Buscar

APRESENTACAO DA AULA 10

Prévia do material em texto

CCA0138 – COMUNICAÇÃO E SEMIÓTICA 
Aula 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
PRINCÍPIOS ORGANIZADORES DA 
SEQUENCIALIDADE DISCURSIVA: 
DESCRIÇÃO, NARRAÇÃO E DISSERTAÇÃO 
1 
PRÓXIMOS 
PASSOS 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
ESQUEMA NARRATIVO 
2 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
• Como se sabe, a leitura é vista como sinônimo de 
informação e conhecimento. Assim, o leitor poderá 
elaborar um conjunto de hipóteses que poderão ser 
verificadas durante a leitura de textos, sejam 
informativos ou literários, em verso ou em prosa, 
políticos, religiosos e outros. As informações novas 
passam a fazer sentido e a se integrar aos 
conhecimentos que o leitor já adquiriu. 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
• Essa observação introdutória pode ser eficaz 
para compreender e estudar os gêneros 
descritivos, narrativos e dissertativos. É preciso 
explicar que estes textos podem alternar-se em 
um mesmo texto, por isso estudaremos cada 
um desses isoladamente. 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
Textos descritivos: 
• Descrever é reconstruir com palavras a imagem do objeto 
descrito, detalhar características de objetos, de paisagens, de 
situações. Qualquer coisa pode ser descrita e a eficiência da 
descrição, depende da capacidade de observação e de 
exteriorização de quem escreve. A qualidade depende dos 
detalhes que vão individualizar, pormenorizar o objeto descrito. O 
leitor precisa receber elementos suficientes para “(re)construir” 
mentalmente o objeto. 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
• Muitas pessoas confundem descrição com 
narração, a principal diferença está no fato de a 
descrição não apresentar progressão, 
transformação, o tempo é praticamente estático 
(como se fosse uma fotografia). Platão e Fiorin 
(1998, p. 242) reforçam que “a característica 
fundamental de um texto descritivo é a 
inexistência da progressão temporal.” 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
• É muito difícil encontrar um texto exclusivamente 
descritivo. Usam-se as descrições para auxiliar na 
construção de personagens, na caracterização do 
tempo e do espaço, na exposição de problemas que 
poderão, depois, gerar narrações ou dissertações. 
Observe o trecho extraído de “O Primo Brasílio”, de 
Eça de Queirós, descrições auxiliam na organização 
da narração. 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
“Houve um ruído domingueiro de saias engomadas. Juliana entrou, 
arranjando nervosamente o colar e o broche. Devia ter quarenta anos 
e era muitíssimo magra. As feições miúdas, espremidas, tinham 
amarelidão de tons baços das doenças do coração. Os olhos grandes, 
encovados, rolavam numa inquietação, numa curiosidade, raiados de 
sangue, entre pálpebras sempre debruadas de vermelho. Usava uma 
cuia de retrós imitando tranças, que lhe fazia a cabeça enorme. Tinha 
um tique nas asas do nariz.” (QUEIROZ, Eça. O Primo Basílio. São 
Paulo: Ática, 1981) 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
• As descrições podem ser de pessoas, como um autorretrato, uma 
caricatura, ou de cenário. Alguns elementos linguísticos estruturam 
