráter mais reformista e negava o socialismo revolucionário de Karl Marx. Os movimentos operários europeus do século XIX marcaram a construção da categoria teórica denominada movimento social. De acordo com a abordagem histórico--estruturalista, os movimentos sociais são considerados contestadores da estrutura social historicamente opressora. Eles propõem a construção de uma nova sociedade, justa e igualitária. O socialismo e o anarquismo foram fundamentos teóricos importantes na crítica desses movimentos ao capitalismo. Nesta aula, você: Percebeu a relação entre o surgimento dos movimentos operários europeus e a construção da categoria teórica denominada movimento social; compreendeu como diversas situações de opressão conduziram o povo europeu à ação coletiva na defesa dos seus direitos; aprendeu sobre o desenvolvimento do espírito crítico necessário a eclosão de manifestações coletivas transformadoras da realidade social; compreendeu a importância das teorias socialistas e anarquistas na sofisticação e conscientização dos movimentos operários em sua luta. AULA 3 - OS MOVIMENTOS SOCIAIS COMO MOTOR DA HISTÓRIA: A CONTRIBUIÇÃO DE KARL MARX Nesta aula, vamos conhecer um pouco da contribuição de Karl Marx para a construção da crítica social moderna e para o desenvolvimento de movimentos sociais no século XX. Sua teoria está de acordo com a abordagem histórica-estruturalista, que considera a realidade social a partir de suas contradições, como a desigualdade e dominação de classes. Assim, a luta de classes é motor da história, pois representa o mecanismo de crítica e transformação da estrutura social. Para Marx, o capitalismo não inventa a exploração de classes, mas a preserva, ao mesmo tempo em que a agrava. Diferentemente do socialismo utópico, o socialismo científico de Marx prega a transformação imediata da realidade opressora. Vamos conhecer melhor a contribuição desse pensador!? ..na última aula, como o contexto sociopolítico na Europa do século XIX criou as condições propícias para que a sociedade civil se organizasse em ações críticas de transformação da estrutura social opressora. Assim, os movimentos operários daquela época, inspirados pelas ideias socialistas e anarquistas, que floresciam no período, ilustram muito bem a concepção histórico-estruturalista dos movimentos sociais. Com relação à influência do socialismo, a teoria marxista se destaca com forte contribuição aos movimentos sociais do final do século XIX, todo o século XX e até os dias de hoje. A CONTRIBUIÇÃO DE KARL MARX Segundo Karl Marx, “A luta de classes é o motor da história”. Essa afirmativa deixa claro que a teoria marxista é a principal fundamentação teórica da abordagem histórica-estruturalista. Desta forma, os movimentos sociais expressam a luta de classes de modo consciente e organizado, dentro de um processo histórico no qual a estrutura social serve para assegurar a dominação de classes. ALGUNS CONCEITOS MARXISTAS SÃO IMPORTANTES PARA A COMPREENSÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS, SEGUNDO A ABORDAGEM HISTÓRICA-ESTRUTURALISTA. Para Marx, a “História da humanidade é a história da luta de classes”. Isso quer dizer que em todos os tempos históricos, as sociedades humanas se caracterizaram pela divisão e dominação de classes. Como exemplos, a escravidão antiga, a servidão medieval e assalariado moderno. Para este pensador, a sociedade está dividida em duas classes distintas e antagônicas. A distinção entre as classes se dá pelo no fato da classe dominante ter a propriedade privada dos meios de produção, enquanto a classe dominada por ser desprovida destes meios, se vê obrigada a submeter a sua força-trabalho em troca da sobrevivência material. Assim, a desigualdade e a dominação de classes são asseguradas pela própria organização histórica da estrutura socioeconômica vigente. O antagonismo é explicado pela contradição de interesses que cada classe possui. A dominante está interessada em preservar as condições de sua dominação, ou seja, a manutenção do status quo de desigualdade. Ela busca manter a forma como a estrutura social está organizada, com a propriedade privada dos meios de produção e a divisão de classes. Por sua vez, a classe dominada luta pela revolução da estrutura social para um status quo de igualdade. Isto se daria pelo estabelecimento da propriedade pública ou coletiva dos meios produtivos, ou seja, a implementação do socialismo ou do comunismo, respectivamente. Essa contradição social gera o conflito, chamado por Marx de luta de classes, que faz com que a história se mova e as transformações sociais ocorram. Isso pode acontecer tanto de forma inconsciente, devido à contradição inerente a estrutura social, como pode acontecer de forma consciente e organizada, como no caso dos movimentos sociais clássicos. Assim, segundo uma leitura marxista (histórico-estruturalista), os movimentos sociais clássicos cumprem um papel revolucionário, pois têm como objetivo a destruição da estrutura social de divisão de classes e propriedade privada dos meios de produção. Em seu lugar, propõem a construção de uma nova sociedade, justa e igualitária. Como exemplos, podemos citar os movimentos operários contra a exploração capitalista e a Revolução Russa de 1917. MATERIALISMO DIALÉTICO Quando Marx afirma que “A luta declasses é o motor da História”, ele está fazendo uma referência ao seu conceito materialista dialético. Segundo esse conceito, o processo histórico decorre de