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Fundamentos das Ciências Sociais RESUMO

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Professor (a) SERGIO PAULO BEHNKEN
AULA 1 – OS CONCEITOS SOCIOANTROPOLÓGICOS DE INDIVÍDUO E SOCIEDADE
A sociedade faz o homem ou o homem faz a sociedade? A resposta dessa questão, bastante complexa, só é possível por meio do debate que as Ciências Sociais, ao longo de trajetória, vêm realizando.
O primeiro passo para respondê-la é compreender os conceitos de indivíduo e sociedade na perspectiva das Ciências Sociais.
O OBJETO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
As Ciências Sociais fazem parte do grupo de saberes intitulado Ciências Humanas e apresentam métodos próprios de investigação dos fenômenos que analisam.
Verificamos assim que o objeto de estudo das Ciências Sociais é a sociedade em suas dimensões sociológicas, antropológicas e políticas. 
AS ÁREAS CONSTITUTIVAS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
SOCIOLOGIA - Estuda o homem e o universo sociocultural, analisando as inter-relações entre os diversos fenômenos sociais. 
Neste campo de conhecimento, a vida social é analisada a partir de diferentes perspectivas teóricas, notadamente as que têm como base conceitual os estudos desenvolvidos por 
Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx.
A partir dessas matrizes teóricas, estudam-se os fatos sociais, as ações sociais, as classes sociais, as relações sociais, as relações de trabalho, as relações econômicas, as instituições religiosas, os movimentos sociais etc.
Émile Durkheim = é considerado um dos pais da Sociologia moderna, tendo sido o fundador da escola francesa que combinava a pesquisa empírica com a teoria sociológica.
Max Weber = foi um intelectual alemão, jurista, economista e considedato um dos fundadores da Sociologia.
Karl Marx = foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista.
A ANTROPOLOGIA - privilegiam-se os aspectos culturais do comportamento de grupos e comunidades. 
Questões cruciais para o entendimento da vida em grupo, como alteridade, diversidade cultural, etnocentrismo e relativismo cultural são tratadas por essa ciência, que em seus primórdios estudava povos e grupos geográfica e culturalmente distantes dos povos ocidentais. 
Ao longo de seu desenvolvimento, os antropólogos passaram a analisar grupos sociais relativamente próximos, buscando transformar o exótico, o distante, em familiar.
Alteridade (ou outridade) – é a concepção que parte do pressuposto básico que todo o homem social interage e interdepende do outro. Assim, como muitos antropólogos e cientistas sociais afirmam, a existência do “eu-individual” só permitida mediante um contato com outro (que em uma visão expandida se torna o Outro – a própria sociedade diferente do indivíduo).
A diversidade cultural – refere-se aos diferentes costumes de uma sociedade, entre os quais podemos citar: vestimenta, culinária, manifestações reliciosas, tradições, entre outros aspectos.
Etnocentrismo – é um conceito antropológico, que ocorre quando um determinado individuo ou grupo de pessoas, que têm os mesmos hábitos e caráter social, discrimina o outro, julgando-se melhor, seja pela sua condição social, pelos diferentes hábitos ou manias, ou até mesmo or uma diferente forma de se vestir.
O relativismo cultural – é um método de se observar sistemas culturais, sem os avaliar com conceitos ocidentais-modernos de moral e ética. Ele parte do pressuposto de que cada cultura se expressa de forma diferente. Dessa forma, trata-se de pregar que a atividade humana individual deve ser interpretada em contexto, nos termos de sua própria cultura.
Em sua história, a Antropologia revelou estudos notáveis sobre sociedades indígenas e sociedades camponesas, identificando suas diferentes visões de mundo, sistemas de parentesco, formas de classificação, cosmologias, linguagens etc. 
Também desenvolveu uma série de estudos sobre grupos sociais urbanos, enfatizando a diferenciação entre seus indivíduos, com base em critérios de raça, cor, etnia, gênero, orientação sexual, nacionalidade, regionalidade, afiliação religiosa, ideologia política, sistemas de crenças e valores, estilos de vida etc.
CIÊNCIA POLÍTICA - Como o próprio nome já diz, esta área analisa as questões ligadas às instituições políticas. Conceitos de poder, autoridade e dominação são estudados por esta ciência. 
Analisam-se assim as diferenças entre povo, nação e governo, bem como o papel do Estado como instituição legitimamente reconhecida como a detentora do monopólio da dominação e do controle de determinado território.
Qual a importância do estudo socioantropológico na compreensão da realidade?
Ao contrário de outras ciências, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretações que são feitas sobre a realidade. 
 
Por estudar a ação dos homens em sociedade, de seus símbolos, sua linguagem, seus valores e cultura, das aspirações que os animam e das alterações que sofrem, as Ciências Sociais constituem ferramenta importante para o desenvolvimento da compreensão crítico-reflexiva da realidade. 
Por essa razão, cada vez mais as Ciências Sociais são utilizadas em diversos campos da atividade humana. Campanhas publicitárias, campanhas eleitorais, elaboração de políticas públicas, até mesmo a programação de redes de rádio e televisão levam cada vez mais em conta resultados de investigações socioantropológicas, à medida que estas buscam entender as pessoas envolvidas em cada uma dessas atividades, suas crenças, valores e ideias.
Com as mudanças cada vez mais rápidas e profundas dos padrões morais e culturais das sociedades contemporâneas, mais relevantes se tornam as análises que visam compreendê-las. 
Deslocamentos de pessoas e grupos motivados pelo processo de globalização da economia, que intensificou os fluxos migratórios em todo o planeta, trocas culturais proporcionadas pelo estabelecimento de uma “sociedade em rede”, novos modelos de família e conjugalidade, novas configurações no campo religioso, entre outros, constituem temas de trabalhos de cientistas sociais contemporâneos.