as descrições, entre eles merecem destaque: frases nominais (sem 
verbo ou com verbos de estado), frases enumerativas (nomes em 
geral, sem verbos), adjetivos (caracterizadores que atribuem 
qualidade, condição, estado ao nome), figuras de linguagem 
(recursos expressivos) e as sensações (as percepções auditivas, 
visuais, olfativas, táteis, gustativas). 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
• Precisamos falar ainda sobre os tipos de descrição. Há a 
descrição objetiva e subjetiva. A objetiva é uma reprodução 
fiel do objeto. Para assegurar a exatidão de detalhes e a 
precisão vocabular, o escritor lança mão de uma linguagem 
objetiva e deixa de lado a emoção, neutralizando, assim, 
aspectos que poderiam chamar mais ou menos sua 
atenção. Nesse caso, a única preocupação é descrever com 
exatidão o objeto para o leitor. Como exemplo, observe o 
trecho de Dom Casmurro. 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
“Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, 
alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio 
desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com 
as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-
lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e 
comprido, tinha boca fina e o queixo largo.” (Assis, M. Dom 
Casmurro. 12ª ed. São Paulo: Ática, 1981) 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
• Já a descrição subjetiva retrata, sem maiores preocupações, 
a realidade interior do escritor, por isso, o objeto sofre 
interferências da sensibilidade desse emissor-observador. 
Como não há mais preocupação com os detalhes, com a 
exatidão, o emissor salienta características que considera 
mais interessantes, reforçando, assim, as impressões 
pessoais que exterioriza no texto. 
• Observe o trecho de Lucíola, de José de Alencar. 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
“Lúcia demorou-se algum tempo. Quando apareceu, saía 
do banho fresca e viçosa. Trazia os cabelos ainda úmidos; 
e a pele rorejava de gotas d’água. Rica e inexaurível era a 
organização dessa moça, que depois de tão violento abalo 
parecia criar nova seiva e florescer com o primeiro raio de 
felicidade!” 
(Alencar, J. De. Lucíola. 18ª ed. São Paulo: Ática, 1994) 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
• A descrição é o detalhamento de um objeto, por isso, tem 
sido utilizada com muita frequência na construção de outros 
tipos de textos (narrativo e dissertativo) com o intuito de 
possibilitar a caracterização pormenorizada. Estudamos os 
principais elementos que estruturam uma descrição, mas 
vale enfatizar mais uma vez, o texto descritivo não 
apresenta progressão temporal, é estático mesmo quando 
descreve uma ação. 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
Textos narrativos 
• Podemos conceituar este gênero como 
desenvolvimento, mudanças de enfoque, desde o 
modo como representamos nossas histórias, até 
como construímos uma representaçãono tempo 
e no espaço. Comecemos por questionar: O que 
define narrativa e narração? 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
• Para se entender melhor a narrativa, comecemos por 
estudar sua origem. Os primeiros estudos da narrativa 
começaram a partir de Aristóteles (1992), escritos em 
torno do ano de 335 a.C. 
 
