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Tendencias Smart Cities

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Ghissia Hauser 
Thais Caetano Bochi
SMART CITY: CENÁRIOS 
URBANOS DA INOVAÇÃO
Inovação e as novas dinâmicas sociais e econômicas nas cidades
TENDÊNCIAS
Apoio:
 Hauser, Ghissia; Bochi, Thais Caetano
 Smart city: Cenários urbanos da inovação
 [Recurso eletrônico on-line] : Inovação e as novas dinâmicas sociais e 
 econômicas nas cidades/ Hauser, Ghissia; Bochi, Thais Caetano – Brasília, DF: 
 ANPROTEC, 2017. 
 41 p. : il. – (ANPROTEC – Tendências)
 
 Inclui referências
 ISBN: 978-85-87196-40-8 
 Modo de acesso: www.anprotec.org.br/site/menu/publcacoes-2/e-books/
 1. Empreendimentos. 2. Desenvolvimento econômico – Aspectos
 ambientais. 3. Sociologia do conhecimento. 4. Smart City.
 5. Inovações tecnológicas.
Catalogação na publicação por: 
 Coleção AnproteC • tendênCiAs | smart city: cenários urbanos da inovação 03
CAPA
Sumário
introdução
Contexto
ConCeitoS, 
VertenteS e 
terminologiAS
dimenSõeS 
dAS CidAdeS 
inteligenteS
CASoS e iniCiAtiVAS
reFlexão FinAl
04 
Introdução
05 
Contexto
07
ConCeItos, Vertentes 
e termInologIas
13 
dImensões 
das CIdades 
IntelIgentes
ElEMENTOS CONSTITuTIvOS 
INFRAESTRuTuRA 
ECONOMIA
MEIO AMBIENTE
PESSOAS
GOvERNANçA
QuAlIDADE DE vIDA
TECNOlOGIA
25
Casos e InICIatIVas
lIvING lABS
ECONOMIA COMPARTIlHADA
PlATAFORMAS DE COMPARTIlHAMENTO 
DE INFORMAçãO
34
reflexão fInal
 Coleção AnproteC • tendênCiAs | smart city: cenários urbanos da inovação 04
Introdução
Este ebook, da série Tendências, tem por objetivo propiciar 
uma dinâmica reflexão sobre a evolução dos conceitos em 
ambientes de inovação em função do surgimento de novos 
tipos de mecanismos de geração de empreendimentos e de 
novos tipos de áreas de inovação.
Este é, por definição, um documento eletrônico que deve estar 
em constante construção, permitindo que nossa comunidade 
reflita sobre e aperfeiçoe os conceitos e entendimentos 
sobre os ambientes de inovação que caracterizam o 
movimento do empreendedorismo inovador no Brasil.
CAPA
Sumário
introdução
Contexto
ConCeitoS, 
VertenteS e 
terminologiAS
dimenSõeS 
dAS CidAdeS 
inteligenteS
CASoS e iniCiAtiVAS
reFlexão FinAl
 Coleção AnproteC • tendênCiAs | smart city: cenários urbanos da inovação 05
Contexto
Análises sobre as transformações das cidades e 
metrópoles no mundo contemporâneo, relacionadas 
aos avanços das novas tecnologias de informação e 
comunicação, começaram a aparecer desde os anos 1980. 
vários autores (Friedmannn e Wolff, 1982; Smith e Feagin, 
1987; Castells, 1989; Harvey, 1989; Santos, 1990; Sassen, 
1991; Soja, 1993) repensaram a pesquisa urbana, dando 
ênfase às interações entre as transformações do modelo 
produtivo mundial e o processo de estruturação 
do território.
A reestruturação do capitalismo e o surgimento de um novo 
modelo de organização sociotécnica, que Castells (1989) 
denomina de modo de desenvolvimento informacional, 
configuraram uma nova geografia econômica mundial e o 
protagonismo de um número crescente de aglomerações 
urbanas. A organização territorial baseada em relações 
centro-periferia foi substituída por uma trama emaranhada de 
redes globais de caráter financeiro, produtivo e de consumo, 
tendendo a abarcar todo o planeta 
(SASSEN, 1998; MATOS, 2010; HAuSER, 2016). 
CAPA
Sumário
introdução
Contexto
ConCeitoS, 
VertenteS e 
terminologiAS
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CASoS e iniCiAtiVAS
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 Coleção AnproteC • tendênCiAs | smart city: cenários urbanos da inovação 06
Associados a esse debate, surgiram, também, novos 
conceitos e/ou terminologias, novas políticas públicas, 
novas práticas urbanas, inúmeros aplicativos e a 
disponibilidade de ferramentas que permitem conhecer 
as transformações da vida humana e do espaço urbano 
em tempo real, modificando o planejamento das cidades 
e gerando uma miríade de novos empreendimentos. 
Smart city ou cidade inteligente é o conceito relacionado 
a essas transformações, e living lab (ll) é a metodologia 
de inovação aberta para a geração de soluções urbanas 
em cocriação com as partes interessadas, com testes em 
ambientes reais de uso. 
Inúmeros países têm sido influenciados pelas discussões 
sobre o tema, porém o termo “inteligente” é empregado de 
diferentes maneiras (American urban land Institute, 2007; 
Thorns, 2002; Coe et al., 2000; Nova Zelândia Smart Growth 
Network, 2000; Eger, 1997). Percebe-se que o adjetivo 
inteligente implica, claramente, algum tipo de inovação 
e mudança tecnológica urbana positiva por meio de da 
utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação 
- TIC. Há, no entanto, autores que associam smart city 
a diferentes temas, tais como cabeamento (Dutton, 
1987), digital (Ishido, 2002), telecomunicações (Graham e 
Marvin, 1996), informacional (Castells, 1995) ou inteligente 
(Komninos, 2002). Outros relacionam à implementação 
de “e-governança” (Eurocities, 2007; van der Meer e van 
Wilden, 2003), a comunidades de aprendizado social 
(Coe et al., 2000) ou a questões de crescimento urbano 
e sustentabilidade social e ambiental (Smart Growth 
Network, 2007; Polese and Stren, 2000; Satterthwaite, 
1999) (HOllANDS, 2008). 
Há vários questionamentos relacionados às smart cities. 
O rótulo inteligente apresenta problemas em sua definição, 
bem como em suas dimensões mais normativas e 
ideológicas, sobretudo no que se refere aos pressupostos 
relacionados às transformações das cidades e a questões 
urbanas subjacentes. 