Esses trabalhos são utilizados frequentemente como fonte de reflexão por governos, sociedade civil e indivíduos que buscam desenvolver sua capacidade de compreensão dos acontecimentos e planejamento de ações com vistas à atuação na vida social.
Qual é o seu papel como indivíduo na sociedade?
A perspectiva socioantropológica aponta para uma relação dialógica entre indivíduo e sociedade. Não existem sociedades sem indivíduos e os indivíduos só se tornam verdadeiramente humanos por meio da socialização, processo pelo qual você se torna um membro ativo da sociedade em que nasceu, isto é, comporta-se de acordo com determinados atributos preconcebidos.  
O indivíduo, assim, desempenha na realidade um papel duplo em relação à cultura. Segundo Ralph Linton (“O indivíduo, a cultura e a sociedade”), em circunstâncias normais, quanto mais perfeito seu condicionamento e consequente integração na estrutura social, tanto mais efetiva sua contribuição para o funcionamento uniforme do todo e mais segura sua recompensa.
Entretanto, as sociedades existem e funcionam num mundo em perpétua mudança. Como uma simples unidade no organismo social, o indivíduo perpetua o status quo, mas também ajuda a transformá-lo quando há necessidade. Desde que nenhum ambiente se apresente completamente estacionário, nenhuma sociedade pode sobreviver sem o inventor ocasional e sem sua capacidade para encontrar soluções para novos problemas.
Como nos ensina Albert Einstein (em seu artigo “Porquê o Socialismo?”), o homem é, simultaneamente, um ser solitário e um ser social:
Ser Solitário - Enquanto ser solitário, tenta proteger a sua própria existência e a daqueles que lhe são próximos, satisfazer os seus desejos pessoais e desenvolver as suas capacidades inatas.
Ser Social - Enquanto ser social, procura ganhar o reconhecimentoe afeição dos seus semelhantes, partilhar os seus prazeres, confortá-los nas suas tristezas e melhorar as suas condições de vida.
É possível pensar em “Indivíduo” sem pensar em “Sociedade”?
NÃO, O conceito abstrato de “sociedade” significa para o ser humano individual o conjunto das suas relações diretas e indiretas com os seus contemporâneos e com todas as pessoas de gerações anteriores. 
O indivíduo é capaz de pensar, sentir, lutar e trabalhar sozinho, mas depende tanto da sociedade – na sua existência física, intelectual e emocional – que é impossível pensar nele, ou compreendê-lo, fora da estrutura da sociedade. 
É a “sociedade” que lhe fornece comida, roupa, casa, instrumentos de trabalho, língua, formas de pensamento, e a maior parte do conteúdo do pensamento; a sua vida foi tornada possível através do trabalho e da concretização dos muitos milhões passados e presentes que estão todos escondidos atrás da pequena palavra “sociedade”.
CONCLUSÃO
Fica evidente, portanto, que a dependência do indivíduo em relação à sociedade é um fato da natureza que não pode ser abolido tal como no caso das formigas e das abelhas. No entanto, enquanto todo o processo de vida das formigas e abelhas é reduzido ao menor pormenor por instintos hereditários rígidos, o padão social e as inter-relações dos seres humanos são muito variáveis e susceptíveis de mudança.
A memória, a capacidade de fazer novas combinações, o dom da comunicação oral tornaram possíveis os desenvolvimentos entre os seres humanos que não são ditados por necessidades biológicas. Estes desenvolvimentos manifestam-se nas tradições, instituições e organizações; na literatura; nas obras cientificas e de engenharia; nas obras de arte.
Isto explica a forma como, num determinado sentido, o homem pode influenciar sua vida através de sua própria conduta, e como neste processo o pensamento e a vontade consciente desempenham o seu papel.
AULA 2 – OBJETO E MÉTODO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
INTRODUÇÃO
Em “Lição de Anatomia”, Rembrandt retrata uma aula na qual um cientista, junto ao corpo morto de um homem, ensina aos seus alunos a composição e a forma de um corpo humano. Tal atividade insere-se no campo do que se convencionou chamar de “ciências naturais”.
Entretanto, a observação do quadro pode ir além disso: visões e interpretações sobre o corpo humano e sobre a morte, o processo de transmissão de conhecimento, todos fazem parte de reflexões desenvolvidas pelas chamadas “ciências humanas e sociais”.
O que estudam as Ciências Naturais?
As Ciências Naturais estudam fatos simples, eventos que presumivelmente têm causas simples e são facilmente isoláveis, recorrentes e sincrônicos. Tais fatos podem ser vistos, isolados e reproduzidos dentro de condições de controle razoáveis, num laboratório.
 
Assim, nas Ciências Naturais há uma distância irremediável entre o cientista e seu objeto de pesquisa, o que torna o método objetivo o mais apropriado para a investigação de fenômenos dessa ordem.
No âmbito das Ciências Sociais torna-se difícil desenvolver uma teoria capaz de transmitir com PRECISÃO uma causa única ou motivação exclusiva.
Ao contrário de outras ciências, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretações que são feitas sobre a realidade.
 
As Ciências Sociais estudam fenômenos complexos. Seu objeto de investigação é o homem nas relações intersubjetivas, os fenômenos sociais, ou seja, eventos com determinações complicadas e que podem ocorrer em ambientes diferenciados, fazendo com que toda análise de fenômenos dessa natureza seja parcial, subjetiva.
É possível reproduzir determinados acontecimentos?
Podemos reproduzir a época dos Descobrimentos? Ou da Revolução Francesa?