uma relação entre forças opostas que conduzem a mudança social. Assim, a dialética é justamente a dinâmica de confronto entre essas forças antagônicas, que fazem com que a estrutura social mude de uma forma de organização para outra. ESSE PROCESSO DIALÉTICO É ILUSTRADO PELA EQUAÇÃO TESE - ANTÍTESE - SÍNTESE. *TESE: constitui a força dominante em um dado contexto histórico, determinada pela estrutura social vigente. *ANTÍTESE: constitui a força contrária ao status quo estabelecido e fundamentado pela estrutura social. *SÍNTESE: constitui uma nova forma estrutural da sociedade, que surge do confronto entre a tese e a antítese. ((dialética é uma forma de debate onde as ideias são submetidas à discussão e contraposição)) TESE X ANTÍTESE = SÍNTESE Ocorre que uma vez estabelecida, a Síntese se constitui como nova Tese. Caso possua uma contradição interna, surgirá sua Antítese. Assim, novamente o conflito dialético se instaura, sendo necessária uma nova Síntese. E assim, de forma sucessiva, a história movimenta-se dialeticamente. SÍNTESE = NOVA TESE X NOVA ANTÍTESE = NOVA SÍNTESE... Assim, os movimentos sociais podem ser compreendidos como expressão do processo dialético, pois traduzem a luta de classes como motor da história. É nesse sentido que Marx afirma o papel revolucionário dos movimentos operários na transformação da estrutura social, em que o comunismo acabaria com a contradição na estrutura social. MATERIALISMO HISTÓRICO Trata-se do método marxista de explicação da realidade social, em que dois fatores são importantes: as forças produtivas e as relações de produção. As FORÇAS PRODUTIVAS constituem as condições materiais de toda produção. Elas são a capacidade de produzir relacionada às técnicas, instrumentos, matérias-primas e trabalho humano. As RELAÇÕES DE PRODUÇÃO constituem as formas pelas quais os homens se organizam para executar a atividade produtiva. Elas são o modo como as forças produtivas estão organizadas e como o resultado final é distribuído ou concentrado. Como exemplos, podemos citar o cooperativismo, o escravismo, o feudalismo e o capitalismo. Sobre o materialismo histórico ainda é importante destacar a relação entre infraestrutura e superestrutura como determinantes do status quo. A INFRAESTRUTURA OU ESTRUTURA corresponde à base material da sociedade, ou seja, ao sistema econômico. Segundo Marx, a classe dominante controla o sistema econômico, por isso a estrutura econômica é aquela que atende aos interesses da classe dominante. A SUPERESTRUTURA corresponde a toda dimensão imaterial da sociedade, como os sistemas político, jurídico e ideológico. Para Marx, a Superestrutura imaterial é apenas reflexo da estrutura material. Podemos entender que existe uma determinação da Estrutura sobre a Superestrutura. Assim, se o sistema econômico é capitalista e atende aos interesses da burguesia, logo o sistema político, jurídico e ideológico também são. Isso quer dizer que as relações de produção capitalistas fundamentam a dominação de classes, ao mesmo tempo em que as relações políticas, jurídicas e ideológicas asseguram essa dominação, por meio de um Estado, um Direito e um conjunto de ideais burguesas que dominam a sociedade. PRÁXIS Outro conceito marxista importante para a compreensão da categoria movimento social é o de práxis. Segundo Marx, uma diferença essencial do homem para os outros animais é a capacidade teleológica, ou seja, a capacidade humana em idealizar algo e realizá-lo por meio de sua ação. Assim, a práxis consiste na expressão dessa capacidade de pensar, projetar e agir sobre si e o mundo em que vive. A partir do processo de conhecimento, o homem age criticamente na criação e transformação de si e do mundo. (...) práxis, a atividade do sujeito que de algum modo aproveita algum conhecimento ao interferir no mundo, transformando-o e se transformando a si mesmo. (...) Na práxis, o sujeito age conforme pensa, a prática “pede” teoria, as decisões precisam ter algum fundamento consciente, as escolhas devem poder ser justificadas. Na práxis, o sujeito projeta seus objetivos, assume seus riscos, carece de conhecimentos. (...) Podemos perceber claramente a relação entre práxis e movimentos sociais. Estes expressam a capacidade de pensar, projetar e agir sobre a realidade opressora na construção de uma nova sociedade. A TEORIA MARXISTA E A REVOLUÇÃO RUSSA Sabemos que para os marxistas, o socialismo é uma etapa de transição para o comunismo. Neste sentido, Marx acredita no desenvolvimento da consciência, união e organização do proletariado em seu papel histórico revolucionário. Após a destruição da estrutura capitalista, fundamentada na propriedade privada e na dominação de classes, o socialismo instituiria a propriedade pública dos modos de produção. Em seguida, o comunismo criaria uma sociedade sem classes, em que todos participariam das decisões e os modos de produção seriam coletivos. Em 1847, Marx e Friedrich Engels instituem a Liga dos Comunistas, reformulando a antiga Liga dos Justos, e publicam em 1848 o Manifesto Comunista. A partir de então, as críticas marxistas à sociedade de classes e a propriedade privada se espalham pela Europa, servindo de inspiração e fundamento para diversos movimentos operários no mundo. A proposta de Marx consistia em um movimento de união mundial dos operários que, conscientes e organizados, lutariam pelo fim da estrutura de dominação de classes. Trata-se de típico movimento social clássico, muito bem ilustrado no lema: “PROLETÁRIOS DE TODOS OS PAÍSES, UNI-VOS!” Essa práxis revolucionária pôde ser observada nas chamadas Associações Internacionais dos Trabalhadores. Vejamos a seguir. ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES PRIMEIRA INTERNACIONAL COMUNISTA - 1864 – Londres. Reuniu socialistas e anarquistas com o objetivo de constituir um grande movimento operário internacional. Foi dissolvida em 1876 devido a grande diferença ideológica entre os participantes. SEGUNDA INTERNACIONAL COMUNISTA – 1889 – instituiu a greve geral como instrumento de luta e o dia 1º de maio como Dia Internacional do Trabalho. Teve seus trabalhos encerrados devido à 1ª Grande Guerra Mundial. TERCEIRA INTERNACIONAL COMUNISTA - Após a Revolução Russa de 1917, em 1919 – Lênin funda o chamado Comintern, com objetivo de retomar os fundamentos comunistas e criar uma organização das Repúblicas Soviéticas. QUARTA INTERNACIONAL COMUNISTA - 1938 – organizada por Leon Trotsky em contestação à Terceira Internacional, considerada dominada por Stalin. O principal objetivo era o desenvolvimento do socialismo. REVOLUÇÃO RUSSA DE 1917 A Rússia apresentava-se com uma Dinastia Romanov desde 1613, um gigantesco império dominado por latifundiários, pelo alto clero da Igreja Ortodoxa e nobres oficiais do Exército. As ideias marxistas são disseminadas pela Europa e chegam à Rússia influenciando jovens como Vladimir Ilitch Ulianov, conhecido como Lenin, que em 1898 fundou o POSDR Partido Operário Social-Democrata Russo. O Partido era dividido entre os Bolcheviques, liderados por Lênin, que defendiam uma revolução imediata, e os Mencheviques, que defendiam uma passagem lenta e democrática para o Comunismo, por meio de eleições. Diante do descontentamento popular com as péssimas condições de trabalho e os prejuízos com a guerra contra o Japão, é deflagrada uma greve geral em 1905, em que 13 mil trabalhadores enviam um petição reivindicando ao czar melhores condições de trabalho.DOMINGO SANGRENTO Diante da petição popular, o governo do czar Nicolau II reage de forma extremamente violenta e mais de mil manifestantes são assassinados pelas forças do governo. A partir deste episódio, o governo czarista na Rússia ficou insustentável. Em fevereiro eclodiu a revolução Menchevique. Em outubro, foi a vez dos revolução bolcheviques tomarem ao poder. Conheça mais cada uma delas a seguir REVOLUÇÃO MENCHEVIQUE Fevereiro de 1917 – chamada de revolução burguesa, porque não se contrapôs ao capitalismo nem à propriedade privada. Ficou marcada pela destituição do governo czarista e pela perseguição aos Bolcheviques Lenin e Trotsky, que se refugiaram na Finlândia e criaram o Exército Vermelho, uma espécie de milícia popular. REVOLUÇÃO BOLCHEVIQUE Em outubro de 1917, Lenim retorna da Finlândia e publica suas Teses de abril, em que um dos lemas era Paz, Pão e Terra. Era uma crítica aos prejuízos das guerras e à miséria do povo causada pela estrutura latifundiária russa. PAZ, PÃO E TERRA Com ajuda de Trotsky, Lênim organiza a queda do governo burguês menchevique. Assim, os sovietes, como eram conhecidos os bolcheviques, tomam o poder e criam o Conselho de Comissários do Povo (CCP). Estava instituído o governo do proletariado político. O Governo Comunista eliminou a existência da Igreja, expandiu as artes à população e perseguiu, expulsou ou executou a alta burocracia latifundiária e liberal. Assim, em 1917 estava instituído na Rússia a primeira tentativa de implementação das ideias de Karl Marx. Em 1922 foi formada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), com a participação da Rússia, Ucrânia, Bielorússia, Transcaucásia, entre outros povos da Ásia. O chamado Socialismo Real, por ser aplicação concreta das teorias do Socialismo Científico de Marx, perdurou até 1991 com a queda da União Soviética. Apesar disso, as ideias de Karl Marx ainda representam importante fundamento teórico para o pensamento e ação crítica sobre a realidade hoje. Recentes crises econômicas, como a do setor imobiliário norte-americano em 2008, e a intensificação da exploração do capital sobre trabalho na globalização neoliberal vêm colocando novamente o marxismo na pauta de pensamento social contemporâneo. Isso mostra como as ideias de Karl Marx ainda podem ser consideradas atuais e inspiradoras dos movimentos sociais. As ideias de Karl Marx representam fundamentos teóricos importantes para abordagem histórica- estruturalista sobre os Movimentos Sociais Clássicos. Segundo esta perspectiva, a contradição da estrutura social gera o confronto dialético entre as classes, em que o proletariado cumpre um papel histórico de transformação da realidade opressora. A Revolução Russa de 1917 constitui exemplo emblemático da práxis marxista na construção de uma sociedade justa e igualitária nos moldes do socialismo e do comunismo. 