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ARTIGO LEGISLAÇÃO ENSINO SUPERIOR

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CRISTINA DE FATIMA PEREIRA 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A EVOLUÇÃO DO ENSINO BRASILEIRO E SUA LEGISLAÇÃO 
 
 
RESUMO 
 
 
Palavras-chave: até 5 palavras, separadas entre si por ponto. 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1
 Professor Adjunto do 3º ano do Ensino Fundamental de 09 anos na Prefeitura da Estância 
Turística de Avaré 
 
1 EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL COLONIAL E NO BRASIL IMPERIAL 
 
O surgimento dos primeiros cursos superiores no Brasil data de 
1808, com a chegada da família real portuguesa ao país. Por mais de 
trezentos anos a educação superior foi negligenciada, fruto do modelo de 
colonização brasileira. 
 
De acordo com Cunha (2007), em 1808, foram criadas as escolas 
de Cirurgia e Anatomia em Salvador, a escola de Anatomia e Cirurgia e a 
Academia da Guarda Marinha, ambas no Rio de Janeiro. Já em 1810, foi 
criada a Academia Real Militar, com curso de Engenharia, sendo o curso 
de Agricultura criado em 1814 e a Real Academia de Pintura e Escultura. 
 
Após a independência, por decreto de D. Pedro I de 11 de agosto 
de 1827, foram criados os Cursos de Direito de São Paulo e de Olinda, 
este último, transferido para Recife em 1854. Os dois cursos vieram a 
constituir, respectivamente, a Faculdade de Direito do largo de São 
Francisco, em São Paulo, e a Faculdade de Direito do Recife. 
 
Até a proclamação da República em 1989 o ensino superior pouco 
se desenvolveu, pois, detentora do poder, a elite não via vantagens na 
abertura de mais universidades. 
 
Conforme noticia Teixeira (1969), entre 1808 a 1882 foram 
apresentados 24 projetos para a criação de novas universidades, porém, 
nenhum deles foi aprovado. 
 
Ainda segundo Teixeira (1969), até o fim do século XIX haviam vinte 
e quatro estabelecimentos de ensino superior em atividade no Brasil, 
contando com aproximadamente 10.000 (dez mil) estudantes matriculados. 
 
 
1.1 A EDUCAÇÃO SUPERIOR NA REPÚBLICA VELHA 
 
 
 No fim do Império, ganha força o movimento dos positivistas 
brasileiros que defendem a liberdade do ensino, desoficializando o mesmo. 
 
Com a promulgação da Constituição da República de 1891, que 
estabelece o sistema presidencial federativo e a descentralização no 
tocante à educação, delegando também aos estados a educação de nível 
superior, passam a surgir novos estabelecimentos de ensino superior, 
principalmente instituições privadas. 
 
O sistema educacional bandeirante data desta época, sendo a 
primeira grande ruptura com o sistema de ensino controlado através do 
governo central. 
 
Foi fundada a universidade do de Manaus (1909), Universidade de 
São Paulo (1911), Universidade do Paraná (1912), Universidade do Rio de 
Janeiro (1920) 
 
 
Segundo Martins: 
 
“Na década de 1920 o debate sobre a criação de universidades não se 
restringia mais a questões estritamente políticas (grau de controle estatal) 
como no passado, mas ao conceito de universidade e suas funções na 
sociedade. As funções definidas foram as de abrigar a ciência, os cientistas 
e promover a pesquisa. As universidades não seriam apenas meras 
instituições de ensino mas centros de saber desinteressado. Na época, o 
país contava com cerca de 150 escolas isoladas e as 2 universidades 
existentes, a do Paraná e a do Rio de Janeiro, não passavam de 
aglutinações de escolas isoladas.” 
 
 
De acordo com Teixeira (1969), neste período o Brasil passou de 24 
escolas de ensino superior a 133, sendo que 86 foram criadas na década 
de 1920. 
 
Com efeito, o crescimento da busca da população ao diploma de 
nível superior trouxe um problema, o excesso de mão de obra qualificada 
não era absorvido pelo mercado de trabalho. 
 
