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apostila DIREITO PENAL

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Conceito de Crime: O crime, fato humano contrário a lei ou, de uma maneira mais trivial, à norma moral, é uma das peças centrais no estudo da doutrina penal. Cada crime possui suas próprias características, sua individualidade, e cada um trata da violação de um bem jurídico, acompanhado de sua pena correspondente, seja mais branda ou severa. Na visão da teologia, o crime corresponde ao pecado, ou seja, a transgressão da vontade divina, sendo o mesmo uma ação voluntária que leva à morte e à perda da salvação.
Elementos do Crime
O crime pode ser observado a partir de três pontos de vista:
Material: o crime constitui dano ou perigo de dano a um bem jurídico;
Formal: o crime é o fato proibido por lei, sob risco de pena;
Analítico: o crime é um fato típico, antijurídico, culpável e punível.
Tipicidade:
O crime é definido como típico pois é composto por uma ação (ou omissão) humana que provoca um resultado contrário ao direito e abrange:
A conduta: ação voluntária dirigida a determinada finalidade;
O resultado: consequência provocada pela conduta. Vale lembrar que em alguns crimes, a simples conduta conclui o crime, como o ato obsceno ou violação de domicílio;
O nexo casual: relação entre a conduta e o resultado;
E a tipicidade: trata-se da classificação do ocorrido com a norma penal.
Como fator excludente de tipicidade, tem-se: Princípio da Insignificância, Princípio da Adequação Social e Consentimento do Interessado.
Antijuricidade: O crime é antijurídico pois é uma ação ilícita que contraria o ordenamento jurídico. Porém, existem algumas situações excludentes da antijuricidade, ou seja, que eliminam o aspecto criminal da ação e a tornam desculpável; são elas: estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular do direito e cumprimento do dever legal.
Estado de Necessidade: Esta situação ocorre quando a ação do fato típico se destina a afastar algo, como por exemplo, matar um animal feroz que ataca a vítima. De acordo com o art. 24 do Código Penal:
“Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se”.
Legítima Defesa: Esta situação ocorre quando se repele uma pessoa que ameaça o autor ou um terceiro, como por exemplo, uma mãe agredir uma pessoa que ataca seu filho. De acordo com o art. 24 do Código Penal:
“Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”.
Não pode haver legítima defesa de legítima defesa; pois de uma é legítima, a outra não poderá ser.
Exercício Regular do Direito: Esta situação elimina a condição de crime, pois quando se exerce um direito, não há como constituir-se um crime. Um exemplo, bastante comum na realidade urbana atual, são os sistemas de proteção do patrimônio, como cascos de vidro no muro ou cerca elétrica.
Cumprimento do Dever Legal: Trata-se da execução de determinado fato típico que se fez necessário ao cumprimento de uma função pública, como por exemplo, o uso da força pela polícia ao impedir a fuga de um criminoso, pois em uma situação de flagrante, a lei obriga que o policial prenda o respectivo autor.
Culpabilidade: A culpabilidade é referente à ciência do infrator quanto à sua conduta ilícita, ou seja, é ter pleno conhecimento de que agiu de forma errada e voluntária. Como fator excludente de culpabilidade, tem-se: os menores de idade e os psiquicamente incapazes. Ambos levarão punição, porém não serão encarcerados em uma prisão convencional como todos os outros infratores, mas sim em um estabelecimento adequado.
É considerado maior de idade aqueles que violarem a lei a partir dos primeiros momentos do dia em que completa 18 anos, sendo irrelevante a hora em que nasceu.
Punibilidade: A punibilidade é a possibilidade jurídica que o Estado possui de impor a conduta legal, ou seja, não é uma condição do crime, mas sim uma consequência. Portanto, a ação de um fato típico e antijurídico, sendo culpável, origina a punibilidade. Como excludente da punibilidade, pode-se citar a ocorrência da morte do agente.