1. Explique o lema bolchevique da revolução russa de 1917, "Paz, Pão e Terra"? R: A Rússia vinha de guerras malsucedidas contra o Japão e a 1ª Grande Guerra Mundial, com grande perda de vidas e prejuízos econômicos. Além disso, os sistemas monárquico absolutista e latifundiário impunham fome e miséria à população pobre. Por isso, os bolcheviques pregavam o fim das guerras externas, a redistribuição da renda e reforma agrária, como formas de acabar com a miséria e fome do povo. 2. (UPE) O crescimento da produção industrial favoreceu a burguesia europeia, embora aumentando a concentração de riquezas e as injustiças sociais. Surgiram muitas ideias contra o capitalismo, dentre elas as defendidas por Karl Marx, ainda hoje presentes nas discussões políticas. O marxismo: (x) defendeu o fim do capitalismo com a imediata instauração de uma sociedade socialista, necessária para a transição ao comunismo. ( )influenciou muito pouco os movimentos contra as desigualdades sociais, sobretudo nos países da Europa mais industrializados. ( )combateu o capitalismo, mas não negou a propriedade privada dos meios de produção. ( )foi uma concepção de mundo original e revolucionária, deslocada historicamente devido aos seus princípios utópicos. ( )permaneceu politicamente importante só até os fins do século XIX, sendo a base dos movimentos operários europeus. 3. A Revolução Russa de outubro de 1917 foi liderada por Lênin e os revolucionários prometiam as seguintes ações: ( )implantação do sistema capitalista na Rússia após a revolução. ( )um governo socialista, apoiado pela nobreza russa. ( )distribuição de terras, igualdade social, democracia e participação do clero nas decisões do governo. ( )paz (saída da Rússia da 1ª Guerra Mundial), terra, pão, liberdade e trabalho. (X)a implantação de um governo czarista e teocrático, com o objetivo de promover a justiça social. 4.Explique o lema bolchevique da revolução russa de 1917, "Paz, Pão e Terra"? A Rússia vinha de guerras mal sucedidas contra o Japão e a 1ª Grande Guerra Mundial, com grande perda de vidas e prejuízos econômicos. Além disso, os sistemas monárquico absolutista e latifundiário impunham fome e miséria à população pobre. Por isso, os bolcheviques pregavam o fim das guerras externas, a redistribuição da renda e reforma agrária, como formas de acabar com a miséria e fome do povo. Nesta aula, você: Percebeu a relação entre a teoria marxista e a construção da categoria Movimentos Sociais; identificou os principais conceitos marxistas relacionados aos movimentos sociais; conheceu a contribuição da teoria marxista para a eclosão dos processos revolucionários da Europa e do mundo no século XX, como a Revolução Russa. AULA 4 - MOVIMENTOS SOCIAIS CLÁSSICOS: DA COLÔNIA À REPÚBLICA VELHA A crise do feudalismo e a emergência da burguesia conduziram ao desenvolvimento da primeira fase do capitalismo, chamada de mercantilismo. Entre outros fatores, a necessidade de produtos a serem comercializados levou à expansão marítima e comercial do século XVI. Portugal e Espanha foram pioneiros neste empreendimento, que reconfigurou o mapa geopolítico mundial. Podemos dizer que o Brasil é resultado desse processo, denominado mundialização da civilização europeia. Deixando de lado a controvérsia sobre o acaso ou intencionalidade do evento de 21 de abril de 1500, o fato é que a chegada do europeu neste território chamado Brasil marca o nascimento de uma nova sociedade e suas contradições. A diversidade étnica, o escravismo, o pacto colonial, o absolutismo monárquico e a intensa desigualdade social, ilustram alguns problemas daquela época. Então, em uma abordagem Histórica- Estruturalista, vamos verificar a emergência das primeiras manifestações coletivas brasileiras a este respeito. Iremos perceber que a história do povo brasileiro é uma história de opressão, resistência e revolta contra as injustiças presentes na estrutura social. Se do ponto de vista cultural, a cordialidade do povo brasileiro sugere uma essência pacífica, do ponto de vista histórico-político, isso está longe de significar um comportamento passivo. Os movimentos sociais brasileiros, com suas derrotas e vitórias, ajudam a desconstruir esse mito de passividade e revelam um povo oprimido, mas que jamais fugiu à luta. HISTÓRIA E IDEOLOGIA: FATOS E VERSÕES Como já estudamos, no conceito de Materialismo Histórico, que a dominação de classes se apresenta em dois aspectos: MATERIAL - O primeiro é o material, que consiste na infraestrutura ou estrutura econômica. IMATERIAL - O segundo é o imaterial, que consiste na superestrutura política, jurídica e ideológica. Vimos que a infraestrutura determina a forma da superestrutura, logo o sistema econômico determina os sistemas político, jurídico e ideológico. ParaKarl Marx, se o sistema econômico favorece a classe dominante, os sistemas políticos, jurídico e ideológico também. Assim, o Estado, o Direito e as ideias dominantes em uma dada sociedade e época são aquelas que interessam à classe dominante. É nesse sentido que o marxismo entende a ideologia como dissimulação da realidade e instrumento de dominação de classes. A luta de classes que ocorre na realidade material também ocorre no plano imaterial da vida. Existe um conflito ideológico, que se divide em ideias ou crenças que interessam à classe dominante e outras que interessam à classe dominada. Daí, podemos dizer que a história contada é, antes de tudo, uma ideia ou uma crença sobre a história vivida. Então, algumas questões se colocam: quem conta a história, como conta e com qual intenção? É claro que o fato histórico existe, mas também existe a versão ideológica deste fato. Trata-se da interpretação particular ou do olhar de quem está relatando o acontecido. É difícil distinguir o fato histórico objetivo de sua versão subjetiva de uma classe social, pois quem conta a história o faz a partir de um ponto de vista. Sendo assim, a história também pode ser uma ideologia e atender a certos interesses em detrimento de outros. Enfim, a luta de classes que se dá na realidade concreta se desdobra na luta ideológica pela versão