Para tentar resolver este problema, em 1911, foi editado o Decreto 
8.659 de 1911 onde o estudante que concluísse o Ginásio não mais teria 
direito ao ingresso direto no Ensino Superior, devendo prestar exames de 
admissão, pagar taxas de matrícula, curso e emissão de certificado. 
 
Apesar da reforma supramencionada ter reduzido o acesso ao 
ensino superior, não resolveu o problema, razão pela qual, segundo 
Ramos, o Decreto 16.782-A de 1925 finalizou o processo de elitização do 
ensino superior no Brasil. O decreto restringiu o acesso educacional 
impondo vagas fixas por curso e turma. 
 
De acordo com Ramos: 
 
[...]“Antes não havia um número de vagas fixo, todos os aprovados 
no vestibular tinham direito ao ingresso, com a reforma passaram a 
ter direito a vaga somente os candidatos melhor classificados até o 
limite de vagas. 
A reforma atingiu seu objetivo, diminuindo a procura pelos cursos 
mais concorridos, conduzindo estudantes das classes mais baixas 
para os cursos menos procurados, reduzindo o número de 
diplomados em Direito, Medicina e Engenharia, cursos que passaram 
a ser destinados as elites.”[...] 
 
 
 
1.2 A ERA VARGAS 
 
Em 1930, assume o governo da república Getúlio Dornelles Vargas, 
após um Golpe de Estado que impediu a futura posse de Júlio Prestes, pondo 
fim à República Velha, também reconhecida como República do Café com 
Leite. 
 
Ao assumir o poder em 1930, uma das primeiras atitudes do ditador foi a 
criação do Ministério da Educação tendo nomeado como ministro Francisco 
Campos. 
 
Francisco Campos criou o Estatudo da Universidade Brasileira, abrindo 
espaço para a criação de novas universidades. O Estatuto, realizado por 
Decreto nº 19.851/1931 estipulava: 
 
Art. 1º O ensino universitário tem como finalidade: elevar o 
nível da cultura geral, estimular a investigação cientifica em 
quaisquer domínios dos conhecimentos humanos; habilitar ao 
exercício de atividades que requerem preparo técnico e científico 
superior; concorrer, enfim, pela educação do indivíduo e da 
coletividade, pela harmonia de objetivos entre professores e 
estudantes e pelo aproveitamento de todas as atividades 
universitárias, para a grandeza na Nação e para o aperfeiçoamento 
da Humanidade. Art. 2º A organização das universidades brasileiras 
atenderá primordialmente, ao critério dos reclamos e necessidades 
do país e, assim, será orientada pelos fatores nacionais de ordem 
física, social e econômica e por quaisquer outras circunstâncias que 
possam interferir na realização dos altos desígnios universitários. Art. 
3º O regime universitário no Brasil obedecerá aos preceitos gerais 
instituídos no presente decreto, podendo, entretanto, admitir 
variantes regionais no que respeita à administração e aos modelos 
didáticos. Art. 4º As universidades brasileiras desenvolverão ação 
conjunta em benefício da alta cultura nacional, e se esforçarão para 
ampliar cada vez mais as suas relações e o seu intercâmbio com as 
universidades estrangeiras. 
 
 No mesmo ano foi criado o Conselho Nacional de Educação, através do 
Decreto número 19.850, composto em sua maioria por representantes das 
unidades de ensino superior. 
 
 Segundo Cunha (2000): 
 
Ao fim da era de Vargas, em 1945, eram cinco as instituições 
universitárias, em meio a dezenas de faculdades isoladas. A 
Universidade do Rio de Janeiro tinha passado a se chamar, desde 
1937, Universidade do Brasil, que se pretendia modelar com suas 
faculdades e escolas nacionais. A Universidade de Minas Gerais 
permaneceu com o status adquirido. A Escola de Engenharia de 
Porto Alegre foi credenciada como universidade em 1934, no mesmo 
ano em que foi criada a Universidade de São Paulo, uma bem-
sucedida variante do modelo federal. Em 1940, na cidade do Rio de 
Janeiro, surgiram as Faculdades Católicas, embrião da universidade 
reconhecida pelo estado em 1946 e, mais tarde, pontifícia - foi esta a 
primeira universidade privada do país. Teve vida curta a 
Universidade do Distrito Federal, criada por Anísio Teixeira em 1935e dissolvida em 1939, tendo parte de suas faculdades incorporada 
pela Universidade do Brasil. (CUNHA, 2000). 
 