Direito Processual Penal: Para se chegar a definição concreta de Direito Processual Penal, é importante que se delimite as circunstâncias de um processo. A prática de um delito, a acusação desse delito, a pretensão punitiva do Estado, na defesa dos direitos mais essenciais da sociedade, e o direito de liberdade do acusado são os principais expoentes do processo. As diretrizes da natureza criminal são compostas pelos Estados por meio da fórmula conhecida como processo penal. A ação penal pode ser pública (quando ocorre uma denúncia, que pode ser incondicionada, por não se subordinar às condições; ou condicionada, subordinando-se às condições de representação) e privada (quando ocorre a queixa).
Conceito de Direito Processual Penal: Quando a aplicação jurisdicional do Direito Penal é regulado por um conjunto de normas e princípios constitucionais, temos o Direito Processual Penal. A organização dos órgãos dessa jurisdição e também de seus auxiliares, além da afirmação penal, estão inclusos no Direito Processual Penal.
O Direito Processual Penal é um ramo jurídico autônomo, pois possui normas e princípios próprios, além de objeto, características fundamentais para se distinguir uma identidade dentro do campo jurídico. Contudo, seu efeito só é pleno pela existência do Direito Penal, que também só tem funcionalidade se é aplicado aos casos concretos levados ao Estado.
Outra característica sua é a instrumentalidade, pois é o meio utilizado pelo Estado para retirar o Direito Penal da inércia, aplicando-o na prática e tornando-o efetivo. Sua principal finalidade, tomando por base seu caráter prático, é de transformar o Direito Penal em algo real, atuante, perceptível empiricamente e efetivo. Ou seja, o Direito Processual Penal compõe a lide penal que se instaura e que pretendesse ser solucionada. Logo, define-se Direito Penal como o objeto do Direito Processual Penal.
Princípios do Direito Processual Penal: Esse é o assunto de maior relevância dentro das definições de Direito Processual Penal. Ele só se torna legal quando há obediência a todos esses princípios. Todo e qualquer processo penal se respalda, direta ou indiretamente, nos princípios que o regem. Entretanto, há casos em que se admitem exceções aos casos, por força do mandamento constitucional ou infraconstitucional, pois os princípios, como quase tudo no Direito, não são absolutos.
Os princípios do Direito Processual Penal se complementam; alguns, entretanto, não se integram o tempo todo, devido a sua própria natureza e finalidade; mas raramente se contradizem.
Os princípios do Direito Processual Penal são:
Verdade Real: Este princípio não permite que se crie artificialismos ou formalismos que sejam capazes de criar obstáculos ao conhecimento verdadeiro de um fato, sua autoria, circunstâncias e real maneira que ele ocorreu. A apuração da verdade é a prioridade no processo penal.
Oralidade: Neste princípio, quando acusação e defesa fazem declarações, a validade delas depende, primeiramente, do seu pronunciamento oral. Verifica-se uma tendência em desburocratizar o processo penal brasileiro, tornando-o mais oralizado.
Imparcialidade do Juiz: Este princípio exige que o juiz não julgue motivado por sentimentos que possam obscurecer o caráter e os valores da finalidade primária do Direito, a justiça. Ela deve ser aplicada segundo as normas jurídicas, colocadas em prática quando necessário. Os interesses da própria conveniência do magistrado não podem se sobressair no pronunciamento jurisdicional que ele realizará. Como os outros princípios, o da Imparcialidade do Juiz também não é absoluto. No conflito entre jus puniendi e o jus libertatis, a balança da justiça deve se inclinar a favor do último.
Igualdade das Partes: Por este princípio, as partes exercem idênticos direitos, ônus,obrigações e faculdades, além de se encontrarem no mesmo pé de igualdade, em juízo. Nenhuma das partes é mais importante, mais merecedora de direitos que a outra.
Livre Convencimento: O juiz, perante um processo, não pode julgá-lo segundo extras autos, ou seja, baseado em fatos que tomou conhecimento fora do processo. Isso torna-se um pressuposto do princípio, pois evita as tomadas de decisões parciais.
Publicidade: Este princípio trata da obrigatoriedade de todos atos processuais serem públicos, impossibilitados de sofrer qualquer tipo de restrição ou censura. O processo não é e não pode ser sigiloso. Há limites na publicidade, dependendo do processo (no caso de vítima de estupro, por exemplo).