da história. É importante observar que a história é feita de fatos e versões. Os acontecimentos humanos são dados objetivos, mas estão sujeitos a interpretações subjetivas. Isso quer dizer que determinado fato ocorrido é um dado objetivo da história. Por exemplo, a chegada do português ao território que hoje chamamos de Brasil é um fato histórico. Trata-se de um dado objetivo, aparentemente neutro. Entretanto, este mesmo fato sofre leituras subjetivas, conforme os pontos de vistas e interesses dos sujeitos envolvidos: foi um descobrimento ou uma conquista? Do ponto de vista subjetivo do português, o evento ocorrido em 1500 foi o Descobrimento de um território novo. Essa interpretação não é neutra. Ela tem implicações ideológicas que atendem ao interesse do grupo dominante, pois sugere apenas um ator histórico: o descobridor português. A expressão “descobrimento do Brasil” tende a suavizar o evento ocorrido, pois nega a ocorrência de conflito com outros atores. Além disso, ao nomear o território, o português simbolicamente ratifica sua posse como legítima. Afinal, quem descobre algo, torna-se seu dono, por isso pode dá-lhe o nome que quiser. Do ponto de vista dos povos nativos não é bem assim. Eles já habitavam a mesma região. Viviam organizados em comunidades de subsistência. Eram culturalmente autossuficientes. Entretanto, foram expulsos, assassinados, escravizados e violentados pelos invasores. Assim, o mesmo fato objetivo é visto subjetivamente como uma guerra de conquista e resistência. MAS O QUE ISSO SIGNIFICA? Significa que a história, ou melhor, as versões dos fatos históricos dependem das relações de poder em cena. Em que determinado grupo consegue assegurar o seu ponto de vista em detrimento de outros. No caso acima tratado, a ideologia do descobrimento do Brasil serviu para legitimar a posse e a dominação do grupo dominante sobre as terras do grupo dominado ontem e hoje. Esse é apenas um dos exemplos possíveis das implicações ideológicas no imaginário histórico e social. IDEOLOGIA E IMAGINÁRIO COLETIVO: A DESCONSTRUÇÃO DO MITO DA PASSIVIDADE Vimos que a história é feita de fatos e versões. De acordo com a abordagem histórico-estruturalista, é importante compreendermos que as versões dominantes são apenas o ponto de vista do grupo vencedor na relação de conflito. Assim, a história oficial é sempre relativa, porque tende a expressar uma leitura parcial do fato ocorrido. Ela é a versão dos vencedores, preterindo ou negando o ponto de vista dos vencidos. Como dizem, a história é contada pela primeira vez pelos vencedores, cabe aos vencidos tentar recontá-la. No Brasil, isso é facilmente constatado pelas versões ou ênfases dominantes da nossa história, que contribuem para criar no imaginário coletivo uma falsa ideia de um povo passivo e submisso. Estamos acostumados em olhar para os fatos históricos nacionais e nos depararmos com heróis oriundos das elites, nobres e militares. Personagens e ações populares são quase sempre preteridas ou tratadas de modo superficial. O povo aparece ideologicamente como expectador da própria história, incapaz e desinteressado de lutar por seus direitos. Deste modo, caberia ao homem comum aceitar resignadamente o status quo de opressão, como se fosse uma missão divina e esperar pelo “Salvador da Pátria”. É NESTE SENTIDO QUE VALE A PENA ALGUMAS REFLEXÕES. Por um lado, a imagem do povo brasileiro como passivo é verdadeira ou mentirosa? É um fato histórico ou uma ideologia de classe? A crença popular nessa passividade é interessante para quem? Até que ponto a criação de um mito de passividade contribui para desestimular a ação coletiva e crítica na sociedade? Por outro lado, o autorreconhecimento do povo como agente histórico, heroico e contestador contribuiria para o desenvolvimento da autoestima e cidadania crítica? Como pensar isso a partir dos movimentos sociais históricos no Brasil? Podemos constatar que a história é contada sempre a partir de grandes feitos e grandes personagens. No Brasil, quase todos os feitos são oficialmente omissos ou superficiais em relação à participação popular. Pouco se estimula a memória coletiva em exaltar os movimentos populares de luta por direitos e transformações sociais. A Independência do Brasil é tratada como se fosse obra de um único homem, D. Pedro I. A Abolição da escravatura é consagrada a uma Princesa branca. Da mesma forma, a proclamação da República é consagrada à ação de um Marechal. A hipótese aqui é que sempre foi preterido ou esquecido o sangue derramado do povo, sejam brancos, negros, nativos ou mestiços que lutaram contra as diversas formas de opressão histórica da estrutura social brasileira. É a isso que podemos denominar de mito da passividade. Essa ideia de que o povo brasileiro sempre foi pacato, passivo e submisso não encontra fundamento nos fatos históricos. É apenas uma versão subjetiva que sempre interessou as elites, temerosas de que o povo reconhecesse sua capacidade de ação coletiva transformadora. Os movimentos sociais do Brasil Colônia até os dias de hoje contam outra história, em que o povo é o protagonista. Com muitas derrotas, mas com algumas vitórias que valem muito, pois são a prova de que é possível agir historicamente e representam a esperança de construção de uma nova realidade social. Assim, resgatar a memória de luta e heroísmo do povo pode contribuir para o desenvolvimento da autoestima e da cidadania ativa. Enfim, a luta dos nativos na defesa de seu