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DIREITO CIVIL I – PARTE GERAL PROFESSORA: RENATA REZENDE PINHEIRO CASTRO DESCENTRALIZAÇÃO E CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL Código de Napoleão – escola da exegese (França) “ O código pretende ser o sol do universo normativo.” Assim, o CC de 1916 preocupava-se muito mais com o ter( o contrato e a propriedade) do que com o ser(os direitos da personalidade e da dignidade da pessoa humana); CC de 1916 era, portanto, individualista e patrimonial. Fenômeno da descentralização ou descodificação do Código Civil – MICROSSISTEMAS JURÍDICOS CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL DIREITO CIVIL CONSTITUCIONAL – veio a dar suporte , coexistência harmônica, desse polissistema, formado pelo Código, estatutos jurídicos e leis especiais. PRINCÍPIOS NORTEADORES DO CÓDIGO CIVIL DE 2002 1) PRINCÍPIOS DA ETICIDADE: participação de valores éticos no ordenamento jurídico; ex.: art.113 do NCC; 2) PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE: surge em contraposição à ideologia individualista e patrimonialista do sistema de 1916, ex: função social do contrato – art .421 do CC -02 3) PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE: concessão de maiores poderes hermenêuticos ao magistrado, verificando, no caso concreto, as efetivas necessidades a exigir a tutela jurisdicional, ex. aplicação de cláusulas gerais – art. 927 do CC-02 LINDB NOÇÕES GERAIS LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO (dec 4.657/42 alterada sua intitulação pela lei12.376/2010) “ Código das normas” – uma norma legal sobre as normas legais; Decreto 4.657/ 42, conhecida originalmente como Lei de Introdução ao CC, que revogou a lei nº 3.071/16 FUNÇÕES DA LINDB 1) CUIDAR DA VIGÊNCIA DAS NORMAS – ( arts. 1º e 2º); 2) OBRIGATORIEDADE DAS NORMAS – ( art.3º); 3) INTEGRAÇÃO DAS NORMAS – ( art.4º); 4) INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS – ( art.5º); 5) APLICAÇÃO DA NORMA NO TEMPO – ( art.6º); 6) APLICAÇÃO DA NORMA NO ESPAÇO – ( art.7º ao 18) VALIDADE, VIGÊNCIA, VIGOR E EFICÁCIA DAS NORMAS 1) VALIDADE – significa a sua identificação como compatível ao sistema jurídico que integra, critério puramente lógico – formal. O descumprimento das regra de validade: INCOSNTITUCIONALIDADE OU ILEGALIDADE; A validade da norma pode se verificar sob duas óticas: 1 ) FORMAL; 2) MATERIAL. 2 ) VIGÊNCIA – período de validade da norma, ou seja, o lapso temporal que vai do momento em que ela passa a ter força vinculante até a data em que é revogada ou em que se esgota o prazo prescrito para sua duração( normas temporárias); - quando a lei passa a ser obrigatória!!! EXISTÊNCIA X VALIDADE X EFICÁCIA O momento existencial da norma dar-se-á com sua PROMULGAÇÃO; A obrigatoriedade da lei, por sua vez, surge com a PUBLICAÇÃO da lei no DO, o que faz presumir o conhecimento de todos sobre a regra.( art. 3ºLINDB – FICÇÃO JURÍDICA, portanto, não se admite em regra o erro de direito); O que não implica sua vigência e vigor imediatos, pois a lei só começará a vigorar em todo o país 45 dias e no território estrangeiro 3 meses depois da sua PUBLICAÇÃO no DO; - Art.1º da LINDB – ( Regra:45 dias / 3 meses – vacatio legis); LC 95/ 1998 – dispõe sobre a elaboração, redação alteração e consolidação das leis. Ver art. 8º da LC 95/98 – estabelece que toda lei tem que ter um período de adaptação. VACATIO LEGIS – É o prazo razoável estabelecido para que todos tenham conhecimento da lei; Durante a vacatio legis a lei ainda não tem vigência/obrigatoriedade ,muito embora ela já exista; Somente lei de pequena repercussão pode dispensar a vacatio legis – “Essa lei entra em vigor na data de sua publicação.” CONTAGEM PARA VIGÊNCIA DA NORMA – ( art.1º DA LINDB c/c art. 8º da LC95/98): §1º do art. 8º da LC95/98 – inclusão da data de publicação da lei e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral; Se a vacatio