Bem, podemos reunir os mesmos personagens, músicas, comidas, vestes, mobiliário, animais, assim como nas cenas de um filme.
Mas, mesmo o filme sendo de muito bem produzido, não será possível reproduzir o clima daquele momento, a atmosfera da época. Estaremos criando outro significado.
Neste sentido:
Atitudes semelhantes têm significados diferentes.
Cada cultura constrói seu significado social.
Os fatos estudados pelo cientista social podem ser pretéridos ou serem reproduzidos em situações muito distintas. Mas não podem ser reproduzidos em condições controladas.
RESUMINDO
NAS CIÊNCIAS NATURAIS
 
Os fenômenos podem ser percebidos, divididos, classificados e explicados dentro de condições de relativo controle e em condições de laboratório.
Alcança-se a objetividade científica.
As descobertas possibilitam o desenvolvimento  de novas tecnologias.
NAS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
 
Os fenômenos são complexos.
As percepções são variadas, porquanto históricas.
O resultado prático é visto em livros, romances, arte, teatro, novelas, onde tais ideias podem ser aplicadas para produzir modificações no comportamento das pessoas – nos sistemas de valores.
Os fatos sociais são irreproduzíveis em condições controladas e, por isso, quase sempre fazem parte do passado.
São eventos a rigor históricos e apresentados de modo descritivo e narrativo, nunca na forma de uma experiência.
Como estudar fenômenos sociais?
Ao observar os fenômenos sociais, somos levados a enfrentar nossa própria posição, nossos valores, nossa visão de mundo que interfere na nossa pesquisa. Nossa fala, nossos gestos, nossa modo de ser e de agir revelam o tipo de socialização que tivemos e influencia em nossa visão de mundo.
“Nasce, daí, um debate inovador, numa relação dialética entre investigador e investigado.”
Dessa forma, trabalhamos com fenômenos que estão bem perto de nós, temos a interação complexa entre o investigador e o investigado, pois ambos compartilham de um mesmo universo de experiências humanas.
“Cada sociedade humana conhecida é um espelho onde nossa própria existência se reflete.”
Podemos assimilar um costume diferente do nosso, ou até mesmo precever o melhor de nossas tradições quando estamos em contato com outras culturas.
Neste âmbito, percebemos que podemos adotar costumes de outros povos, aprender seus credos, modificar nossas leis.
Nas Ciências Sociais temos a interação COMPLEXA entre o investigador e o investigado. Amboscompartilham de um mesmo universo de experiências humanas.
Como bibliografia complementar, indicamos a leitura de: DA MATTA, Roberto. Relativizando: Uma introdução à antropologia Social. RJ. Rocco. 1993 p.p 17 a 27. 
AULA 3 – A ANÁLISE ANTROPOLÓGICA DA CULTURA
INTRODUÇÃO
Fulano não tem cultura! Sicrano é muito culto! O governo não investe em cultura!
Acima temos exemplo da maneira que utilizamos a palavra cultura no nosso dia a dia, enquanto instrução, saber, estudo. Mas esta é apenas uma maneira de utilizar a palavra cultura.
Portanto o objeto de investigação da Antropologia constitui-se nos “usos e abusos” do conceito de cultura e suas implicações na vida social. Compreender estes “usos e abusos” é o objetivo desta aula.
O conceito de cultura é uma preocupação intensa atualmente em diversas áreas do pensamento humano, no entanto a Antropologia é a área por excelência de debate sobre esta questão.
O primeiro antropólogo a sistematizar o conceito de cultura foi Edward Tylor que, em Primitive Culture, formulou a seguinte definição: “Cultura é todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade.”
Uma definição mais contemporânea do termo cultura foi dada por Clifford Geetz em 1989 em “A Interpretação as Culturas”. Segundo ele, cultura pode ser entendida como um sistema simbólico, ou seja, seria: “um conjunto de mecanismos de controle – planos, receitas, regras, instruções – para governar o comportamento.”
DIVERSIDADE CULTURAL
Desde sempre o homens se preocupamem entender por que outros homens possuíam hábitos alimentares, formas de se vestir, de formarem famíliar, de acessarem o sagrado de maneiras diferentes das suas. A essa multiplicidade de formas de vida dá-se o nome de “diversidade cultural	“.
Foi a partir da descoberta do “Novo Mundo”, nos séculos XV e XVI, que os europeus se depararam com modos de vida completamente distintos dos seus, e passaram a elaborar mais intensamente interpretações sobre esses povos e seus costumes.
É fundamental termos em mente que o impacto e a estranheza se deram dos dois lados. Os grupos não europeus também se espantavam com o ser diferente que chegava até eles desembarcando em suas praias e tomando posse de seu território.
Infelizmente não temos muitos relatos dos povos não europeus para conhecermos a visão que eles tinham dos brancos. Existem relatos esparsos, como o de povos que, após a morte de um europeu em combate, colocavam seu corpo dentro de um rio e esperavam sua decomposição para ver se eram pessoas como eles.
O OLHAR EUROCÊNTRICO SOBRE A CULTURA
Mas de onde surge a preocupação com o tema da cultura? Vamos posicionar nosso olhar. Toda construção científica nasce na Europa. A reflexão teórico-científica sobre a humanidade se iniciou neste ambiente e nesta perspectiva. Logo, a noção de ser humano de referência para todas as Ciências Humanas e Sociais é a do homem europeu e da sociedade europeia. 
No entanto, a partir dos esforços de conquista de outros continentes, os europeus “encontraram-se” com “seres” diferentes o suficiente para causarem estranhamento, mas “parecidos” o suficiente para produzirem o seguinte incômodo: serão estes seres “humanos”? 