 De acordo com Wolter, em 1954 o Brasil tinha 16 universidades, 
distribuídas da seguinte maneira: 3 em São Paulo, 2 no Rio Grande do Sul, 1 
no Paraná, 3 em Pernambuco, 1 na Bahia, 3 em Minas Gerais e 3 no Rio de 
Janeiro. 
 
 Ainda de acordo com Wolter: 
 
[...]O período educacional brasileiro compreendido entre os anos 
1924 a 1950 é de um otimismo pedagógico. Novas teorias entraram 
em cena com o intuito de contrabalancear os ideais tradicionalistas, e 
a concepção da universidade pública agradava os grupos 
renovadores e trazia novas expectativas para o Brasil em seu 
processo industrializador. Nesse contexto é possível verificar a 
importância da criação do Ministério da Educação, a reforma de 
Francisco Campos, a qual autoriza e regulamenta o funcionamento 
das universidades do Brasil, e do Decreto-Lei nº 421/38 efetivado 
pelo ministro Gustavo Capanema.[...] 
 
 
2 A REPÚBLICA POPULISTA 
 
 O período conhecido por república populista tem início com a deposição de 
Getúlio Vargas em 1945. 
 
 Em 1946 é promulgada a quinta constituição brasileira. Na área educacional a 
carta magna garante a competência da União para legislar sobre as diretrizes e bases 
da educação nacional relegando aos Estados a competência residual. Garante ainda a 
vinculação de recursos para o desenvolvimento e manutenção do ensino, a liberdade 
de cátedra, a previsão de criação de institutos de pesquisa e principalmente, em seu 
artigo 166, estabelecia: 
 
“Art. 166. A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. Deve 
inspirar-se nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana.” 
(Constituição Federal de 1946) 
 
 Em 1951 surgiu o CNPq e a CAPES, o primeiro passou a denominar-se 
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, criado para 
incentivar e financiar as pesquisas no âmbito universitário e o segundo para estimular, 
fiscalizar e financiar cursos de mestrado e doutorado nas universidades. Tais institutos 
perduram até os dias atuais e são importantes ferramentas para o desenvolvimento do 
ensino de nível superior. (RAMOS, 2011) 
 
 É deste período também a aprovação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional, ocorrida em 1961 após mais de uma década de tramitação. 
 
 Segundo Souza (2008), a aprovação da LDB democratizou o ensino 
secundário, incorporou-se ao contexto de crescimento industrial do período ao 
disciplinar a formação técnica aos alunos desta forma o Brasil teria mão de obra 
qualificada para o trabalho nas indústrias e atividades a ela associadas. Acreditava-se 
que o desenvolvimento do país pudesse ser alavancado com a qualificação das 
massas e o acesso restrito ao ensino superior pela classe dominante. 
 
 
O REGIME MILITAR 
 
 Em 1964, deposto o presidente João Goulart, começa o regime militar 
brasileiro, tendo seu primeiro presidente eleito indiretamente o General 
Humberto de Alencar Castelo Branco. O período militar vai de 1964 até 1985. 
 
 Segundo Silva, 2016: 
 
[...]As primeiras iniciativas do governo referentes à educação não 
foram as melhores. Estudantes foram presos, professores foram 
expurgados (demitidos ou aposentados) e a crise política parecia não 
ter fim. Havia uma convicção entre os militares de que as 
universidades eram completamente dominadas por grupos 
comunistas. Em nome da segurança nacional, a “operação limpeza” 
foi acionada para expurgar os supostos males advindos da 
subversão de esquerda.[...] 
 
 Apesar da intensa repressão aos movimentos estudantis no início da ditadura 
militar, os protestos continuavam ocorrendo. Segundo Fávero (1991), em 1967 foi 
criada uma comissão especial para “[...] emitir parecer conclusivo sobre as 
reivindicações e planejar e propor medidas para aplicação das diretrizes 
governamentais no setor estudantil.” 
 