Há dúvidas, também, sobre as motivações que levaram 
à viralização desse conceito. Considera-se que parte do 
problema diz respeito ao uso dessa rotulagem urbana com 
o objetivo de autopromoção. Isso dificulta distinguir as 
experiências que utilizam o termo para fins de marketing de 
lugar (Begg, 2002; Harvey, 2000; Short et al., 2000) daquelas 
que se referem a mudanças reais de infraestrutura, com 
evidências de resultados viáveis e de políticas de TI eficazes.
Em suma, trata-se de um tema que vem gerando uma 
significativa agenda de pesquisa, sobretudo devido à forma 
como o termo “inteligente” é empregado (BEGG, 2002; 
HOllANDS, 2008; WOlFRAM, 2012).
O adjetivo inteligente 
implica, claramente, em 
algum tipo de inovação 
e mudança tecnológica 
urbana positiva.
CAPA
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VertenteS e 
terminologiAS
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Conceitos, Vertentes 
e Terminologias
A ampla gama de novos discursos urbanos, tais como 
inteligentes, inovadores, cabeados, digitais, criativos e 
culturais, costuma vincular dois temas: 
as transformações tecnológicas e as transformações 
econômicas, políticas e socioculturais. Smart city é um 
conceito emergente e difuso, utilizado de diferentes 
maneiras, nem sempre de acordo umas com as outras. 
Ou seja, não existe uma definição única sobre o 
tema e há vários autores buscando aprofundar 
esse conceito (CHOuRABI et al., 2012). A viralização 
do debate sobre smart cities parece ter sido 
influenciada por alguns fatores que vêm gerando 
grandes desafios para a definição de políticas 
públicas e práticas urbanas. 
NÃO ExISTE UMA DEfINIÇÃO 
úNICA SOBRE O TEMA, 
E HÁ VÁRIOSAUTORES 
BUSCANDO ApROfUNDAR 
ESSE CONCEITO.
CAPA
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A qUESTÃO 
AMBIENTAl 
As agendas políticas contempo-
râneas necessitam incorporar dois 
temas desafiadores: as mudanças 
climáticas e a escassez mundial 
de recursos. No entanto, estudos 
sobre a dinâmica desses temas 
e de suas complexas interações 
com as recentes mudanças 
socioeconômicas tornaram-se 
disponíveis apenas no final dos 
anos 1990 (Stern, 2007). 
Além disso, a crise financeira de 
2009 revelou as vulnerabilidades 
do modelo capitalista atual e, em 
particular, o papel das cidades 
 nesse modelo (Harvey, 2010), 
criando pressões crescentes 
para a ação nas cidades.
fATORES INflUENCIADORES 
DESSA DISSEMINAÇÃO.
segundo Wolfram (2012) 
A CRESCENTE 
URBANIzAÇÃO 
O crescimento da população 
urbana, as demandas de recursos 
espacialmente diferenciados, as 
pressões ambientais e as desi-
gualdades socioeconômicas 
ampliaram o protagonismo das ci-
dades e regiões urbanas, que vêm 
ganhando cada vez mais impor-
tância quando se trata de elaborar 
políticas que respondam 
a esses desafios.
 A CONVERGÊNCIA 
TECNOlóGICA 
Os componentes do sistema de 
TIC vêm ampliando a convergên-
cia tecnológica, o que permite a 
integração de várias tecnologias 
e facilita a interconexãode dados 
e a comunicação direta entre 
vários usuários e ambientes 
em redes de grande escala. 
Exemplo disso diz respeito ao 
desenvolvimento de aplicativos 
de sistemas de Internet e embar-
cados (banda larga móvel, 
computação em nuvem, internet 
das coisas, “arquiteturas orienta-
das a serviços”, Web 2.0, etc.).
A CONVERGÊNCIA 
INDUSTRIAl 
Convergência é a tecnologia e a 
técnica de interligar as redes de 
informação de uma cadeia produ-
tiva industrial, com o objetivo de 
formar dados inteligentes para a 
tomadade decisões. À medida que 
as infraestruturas de TIC se inte-
gram cada vez mais com outras 
infraestruturas e tecnologias (re-
des elétricas, redes de transporte, 
componentes de construção, apli-
cações domésticas, etc.), ocorre 
também uma aproximação dos 
principais ramos industriais. Essa 
convergência das cadeias de valor 
industrial com as infraestruturas 
e aplicativos urbanos inteligentes 
vêm sendo impulsionada pela 
indústria e pelos governos para 
ampliar a participação nos cres-
centes mercados emergentes.
A INfORMATIzAÇÃO 
DA SOCIEDADE 
As práticas sociais em nível indi-
vidual, organizacional (públicas 
e privadas) e interorganizacional 
estão se transformando. 
As soluções de TIC permitem ex-
plorar novas opções para coletar, 
promover intercâmbio, analisar e 
comunicar dados em rede, 
de forma descentralizada. 
Os novos usos de TIC, especial-
mente em contextos urbanos, 
vêm sendo intensamente incor-
porados às atividades cotidianas, 
tanto profissionais quanto 
privadas/pessoais.
CAPA
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Contexto
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VertenteS e 
terminologiAS
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CASoS e iniCiAtiVAS
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Muitos desses aspectos aparecem no discurso das smart 
cities e, para delinear o conceito, apresentam-se quatro 
significados possíveis:
• Utilização de uma ampla gama de aplicativos eletrônicos 
e digitais para comunidades e cidades que efetivamente 
trabalham com ideias relacionadas à cidade cibernética, 
digital, cabeada, informacional ou baseada 
no conhecimento;
• Utilização das tiCs para transformar a vida e o 
trabalho dentro de uma região de forma significativa 
e fundamental (um pouco semelhante à ideia das 
comunidades inteligentes) (roy, 2001; Coe et al., 2000);
• Forma como as tiCs são incorporadas na cidade;
• Forma como os territórios espaciais reúnem as tiCs e as 
pessoas para melhorar a inovação, a aprendizagem, o 
conhecimento e a resolução de problemas (a agenda do 
crescimento inteligente). 
Fonte: Komninos (2002). 
A existência de uma série de conceitos e/ou terminologias 
que remetem à noção de smart city estimulou a realização 
de revisões bibliográficas sistemáticas sobre o tema. 
Recentemente, um estudo realizado por Cocchia (2014) 
apresentou alguns desses conceitos, suas respectivas 
definições e a referência bibliográfica principal. 
O quadro a seguir apresenta a síntese desse estudo.
CAPA
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Contexto
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qUADRO 01. SIGNIfICADOS DE SMART CITY 
(OU CONCEITOS RElACIONADOS à SMART CITY)
CONCEITO DEfINIÇÃO REfERÊNCIA
CIDADE VIRTUAl
A cidade virtual concentra-se em representações 
e manifestações digitais das cidades. 