território e de sua liberdade, posteriormente a luta dos africanos e seus descendentes, a luta dos colonos pobres brancos ou mestiços contra a exploração da metrópole, todos esses exemplos marcam o começo da história de lutas do povo brasileiro e negam a falsa ideologia de que é passivo e desinteressado. MOVIMENTOS SOCIAIS BRASILEIROS A formação histórica da sociedade brasileira é marcada pelas contradições estruturais, que geraram opressão sobre os povos nativos, africanos, brancos pobres e mestiços. Em todo tempo houve luta e resistência por uma sociedade justa e igualitária, pela transformação do status quo. Ao invés de passivos, o povo brasileiro sempre foi bravo e heroico dentro de suas possibilidades. Diversos movimentos ilustram a mobilização da sociedade civil brasileira em seu processo histórico. REBELIÕES PRÓ INDEPENDÊNCIA Podemos destacar a InconfidênciaMineira e a Conjuração Baiana como dois dos principais movimentos históricos brasileiros. Embora não tenham obtido êxito em suas propostas, ambos os movimentos retratam a insatisfação social presente na estrutura da colônia e representam as bases dos movimentos sociais clássicos no Brasil. A INCONFIDÊNCIA MINEIRA A Inconfidência Mineira foi um movimento mais restrito às elites locais. Deflagrada em Minas Gerais no ano de 1789, em pleno ciclo do ouro, a insatisfação se dirige contra a forma de administração da Metrópole sobre a economia da colônia. Os altos impostos, como o quinto e a derrama, levaram à insatisfação generalizada entre o povo e as elites. Influenciados pelas ideias liberais do Iluminismo europeu e pelo modelo constitucional democrático norte-americano, os inconfidentes se organizaram para proclamar a independência e a república. Entretanto, o movimento foi abortado devido à delação de um dos seus membros, o português Joaquim Silvério dos Reis. Os inconfidentes foram presos e o alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes, foi considerado seu líder, sendo o único executado no dia 21 de abril de 1792, na cidade do Rio de Janeiro. LIBERDADE AINDA QUE TARDIA O quinto - Imposto que consistia na obrigação de pagar a Portugal 25% de todo ouro descoberto no Brasil. A derrama - Cada região de mineração de ouro deveria pagar 1500 quilos por ano a Portugal. Se a região não conseguisse esse montante, os soldados portugueses invadiam as casas locais e confiscavam os bens até completar o valor. A CONJURAÇÃO BAIANA Ao contrário da Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana de 1798 foi um movimento essencialmente popular com objetivos sociais mais profundos. O movimento contou com ampla participação de negros livres, alfaiates, artesãos, sapateiros, mestiços e escravos. Inspirados na Revolução Francesa e na Revolta dos Escravos no Haiti, os revoltosos baianos eram mais radicais em seus objetivos. Além da independência e República, pretendiam o fim da escravidão e da estrutura latifundiária opressora. Temendo a ameaça de uma mobilização popular revolucionária, a reação da Coroa portuguesa foi rápida e conseguiu prender a maioria dos revoltosos. Aqueles de origem mais humilde foram condenados à morte, como o alfaiate João de Deus Nascimento. Os de origem intelectual foram presos e absolvidos, como o médico Cipriano Barata. A Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios, como também ficou conhecida a Conjuração Baiana, foi um importante movimento popular, que lançou as bases de diversos movimentos abolicionistas no século XIX. Além disso, ela é a prova da capacidade de ação crítica do povo na luta por seus direitos. REVOLUÇÃO DE PERNAMBUCO Em 1817 a difusão de ideais iluministas, liberais e republicanos entre as elites, somada à insatisfação popular com a elevada taxa de impostos, criou o contexto propício para a eclosão de um movimento revolucionário em Pernambuco. Apesar de liderada por militares e comerciantes, a revolta encontrou amplo apoio do povo de Recife. Um governo provisório foi instituído após a fuga do governador. Inspirada na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da Revolução Francesa. Entretanto, o governo revoltoso durou apenas 74 dias, quando a forte reação de tropas governamentais do Rio de Janeiro restitui o status quo ante. REBELIÕES REGENCIAIS Mesmo após a independência do Brasil, os problemas políticos, econômicos e sociais continuaram. Isso se devia ao fato de que a independência foi muito mais uma mudança de forma do que de conteúdo. Formalmente, o Brasil era um país livre, mas na prática a sua estrutura econômica e social estava aprisionada ao passado, continuava sendo uma sociedade escravocrata e latifundiária, de uma população do interior abandonada e com profunda desigualdade social. As intensas contradições históricas na estrutura da sociedade brasileira resultaram em uma série de revoltas a partir de 1835. Algumas de caráter essencialmente popular como a Cabanagem e a Revolta dos Malês. Outras, nem tanto, como Farrapos e Sabinada. De qualquer modo, todas denunciavam a insatisfação da sociedade com o status quo vigente e o desejo de sua transformação. Após a independência, D. Pedro I outorgou uma Constituição para o Brasil, na qual o conteúdo contraditório presente na estrutura social, política e econômica da colônia permanecia em coexistência com a nova forma assumida no Império. Um bom exemplo disso foi a adoção do sistema censitário para as eleições, em que o exercício da cidadania política era limitado por critérios econômicos. A