 Em 1968 o governo militar institui uma das mais importantes medidas no 
âmbito universitário até então, através da Lei nº 5.540/1968 conhecida como “Reforma 
Universitária”. De acordo com Ramos (2011), a reforma de 1968 cria o estatuto do 
magistério superior federal, elimina matérias em duplicidade oferecida em vários 
cursos, cria o Conselho Federal de Educação e leva o campus das Universidades para 
as periferias e ainda define os objetivos do ensino superior brasileiro, quais sejam, a 
pesquisa, o desenvolvimento das ciências, letras e artes e a formação de profissionais 
de nível universitário. 
 
 De acordo com Saviani (2010): 
 
[...]”na prática, a expansão do ensino superior reivindicada pelos 
jovens postulantes à universidade se deu pela abertura 
indiscriminada, via autorizações do Conselho Federal de Educação, 
de escolas isoladas privadas, contrariando não só o teor das 
demandas estudantis, mas o próprio texto aprovado. Com efeito, por 
esse caminho inverteu-se o enunciado do artigo segundo da Lei 
5.540 que estabelecia como regra a organização universitária 
admitindo, apenas como exceção, os estabelecimentos isolados; de 
fato, estes se converteram na regra da expansão do ensino superior.” 
(Saviani, 2010) 
 
 Em 1971 o governo militar alterou a LDB através da lei número 5.692/1971 e 
entre as principais alterações tem-se: 
• Criação do ensino supletivo; 
• Valorização da educação profissional 
• Matrícula obrigatória dos 7 aos 14 anos de idade 
• Inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, 
Educação Artística e Programa de Saúde no currículo escolar. 
 
 
A NOVA REPÚBLICA 
 
 No ano de 1985 inicia-se a nova república com o fim de mais de 20 anos de 
ditadura militar após intensa manifestação popular culminando com o protesto 
denominado “Diretas Já”. 
 
 O primeiro governo pós ditadura é marcado por intensos debates acerca da 
educação tanto de nível básico como de nível superior porém pouco se produz em 
termos de legislação. 
 
 Já no fim do governo de José Sarney foi promulgada a Constituição Federal de 
1988, conhecida também por “Constituição Cidadã”. 
 
 A Carta Magna de 1988 reserva nove artigos para tratar exclusivamente sobre 
educação, do artigo 205 ao artigo 214. Define-se a educação como direito de todos, 
visando o desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e 
sua qualificação para o trabalho. Estabelece ainda, princípios em seu artigo 206: 
 
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes 
princípios: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o 
pensamento, a arte e o saber; 
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e 
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; 
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na 
forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por 
concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; 
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; 
VII - garantia de padrão de qualidade. 
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da 
educação escolar pública, nos termos de lei federal. ( Constituição 
Federal de 1988) 
 Quanto ao ensino superior, a constituição cidadã garante: “Art. 207. As 
universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de 
gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade 
entre ensino, pesquisa e extensão.” 
 
 Em 1993 foi criado o Programa de Avaliação Institucional (PAIUB), 
segundo Bessa (org.): 
 
[...]foi uma resposta das universidades brasileiras ao desafio de 
implantar um sistema de avaliação institucional centrada na 
graduação, já que a pós-graduação já vinha sendo avaliada. O 
PAIUB vai integrar os resultadosdesses processos de avaliação 
implementados pelo MEC, a saber: Exame Nacional de Cursos, 
Avaliação das Condições de Oferta de Cursos de Graduação, 
avaliações conduzidas pelas Comissões de Especialistas de Ensino 
da SESU. Desta forma, vai assegurar os instrumentos de qualidade 
das instituições assim como fornecer informações para todos esses 
processos. A avaliação institucional deverá ser composta das 
seguintes etapas: Avaliação interna: realizada pela instituição, com a 
participação de todas as instâncias e segmentos da comunidade 
universitária, considerando as diferentes dimensões de ensino, 
pesquisa, extensão e gestão. Avaliação externa: realizada por 
comissão externa, a convite da IES, a partir da análise dos 
resultados da avaliação interna e de visitas à instituição, resultando 
na elaboração de um parecer. Reavaliação: consolidação dos 
resultados da avaliação interna (auto-avaliação), da externa e da 
discussão com a comunidade acadêmica resultando na elaboração 
de um relatório final e de um plano de desenvolvimento institucional.” 
 