A relação com agrupamentos humanos de localidades até então desconhecidas como as que hoje denominamos África, América, Austrália, fizeram com que os europeus se questionassem sobre as características peculiares ao humano e as razões de tanta diferença entre os componentes de uma mesma espécie.
O movimento pré-científico, que domina o campo da diversidade cultural até o século XVIII, é aquele que oscilava entre conceber o “diferente” ora como humano, ora como não humano, provido ou desprovido de alma, bom ou mau selvagem, etc. 
Na ótica dos europeus, estes “maus selvagens” eram vistos como perigosos, mais próximos aos animais, brutos, imbuídos de uma sexualidade descontrolada, primitivos, com uma inteligência restrita, iludidos pela magia, enfim, seres limitados que precisavam ser “civilizados” pela cultura europeia.
Você sabe o que significa o termo “alteridade”?
ALTERIDADE é o resultado de um processo de diferenciação que acontece entre o “eu”, interior e particular de cada um, e o “outro”, diferente. Isto é, quando nos confrontamos com o estranho, o não familiar. Estranhar o “outro” é reconhecer em outro indivíduo, ou em um conjunto deles, as suas peculiaridades, diferenças e equivalências. Desta maneira o “outro” ou “outros” se tornam identificáveis, possibilitando consequentemente hierarquizar, separar, classificar, normalizar, dominá-los. Tal como na situação que acabamos de ler nas telas anteriores, na qual na perspectiva dos europeus (“eu”), os povos da África, das Américas e da Oceania (outros) eram vistos ora como: não humanos, providos ou desprovidos de alma, bom ou mau, selvagem que precisavam ser “civilizados”.
Realmente a alteridade não é possível em o etnocentrismo. Segundo Lewis: “O etnocentrismo é a condição natural da humanidade”. Porém, a alteridade é também a condição fundamental para compreender o “outro”, os outros grupos e a si mesmo. Por isso a antropologia configura-se como a ciência da alteridade, pois busca a compreensão do “outro” em seu contexto cultural, para então elaborar teorias que possam ser úteis na compreensão não apenas daquel contexto, mas também de outros contextos culturais, inclusive o do próprio pesquisador.
ANTROPOLOGIA DE GABINETE
Entramos no século XIX. Os antropólogos estudam culturas “exóticas” buscando decrever seus hábitos, costumes e sua forma de ver o mundo (cosmovisão). No entanto, eles não iam ao campo; não eram os antropólogos que experimentavam diretamente o dia a dia dos grupos “selvagens”.
Eram enviados viajantes, pessoas comuns que eram deslocadas para essas “tribos” e ali ficavam por um certo tempo, registrando tudo que viam e ouviam, a dim de entregar este material aos antropólogos que aí sim analisavam estes relatos. Esta é a denomidada “antropologia de gabinete”.
Na segunda metade do século XIX a “antropologia de gabinete” é questionada. Afinal, como falar sobre uma cultura que nunca se viu? Como descrever eventos que nunda se vivenciou?
Assim, Malinowski estrutura a prática etnográfica que é o procedimento metodológico característico da antropologia até os dias de hoje. O próprio antropólogo vai ao campo, entra no grupo, vivencia esta cultura diferente, deixa´se fazer parte deste dia a dia, registra esta vivência, retorna para sua própria cultura e finaliza seu trabalho de escrita que é o registro final desta experiência.
No entanto, não é nada fácil vivenciar uma outra cultura diferente da nossa. Por quê? Não sentimos nossa cultura como uma construção específica de hábitos e costumes: pensamos que nosso hábitos e nossa forma de ver o mundo devem ser os mesmos para todos! Achamos normais os nossos costumes e achamos o do outro “diferente”. Diferente de quê? Qual é o padrão “normal” segundo o qual analisamos o “direfente”?
Geralmente estabelecemos a nossa cultura como o padrão, a norma. Assim tudo que é diferente é concebido como estranho, e mesmo errado. Tal postura é o que denominamos etnocentrismo.
ETNOCENTRISMO
Segundo Everardo Rocha, em O que é Etnocentrismo, trata-se da “visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc. “.
O autor nos alerta ainda para a questão do choque cultural. Como ele afirma, “de um lado conhecemos o "nosso" grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma, empresta à vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí, então, de repente, nos deparamos com um "outro", o grupo do "diferente" que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este “outro" também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também existe.”.
Roberto da Matta, no texto “Você tem cultura?” demonstra que “antes de cogitar se “aceitamos” ou não esta outra forma de ver o mundo, a Antropologia nos convida a compreendê-la, e verificar que ao seu jeito uma outra vida é vivida, segundo outros modelos de pensamento e de costumes. O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. 
O conceito de cultura, ou, a cultura como conceito, então, permite uma perspectiva mais consciente de nós mesmos. Precisamente diz que não há homens sem cultura e permite comparar culturas e configurações culturais como entidades iguais, deixando de estabelecer hierarquias em que inevitavelmente existiriam sociedades superiores e inferiores”.
NAS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
 
Os fenômenos são complexos. 
As percepções são variadas, porquanto históricas.
O resultado prático é visto em livros, romances, arte, teatro, novelas, onde tais ideias podem ser aplicadas para produzir modificações no comportamento das pessoas – nos sistemas de valores.
Os fatos sociais são irreproduzíveis em condições controladas e, porisso, quase sempre fazem parte do passado.
São eventos a rigor históricos e apresentados de modo descritivo e narrativo, nunca na forma de uma experiência.