Obrigatoriedade: O princípio da obrigatoriedade determina o dever da autoridade policial em tomar conhecimento dos crimes que são apurados por meio de ação penal pública, seja ela condicionada ou incondicionada, e instaurar um inquérito policial de ofício. Já o órgão do Ministério Público deve promover, através da denúncia, a ação penal.
Indisponibilidade: Muito semelhante ao princípio da obrigatoriedade, no princípio da indisponibilidade, o inquérito policial já está instaurado e não poderá ser arquivado de ofício pela autoridade policial. Já o Ministério Público não poderá desistir da denúncia oferecida, nem do recurso intermediado.
Contraditório: Conhecido também como bilateralidade da audiência, esse princípio garante a ampla defesa do acusado, sem qualquer tipo de restrição; mas também cabe à acusação ir contra os argumentos apresentados pelo réu. Na fase pré-processual, ou seja, no inquérito policial, não se faz exigência do contraditório.
Iniciativa das Partes: A tutela jurisdicional é invocada por uma ação penal, um direito instrumental, obedecendo a composição de uma lide penal. Nos crimes de ação penal pública, o Ministério Público representa a titularidade da ação penal, e nos de ação privada, o ofendido ou o seu representante legal. Portanto, se o titular da ação deseja que o autor do crime seja processado e julgado, ele deverá promover uma ação penal respectiva aquele caso.
Impulso Oficial: Para que o processo não fique paralisado, o magistrado investido da jurisdição penal, poderá dar continuidade ao processo, não sendo necessário sua invocação para prática dos atos cabíveis.
Juiz Natural: Este princípio prevê que para um dado fato a ser julgado, o órgão ou juiz incumbido do julgamento, deverá estar designado para aquele caso. Ou seja, após um fato, é constitucionalmente vedado a criação ou designação de órgão ou tribunal. No Código de Processo Penal Brasileiro, o juiz é tratado como órgão jurisdicional, assumindo caráter impessoal, não importando a sua pessoa física no desenrolar do processo.
Devido Processo Legal: Este princípio consiste no direito de não haver privação da liberdade e de seus bens, não tendo garantia da tramitação de um processo desenvolvido na maneira que a lei estabelece. Para este princípio, que dá origem a vários outros como o contraditório, igualdade das partes, imparcialidade do juiz, juiz natural, iniciativa das partes, oficialidade e inadmissibilidade das provas obtidas ilicitamente, não há exceções.
Oficialidade: O princípio da oficialidade determina os órgãos encarregados de determinadas funções, assim como à Polícia cabe a apuração das infrações penais e ao Ministério Público, a ação penal. Este princípio só é absoluto nas ações públicas.
Inadmissibilidade das Provas Obtidas Ilicitamente: As provas proibidas (ilegítimas e ilícitas) não são autorizadas durante o processo penal, segundo este princípio. A Constituição Brasileira é a única no mundo que proíbe obtenção ilícita de provas. Em tese, a defesa pode obter provas ilicitamente para provar inocência, mas a acusação não.
Presunção de Inocência: A presunção de inocência, também conhecida como estado de inocência, considera indiciados e acusados inocentes, até que haja sentença condenatória definitiva.
Favor Rei: Cabe ao acusador provar a culpa do réu, e não a do réu provar a sua inocência. Em caso de dúvida (insuficiência de provas) da responsabilidade pelo delito, o juiz deve absolver o réu.
Duplo Grau de Jurisdição: Possibilidade de uma decisão jurídica ser reexaminada, por uma instância superior.
Fontes e Princípios do Direito Penal
Fontes do Direito Penal: Quando tratamos dos marcos de origem e manifestações do Direito Penal, nos referimos as suas fontes; ou seja, o órgão e a forma de exteriorização são exemplos de fontes do Direito Penal. Podemos citar o caso da União, um órgão que legisla privativamente sobre direito civil, comercial, processual, eleitoral, do trabalho, dentre outros. A existência de leis, costumes, jurisprudências e/ou doutrinas também são exemplos de fontes.