 Já no governo de Fernando Henrique Cardoso ocorre é promulgada a 
terceira Lei de Diretrizes e Base sob número 9.394 de 20 de dezembro de 
1996. 
 
 Muitas são as inovações constantes na nova Lei de Diretrizes e Bases, 
de acordo com RAMAL, no ensino superior, as principais mudanças são: 
• Fim da exclusividade do exame vestibular para ingresso no 
ensino superior. 
• Possibilidade de descredenciamento, intervenção ou 
suspensão temporária da autonomia realizada pelo MEC 
tendo em vista a análise dos resultados avaliativos da 
Instituição de Ensino Superior. 
• Criação de Institutos Superiores de Educação para a 
formação de docentes sendo exigência mínima a 
licenciatura ou graduação plena para ministrar aulas nas 
quatro primeiras séries do Ensino Fundamental. 
• Incentivo da Educação à Distância 
• Exigência de um terço de professores com titulação de 
Mestrado ou Doutorado para que as Instituições de 
Ensino Superior sejam reconhecidas como Universidades. 
• Aplicação de pelo menos 18% da união e 25% dos Estados 
e Municípios, da receita de impostos em educação. 
 
Em 1998, segundo Bessa, ainda no governo de Fernando Henrique 
Cardoso foi criado o ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio, com a 
proposta de auferir as competências e habilidades adquiridas pelos formandos 
do Ensino Médio. Posteriormente, o resultado da avaliação passou a ser 
utilizado em diversas Universidades brasileiras em seus processos de seleção. 
 
O FIES – Programa de Financiamento Estudantil foi criado em 1999 com 
a finalidade de financiar a graduação no Ensino Superior de discentes que não 
possuem condição de arcar com os custos de sua formação. Teve como 
finalidade, segundo Bessa: 
 
“Os critérios de seleção, impessoais e objetivos, têm como premissa 
atender á população com efetividade, destinando e distribuindo os 
recursos de forma justa e igualitária, garantindo a prioridade no 
atendimento aos estudantes de situação econômica menos 
privilegiada.” 
 
 
 Em 2002, assume a presidência da República Luís Inácio Lula da Silva, 
tendo governado até 2010. 
 
 Segundo Bessa et al., entre as principais medidas tomadas pelo 
presidente em relação ao Ensino Superior estão a criação do REUNI – 
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, PROUNI – Programa 
Universidade para Todos e a UAB – Universidade Aberta do Brasil. 
 
 O REUNI, de acordo com o Decreto nº 6.096 de 24 de abril de 2007 tem 
o objetivo de criar condições para a ampliação do acesso e permanência na 
educação superior, melhor aproveitando a estrutura física e os recursos 
humanos nas universidades federais. 
 
 Segundo Rosa, o PROUNI: 
 
“foi criado pelo governo federal em 2004 e regulamentado pela Lei nº 
11.096 de 2005, concede bolsas de estudos integrais e parciais para 
estudantes de cursos de graduação que não possuem condições de 
custear seus estudos e/ou não conseguem ser aprovados nos 
processos seletivos das instituições públicas de educação superior. 
Como requisito, o estudante tem que ter cursado todo o ensino 
médio em escolas da rede pública ou em instituições privadas na 
condição de bolsista integral. O benefício também é extensivo aos 
portadores de deficiência, bem como aos professores da rede pública 
de ensino nos cursos destinados à formação do magistério da 
educação básica. O Prouni afirma-se como um instrumento de 
inclusão social, constituindo-se também numa ação afirmativa, na 
medida em que reserva percentual de suas vagas para 
afrodescendentes, indígenas e deficientes. O programa seleciona 
estudantes que realizaram o Exame Nacional do Ensino Médio 
(Enem), instituído em 1998, pela Portaria Ministerial nº 438, 
considerando não somente os resultados no exame, mas também o 
perfil socioeconômico dos candidatos.” 
 