RELATIVISMO CULTURAL
É a postura, privilegiada pela Antropologia contemporânea, de buscar compreender a lógica da vida do outro. Parte do pressuposto de que cada cultura se expressa de forma diferente. Dessa forma, trata-se de pregar que a atividade humana individual deve ser interpretada em contexto, nos termos da cultura em que está inserida.
As palavras de uma das mais notáveis antropólogas conhecidas, a americana Margaret Mead, que no prefácio de Sexo e Temperaento afirmou: “toda diferença é preciosa e precisa ser tratada com muito carinho”.
E como nos dia Roberta da Matta em seu artigo “Você tem cultura?”.
O conceito de cultura permite uma perspectiva mais consciente de nós mesmos. Precisamente diz que não há homens sem cultura e permite comprar culturas e configurações culturais como entidades iguais, deixando de estabelecer hierarquias em que inevitavelmente ixistiriam sociedades superiores e inferiores”
AULA 4 – A FORMAÇÃO DO PENSAMENTO POÇÍTICO MODERNO E AS QUESTÕES BÁSICAS DA CIÊNCIA POLÍTICA
A Ciência Política é o estudo da política, ou seja, dos sistemas, das organizações e dos processos de governos, ou de qualquer sistema equivalente de organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis. Nicolau Maquiavel (1469-1527) é reconhecido como precursor da Ciência Política moderna pelo fato de haver escrito sobre o Estado e as formas de manter o poder, separando os interesses estatais dos dogmas e interesses da Igreja.
A FORMAÇÃO DP PENSAMENTO POLÍTICO MODERNO: ESTADO DE NATUREZA, CONTRATO SOCIAL E ESTADO CIVIL NA FILOSOFIA DE HOBBES, LOCKE E ROUSSEAU
Com a derrocada do Feudalismo e ascensão da burguesia, na Europa, surgiu o Iluminismo: um movimento intelectual que rompeu definitivamente com qualquer herança medieval, buscando compreender a sociedade e suas relações como fenômenos sujeitos a leis naturais. Essa nova visão possibilitou a construção de modelos sociais, políticos e econômicas centrados na ideia do Estado como um “contrato social”, que permitiria aos homens passar de um “estado de natureza” – em que predominava a barbárie – para um “estado civil” – em que predominam as leis.
O termo contratualismo indica uma classe abrangente de teorias que tentam explicar os caminhos que levam as sociedades a formarem Estados, com o objetivo de manter a ordem social. Essa noção de contrato indica que as pessoas abrem mão de certos direitos para um governo ou uma autoridade, a fim de obter as vantagens da paz social e da ordem.
Na origem do processo de reflexão sobre o modelo de organização política que emerge do feudalismo para o capitalismo, ganham destaque quatro autores que estabeleceram as bases do contratualismo: 
Thomas Hobbes (1588-1679), com O leviatã;
John Locke (1623-1704), com o Segundo Tratado sobre o governo;
Montesquieu (1689-1755), com O espírito das leis; e
Jean-Jacques Rousseau (171-1778), com O contrato social.
Thomas Hobbes foi um filósofo inglês que, em 1651, publicou sua principal obra, denominada O Leviatã. Nesse trabalho, o autor afirma que a sociedade precisa de uma autoridade à qual todos os membros devem se render, mesmo com prejuízo de sua liberdade individual – aquela que possa assegurar a paz interna e a defesa do bem comum. Esse soberano - quer seja um monarca, quer seja uma assembleia – deveria ser o Leviatã, que possuiria uma autoridade inquestionável.
Considerando as desigualdades sociais um fato lastimável, Jean-Jacques Rousseau tenta responder a questão que obriga um homem a obedecer a outro ou indicar com que direito um homem exerce autoridade sobre outro. Ele conclui que somente um contrato tácito e livremente aceito por qualquer indivíduo permite a cada um “ligar-se a todos enquanto retém sua vontade livre”. A liberdade está inerente à lei livremente aceita. “Seguir o impulso de alguém é escravidão, mas obedecer a uma lei autoimposta é liberdade”.
Ao considerar que todos os homens nascem livres e iguais, o contrato social encara o Estado como o resultado de um pacto, no qual os indivíduos não renunciam a seus direitos naturais, mas, ao contrário, entram em acordo para a proteção desses direitos. Cabe ao Estado o exercício dessa tarefa.
JOHN LOCKE E A TEORIA LIBERAL
John Locke pode ser considerado o precursor do liberalismo político. Em suas obras, são feitas críticas à teoria do direito divino dos reis, ao princípio da afirmação com base na autoridade inata. Para Locke, a soberania não reside no Estado, e sim na população. Embora admitisse a supremacia estatal, Locke dizia que o Estado deve respeitar as leis natural e civil. Ele também defendeu a separação da Igreja e do Estado, e a liberdade religiosa, recebendo por essas ideias forte oposição da Igreja Católica.
Conhecido como Montesquieu, Charles-Louis de Secondat estabeleceu uma condição para o bom funcionamento do Estado de Direito: a separação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e a independência entre eles. A ideia de equivalência indica que essas três funções deveriam ser dotadas de igual poder. Na teoria de Montesquieu, a separação de Poderes busca assegurar a existência de um poder que seja capaz de contrariar outro poder. Em outras palavras, trata-se de encontrar uma instância independente apta a moderar o poder do rei (do Executivo). Isso é um problema político – de correlação de forças -, e não um problema jurídico-administrativo – de organização de funções.
Os teóricos do contratualismo influenciaram as várias revoluções burguesas que transformaram o cenário político no final do século XVIII – como a Guerra da Independência dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789). Esses eventos históricos criaram as bases das modernas repúblicas e do Estado de Direito, cujo documento que representa a ideia do contrato social é a Constituição.