Schuler, 2002
CIDADE UBíqUA
Cidade ubíqua (u-City) é uma extensão adicional do conceito de cidade digital, 
ou seja, uma cidade ou região com tecnologia de informação onipresente.
Anthopoulos et al., 2010
CIDADE INTElIGENTE
Territórios com alta capacidade de aprendizagem 
e inovação, construído a partir dos seguintes aspectos: 
i. criatividade de sua população; ii. instituições relacionadas ao conhecimento; 
iii. infraestrutura digital para a comunicação; e iv. gerenciamento de conhecimentos.
Komninos, 2006
CIDADE DA INfORMAÇÃO
Cidades da informação são ambientes digitais que coletam informações oficiais e não 
 oficiais das comunidades locais para distribuí-las ao público através de portais web.
Anthopoulos et al., 2010
CIDADE DIGITAl
A cidade digital é uma representação abrangente, baseada na web, que reproduz vários 
aspectos ou funções de uma cidade real específica, aberta a não especialistas. 
A cidade digital tem várias dimensões: social, cultural, política, ideológica e também teórica.
Couclelis, 2004
COMUNIDADE INTElIGENTE
 uma área geográfica de tamanho variado (pode ser um bairro da cidade até uma região 
composta por vários municípios) cujos moradores atuam em conjunto com organizações públicas 
e não governamentais, indústrias e educadores de forma cooperativa. Esses atores utilizam 
as TICs para promover importantes transformações em suas regiões.
Califórnia Institute, 2001
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CONCEITO DEfINIÇÃO REfERÊNCIA
CIDADE DO CONHECIMENTO
Trata-se de uma cidade que visa ao seu desenvolvimento através do incentivo, de forma contínua, à 
geração, ao compartilhamento, à avaliação, à renovação e à atualização de conhecimentos. Isso pode ser 
conseguido por meio da interação contínua entre seus próprios cidadãos e, ao mesmo tempo, entre eles e 
os cidadãos de outras cidades. A cultura do compartilhamento de conhecimentos dos cidadãos, bem 
como o design adequado da cidade, as redes e infraestruturas de TI, são os elementos que fornecem 
suporte a essas interações.
Ergazakiset et al., 2004
CIDADE DE ApRENDIzAGEM
Trata-se de cidades que investem no aprendizado individual e institucional. O aprendizado individual 
refere-se à aquisição de conhecimentos e habilidades de maneira formal ou informal. Muitas vezes essas 
cidades incentivam a aprendizagem ao longo da vida, enão apenas a escolaridade inicial e o treinamento. 
Considera-se que, dessa forma, os indivíduos ampliam as oportunidades de emprego e de melhores 
salários, enquanto a sociedade se beneficia por ter uma força de trabalho mais flexível 
e tecnologicamente atualizada.
OECD, 1999 
learning cities: 
 the new recipie in 
regional development
CIDADE SUSTENTÁVEl
A cidade sustentável usa tecnologias para reduzir as emissões de CO2, produzir energia eficiente, 
melhorar a eficiência dos edifícios, etc. Seu principal objetivo é tornar-se uma cidade verde.
Batagan, 2011
CIDADE VERDE
A cidade verde segue a cartilha do “Crescimento verde”, um novo paradigma que promove 
o desenvolvimento econômico, reduzindo a emissão de gases com efeito estufa e poluição, 
minimizando resíduos e o uso ineficiente de recursos naturais e mantendo a biodiversidade.
OECD, 2010 
Green cities Program
Fonte: adaptado de Cocchia, 2014 .
CAPA
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A cacofonia de definições sobre smart 
city vem estimulando a realização de 
pesquisas acadêmicas. De qualquer 
forma, a amplitude do conceito 
demandou algumas definições de 
trabalho para a realização de atividades 
práticas e acadêmicas relacionadas ao 
tema. Apresentam-se a seguir algumas 
dessas definições:
qUADRO 02. DEfINIÇõES DE TRABAlHO 
SOBRE SMART CITY
DEfINIÇÃO REfERÊNCIA
Cidade que atua de forma prospectiva com relação à economia, às pessoas, à governança, à 
mobilidade, ao meio ambiente e à vida, com base em combinação inteligente de atividades 
realizadas por cidadãos autodeterminados, independentes e conscientes.
Giffinger et al., 2007
Cidade que monitora e integra todas as suas infraestruturas críticas, incluindo estradas, 
pontes, túneis, trilhos, metrôs, aeroportos, portos marítimos, comunicações, água, energia, 
até grandes edifícios, terá melhores condições para otimizar seus recursos, planejar suas 
atividades de manutenção e monitorar sua segurança, ao mesmo tempo que maximiza 
a qualidade dos serviços prestados a seus cidadãos.
Hall, 2000
Cidade que conecta a suas infraestruturas físicas, de TI, social e de negócios para alavancar 
a inteligência coletiva da cidade.
Harrison et al., 2010
Cidade que se esforça para tornar-se mais inteligente, ou seja, mais eficiente, mais 
sustentável, mais equitativa e mais habitável.
Natural Resources 
Defense Council
Cidade que combina TICs e Web 2.0 com outros esforços organizacionais, de design e de 
planejamento para desmaterializar e acelerar seus processos burocráticos. Além disso, 
busca identificar soluções inovadoras para a complexa gestão da cidade, a fim 
de melhorar sua sustentabilidade e habitabilidade.
Toppeta, 2010
Cidade que utiliza tecnologias de computação inteligentes para tornar seus serviços e 
suas infraestruturas críticas (administração da cidade, educação, saúde, segurança pública, 
imobiliário, transportes e utilitários) mais inteligentes, interconectados e eficientes.
Washburn et al., 2010
Fonte: Chourabi et al. (2012).
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Dimensões 
das Cidades 
Inteligentes
INfRAESTRUTURA
ElEMENTOS CONSTITUTIVOS pESSOAS
ECONOMIA
GOVERNANÇA
MEIO AMBIENTE
qUAlIDADE DE VIDA
TECNOlOGIA
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Elementos 
Constitutivos
As dimensões da smart city tratam dos diferentes sistemas, atividades 
e funções que constituem e ocorrem na cidade, tais como transporte, 
energia, educação, saúde, edificações, entre outros. Diversos autores 
defendem a importância da integração entre essas dimensões para 
a concepção de uma cidade inteligente (DIRKS, KEElING, 2009 apud 
GIFFINGER, GuDRuN, 2010; CHOuRABI et al, 2012; HAll, 2000) e sua 
utilização para a elaboração de Rankings e avaliações de desempenho 
das cidades a partir de indicadores. 