 Também no governo Lula foi instituída a Universidade Aberta do Brasil, 
através do Decreto nº 5800 de 2006 visando ampliar o acesso à educação 
superior através do Ensino à Distância. 
 
 Os objetivos da UAB, de acordo com o Decreto 5.800, artigo 1, Incisos I 
ao VII são: 
 
I – oferecer, prioritariamente, cursos de licenciatura e de formação 
inicial e continuada de professores da educação básica; 
II – oferecer cursos superiores para capacitação de dirigente, 
gestores e trabalhadores em educação básica dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios; 
III – oferecer cursos superiores nas diferentes áreas do 
conhecimento; 
IV – ampliar o acesso à educação superior pública; 
V- reduzir as desigualdades de oferta de ensino superior entre as 
diferentes regiões do país; 
VI – estabelecer amplo sistema nacional de educação à distância; e 
VII- fomentar o desenvolvimento institucional para a modalidade de 
educação a distância, bem como a pesquisa em metodologias 
inovadores de ensino superior apoiadas em tecnologias de 
informação e comunicação. 
 
 Os cursos de graduação a distância foram, a partir da década de 90 sofreram 
forte expansão, sobretudo no governo Lula, garantindo a democratização do acesso à 
educação superior. 
 
 Corroborando a afirmação Rosa (2013), traz a seguinte informação: 
 
O perfil dos cursos de graduação a distância comprova sua relação 
com a formação de professores, tendo em vista que em 2011, do 
total de 1.044 cursos, 554 (53,06%) eram da área da Educação, o 
que representa mais da metade do total de cursos ofertados. No 
mais, 365 cursos (34,95%) eram da área de Ciências Sociais, 
Negócios e Direito; 14 (1,34%) da área de Artes e Humanidades; 36 
(3,45%) da área de Engenharia, Produção e Computação; 19 
(1,82%) da área de Saúde e Bem-Estar Social; e 33 (3,16%) da área 
de Serviços. Os dados comprovam, portanto, que o processo de 
expansão de vagas na educação superior pela EAD se consolida 
com forte centralidade na área da Educação. 
 
 O sistema de cotas foi instituído através da Lei 12.711/2012, no governo 
de Dilma Vana Rousseff, sucessora de Lula, regulamentado através do Decreto 
nº 7.824/2012 e de acordo com Bessa et. al.: 
 
“O conceito de cotização de vagas aplica-se a populações 
específicas, geralmente por tempo determinado. Estas populações 
podem ser grupos étnicos ou raciais, classes sociais, imigrantes, 
deficientes físicos, mulheres, idosos, dentre outros. A justificativa 
para o sistema de cotas é que certos grupos específicos, em razão 
de algum processo histórico depreciativo, teriam maior dificuldade 
para aproveitarem as oportunidades que surgem no mercado de 
trabalho, bem como seriam vítimas de discriminações nas suas 
interações com a sociedade.” 
 Dilma Vana Rousseff, enquanto presidente, além de ampliar os programas 
criados por Lula, aprovou o Pronatec – Programa Nacional de Acesso ao Ensino 
Técnico e Emprego e o programa CiênciaSem Fronteiras. 
 
 No dia 26 de outubro de 2011 Dilma sanciona a Lei número 12.513 que instituiu 
o programa nacional de acesso ao ensino técnico e emprego – PRONATEC, cujos 
objetivos são: 
 
I - expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de 
educação profissional técnica de nível médio presencial e a distância 
e de cursos e programas de formação inicial e continuada ou 
qualificação profissional; 
II - fomentar e apoiar a expansão da rede física de atendimento da 
educação profissional e tecnológica; 
III - contribuir para a melhoria da qualidade do ensino médio público, 
por meio da articulação com a educação profissional; 
IV - ampliar as oportunidades educacionais dos trabalhadores, por 
meio do incremento da formação e qualificação profissional; 
V - estimular a difusão de recursos pedagógicos para apoiar a oferta 
de cursos de educação profissional e tecnológica. 
VI - estimular a articulação entre a política de educação profissional e 
tecnológica e as políticas de geração de trabalho, emprego e 
renda. (Brasil, Lei nº 12.513, de 26 de outubro de 2011) 
 