FORMAS DE DOMINAÇÃO LEGÍTIMA EM MAX WEBER
A dominação deve ser entendida, segundo Weber, como uma probabilidade de mando e de legitimidade deste. A crença é condição fundamental para que a relação entre aquele que manda (domina) e aquele que obedece (dominado) se realize. Portanto, não é toda e qualquer relação de poder que é legitimada, é preciso que aquele que obedece acredite voluntariamente naquele que tem poder de mando.
O poder é sempre uma probabilidade, pois depende de outro para ser exercido. Weber fornece o exemplo da relação de poder entre senhor e escravo que é carente de uma relação voluntária, não havendo, portanto, legitimidade e sim obrigação; a consequência é que na primeira oportunidade os indivíduos fogem desta relação, abandonam seus senhores.
ATENÇÃO
Para Max Weber, a legitimidade é a crença social em determinado regime, que visa obter a obediência mais pela adesão do que pela coação, o que acontece sempre que os respectivos participantes representam o regime como válido. Nesse caso, a legitimidade se torna a fonte do respeito e da obediência consentida. Sua teoria trata dos tipos ideais de dominação legítimos.
Weber define os três tipos puros de dominação como: racional-legal ou burocrática, dominação tradicional e a carismática.
DOMINAÇÃO RACIONAL-LEGAL
É exercida dentro de um quadro administrativo composto de regras e leis escritas que devem ser erguidas por todos, não havendo privilégios pessoais. Ela é apoiada na crença de uma “legitimidade de ordens estatuídas e nos direitos de mando dos chamados a exercer autoridade legal”. Esta é baseada em relações interpessoais e os funcionários são incorporados ao quadro administrativo, através de um contrato, não por suas características pessoais, mas por sua competência técnica. Eles são livres, sendo que suas obrigações se limitam aos deveres e objetivos de seus cargos que estão dispostos dentro de uma hierarquia administrativa e suas competências são rigorosamente fixadas.Realizam seu trabalho e em troca recebem um salário fixo e regular que varia conforme a responsabilidade do cargo, que é exercido em forma exclusiva ou como principal ocupação. Há possibilidade de fazer carreira, podendo subir na hierarquia da profissão, através do tempo de serviço ou por competência, ou ambos; importante ressaltar que os funcionários trabalham em seus cargos sem a apropriação dos mesmos. A dominação burocrática é puramente técnica, com o objetivo de atingir o mais alto grau de eficiência e nesse sentido é, formalmente, o mais racional conhecido meio de exercer a dominação sobre os seres humanos.
DOMINAÇÃO TRADICIONAL
Repousa na crença das tradições, costumes que existem desde outros tempos. É a legitimidade na crença dos indivíduos nas ordens e poderes senhoriais tradicionais. A autoridade é exercida e legitimada pela tradição e por normas escritas. O quadro administrativo, neste caso, pode ser recrutado não pela competência técnica, mas por vínculos pessoais e laços de fidelidade. As tarefas não estão claramente definidas, como na dominação racional, e os privilégios e deveres encontram-se sujeitos a modificações de acordo com a vontade do governante. Há outros tipos de dominação tradicional que são: 
O patriarcalismo – onde o poder é exercido segundo regras fixas de sucessão;
Patrimonialismo ou gerontocracia – é a autoridade exercida pelos mais velhos, em idade, sendo os melhores conhecedores da tradição sagrada. Em um corpo administrativo encontramos o patrimonialismo quando os funcionários ligam-se ao chefe por laços de fidelidade pessoais.
DOMINAÇÃO CARISMÁTICA
Pode ser caracterizada pelo seu caráter de tipo extraordinário e irracional. Weber define carisma como uma qualidade pessoal considerada extraordinária, atribuída a um indivíduo que possui poderes ou qualidades sobrenaturais. Esses indivíduos são enviados por Deus para o cumprimento de uma “missão”. Portanto, este indivíduo é reconhecido como um líder por seus seguidores e, assim, a autoridade carismática é legitimada. Os carismáticos, geralmente, são profetas religiosos, políticos, demagogos, e apresentam, na maioria das vezes, provas de seu poder, fazendo milagres ou revelações divinas. Entretanto, Weber aponta para possibilidade de uma existência permanente de um líder carismático. Tal fenômeno foi chamado de rotinização do carisma. Para que isso ocorra são necessárias mudanças profundas, pois implicam a transformação da autoridade carismática em tradicional ou legal. Sendo assim as atividades do corpo administrativo passam a ser exercidas de forma regular, seja através da constituição de normas tradicionais, seja por promulgação de regras legais. Haverá um problema a ser resolvido, que é o da sucessão daquele que não será eleito, geralmente o líder carismático escolhe entre aqueles de sua confiança ou então por hereditariedade.
A construção dos tipos ideais de autoridade é primordial para a compreensão do desenvolvimento das instituições, nas quais a burocracia é a mais importante, por ser a mais característica da sociedade moderna ocidental que tem em sua essência o pensamento racional.
Esses três tipos de dominação não são encontrados isoladamente na realidade, eles coexistem. A sociedade brasileira é um bom exemplo dessa coexistência, pois as relações de trabalho nas organizações (lugar, em princípio, exemplar da relação impessoal), são, ao contrário, pessoais e permeadas de privilégios. A seleção nem sempre atende aos critérios meritocráticos, competência comprovada para o cargo. Em muitos casos as relações pessoais valem muito mais do que um diploma.
Segundo Max e Engels, em ideologia Alemã – Feuerbach (São Paulo: Hucitec, 1987), o Estado é a forma na qual os indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns e na qual se resume toda a sociedade civil de uma época.