As fontes do Direito Penal se dividem em: Fontes Materiais, Formais, Formais Imediatas e Formais Mediatas.
Fontes Materiais: Quando pensamos em fonte da criação da norma, ou seja, provinda da União, estamos nos referindo à matéria. A exteriorização e produção do Direito são responsabilidade deste ente estatal.
Fontes Formais: O modo e a forma de como o Direito é exteriorizado.
Fontes Formais Imediatas: Diz respeito à lei penal, ou seja, a norma; ou seja, as leis penais que existem. Segundo o princípio de legalidade, descrito abaixo, não há crime sem definição da lei anterior, nem pena sem prévio aviso legal.
Fontes Formais Mediatas: De maneira geral, quando se trata de princípios gerais do direito e costumes. Quando a lei se omite, abre a possibilidade da aplicação desses princípios gerais do Direito, a jurisprudência, a doutrina e os costumes, que são fontes formais imediatas. A lei autoriza esses princípios.
Princípios Gerais do Direito Penal: Abaixo estão listados os princípios mais importantes do Direito Penal, como anterioridade da norma, devido processo legal, inocência, retroatividade de lei mais benéfica, direito à defesa, dentre outros.
Anterioridade da Norma ou Princípio da Legalidade: Dentro desse princípio, há a exigência de uma lei anterior que defina a prática de um ato reprovável como crime. Caso o ato não seja caracterizado crime, então o praticante não será condenado. “Não existe crime, ou pena, sem lei prévia que o defina. ”
Devido Processo Legal: Não há possibilidade de o juiz condenar um acusado qualquer, de maneira arbitrária, sendo que quem praticou o crime tem o direito de ter um julgamento justo. Os tribunais de exceção, no caso, estão proibidos. Eles são característicos daqueles em que o acusado já tem conhecimento prévio da condenação, mesmo antes do veredicto. Logo, o julgamento passa a ser definido como farsa que justifica a pena, embora aparente um caráter justo e isento.
Princípio da Inocência: Presumidamente, todo cidadão é inocente, salvo quando se prova o contrário. Logo, quem precisa provar a culpa do acusado é o Estado, e não ele provar sua inocência. “Para o direito penal, na dúvida, é melhor que um culpado seja solto, do que um inocente punido.
Retroatividade da Lei mais Benéfica: “Quando o fato não é mais considerado crime pela nova lei, ocorre o fenômeno da abolitio criminis.” O acusado pode ser beneficiado caso a sua pena seja diminuída, ou o crime ser descriminalizado (ou seja, deixarem de ser crimes, como foi o caso do adultério e da sedução), após a condenação. Entretanto, em caso contrário, se a lei se tornar mais severa, não será aplicada ao réu.
Direito à Defesa: “Se a pessoa não tiver recurso para contratar um defensor, o Estado proporcionará a defesa. ” Independentemente do crime praticado e das suas circunstâncias, qualquer acusado tem direito à defesa.
Princípio da Legalidade: Limita o poder punitivo do Estado, não havendo crime, caso não haja lei que defina a infração penal e lhe imponha uma pena. A lei penal é fundamentada formalmente pela previsão da infração penal, e é dela que se retira a fonte exclusiva da aplicação da pena.
Princípio da Intervenção Mínima: Sua principal função é orientar e limitar o poder incriminador do Estado. Consideraum ato como crime, somente se constituir proteção a determinado bem jurídico. Se recorre ao Direito Penal, apenas quando os meios de controle estatal e jurídicos foram insuficientes.
Princípio da Fragmentariedade: Estabelece que nem toda ameaça de lesão ou lesão são proibidos de acordo com a lei penal, como da mesma forma, nem tudo tem sua proteção. O Código Penal se limita aos fatos mais graves e que sugerem maior importância, tendo caráter seletivo de ilicitude.
Princípio da Culpabilidade: Habilidade de tornar alguém incapaz de praticar infração penal, possibilitando a aplicação de uma pena com limites de individualização. Ou seja, àquele autor de um fato considerado antijurídico, não pode ser responsabilizado pelo seu resultado, caso não tenha agido com culpa ou dolo.