 
 O programa Ciência sem fronteiras foi instituído através do Decreto nº 7.642 de 
13 de dezembro de 2011 e tem o objetivo de “propiciar a formação e capacitação de 
pessoas com elevada qualificação em universidades, instituições de educação 
profissional e tecnológica, e centros de pesquisa estrangeiros de excelência, além de 
atrair para o Brasil jovens talentos e pesquisadores estrangeiros[...] 
 
 O artigo segundo do supracitado decreto prevê: 
 
Art. 2o São objetivos do Programa Ciência sem Fronteiras: 
I - promover, por meio da concessão de bolsas de estudos, a 
formação de estudantes brasileiros, conferindo-lhes a oportunidade 
de novas experiências educacionais e profissionais voltadas para a 
qualidade, o empreendedorismo, a competitividade e a inovação em 
áreas prioritárias e estratégicas para o Brasil; 
II - ampliar a participação e a mobilidade internacional de estudantes 
de cursos técnicos, graduação e pós-graduação, docentes, 
pesquisadores, especialistas, técnicos, tecnólogos e engenheiros, 
pessoal técnico-científico de empresas e centros de pesquisa e de 
inovação tecnológica brasileiros, para o desenvolvimento de projetos 
de pesquisa, estudos, treinamentos e capacitação em instituições de 
excelência no exterior; 
III - criar oportunidade de cooperação entre grupos de pesquisa 
brasileiros e estrangeiros de universidades, instituições de educação 
profissional e tecnológica e centros de pesquisa de reconhecido 
padrão internacional; 
IV - promover a cooperação técnico-científica entre pesquisadores 
brasileiros e pesquisadores de reconhecida liderança científica 
residentes no exterior por meio de projetos de cooperação bilateral e 
programas para fixação no País, na condição de pesquisadores 
visitantes ou em caráter permanente; 
V - promover a cooperação internacional na área de ciência, 
tecnologia e inovação; 
VI - contribuir para o processo de internacionalização das instituições 
de ensino superior e dos centros de pesquisa brasileiros; 
VII - propiciar maior visibilidade internacional à pesquisa acadêmica e 
científica realizada no Brasil; 
VIII - contribuir para o aumento da competitividade das empresas 
brasileiras; e 
IX - estimular e aperfeiçoar as pesquisas aplicadas no País, visando 
ao desenvolvimento científico e tecnológico e à inovação. (Brasil, 
Decreto nº 7.642, de 13 de dezembro de 2011) 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
CUNHA, Luiz Antônio. A universidade temporã: o ensino superior da 
Colônia à Era Vargas. 3. ed. São Paulo: Unesp, 2007. 
 
Teixeira A. O ensino superior no Brasil – análise e interpretação de sua 
evolução até 1969. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1969. 
 
CUNHA, Luiz Antônio Constant Rodrigues. A universidade temporã, 2ª ed. 
revista e ampliada. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1986. 
 
MARTINS, Antonio Carlos Pereira. Ensino Superior no Brasil: da descoberta 
aos dias atuais, disponível em < 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
86502002000900001>, acesso em agosto de 2017. 
 
RAMOS, Fabio Pestana. História e Política do Ensino Superior no Brasil: 
algumas considerações sobre o fomento, normas e legislação. 2011. 
Disponível em http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2011/03/historia-e-
politica-do-ensino-superior.html, acesso em setembro de 2017. 
 
PEGAR REFERENCIA DECRETO 19851/1931 
 
PEGAR REFERÊNCIA DECRETO 19850/1931 
 
PEGAR REFERÊNCIA – CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1946 
 
Constituição Federal de 1988, disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>, 
acesso em outubro de 2017 
 
CUNHA, Luiz Antonio. Ensino Superior e universidade no Brasil, In: Elaine 
Marta Teixeira Lopes, Luciano Mendes Faria Filho e Cynthia Greive Veiga 
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