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ASSISTÊNCIA E CONTROLE DE DOENÇAS DIARREICAS

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ASSISTÊNCIA E CONTROLE DE DOENÇAS DIARREICAS
A doença diarreica é uma das principais causas de morbimortalidade infantil nos países em desenvolvimento e um dos fatores que mais contribuem para o agravamento do estado nutricional da criança.
A diarreia é um processo, na maioria das vezes, autolimitado, não necessitando, em geral, de tratamento medicamentoso.
Medidas destinadas a melhorar as condições de vida da população são capazes de diminuir a morbidade por doenças diarreicas, como por exemplo: cuidados com estado nutricional, saneamento básico, acesso a água tratada, educação em saúde, entre outros.
Dentre as principais doenças responsáveis pelo maior número de casos de morbimortalidade infantil está a Rotavírus, tendo como melhor forma de prevenção a vacina.
Assim, as ações de base para o cuidado infantil estão: incentivo à imunização, promoção do aleitamento materno, acompanhamento de crescimento e desenvolvimento infantil.
Conceito: 
A diarreia é uma doença caracterizada pela perda de eletrólitos e água, que resulta no aumento do volume e da frequência das evacuações, além da diminuição da consistência das fezes.
Pode dividir-se em:
- Aguda: Causada por um agente infeccioso, com duração menor que 2 semanas.
- Persistente: É quando há alterações secundárias, funcionais e/ou morfológicas do trato gastrointestinal e possui duração de 15 a 30 dias.
- Crônica: É decorrente de má absorção e possui duração maior que 30 dias.
As complicações e causas da morte mais importantes são a desidratação e a desnutrição.
A absorção de sais (eletrólitos) e glicose se mantém durante a diarreia.
Transmissão:
Pode ocorrer de diversas formas, dentre elas: o consumo de água e alimentos contaminados; contato direto com pessoas acometidas pela doença e que estejam eliminando o microrganismo nas fezes, bem como não possuam hábitos de higiene adequados; contato direto com vetores que podem contaminar os alimentos; e contato com objetos contaminados.
Em resumo, homens, animais e alimentos são reservatórios de agentes etiológicos que causam a diarreia, transmitindo via fecal-oral de forma direta ou indireta.
Fisiopatologia:
O agente agressor, ao colonizar o intestino, ativa o sistema de defesa do organismo e, como consequências, causa um aumento da secreção intestinal e uma menor absorção de nutrientes pelo organismo, causando a diarreia propriamente dita.
Inicialmente, a desidratação estimula o centro da sede no cérebro (o indivíduo ingere mais líquido). A sudorese diminui e o organismo não consegue compensar (< quantidade de urina = água e sal intracelular).
Para compensar, a água sai das células e vai para a corrente sanguínea. Por causa disso os tecidos corpóreos “secam” e alteram suas funções.
As células cerebrais são mais suscetíveis a desidratação, então os primeiros sintomas são confusão mental, dores de cabeça, tonteira e, o mais grave, coma.
Existem 3 tipos de desidratação:
- Isotônica: A água e os sais minerais são perdidos em proporções equivalentes às que existem no organismo. Pode acontecer nos vômitos e diarreias, quando não há transferência de água do meio intracelular para o extracelular. É o tipo mais comum encontrada em crianças.
- Hipotônica: Ou hiponatremia. Proporcionalmente são perdidos mais sais que água, como nos casos de transpiração muito elevada, perdas gastrointestinais ou quando a reposição é feita só com água, sem sais. Assim, ocorrerá transferência de líquido extracelular para o intracelular. 
- Hipertônica: A perda de água é proporcionalmente maior que a de eletrólitos, como ocorre na falta de ingestão de água, sudação excessiva, diurese osmótica e uso de diuréticos. Ocorre, então, transferência de água intracelular para espaços extracelulares. 
Diagnóstico:
Na maioria dos casos, o diagnóstico é clínico. Assim, alguns cuidados são importantes, como:
- Verificar se há sinais e sintomas que se referem `diarreia e à desidratação;
- Verificar a existência de outras doenças associadas, história alimentar e uso de medicamentos;
- Pesar e medir a criança descalça e despida;
- Realizar exame físico completo, explicando para a mãe como reconhecer os sinais e sintomas da desidratação.
Tratamento:
Soro de reidratação oral (SRO) contém sódio e glicose que auxiliam na absorção de água.
Hidratação por via endovenosa.
Manutenção da alimentação é de total importância pois impede a deterioração do estado nutricional da criança e permite a regeneração do epitélio intestinal.
O manejo adequado da diarreia inclui, então:
- Prevenção da desidratação;
- Tratamento da desidratação;
- Manutenção da alimentação;
- Combate à desnutrição.
Conduta terapêutica:
Nº I:
Não há sinais de desidratação.
O tratamento é domiciliar.
Aumentar a ingestão de líquidos, incluindo SRO, chás, sopas e sucos.
Manter a alimentação habitual e, caso seja aleitamento materno, aumentar a frequência.
Quando ao SRO, orientar os pais/responsáveis:
- < 1 ano: 50 a 100 ml após cada episódio;
- > 1 ano: 100 a 200 ml após cada episódio.
Orientar pais/responsáveis quanto aos sinais de desidratação (irritabilidade, oligúria, xerostomia, moleira funda, olhos fundos, ausência de lágrimas, muita sede).
Orientar quanto ao retorno em até 5 dias ou imediatamente, em caso de piora.
Nº II:
A criança apresenta sinais de desidratação.
A criança deve ser internada imediatamente para reidratação endovenosa.
O SRO deve ser administrado por 4 horas (mesmo esquema anterior) e reavaliar.
Aumentar a ingestão de líquidos adicionais, incluindo chás, sopas e sucos.
Se houver melhora, SRO em casa e seguir o plano de cuidados nº I.
Realizar uma alimentação oral na unidade. O atendimento pode ser ambulatorial ou hospitalar.
Caso os sintomas de desidratação não desapareçam, é necessário prescrever volume adicional de líquidos.
Nº III:
A criança apresenta sinais graves de desidratação.
A reposição de líquidos é por via endovenosa nas seguintes fases:
- Expansão ringer lactato;
- Reposição glicose;
- Manutenção até sair do quadro de desidratação.
Atendimento hospitalar.
Cuidados na atenção básica:
Identificar as crianças que apresentam ou vivem em maiores condições de risco.
Verificar sinais vitais, peso e estatura.
Coletar história pregressa de diarreia.
Realizar exame físico completo, avaliando sinais de desidratação e carteira de imunização.
Caso esteja desidratado, iniciar SRO imediatamente.
Orientar pais/responsáveis sobre os sinais de desidratação e sobre o preparo do soro.
Sobre o SRO:
Preparar apenas 1l.
Usar água em temperatura ambiente.
Deixar a jarra/garrafa sempre tampada.
Desprezar depois de 24hrs.
Não diluir em outro líquido a não ser água.
Não melhorar o sabor misturando outras substâncias.
Não forçar grande quantidade.
Oferecer normalmente, VO.
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de assistência a saúde da criança. Assistência e controle de Doenças Diarreicas. Brasília, 1993. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_diarreicas.pdf>.

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