Em 2007, o Centro de Ciências Regionais da universidade de 
Tecnologia de viena elaborou o Ranking de Cidades Inteligentes para 
cidades médias (Giffinger et al, 2007). A metodologia utilizada neste 
ranking foi baseada em teorias do crescimento e desenvolvimento 
urbano que englobam competitividade regional, transporte e 
economia das TIC’s, recursos naturais, capital humano 
e social, qualidade de vida e participação dos membros 
da sociedade. Para a definição dos indicadores foram 
identificadas seis dimensões: economia, mobilidade, 
ambiente, pessoas, vida e governança. A mensuração 
dessas dimensões subsidia a análise do grau de 
inovação da cidade, além de servir como um guia para 
a identificação de seus problemas e potencialidades. 
Assim, é possível estabelecer objetivos e estratégias que 
visem o desenvolvimento de uma cidade inteligente em 
seus diferentes aspectos. 
Essas dimensões reúnem fatores ou atividades 
relacionadas, conforme mostra a seguir.
AS DIMENSõES DA SMART 
CITY TRATAM DOS 
DIfERENTES SISTEMAS, 
ATIVIDADES E fUNÇõES 
qUE CONSTITUEM E 
OCORREM NA CIDADE.
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ECONOMIA 
INTElIGENTE 
(competitividade)
GOVERNANÇA 
INTElIGENTE 
(participação)
AMBIENTE 
INTElIGENTE 
(recursos naturais)
pESSOAS 
INTElIGENTES 
(capital humano e social)
MOBIlIDADE 
INTElIGENTE 
(transportes e TIC)
VIDA 
INTElIGENTE 
(qualidade de vida)
• Espírito inovador
• Empreendedorismo
• Imagem econômica e 
marcas registradas
• Produtividade
• Flexibilidade do mercado 
de trabalho
• Integração internacional
• Capacidade/habilidade 
de transformar
• Participação na tomada 
de decisões
• Serviços públicos 
e sociais
• Governança 
transparente
• Estratégias políticas 
e perspectivas
• Combate à poluição e 
boas condições naturais
• Proteção ambiental
• Gestão de recursos 
sustentáveis
• Nível de qualificação
• Afinidade para a 
aprendizagem ao 
longo da vida
• Pluralidade social 
e étnica
• Flexibilidade
• Criatividade
• Cosmopolitismo/ 
mentalidade aberta
• Participação na 
vida pública
• Acessibilidade local
• Acessibilidade 
nacional/internacional
• Disponibilidade de 
infraestrutura de TIC
• Sistema de transporte 
sustentável, inovador 
e seguro
• Equipamentos culturais
• Condições de 
vida saudáveis
• Segurança individual
• Qualidade habitacional
• Equipamentos 
para educação
• Roteiros turísticos
• Coesão social
Fonte: Giffinger et al., (2007) e Giffinger & Gudrun (2010).
qUADRO 03. DIMENSõES 
E fATORES DA SMART CITY
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S
EDUCAÇÃO 2
INfRAESTRUTURA 5
ECONOMIA 7
MOBIlIDADE 2
MEIO AMBIENTE 4
pESSOAS 8
GOVERNANÇA 6
qUAlIDADE DE VIDA 5
TECNOlOGIA 4
EMpREGO/ MERC. TRAB 1
SOCIAl 2
EMpREENDEDORISMO 1
INDúSTRIA 1
TERRA 1
1. considerou-se “desenvolvimento 
econômico” como “economia”
2. considerou-se “recursos 
naturais” como “meio ambiente”
3. considerou-se a dimensão 
“institucional” como “governança”. 
elaboração das autoras, baseado
em Albino 2015. 
As dimensões da Smart City são 
amplamente discutidas. 
Albino et al., (2015) sintetizaram 
os estudos de diversos autores 
em uma tabela, apresentando, 
um apanhado geral dos termos 
utilizados. Com base nessa 
síntese e em outros estudos, 
elaborou-se um quadro com as 
dimensões da Smart City e suas 
respectivas frequências.
qUADRO 04. fREqUÊNCIA DAS OCORRÊNCIAS DAS 
DIMENSõES DE CIDADE INTElIGENTE.
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De uma maneira geral, todas as dimensões citadas são 
tratadas pelos autores. Alguns, porém, se utilizam de 
termos e classificações diferentes. Ou seja, enquanto 
um autor cita a mobilidade como uma dimensão a ser 
avaliada separadamente (p.e., GIFFINGER et al., 2007, e 
lOMBARDI et al., 2012), outro inclui essa função como 
integrante da dimensão econômica (p.e., CHOuRABI 
et al., 2012). A partir da análise da frequência em que 
as dimensões são citadas, foram identificadas 07 
dimensões principais, que serão apresentadas nas 
próximas páginas.
INFRAESTRUTURA TECNOLOGIA 
MEIO AMBIENTE
PESSOAS
GOVERNANÇA
ECONOMIA QUALIDADE DE VIDA
CAPA
Sumário
introdução
Contexto
ConCeitoS, 
VertenteS e 
terminologiAS
dimenSõeS 
dAS CidAdeS 
inteligenteS
CASoS e iniCiAtiVAS
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Infraestrutura 
A dimensão da infraestrutura é entendida por muitos 
autores como sendo um elemento essencial, pois está 
diretamente associada aos insumos necessários para a 
realização das atividades nas cidades, abrangendo tanto 
a infraestrutura virtual (Chourabi et al., 2012), incluindo 
elementos das TICs como softwares, fibras ópticas 
e redes de telecomunicação, quanto a infraestrutura 
física (ruas, pontes, edifícios, ferrovias). Dessa forma, 
diversos autores incluem a mobilidade nessa dimensão, 
considerando que essa atividade está fortemente 
relacionada à infraestrutura viária disponível (Damieri e 
Cocchia, 2013). Ou seja, a forma de deslocamento das 
pessoas está fortemente relacionada à oferta de meios 
de transporte, sendo infraestrutura viária e mobilidade 
fortemente relacionadas entre si. 
CAPA
Sumário
introdução
Contexto
ConCeitoS, 
VertenteS e 
terminologiAS
dimenSõeS 
dAS CidAdeS 
inteligenteS
CASoS e iniCiAtiVAS
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Economia
Essa dimensão está associada ao setor econômico 
da cidade, abrangendo as funções e atividades 
relacionadas ao mercado de trabalho e à indústria. 