legis indevidamente vier em números de meses ou de anos( ex.: NCC – lei 10.406/02) – aplica-se o art.132, CC – exclui o começo e inclui o final; Se durante o período de vacatio legis ( onde a lei existe, mas não tem vigência), ocorrer uma republicação da lei, decorrente de alteração da lei, como fica a contagem da vacatio legis? ( art.1º, § 3º da LINDB) – o novo prazo é somente na parte da lei que fora alterada. OBS: Art.1º,§4º da LINDB – a correção de texto já em vigor, somente através de lei nova. VIGÊNCIA X VIGOR 3) VIGOR - força normativa, impossibilidade de os sujeitos subtraírem-se ao seu império. Realização efetiva de resultados jurídicos. OBS: ultratividade - norma já revogada( não mais vigente)pode continuar sendo aplicada em juízo (tendo vigor), se disser respeito a situações consolidadas sob a sua vigência. REVOGAÇÃO CONCEITO: momento em que as normas perdem a sua vigência, deixando de pertencer ao sistema; Art.2º, caput, §§1º e 2º da LINDB; Até quando uma lei permanece em vigor? – PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DAS NORMAS. Assim, não se admite a revogação consuetudinária ( DESUETUDO) TIPOS DE REVOGAÇÃO: 1) EXPRESSA; 2) TÁCITA. Art.9º da LC 95/98 - “ A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas.” REVOGAÇÃO ( EXPRESSA OU TÁCITA): 1) TOTAL( AB-ROGAÇÃO); 2) PARCIAL(DERROGAÇÃO). Cuidado!!!!Art.2º,§2º da LINDB – lei nova que estabelece disposições gerais a par das já existentes, não as revoga e nem as modifica. ANTINOMIAS DE NORMAS: 1) lex superior derogat legis inferior – CRITÉRIO HIRÁRQUICO; 2) lex posterior derogat legis priori. – CRITÉRIO CRONOLÓGICO; 3) lex specialis derogat legis generali –CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE QUESTÕES DE CONCURSO – CESPE ( 2008) A derrogação é a supressão total da lei; ( ) (2008) Considerar-se-á revogada uma lei até então vigente quando uma lei nova aprovada segundo ad regras de processo legislativo, passar a regulamentar inteiramente a mesma matéria de que tratava a lei anterior, ainda que a lei nova não a declare expressamente; ( ) (2007) A lei nova que estabelece disposições gerais revoga leis especiais anteriores que dispõem sobre a mesma matéria, pois não pode ocorrer conflito de leis, ou seja aquele em que diversas leis regem a mesma matéria; ( ) REPRISTINAÇÃO CONCEITO: restauração da lei revogada pela revogação de sua lei revogadora; Art.2º,§3º da LINDB – em regra, não é permitido no Ordenamento brasileiro. Ex. de exceção: art.11,§2º da lei 9.868/99( regula o processo de controle de constitucionalidade concentrado) – “ concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário.” 4) EFICÁCIA: qualidade da norma que se refere à aptidão para a produção concreta de efeitos; A EFICÁCIA pode ser: 1) SOCIAL: produção concreta de efeitos, porque presentes as condições fáticas exigíveis para seu cumprimento; 2) JURÍDICA: é a aptidão da norma para produzir os efeitos que lhe são próprios Em relação à concretização de sua função eficacial( JOSÉ AFONSO DA SILVA): 1) NORMA DE EFICÁCIA PLENA; 2) NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA; 2.1.NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA DE PRINCÍPIO INSTITUTIVO; 2.2.NORMAS CONTSITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA DE PRINCÍPIO PROGRAMÁTICO; 3) NORMA DE EFICÁCIA CONTIDA OBRIGATORIEDADE DAS NORMAS Art.3º da LINDB – PROIBIÇÃO DE ALEGAÇÃO DE ERRO DE DIREITO – “ Ninguém pode se escusar de cumprir a lei, alegando que não a conhece.” Presunção RELATIVA; Ex.: art.139,III do CC – erro do NJ como causa de anulabilidade; CLASSIFICAÇÃO QUANTO A IMPERATIVIDADE DAS NORMAS: 1) COGENTES ou de ORDEM PÚBLICA; 2) DISPOSITIVAS. (CESPE/2007) As leis por serem preceitos de ordem pública, ou seja, de observância obrigatória, sejam cogentes ou dispositivas , tem força coercitiva e não podem ser derrogadas por convenção entre as partes; ( ) APLICAÇÃO DE NORMAS JURÍDICAS Como