Princípio da Humanidade: O poder punitivo estatal é vedado por esse princípio, que proíbe a aplicação de penas cruéis como a capital e a prisão perpétua, pois são sanções que atingem a dignidade da pessoa humana. Prioriza-se a ressocialização do condenado através da execução penal, e não a sua degradação.
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: Previsto na Constituição Federal de 1988, esse princípio defende a dignidade do homem, protegendo-o das ações indevidas e arbitrárias do Estado. A razão deve prevalecer acima da emoção, no momento de se julgar a criminalidade do pior dos delinquentes, jamais intervindo como instrumento repugnante ou vexatório.
Princípio da Insignificância: Também conhecido como bagatela, o princípio da insignificância analisa a proporção entre a gravidade da conduta do criminoso, e a necessidade da intervenção estatal sobre isso.
Princípio da Adequação Social: Condutas socialmente permitidas, adequadas ou até mesmo toleradas não devem ser tipificadas pela lei penal, mas somente aquelas condutas de relevância social. O princípio seleciona os comportamentos, além de determinar valores aos mesmos.
Princípio do in dúbio pro reo: Na dúvida sobre a acusação da prática de uma infração penal, o acusado, em seu julgamento final, deverá ser absorvido. Quando não houver provas suficientes, havendo dúvidas, acata-se a interpretação mais favorável ao réu.
Princípio da Igualdade: Princípio que rege a aplicação da lei penal de maneira igualitária a todos os cidadãos. Prioriza-se a igualdade material acima da formal, buscando a não discriminação e proibido diferenças de tratamento, como está prescrito na Constituição Federal de 1988.
Princípio da Exclusiva Proteção dos Bens Jurídicos: Também conhecido como da ofensividade ou da lesividade, ocorre quando há lesão ou ameaça ao bem jurídico protegido por lei. Esse bem jurídico poder ser a vida, integridade física, propriedade, etc.
Princípio da Efetividade: De acordo com esse princípio, o Direito Penal, quando na sua intervenção, deve sempre ser eficaz e agindo de maneira preventiva e, quando necessário, repreensiva.
Princípio da Proporcionalidade: Destina-se ao legislador, quando for criar uma norma com base na previsão de um fato abstrato, que leve em consideração a constituição de uma pena proporcional a prática antijurídica. Num segundo momento, quando se tratar de fatos concretos, o Estado-juiz, aplicador da lei penal, deve ter em mente aplicar pena proporcional, dentro dos critérios objetivos e subjetivos, ao injusto praticado.
Princípio do ne bis in idem: Para a prática de uma única infração penal, deverá haver somente uma punição criminal, impossibilitando a existência de duas ou mais punições.
Introdução ao Direito Penal
História do Direito Penal
Desde os primórdios da civilização, o homem já se preocupava com determinadas condutas praticadas por indivíduos e que pudessem se tornar perigosas para outros integrantes da sociedade. Dentro de um grupo social, aquele que cometia algum delito, tornava-se uma pessoa de risco, sendo afastada do convívio dos demais, de maneira isolada em prisão ou cadeia.
Na Antiguidade, as punições ao homem que causasse desordem à comunidade, ocorriam em confinamentos como jaulas, porões, além de castigos como ser amarrado em postes, etc. A tortura, chamada de suplício na Inquisição, inclusive, era bastante utilizada nessa época. Atualmente, inspirado na filosofia moderna, o direito penal é fundamentado na recuperação do indivíduo, e não somente em sua punição. Ou seja, na prisão ele receberia tratamento para que se arrependesse do ato cometido, para que depois pudesse estar apto ao retorno do convívio social.
Conceito de Direito Penal
O convívio entre os indivíduos de uma sociedade exige o estabelecimento de regras indispensáveis, com base em um complexo de normas disciplinadoras. Dá-se o nome de Direito Positivo ao conjunto dessas regras. O próprio estado, sob sanção penal, proíbe determinadas condutas do indivíduo, estabelecendo para isso alguns princípios, e pressupostos para que as penas sejam aplicadas, além de medidas de segurança. Podemos definir esse último contexto como Direito Penal.