Inclui-se ainda nessa dimensão inovação 
e empreendedorismo, no que se refere ao 
desenvolvimento de tecnologias de ponta, à 
produtividade e à flexibilidade do mercado de trabalho 
a fim de promover a integração entre a economia local 
e a global (CHOuRABI et al., 2012). Essa dimensão está 
associada à vitalidade e à competitividade da cidade.
CAPA
Sumário
introdução
Contexto
ConCeitoS, 
VertenteS e 
terminologiAS
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dAS CidAdeS 
inteligenteS
CASoS e iniCiAtiVAS
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Meio Ambiente
Refere-se aos recursos e às questões associadas ao 
meio ambiente, como a proteção e a utilização racional 
dos recursos naturais, visando a uma gestão ambiental 
eficiente. Ações voltadas ao meio ambiente impactam na 
sustentabilidade e na habitabilidade da cidade, por isso 
devem ser levadas em consideração ao se examinarem as 
iniciativas de cidades inteligentes (CHOuRABI et al, 2012). 
CAPA
Sumário
introdução
Contexto
ConCeitoS, 
VertenteS e 
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CASoS e iniCiAtiVAS
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pessoas
É a principal dimensão, pois as pessoas são os atores 
fundamentais em todo o processo de criação de uma 
cidade inteligente. Pessoas mais informadas, qualificadas 
e participativas possibilitam o desenvolvimento de 
projetos de inovação nas mais diversas áreas. Conhecer 
e discutir os desejos e as necessidades de comunidades 
e grupos permite implementar a gestão urbana 
participativa. As cidades inteligentes devem ser sensíveis 
ao equilibrar as necessidades de várias comunidades 
(CHOuRABI et al., 2012; DAMIERI e COCCHIA, 2013). 
CAPA
Sumário
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inteligenteS
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Governança
Essa dimensão se refere a aspectos de gestão pública 
e governo, abrangendo os serviços sociais e públicos, 
a transparência de governo e as ações participativas. 
A governança inteligente visa à maior influência da 
população na tomada de decisões, a partir do uso de 
ferramentas TIC que permitam a interação entre a 
sociedade e o governo. 
Essa Governança abrange uma ampla gama de 
tecnologias, pessoas, políticas, práticas, recursos, 
normas sociais e informações, apoiando atividades e 
ações do poder público nas cidades (FORRESTER apud 
CHOuRABI et al., 2012). É importante salientar que 
essas ferramentas devem ser de fácil manipulação 
para dar acesso a uma gama cada vez maior de 
pessoas, com diferentes níveis de instrução, tornando-
se realmente eficazes e democráticas.
CAPA
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qualidade de Vida
vários fatores podem interferir na qualidade de vida do cidadão, tais 
como o acesso: à educação; aos meios de transporte rápidos, seguros e 
econômicos; à saúde; à cultura; ao lazer; dentre muitos outros. Embora essa 
dimensão seja tratada por alguns autores como um objetivo a ser alcançado 
pelo bom desempenho da cidade de forma integrada (AlBINO et al., 2015; 
DAMERI e COCCHIA, 2014), entende-se que, devido à sua abrangência e 
importância, deve ser avaliada separadamente, considerando os diversos 
fatores que a impactam: existência de equipamentos culturais; condições de 
vida saudáveis; segurança individual; qualidade habitacional;equipamentos 
para educação; roteiros turísticos; coesão social; entre outros. 
CAPA
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Tecnologia 
As TICs são os principais impulsionadores das iniciativas 
das cidades inteligentes. A integração das TICs com 
os projetos de desenvolvimento pode oferecer uma 
série de oportunidades que podem melhorar a gestão 
e o funcionamento de uma cidade, mas também 
podem aumentar as desigualdades e promover uma 
divisão digital. Assim, os gerentes de cidades devem 
considerar certos fatores ao implementar as TICs em 
relação à disponibilidade de recursos, capacidade, 
disposição institucional e também em relação à 
desigualdade, à divisão digital e à mudança de cultura 
e hábitos (CHOuRABI et al., 2012). 
CAPA
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Casos e iniciativas
A rápida disseminação do conhecimento em ambientes urbanos densos 
permite a difusão de novas ideias, ao mesmo tempo ao mesmo tempo 
que que dá voz a múltiplos atores. Os conceitos relacionados à smart 
city surgiram num contexto de problemas urbanos agudos, associados 
a um ambiente de colaboração, para resolver algumas das dificuldades 
da vida nas cidades. O desafio é como estimular ainda mais a inovação 
de forma econômica e com baixo risco, de modo que, mesmo as 
cidades com recursos mais restritos, possam investir na prosperidade 
local e abordar os principais objetivos de sustentabilidade.
Essa mudança de paradigmas oferece, às autoridades municipais, 
oportunidades de promover transformações focadas na qualidade de 
vida dos cidadãos, independentemente do nível de renda, da idade 
ou de outros aspectos demográficos. Problemas como a poluição 
dos recursos hídricos, muitas vezes causada por vínculos complexos 
entre os comportamentos de indivíduos, organizações e instituições, 
em lugar de “correções técnicas”, necessitam de mudanças profundas 
a partir de padrões do comportamento cotidiano. Esses problemas 
ultrapassam a esfera de influência do prefeito da cidade, na medida 
em que derivam de fenômenos tais como a falta de educação 
ambiental, os desequilíbrios demográficos e os efeitos devastadores 
das mudanças climáticas (World Bank, 2015). 
Nesse cenário de desafios urbanos, algumas cidades já estão aplicando 
modelos de inovação aberta, originalmente desenvolvidos para o 
mundo dos negócios, incentivando desenvolvedores de softwares a 
cocriar ferramentas e aplicativos em colaboração com os cidadãos e 
aproveitarem o conhecimento gerado em redes locais e internacionais. 
De fato, os serviços da cidade, agora, podem utilizar dados em tempo 
real, coletados através das redes, de sensores ou compartilhados por 
cidadãos. Experimentos desse tipo costumam ser realizados em 
living labs (ll), laboratórios que buscam conectar a capacidade de 
inovação de empresas, governos, universidades e pessoas através de 
redes colaborativas, testando ideias para novos projetos, com estratégias 
de inovação aberta, inovação social ou design centrado no usuário. Os 
lls têm elementos comuns, mas diferentes implementações (ENOll).
Outra característica das smart cities diz respeito à economia 
compartilhada. Trata-se de um conjunto de mudanças de hábitos que 
estimularam o surgimento de uma espécie de consumo colaborativo, 
além de alternativas de compartilhamento de informações para resolver 
problemas cotidianos na cidade. 
A economia compartilhada possibilita uma maior interação entre as 
pessoas, causando uma importante alteração nos hábitos, na tecnologia 
e nos modelos de negócio.