Constituição brasileira de 1824 ficou conhecida como a Constituição da Mandioca, pois o sistema censitário de votos favorecia os grandes proprietários de terras e excluía a população pobre. Ela criou restrições à participação de diversos grupos sociais na organização política do Estado. Isso fez com que esses grupos, excluídos do exercício de cidadania, rebelassem-se contra a ordem estabelecida, como foi o caso da Cabanagem e da Revolta dos Malês. Cabanagem (1835-1840) *PARÁ Foi um movimento social deflagrado por trabalhadores rurais que habitavam cabanas nas margens dos rios do Pará. Os cabanos, como ficaram conhecidos, reagiram à tentativa de repressão do governador em Belém no ano de 1835. Os revoltosos tomaram o poder e executaram o governador. Foi instituído um governo cabano, tendo como chefe Felix Antônio Malcher, representante dos fazendeiros que defendia a permanência do Pará como província do Império. Entretanto, Eduardo Angelim e Antônio Vinagre, mais associados às camadas populares, destituíram Felix Malcher e proclamaram a República do Pará. O governo central conseguiu combater a rebelião, que resistiu até 1840. Cerca de 40 mil pessoas foram mortas durante a Revolta dos Cabanos. ----------------------------------------------------- Revolta dos Malês (1835) *BAHIA A Revolta dos Malês foi um movimento popular que contou com a participação de 1500 negros de origem mulçumana. Eles eram livres e exerciam diversos ofícios. Eram alfaiates, pequenos comerciantes, artesãos e carpinteiros. Além de defenderem o fim da escravidão, rebelaram-se contra o preconceito ao islamismo e a imposição da religião católica. Foram violentamente reprimidos e os seus líderes condenados à morte. ------------------------------------------------------------- Balaiada (1838-1841) *MARANHÃO Movimento ocorrido no Maranhão entre 1838 e 1841, teve como líderes grandes fazendeiros e comerciantes, mas contou com grande apoio da população. Principalmente quando o vaqueiro Raimundo Gomes, em resposta à humilhação sofrida por autoridades conservadoras, atacou uma cadeia e fugiu para o sertão, encontrando apoio da população pobre. O seu exemplo serviu de impulso a grupos de sertanejos que atacaram fazendas. Por sua vez, a rebelião sertaneja inspirou a fuga de escravos, dando origem a muitos quilombos na região. Um dos principais quilombos foi chefiado por Cosme Bento das Chagas. As rebeliões se espalharam pelo Ceara e Piauí. Tropas do exército enviadas do Rio de Janeiro conseguiram desarticular o movimento, que carecia de maior organização e objetivos claros. Apesar disso, o negro Cosme conseguiu resistir até 1841, quando foi condenado à morte e enforcado. A balaiada representou a vontade do povo de protestar contra as condições de desigualdade da estrutura social em que viviam no Maranhão. ----------------------------------------- Sabinada (1837-1838) *BAHIA Ente os anos de 1837 e 1838 ocorreu na Bahia mais uma rebelião chamada de Sabinada. Este nome se refere ao seu líder do movimento, o jornalista e médico Francisco Sabino Álvares da Rocha. Foi uma revolta feita por militares, integrantesda classe média (profissionais liberais, comerciantes etc.) e rica da Bahia. Eles defendiam maior autonomia política e um estado federal republicano. Conseguiram proclamar a república em 7 de novembro de 1837, mas o governo central reprimiu o movimento e retomou o controle sobre Salvador em março de 1838. O saldo dessa rebelião foi mais de 3 mil pessoas presas e mais de 2 mil mortas. ---------------------------------------- Farrapos (1835-1845) *RIO GRANDE DO SUL A Revolução Farroupilha foi um dos mais importantes conflitos regionais contra o Império. De caráter republicano e separatista, a guerra dos farrapos ocorreu entre os anos de 1835 e 1845 no Rio Grande do Sul. Os rebeldes eram contra os altos impostos no comércio do couro e do charque na região, exigiam protecionismo econômico frente a esses produtos vindos do estrangeiro e maior autonomia para as províncias. Em 1836 foi proclamada a República Rio-Grandense e em 1839 proclamaram a República Juliana, na região de Santa Catarina. Entretanto, após diversos enfrentamentos com os militares, em 1845 os farrapos estavam enfraquecidos e aceitaram a rendição proposta pelo governo central. -------------------------------------- Revolução Praieira (1848-1850) *PERNAMBUCO O quadro político do Brasil Imperial era ilustrado pelo rodízio do poder nos ministérios entre os partidos liberal e conservador. A perda de poder dos liberais no ano de 1848 levou a mais uma rebelião em Pernambuco. Chamada de praieira, pois a sede do jornal liberal era na rua da praia, a revolta criticava a falta de autonomia política das províncias e absolutismo monárquico. Tinha como inspiração os ideais liberais franceses que se espalhavam pela Europa na denominada Primavera dos Povos. EM 1º DE JANEIRO DE 1849, OS REVOLTOSOS DIVULGARAM O SEU MANIFESTO AO MUNDO, EM QUE EXIGIAM, ENTRE OUTRAS COISAS: independência dos poderes e fim do poder moderador; voto livre e universal; liberdade de imprensa; federalismo. Em 1850, os revoltosos foram derrotados pelo governo central. Apesar de muitos manifestantes terem sido mortos durante os conflitos, os líderes foram presos e depois anistiados. REBELIÕES NA REPÚBLICA VELHA As contradições históricas na estrutura econômica e social brasileira se revelam insustentáveis no início do século XX. O autoritarismo, a desigualdade social e abandono da