• Vladimir Propp (1928-1983) estudou a narrativa dos 
contos de fada russos e propôs, nessa mesma época, 
trabalhar os contos maravilhosos. 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
• Propp descobriu que, nos contos, encontravam-se as 
ações idênticas, no entanto, personagens diferentes. 
Dessa forma decide estudar os personagens e suas 
funções. "No estudo do conto, a questão de saber o 
que fazem as personagens é a única coisa que importa; 
quem faz qualquer coisa e como o faz são questões 
acessórias" (Propp, 1928/1983, p. 59). 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
• O que define o texto narrativo é a mudança de situação, a 
transformação. Narrativa é uma mudança de estado organizada pela 
ação de uma personagem, seja implícita ou explícita. Há dois tipos 
de narrativa: de aquisição ou de perda. 
• Ex: João foi nomeado para o cargo de presidente. Ou João perdeu o 
cargo de presidente. Alguém o fez passar por presidente ou a perder 
o cargo. Houve uma mudança de estado, uma transformação. João 
passa a ter alguma coisa que não tinha. Quando se narra que 
Roberto ganhou uma fortuna, ele é o beneficiário do dinheiro. 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
Esquema narrativo 
 
Situação inicial → Transformação → Situação final 
Enunciado de estado → Enunciado de fazer → Enunciado de estado 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
1. Enunciados de estados: são aqueles em se estabelece uma relação 
de posse ou de privação entre um sujeito e um objeto qualquer. 
Incluem-se nesta classe de enunciados os dois que seguem: 
a) O país tem crédito no exterior. 
Como se vê, um sujeito (o país) está de posse de um objeto (a 
confiabilidade). 
b) O país não tem crédito no exterior. 
Ocorre aí um sujeito (o país) que está privado de um objeto (a 
confiabilidade). 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
2. Enunciados de ação: são aqueles que, em razão da 
participação de um agente qualquer, indicam a passagem de um 
enunciado de estado para outro. Inclui-se na classe dos 
enunciados de ação o seguinte: Os bancos estrangeiros cortaram 
o crédito do país no exterior. Esse enunciado relata a 
transformação de um enunciado de estado em que o país estava 
de posse do objeto (confiabilidade), passou-se, pela intervenção 
de um agente (os banqueiros), a outro enunciado de estado em 
que o país está privado do objeto (confiabilidade). 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
• Dizer que na estrutura narrativa ocorrem enunciados de estado e 
enunciados de ação não é suficiente para explicar tudo o que se 
passa no interior dela. Com efeito, raramente um texto é 
formado de um enunciado único: nele se articulam, em geral, 
vários enunciados. É preciso, pois, entender o modo como os 
enunciados simples se articulam entre si, para formar sequências 
narrativas. Dentro da estrutura narrativa, os enunciados podem 
ser agrupados em quatro fases distintas: manipulação, 
competência, performance, sanção. 
 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
• Manipulação: Um sujeito leva o outro a fazer 
alguma coisa. É preciso um querer e/ou dever. 
• Competência: O sujeito do fazer adquire um 
saber e um poder. 
• Performance: O sujeito do fazer faz uma ação. 
• Sanção: O sujeito do fazer recebe castigo ou 
recompensa. 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
Textos dissertativos 
• É importante começar este estudo com a percepção de que dissertar é 
sinônimo de explicitar e defender opiniões. A questão é: como fazer? 
• A intenção deste estudo é exatamente trabalhar, com muita clareza, o 
que é e como o texto dissertativo pode ser desenvolvido e utilizado no 
dia a dia. O texto dissertativo ou opinativo pode ser identificado pela 
defesa explícita de uma ideia, de um ponto de vista ou, então, pelo 
questionamento também explícito sobre determinado assunto. 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
• Pacheco (1998) afirma que “a dissertação implica discussão de ideias, argumentação, raciocínio, 
organização do pensamento, defesa de pontos de vista, descoberta de soluções. Significa refletir 
sobre nós mesmos e sobre o mundo que nos cerca. ” 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
• O texto dissertativo se faz presente no nosso dia a dia, sempre que 
reagimos aos fatos, sejam eles polêmicos ou não. Ao avaliar e emitir 
uma opinião, um raciocínio dissertativo é organizado. O importante 
é perceber que não há nada de aleatório nesse trabalho racional, 
pelo contrário, para perceber o fato, refletir sobre ele e emitir uma 
opinião que denuncia um ponto de vista pessoal, um juízo de valor, 
é preciso obedecer a certa lógica; por isso, é possível estudar e 
aprender técnicas dissertativas que assegurem maior segurança e 
clareza para organizar opiniões e argumentos. 
Comunicação e Semiótica 
Princípios organizadores da sequencialidade discursiva 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
Assistir ao vídeo “Tipos de texto” (descrição, narração e dissertação): 
https://www.youtube.com/watch?v=iEXwvwdAyFY 
Comunicação e Semiótica 
Indicação de leitura 
AULA 10: Princípios organizadores da sequencialidade discursiva. 
 
MOURA, Marilda Franco de. Comunicação e 
Semiótica. Rio de Janeiro: Editora da 
Universidade Estácio de Sá, 2015, 186p. 
(Unidade IV: Item 4.2 e 4.2.1). 
Assuntos da próxima aula: 
UNIDADE 4: A Semiótica e a 
Matriz Verbal 
• Linguagem híbrida.

Continue navegando