CAPA
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living labs
A premissa do living lab é que a cidade 
pode ser usada como um campo de 
testes do mundo real para gerar novas 
ideias e tecnologias. Ao longo dos anos, o 
conceito do living lab evoluiu. Seu foco, 
inicialmente, era observar os padrões de 
vida dos usuários em uma casa inteligente e, 
atualmente, seu objetivo é estimular projetos 
de grande escala que melhoram a inovação, 
a inclusão, a utilidade e a usabilidade 
das TIC e suas aplicações na sociedade 
(Cosgrave et al., 2013). 
Nos livings labs, empresas, universidades, 
autoridades públicas e cidadãos podem 
trabalhar juntos para criar, desenvolver, 
validar e testar novos serviços, negócios e 
tecnologias da vida real, tais como as redes 
colaborativas virtuais entre as diferentes 
partes interessadas de um determinado contexto, 
permitindo aos diferentes atores não só participar, 
mas também contribuir no processo de inovação. 
Os lls podem ser categorizados de acordo com 
ator que dirige as atividades de operação e de 
inovação da rede:
• empresas que lançam e promovem Living Labs 
para desenvolver seus negócios; 
• universidades (que podem ser organizações 
de desenvolvedores, instituições de ensino, 
universidades ou consultores);
• atores do setor público, organizações 
não governamentais e financiadores 
(cidades, municípios ou organizações 
da área do desenvolvimento);
• comunidades de usuários. 
As grandes empresas de tecnologia vêm 
investindo na criação de lls com o objetivo 
de desenvolver produtos e serviços 
testados e adaptados aos usuários. Alguns 
exemplos são os lls: de smart grid (redes 
inteligentes de transmissão e distribuição 
de energia) da Siemens; de internet das 
coisas do Thingstitute da IBM em parceria 
com a Intel e outros; de soluções urbanas 
como o Sidewalk lab, integrante da 
Alphabet Company, conglomerado de 
empresas Google.
CAPA
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O Sidewalk lab desenvolve produtos e ferramentas que utilizam a conectividade para resolver 
problemas urbanos. O processo de criação engloba idealização, desenho/projeto, teste e execução. 
As atividades no Sidewalk são distribuídas em quatro laboratórios:
1. Build lab: focado na acessibilidade à habitação, explora novas tecnologias para construções mais 
flexíveis e de menor custo, como o uso de novos materiais, design digital e fabricação automatizada; 
2. Care lab: focado nos desafios de saúde enfrentados por cidadãos de baixa renda, explorando 
novos modelos de atendimento integrado a serviços de saúde e serviços sociais, incluindo 
intervenções locais, reembolso de valores e melhores formas de conectar pacientes a uma rede;
3. Semaphore: focado na mobilidade urbana, explora a tecnologia de sensores para detectar 
pedestres, ciclistas, carros e trânsito de veículos, favorecendo uma mobilidade segura e fluída 
através de intersecções urbanas congestionadas;
4. Model lab: explora ferramentas que auxiliem na construção de um consenso quanto às 
necessidades de acessibilidade, sustentabilidade e transporte nas comunidades, produzindo 
modelos complexos e flexíveis a partir do fluxo de dados, tornando-os acessíveis a todas as pessoas. 
CAPA
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A iniciativa com maior destaque do Sidewalk lab é o linkNYC, 
na cidade de Nova York. Trata-se de uma rede de totens que 
disponibiliza serviços gratuitos de internet wi-fi de alta velocidade, 
chamadas telefônicas, plugs para carregamento de energia e 
consulta a mapas e serviços da cidade. 
Os totens substituirão 7.500 telefones públicos pagos em pelo 
menos cinco bairros de Nova York nos próximos oito anos. linkNYC 
é financiado por meio da publicidade e prevê gerar mais de meio 
bilhão de dólares em receita para a cidade de Nova York. O mapa 
da figura 02 mostra a abrangência da rede de linkNYC. 
Figura 02: mapa de abrangência das estruturas LinkNYC em Nova York.
Figura 03: Estrutura/Totem LinNYC.
Figura 04: Totem LinkNYC. 
1. Wi-fi grátis.
2. Acesso a serviços da cidade, mapas e rotas.
3. Chamadas grátis para qualquer lugar dos Estados unidos, plugando 
seu fone de ouvido pessoal.
4. Botão para chamadas de emergência.
5. Carregamento da carga de dispositivos pessoais, utilizando porta uSB.
6. Design retilíneo, favorecendo a utilização da calçada.
7. Display para anúncios publicitários e de utilidade pública.
CAPA
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As universidades também vêm investindo na 
criação de lls com diferentes objetivos. A 
Universidade Comunitária de St. Clair é 
um bom exemplo de utilização do ambiente 
construído do Campus como ll para 
revitalizar a educação universitária. 
As instalações do campus fornecem uma 
variedade de oportunidades de aprendizagem 
de sustentabilidade dinâmica para estudantes 
em programas acadêmicos e técnicos 
(telhados verdes, captação de água da chuva, 
serviços alimentares, etc.).
Figura 05: o Campus de St. Clair como Living Laboratory. 
Fonte: COHEN e LOVELL (2014). 
CAPA
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VertenteS e 
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PARKING 
Develop financial models 
for lighting retrofits, study 
student attitudes toward 
ride-sharing
FOOD SERVICES 
Redesign college 
composting procedures, 
analyze cost of recyclable 
bottles and flatware, turn 
waste into bio-diesel fuel
CONSTRUCTION 
AND LAND USE 
Assess waste 
remediation practices, 
benchmark facilities 
against LEED criteria, 
restore native plants
TRANSPORTATION 
Develop business 
plan for alternative-fuel 
campus fleet
GROUNDS
Assess campus pesticide 
use, build rainwater 
harvesting tank
BUILDINGS 
Install building sensors, 
monitor energy use, 
calculate return on 
investment for 
renewable sources
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Renomadas universidades, como o Massachusetts Institute of Technology (MIT), possuem 
diversos lls que reúnem especialistas em diferentes áreas de pesquisa, formando equipes 
multidisciplinares. O Senseable City lab e o MIT Media lab são exemplos de lls do MIT.