Segue-se que todas as instituições comuns são mediadas pelo Estado e adquirem através dele uma forma política. Daí a ilusão de que a lei se baseia na vontade e, mais ainda, na vontade destacada de sua base real – na vontade livre. Da mesma forma, o direito é reduzido novamente à lei.
“O direito privado desenvolve-se simultaneamente com a propriedade privada, a partir da desintegração da comunidade natural (...). Quando, mais tarde, a burguesia adquiriu poder suficiente para que os príncipes protegessem seus interesses com o fim de derrubar a nobreza feudal por meio da burguesia, o desenvolvimento propriamente dito do direito começou em todos os países – na França, no século XVI – e, em todos eles à exceção da Inglaterra, tiveram que ser introduzidos princípios do direito romano para o posterior desenvolvimento do direito privado (em particular, no caso da propriedade mobiliária)”.
Marx afirma que o aparelho jurídico do Estado, nesse tipo de sociedade, tem como objetivo:
Organizar e justificar a dominação da burguesia sobre o proletariado.
Favorecer os negócios da classe dominante.
Dessa forma, para Marx, não existe Estado representativo do conjunto da sociedade. Seu papel é o representante dos interesses da burguesia.
AULA 5 – CONTEXTO HISTÓRICO DA FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA E DA ANTROPOLOGIA
A formação do pensamento sociológico e antropológico deu-se a partir da segunda metade do século XIX, em decorrência de uma série de transformações econômicas, sociais e políticas por que passou a Europa nesse período.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E NEOCOLONIALISMO
O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o século XVII na europa, e pregava maior liberdade econômica e política. Foi apoiada pela burguesia, pois os pensadores e os burgueses tinham interesses comuns. Consistia em críticas ao Antigo Regime: ao Mercantilismo (a intervenção na economia); ao Absolutismo monárquico (a proteção à nobreza); ao Poder da igreja (as verdades reveladas pela fé).
Vários aspectos do iluminismo prepararam o surgimento das Ciências Sociais no século XIX. Este foi o fundamento filosófico da criação do Estado burguês, tal como foi promovido pela Revolução Francesa e pela Revolução Industrial. Essas revoluções formaram a base do Estado moderno. O desenvolvimento do pensamento científico propiciou a Revolução Industrial. Esta foi a transição para novos processos de manufaturas no final do século XVIII, primeiramente na Inglaterra.
No século XIX, a indústria cresceu e o capital financeiro se fortaleceu. O que desencadeou crises de superprodução, pois a produção não era acompanhada pelo consumo. A solução seria crescer para fora do continente europeu, o que foi denominado neocolonialismo ou imperialismo do século XIX.
“O Iluminismo defendia a liberdade econômica, ou seja, a economia sem a intervenção do Estado; o avanço da ciência e da razão e o predomínio da burguesia e seus ideais. No século XVIII, esta nova corrente de pensamento começou a tomar conta da Europa, defendendo novas formas de conceber o mundo, a sociedade e as instituições.
Tratou de aspectos filosóficos, políticos, sociais, econômicos e culturais. Este defendia o uso da razão como o melhor caminho para alcançar a liberdade, a autonomia e a emancipação.”
Diferente do colonialismo dos séculos XV e XVI, o neocolonialismo representou nova etapa do capitalismo, do momento em que as nações europeias saíram em busca de matérias-primas para sustentar as indústrias, de mercados consumidores para os produtos europeus e de mão de obra barata. Esse colonialismo se direcionou para a África e a Ásia, que foi partilhada entre as nações europeias.
A América escapou desse colonialismo porque se tornara independente pouco antes. Porém, se não foi dominada politicamente pela Europa e pelos EUA, o foi economicamente, pois dependia dos banqueiros e do capital industrial europeu. Naquela época, por exemplo, grupos franceses e ingleses iniciaram a exploração da borracha na região amazônica, porque esta mais barato produzir aqui e exportar para a Europa e para os EUA: afinal, aqui se encontrava a matéria-prima, a mão de obrabarata e o favorecimento governamental.
A África e a Ásia foram o cenário onde atuou uma infinidade de cientistas e religiosos que assumiram o fardo do homem branco. Na Índia, por exemplo, qualquer membro da raça branca era tido como membro da classe dos amos e senhores, respeitando e reverenciando. Situações semelhantes fizeram o fundador da República do Quênia, na segunda metade do século XX, referir-se assim à dominação imperialista: “Quando os brancos chegaram, n´s tínhamos as terras e eles a Bíblia; depois eles nos ensinaram a rezar; quando abrimos os olhos, nós tínhamos a Bíblia e eles as terras”.
Todas as tentativas de reação por parte das nações dominadas pelos impérios europeus foram enfrentadas com o uso das armas por parte das nações europeias. Nem a China ficou de fora da corrida imperialista: foi dominada economicamente e teve territórios ocupados pelos japoneses.
O CIENTIFICISMO E O DARWINISMO SOCIAL
 O Cientificismo
Os efeitos dos novos inventos, devido ao desenvolvimento científico, tais como: o para-raios e as vacinas, os desenvolvimentos da mecânica, da química e da farmácia, eram amplamente verificáveis e pareciam coroar de êxitos as atividades científicas. Aos olhos dos homens da época, as conquistas do conhecimento do humano eram vitoriosas, abrindo caminho para o controle sobre as leis da natureza. As ideias de progresso, racionalismo e cientificismo exerceram todo um encanto sobre a mentalidade da época.