população no campo e na cidade fazem eclodir diversas revoltas populares que marcam a República Velha. No Rio de Janeiro, duas revoltas se destacam: a Revolta da Vacina e a Revolta da Chibata. Revolta da Vacina No início do século XX, as condições sanitárias no Rio de Janeiro eram precárias. Diversas epidemias atingiam a população pobre, como a febre amarela, peste bubônica e varíola. Diante desse quadro terrível, o governo federal determinou a obrigatoriedade da vacinação contra varíola em 1904. A imposição desta medida gerou uma insatisfação generalizada nas camadas populares, que se sentiu invadida em sua privacidade e direito de autodeterminação. Além disso, os revoltosos temiam estarem sendo utilizados como cobaias dos medicamentos. Em 10 de novembro de 1904 eclodiu a chamada Revolta da Vacina, que foi sufocada em 17 de novembro do mesmo ano. ------------------------------------ Revolta da Chibata *Rio de Janeiro Em novembro de 1910, mais uma revolta popular ocorre na cidade do Rio de Janeiro: a Revolta da Chibata. Naquela época, castigos corporais eram utilizados como forma de disciplina na marinha armada. Na verdade, esses castigos físicos representavam a permanência de heranças escravistas. Além disso, revelavam a limitação dos direitos de cidadania garantidos pela Constituição da República de 1891 às classes baixas, uma vez que a maioria dos marinheiros eram afrodescendentes, mestiços e pobres. Liderados por João Cândido, o Almirante Negro, a rebelião exigia o fim da chibata e melhores condições de trabalho, como aumento do soldo pago. Os revoltosos tomaram o controle de navios no porto da Guanabara e ameaçaram bombardear a cidade caso suas reivindicações não fossem atendidas. O governo aceitou as exigências, mas em seguida determinou a prisão de João Cândido e outros participantes. Podemos concluir que a história do povo brasileiro é uma história de opressão e luta. Ao contrário da ideia falsa de passividade, difundida no imaginário coletivo, podemos comprovar nos fatos históricos uma postura crítica e ativa. A partir de uma leitura histórico-estruturalista, compreendemos que o povo brasileiro sempre assumiu seu papel de agente transformador. Diversos movimentos sociais clássicos, de inspiração liberal e social europeia, ilustram a trajetória de luta do povo contra as contradições históricas que integram a sua estrutura socioeconômica. O mais importante não é contabilizar as vitórias ou lamentar as derrotas, mas sim reconhecer a capacidade de intervenção popular sobre a realidade social opressora ontem e hoje. Enfim, reconhecer a incessante luta do povo na construção de uma sociedade justa e igualitária. A CONJURAÇÃO BAIANA DE 1798 REVOLTA DOS BÚZIOS LIBERDADE, FRATERNIDADE, IGUALDADE. A conspiração para o movimento surgiu com as discussões promovidas por esta Academia e contou com a participação de pequenos comerciantes, soldados, artesãos, alfaiates, negros libertos e mulatos, caracterizando-se assim, como um dos primeiros movimentos populares da História do Brasil. As inflamadas discussões na “Academia dos Renascidos” resultarão na Conjuração Baiana em 1798. A participação popular e os objetivos de emancipar a colônia e abolir a escravidão marcam uma diferença qualitativa desse movimento em relação à Inconfidência Mineira, que marcada por uma composição social mais elitista, não se posicionou formalmente em relação ao escravismo. O movimento revolucionário baiano de 1798, mais conhecido como Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios, é um dos mais amplos, do ponto de vista político, econômico e social ocorridos no Brasilcolônia. Em 1798, os conspiradores colocaram nos muros da cidade papéis manuscritos chamando a população à luta e proclamando ideias de liberdade, igualdade, fraternidade e República: “está para chegar o tempo feiliz da nossa liberdade: o tempo em que seremos todos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais” ...”Homens o tempo é chegado para vossa ressurreição, sim para que ressuscitaries do abismo da escravidão, para que levantareis a sagrada Bandeira de Liberdade”. Nesta aula, você: Conheceu relação entre a abordagem histórica-estruturalista e o desenvolvimento dos movimentos sociais no Brasil; viu como algumas das principais manifestações coletivas brasileiras constituíram a gênese dos movimentos sociais no Brasil; compreendeu a contribuição dos movimentos sociais europeus clássicos para a eclosão das manifestações coletivas no Brasil da colônia à república velha; aprendeu como desconstruir o mito da passividade do povo brasileiro, a partir da constatação fática de sua ação coletiva crítica no processo histórico. AULA 5 – REVOLTAS, MESSIANISMOS E BANDITISMO SOCIAL NO BRASIL O período de transição do Brasil monárquico para o republicano é marcado pelo continuísmo das contradições na estrutura social. A intensa desigualdade e o abandono das populações do campo pelo novo modelo político agravam mais ainda o quadro de miséria e desesperança. Soma-se a isso a violência dos senhores patrimonialistas sobre os trabalhadores rurais. Chamados de coronéis, esses senhores proprietários de grandes latifúndios dominavam e exploravam os homens pobres do campo. É nesse contexto de fome, violência e desesperança que surgem expressões populares de ação coletiva, como o messianismo e o banditismo social. Vamos compreender melhor algumas dessas categorias sociológicas. CONTEXTO
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