O Senseable City lab, fundado em 2005, estuda a interface entre cidades, pessoas e tecnologias, 
e investiga como o aumento do uso de dispositivos digitais e das várias redes de telecomunicações 
está afetando a vida urbana. Seu objetivo é antecipar tendências e trabalhar ideias inovadoras. 
um dos projetos desenvolvidos pelo Senseable City lab é o WikiCity. Trata-se de um sistema 
de controle em tempo real que possui quatro componentes-chave:
1. local ou entidade a ser monitorada;
2. Sensores, capazes de obter informações em tempo real;
3. Inteligência, capaz de avaliar o desempenho do sistema em relação aos resultados desejados;
4. Atuadores físicos, capazes de operar sobre o sistema para realizar a estratégia de controle.
O WikiCity foi implementado em Roma, denominado Real Time Rome, e apresentado, simultaneamente, 
na Bienal de veneza em 2006. O projeto consiste na utilização de dados de celulares e de dispositivos 
GPS localizados em ônibus e táxis para delinear os padrões de movimento/deslocamento das pessoas e 
o uso espacial e social de ruas e bairros. Essas informações são disponibilizadas em uma plataforma de 
livre acesso em tempo real. Dessa forma, o projeto traz informações que orientam as pessoas para atuar 
no sentido de melhorar a eficiência dos sistemas urbanos. 
Embora a cidade já contenha vários mecanismos de controle, como semáforos e sinalização de rua, 
o projeto mostra que a tecnologia pode ajudar os indivíduos a se tornarem atuadores do sistema ao 
tomarem decisões que contribuam para o melhor uso de seu ambiente. O projeto discute se, a longo 
prazo, será possível reduzir as ineficiências dos sistemas urbanos atuais, abrindo caminho para cidades 
mais sustentáveis. Esse projeto também foi implementado em Copenhague e Amsterdã. 
WikiCity Rome. Fonte: http://senseable.mit.edu/wikicity/rome/
WikiCity Rome. Fonte: http://senseable.mit.edu/realtimerome/
CAPA
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Outro ll do MIT é o Media lab. Fundado em 1980, 
seus pesquisadores estão distribuídos em vários grupos 
de pesquisa, dentre eles, o City Science. Destaca-se o 
projeto City I/O, que oferece um conjunto de ferramentas 
de visualização de dados que auxiliam o planejamento e 
desenho urbano, tais como:
• Simulação Urbana com Realidade Aumentada;
• Participação Pública Remota: permite que os usuários 
colaborem expressando suas opiniões; 
• Plataformas de Protótipos.
Real Time Copenhagen. 
Fonte: http://senseable.mit.edu/realtimecopenhagen/
Plataforma de protótipo de Andorra.
Boston BRT CityI/O Street-scale. Utilização de Realidade Aumentada para Andorra. 
CAPA
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Esse sistema permite que os usuários conheçam 
as propostas de intervenção urbana, através de 
protótipos ou da realidade aumentada, e emitam 
sua opinião sobre essas propostas. Dessa forma, 
é possível ter um um processo coletivo de 
tomada de decisões. 
Esse sistema pode ser acessado 
simultaneamente por diversos usuários, com 
diferentes dispositivos, facilitando o acesso tanto 
a profissionais de planejamento urbano como ao 
público em geral. 
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Economia 
Compartilhada
Outras iniciativas muito difundidas atualmente são as ferramentas de economia compartilhada, as 
quais permitem o uso de equipamentos, ferramentas e espaços por diferentes pessoas, racionalizando 
a utilização dos recursos materiais e financeiros. Nesse caso, destacam-se como atores as empresas 
fornecedoras da tecnologia e as pessoas que a utilizam. Como exemplo, podemos citar:
Figura 10: Uber.
Figura 11: Aluguel de imóveis por temporada. 
Fonte: https://aptohome.com.br/airbnb-alu-
guel-de-curta-temporada-por-aplicativo/
Figura 12: Bla Bla Car. 
Fonte: https://chickenorpasta.
com.br/2016/blablacar/
Figura 13: Rent the Runway
Fonte: https://www.ren-
therunway.com/
plataformas que viabilizam 
o aluguel de imóveis ou 
acomodações por noites ou 
temporadas para viajantes.Bla Bla Car e Moovit Carpool: comunidade composta 
por condutores e viajantes que compartilham as suas 
viagens de carro, reduzindo as despesas, criando uma 
forma alternativa de viajar. visa à realização de trajetos 
de forma mais econômica, social e ecologicamente 
consciente. A diferença entre esses apps e o uber ou o 
99 é que os motoristas não podem fazer mais de duas 
corridas por dia, sendo incapazes de transformar o 
carro em instrumento de trabalho.
Rent the Runway: permite que os usuários da 
plataforma ofereçam roupas e acessórios próprios para 
aluguel. Site: https://www.renttherunway.com/
freelancer: plataforma de compartilhamento de 
serviços autônomos. Site: https://www.freelancer.com
Kickstarter: plataforma de financiamento coletivo de 
projetos. Site: https://www.kickstarter.com/
UBER, Cabify, 99pOp: aplicativos 
de celular que permitem o uso de 
carros particulares para prestação 
de serviços análogos aos fornecidos 
pelo táxi. O uso desse serviço pode 
diminuir a quantidade de veículos 
nas ruas, contribuindo para a 
diminuição dos engarrafamentos e a 
melhoria da qualidade do ar. 
Airbnb, Couchsurfing: 
CAPA
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plataformas de Compartilhamento 
de Informação 
Nessa categoria de iniciativas, o foco é o compartilhamento de informações e dados que possam auxiliar o usuário de alguma 
forma, seja para se deslocar ou para informar-se sobre temas específicos. Os atores se destacam conforme o tipo de aplicativo 
ou plataforma. Seguem abaixo alguns exemplos. 
Moovit: guia do transporte 
público presente em mais de 
1.500 cidades no mundo. 
O aplicativo reúne sugestões 
de caminhos para ônibus, trens, 
metrôs, balsas e até mesmo 
aplicativos de carona paga, 
como o uber. 
Site: https://www.moovitapp.com/
Figura 14: app Moovit. 
Fonte: divulgação
Figura 16: Para Onde foi meu dinheiro? 
Fonte: http://paraondefoiomeudinheiro.
org.br/dataset/bh-belo-horizonte-2016
Figura 17: Farmsquare. 
Fonte: http://commitblogger.blogspot.
com.br/2016/12/farmsquare-o-app-
de-troca-e-doacao-de.html
Onde fui Roubado: permite o 
registro de situações de roubo/furto. 
Site: http://www.ondefuiroubado.com.br
para Onde foi meu Dinheiro?: aplicativo disponibilizado pela 
Rede Nossa São Paulo, com o apoio do W3C Brasil, que ajuda o 
cidadão, monitorar a execução dos orçamentos municipal, estadual 
e federal. A ferramenta permite também ao internauta saber quais 
empresas ou pessoas físicas receberam os valores pagos pelo 
governo estadual. O sistema desenvolvido replica as informações 
e os dados públicos disponibilizados pelos três níveis de governo, 
utilizando uma nova concepção visual e de funcionalidade. 