As sanções penais não podem ser aplicadas de maneira arbitrária; logo, o Estado criou legislações que definem os fatos como graves, transformando-se em ilícitos penais, como crimes e contravenções, para que possam ser estabelecidas as devidas penas e as medidas de segurança que se aplicam aos infratores das normas.
A principal finalidade do direito penal é a proteção da sociedade, priorizando-se a defesa dos bens jurídicos fundamentais, como a vida, a integridade física e mental, a honra, a liberdade, o patrimônio e etc. O desejo de evitar o acontecimento de crimes que afetem os bens jurídicos é a maior aspiração ética que o Direito Penal tem.
Também é conhecido por ser uma ciência cultural e normativa. Cultural, pois traduz regras de conduta que obrigatoriamente devem ser respeitadas por todos, no que diz respeito aos relevantes interesses sociais. Normativa, porque tem por objetivo o estudo da lei relacionada a norma do direito positivo, tornando-se peça fundamental e indiscutível na sua observância obrigatória.
Valorativo, finalista e sancionador. Essas são as principais características do direito positivo. A norma penal se encaixa como valorativa, pois os valores mais elevados da sociedade são tutelados por ela, atribuindo-se uma escala hierárquica para os fatos, de acordo com a sua gravidade.
O caráter finalista é dado ao direito penal por visar proteção aos interesses e bens jurídicos que são merecedores de uma tutela mais eficiente. A eficácia na proteção se dá por uma ameaça legal, com a aplicação de sanções com poder maior de intimidação, como a pena, por exemplo. A lei penal tem a prevenção como maior finalidade.
O direito penal também se trata de um direito constitutivo, pois possui um ilícito próprio, que tem origem na tipicidade, além de uma sanção peculiar, ou pena, e institutos exclusivos como os sursis.
Resumindo: O conjunto de normas jurídicas, estabelecidas pelo Estado, que regula a prática de crimes e a respectiva punição, recebe o nome de Direito Penal.
Divisões do Direito Penal
Existem algumas denominações específicas para as divisões do Código Penal. São elas: Sujeito Passivo e Ativo; Direito Penal Objetivo e Direito Penal Subjetivo; Direito Penal Comum e Direito Penal Especial; Direito Penal Substantivo e Direito Penal Adjetivo.
Sujeito Ativo e Passivo
Quando uma ação ou omissão, ou seja, um fato, é praticado por indivíduo ou agente, sendo qualificado como delituoso pela legislação, designa-se o sujeito como ativo. Caracterizá-lo como passivo, significa que o indivíduo ou agente possui capacidade de sofrer sanções penais que incidem sobre a sua conduta delituosa.
Direito Penal Objetivo e Direito Penal Subjetivo
A definição de crimes baseada no conjunto de normas que regulam a ação do Estado, além do estabelecimento das devidas sanções, pode ser encarada como Direito Penal Objetivo. Entretanto, somente o Estado pode exercer a função de promover um bem comum na sociedade e combater a criminalidade. A ele cabe também o direito de aplicar as sanções, pois é o único e exclusivo titular do “direitode punir”. Isso constitui o que se denomina como direito penal subjetivo.
Direito Penal Comum e Direito Penal Especial
Quando todas as pessoas e os atos delitivos em geral estão submetidos a uma única norma, denominamos de direito penal comum. Já o especial se dirige a um grupo ou classe de indivíduos, distintos por uma qualidade especial e a certos atos ilícitos particularizados. A legislação penal comum está de acordo com o código penal, enquanto que o especial são normas penais que não se encontram no estatuto mencionado.
Direito Penal Substantivo e Direito Penal Adjetivo
Assim como os princípios gerais relativos a ele (Código Penal, Lei das Contravenções Penais), o direito penal substantivo, também chamado de material, é configurado pelas normas que podem definir as figuras penais, ao se designar sanções respectivas. Já o adjetivo, ou formal, é constituído de preceitos de adequação do direito substantivo e de organização judiciária.

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