interpretar e integrar as normas , e aplicá-las no tempo e no espaço? INTEGRAÇÃO X INTERPRETAÇÃO INTEGRAÇÃO – art.4º da LINDB, já visto. INTERPRETAÇÃO DE NORMAS CONCEITO IN CLARIS CESSAT INTERPRETATIO – MÁXIMA DO DIREITO INTERPRETAÇÃO X INTERPRETAÇÃO COMPLEXA; TÉCNICAS HERMENÊUTICAS 1) LITERAL OU GRAMATICAL; 2)LÓGICO; 3)SISTEMÁTICO; 4)HISTÓRICO; 5) FINALÍSTICO OU TELEOLÓGICO; QUANTO À ORIGEM: 1) DOUTRINÁRIA; 2)JURISPRUDENCIAL; 3)AUTÊNTICA. QUANTO AOS RESULTADOS: 1) DECLARATIVA; 2)EXTENSIVA; 3)RESTRITIVA. Art.5º da LINDB: “ Na aplicação da lei , o juiz atenderá ao fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.” – REGRA DE OURO APLICAÇÃO DA NORMA NO TEMPO CONFLITOS DE NORMAS NO TEMPO ( DIREITO INTERTEMPORAL) No conflito temporal de leis, deverá ser aplicada a lei nova ou a lei velha às situações cujos efeitos invadirem o âmbito temporal da lei revogadora mais recente? Art.6º da LINDB – PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI Excepcionalmente, por expressa previsão legal e desde que não atinja o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido, poderá a lei retroagir. CONFLITO INTERTEMPORAL Como ficaria o caso de situações jurídicas iniciadas antes da lei nova, relações jurídicas continuativas ou de trato sucessivo? Art.2035, CC – a existência e validade da situação jurídica se submetem-se a norma do tempo da celebração; já em relação à eficácia seria a norma atualmente em vigor. Ex: casamento realizado na vigência do CC de 1916, sua existência e validade são regulamentados por ele, mas sua eficácia será pelo CC de 2002, logo poderia modificar o regime de bens. APLICAÇÃO DA NORMA NO ESPAÇO Art.7º e s.s. da LINDB PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE MITIGADA OU MODERADA REGRAS DE TERRITORIALIDADE ( 8º e 9ª); REGRAS DE EXTRATERRITIRIALIDADE ( 7º,8º,10,12 E 17) CRITÉRIOS DE APLICAÇÃO Em questões sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família, deve ser aplicada a lei do país de domicílio da pessoa.( art.7º); - ESTATUTO PESSOAL – FILTRAGEM CONSTITUCIONAL; Em questões sobre a qualificação e regulação das relações concernentes a bens, deve ser aplicada a lei do país onde estão situados ( art.8º); Em questões envolvendo obrigações, deve ser aplicada a lei do país onde foram constituídas, reputando se constituídas no lugar em que residir o proponente ( art.9º,§2º); Em questões envolvendo sucessão por morte ( real ou presumida), deve ser aplicada a lei do país do domicílio do “de cujus”, ressalvando –se que, quanto a capacidade para suceder , aplica-se a lei do domicílio do herdeiro ou legatário; Quando a sucessão incidir sobre bens do estrangeiro, situados no Brasil, aplicar-se-á a lei brasileira em favor do cônjuge brasileiro e dos filhos do casal, sempre que não lhes for mais favorável a lei do domicílio do defunto ( art.10,§§1º e 2º); Art. 14 da LINDB c/c art. 376 do CPC – deve o magistrado exigir de quem invoca o direito estrangeiro prova do seu texto e vigência; Compete, após a EC 45/2014, ao STJ processar e julgar a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão do exequatur às cartas rogatórias.( art.105, I, i da CF/88); EXEQUATUR é o “cumpra-se”, quando uma sentença judicial ou arbitral estrangeira seja executada no Brasil; REQUISITOS DA EXEQUATUR: 1) haver sido proferido por autoridade competente; 2) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia; 3) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em fora proferida; 4)estar traduzida por intérprete autorizado; 5) ter sido homologada pelo STJ A lei 12.036/2009 revogou o § único do art. 15 da LINDB, portanto mesmo as decisões judiciais declaratórias de estado de pessoas precisam de exequatur pelo STJ; Súmula 420 STF: “ não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito em julgado”. Dado o exequatur pelo STJ serão os juízes federais que irão executá-los.
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