Site: http://paraondefoiomeudinheiro.org.br
farmsquare: ferramenta social com o objetivo de promover 
o encontro entre quem quer doar alimentos saudáveis e 
quem busca por eles, reduzindo barreiras burocráticas 
e deslocamento. Tudo conduzido diretamente entre os 
interessados, sem intermediários. 
Site: https://www.farmsquare.com.br
CAPA
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Figura 15: Onde fui roubado 
Fonte: http://www.ondefuiroubado.
com.br/
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Reflexão final
O aumento da população mundial e a crescente concentração de 
pessoas em espaços urbanos exigem que as cidades passem a 
lidar com desafios complexos, de diversas naturezas. Temas como 
mudanças climáticas, congestionamento do tráfego, poluição, falta 
de habitação adequada e acessível, educação e saúde de boa 
qualidade, governança participativa, entre muitos outros problemas 
urgentes, demandam novas formas de orientar o planejamento 
urbano. A smart city, com seus diferentes conceitos, surge como 
alternativa para o enfrentamento desses desafios, gerando 
três diferentes agendas: de pesquisa, de políticas públicas e 
de práticas urbanas.
A utilização das TICs para melhorar a vida na cidade é o elemento 
comum a todas as definições, porém as diferenças são muito 
significativas. Tudo pode ser considerado inteligente. O papel 
das tecnologias e da inovação, os requerimentos ambientais, o 
desenvolvimento econômico e social e o uso das TICs são as 
características comuns para Cocchia (2014). Transformar a cidade 
em um ambiente de inovação aberta, com a inovação dirigida pelos 
usuários, ampliando a infraestrutura para educação e inovação e a 
articulação entre empresas, governo e cidadãos, visando ao bem- 
estar das cidades, é a ideia de Schaffers et al. (2011). Nesse âmbito, 
os living labs assumem importante papel como metodologias para 
implementar políticas de inovação urbana. A amplitude do conceito 
de smart city demandou algumas definições de trabalho para a 
realização de atividades práticas e acadêmicas relacionadas ao tema.
A narrativa da smart city aborda a implantação de diferentes aplicativos 
que afetam uma gama de questões de sustentabilidade urbana. Ela 
evoca uma imagem de áreas conectadas para permitir operações mais 
eficientes e tomadas de decisão em temas estruturadores da cidade, 
tais como energia, mobilidade, edifícios, governança (WOlFRAM, 2012). 
Associado a esse debate, há autores que abordam o tema 
da economia compartilhada e o seu impacto na agenda de 
sustentabilidade global. Cohen e Kietzmann (2014) destacam a 
importância de avaliar as transformações da cidade decorrentes 
da noção de compartilhamento em setores-chave, como de bens 
(p. ex., Rent the Runway), serviços profissionais (Elance), transporte 
(uber), espaço físico (Airbnb) e recursos financeiros (Kickstarter).
O estudo das smart cities mostra que várias cidades criaram 
programas buscando adotar uma imagem de inteligente. Muitas 
delas utilizam o termo visando à sua autopromoção. Batty et al. (2012) 
salientam que as cidades só poderão ser inteligentes se adotarem 
funções de inteligência capazes de utilizar os dados e as tecnologias 
disponíveis para propósitos como melhorar a eficiência, a equidade, a 
sustentabilidade e a qualidade de vida nas cidades.
Preocupa o fato de a marca inteligente assumir, automaticamente, 
que haverá impacto positivo das TICs na forma urbana, sobretudo 
porque várias cidades inteligentes enfrentam dificuldades para lidar 
com a questão do aumento da desigualdade e da polarização social 
(HOlANDS, 2008; WOlFRAM, 2012). 
CAPA
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Nelas, em lugar de de aumentar o nível de vida de todos 
os moradores urbanos, a tecnologia da informação 
mostrou que é possível aprofundar a divisão social 
nas cidades, podendo resultar na produção de bairros 
altamente gentrificados, excluindo as comunidades 
tradicionais e os residentes mais pobres. Além disso, 
as smart cities apresentam limitações para lidar com 
temas contraditórios e estratégicos, tais como equilibrar 
objetivos de sustentabilidade local e global ao criar 
práticas integradas de desenvolvimento urbano e TICs. 
Isso implicaria abrir o debate sobre o desenvolvimento 
da cidade para a deliberação dos cidadãos e das partes 
interessadas. Dessaforma, seria possível ampliar a 
compreensão de problemas e riscos e contribuir para 
a cocriação de visões locais como parte integrante de 
um sistema de governança projetado para promover a 
mudança urbana (WOlFRAM, 2012). A cidade inteligente 
real poderá utilizar as TICs para melhorar o debate 
democrático sobre o tipo de cidade que quer ser e em 
que tipo de cidade as pessoas querem viver.
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VertenteS e 
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As autoras
GHISSIA HAUSER
Arquiteta e urbanista pela universidade Federal do Rio Grande do 
Sul (uFRGS). Mestre em Desenvolvimento Econômico e Social pela 
université Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Doutora em Educação em 
Ciências pela uFRGS e Especialista em Marketing pela uFRGS. Atua na 
Diretoria de Incentivo ao Desenvolvimento da Fundação de Planejamento 
Metropolitano e Regional do Rio Grande do Sul – METROPlAN. 
Foi Secretária Adjunta de Ciência, Inovação e Desenvolvimento 
Tecnológico do Rio Grande do Sul, Diretora do CEITEC, Supervisora de 
Desenvolvimento Tecnológico de Porto Alegre e Gerente do Porto Alegre 
Tecnópole. Atua como professora convidada pela université de Nantes no 
Mestrado de Inovação da Foreign Trade university de Hanoi, vietnam. Tem 
como áreas de interesse: smart city, parques tecnológicos, ambientes de 
inovação, planejamento urbano e regional.
THAíS CAETANO BOCHI
Mestre em Planejamento urbano e Regional pelo 
Programa de Pós-Graduação em Planejamento 
urbano e Regional da universidade Federal do Rio 
Grande do Sul (PROPuR-uFRGS) e arquiteta urbanista 
pela universidade Federal de Santa Maria (uFSM). 
Atualmente é técnica na Fundação de Planejamento 
Metropolitano e Regional (METROPlAN) e atua em 
atividades relacionadas ao planejamento do transporte 
público de passageiros na Região Metropolitana de 
Porto Alegre, com enfoque em transporte hidroviário. 
Possui artigos publicados na área de desenho urbano, 
planejamento da paisagem, percepção ambiental e 
recursos hídricos. 
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