Transformar esse mundo conquistado em colônias que se submetessem aos valores capitalistas era uma tarefa de grande magnitude. Dessa maneira, a dominação precisava apresentar justificativas que ultrapassassem os interesses econômicos imediatos. Por isso, a conquista europeia esteve revestida de um discurso humanitário de “missão civilizadora”. O Darwinismo Social, o Evolucionismo Social e o Positivismo foram as primeiras elaborações ditas científicas da sociedade. Foram inspiradas nas teorias de Charles Darwin, apropriadas e manipuladas pelos pensadores sociais e que serviram para justificar a dominação europeia do neocolonialismo.
Foi, também, nessa época, que se desenvolveu a teoria de Charles Darwin (1809-1822), naturalista inglês, sobre a evolução, adaptação e seleção das espécies. O princípio da evolução estaria na transformação contínua das espécies de seres vivos com finalidade de selecionar os mais aptos e determinar quais membros da espécie têm mais chance de sobrevivência. Consequentemente, os organismos tendem a se adaptar cada vez melhor ao ambiente, criando formas mais complexas de existência, que possibilitam, pela competição natural, a sobrevivência dos seres mais aptos e evoluídos.
Logo, as teses de Darwin estavam sendo discutidas em todo o meio científico e o próprio liberalismo econômico adotou o pressuposto da competição. Ao defender a propriedade privada, o liberalismo postula que todo homem compete em igualdade no acesso à propriedade privada. É claro que essa tese, presente em nossas mentes até hoje, interessava à manutenção do domínio da classe burguesa.
Se o pensamento racional e científico parecia válido para explicar a natureza, intervir sobre ela e transformá-la, este poderia explicar também a sociedade vista como um elemento da natureza. O Darwinismo Social explica a sociedade como se ela fosse um objeto de estudo da natureza. O determinismo biológico e o determinismo geográfico foram explicações comumente utilizadas sobre a capacidade de cada indivíduo e cada sociedade.
Determinismo biológico são as teorias que atribuem capacidades específicas inatas a “raças” ou as outros grupos humanos. Contudo, os antropólogos hoje em dia estão totalmente convencidos de que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais.
Determinismo geográfico este considera que as diferenças do ambiente físico o clima, a altitude, a umidade do ar, entre outras variáveis do ambiente condicionam a cultural local e as diferenças culturais.
Segundo o Darwinismo Social, as sociedades se modificam e se desenvolvem como os seres vivos. As transformações nas sociedades representam a passagem de um estágio inferior para outro superior, onde o organismo social se mostra mais evoluído, adaptado e complexo. Se a natureza a competição gera a sobrevivência do mais forte, também na sociedade favorece a sobrevivência de sociedades e indivíduos mais fortes e evoluídos.
As expressões: “luta pela existência” e “sobrevivência do mais apto”, tomadas de Darwin, apoiaram o individualismo liberal e justificaram o lugar ocupado pelos bem-sucedidos e inferiores, cabendo aos mais fortes dominar os mais fracos e, consequentemente, aos mais desenvolvidos levar o desenvolvimento aos não desenvolvidos. A civilização deveria ser levada a todos os homens.
O DARWINISMO SOCIAL NO BRASIL
O conde de Gobineau tornou-se embaixador da França no Brasil entre 1869 e 1870. Para ele, a mestiçagem criava um povo degenerado, porque não conservaria, ans suas veias, o mesmo sangue original. E as sucessivas misturas teriam enfraquecido o seu valor. A apreciação das qualidades físicas ou morais dos brasileiros, para Gobineau, não poupava observações pejorativas. “A miscigenação havia resultado no Brasil em compleições raquíticas, que se nem sempre repugnantes, são sempre desagradáveis aos olhos”.
A única relação que ele estabeleceu no Brasil foi com o D. Pedro II. A visão pessimista de Gobineau, em relação ao país, partia do pressuposto da inviabilidade de uma nação composta por raças mistas. As nações miscigenadas como o Brasil seriam instáveis, desequilibradas e decaídas. A degeneração segundo ele, era inevitável e conduziria ao fim da existência do Brasil.
No final do século XIX, muito intelectuais pensadores, tais como Nina Rodrigues e Silvio Romero, acabaram por adotar a tese da existência de uma raça superior. Defendiam o branqueamento da população o povo brasileiro. A aplicação prática dessa concepção traduziu-se no incentivo à imigração maciça de trabalhadores europeus: italianos, alemães espanhóis, poloneses, ucranianos, que, ao longo do tempo, branqueariam a sociedade do país.
Os evolucionistas formaram a primeira escola antropológica, tendo como paradigma principal a sistematização do conhecimento acumulado sobre os “povos primitivos” e o predomínio do trabalho de gabinete.
A análise desses antropólogos era feita a partir dos relatos de viajantes e colonizadores que lhes chegavam às mãos.
Defendiam a ideia de que a história da Humanidade se dava através de um processo evolutivo que ia da selvageria à civilização, passando pela barbárie. Utilizavam o chamado método comparativo, em que tomavam como parâmetro a sociedade europeia do século XIX para descrever e classificar formas culturais de outros povos, em uma postura que, se mostrava extremamente etnocêntrica, tratando os povos não europeus como primitivos, exóticos e incivilizados.
O positivismo foi uma diretriz filosófica criada por Augusto Comte na segunda metade do século XIX. O tema central de sua obra é a Lei dos Três Estados, em que ele divide a evolução histórica e cultural da humanidade em três fases, de acordo com seu desenvolvimento; a classificação e a hierarquização das ciências, da mais simples até a mais complexa, que pra ele a ordem é necessária ao progresso; e a reforma da sociedade, com mudanças intelectuais, morais e políticas destinadas principalmente a restabelecer a ordem na sociedade capitalista industrial.
A hostilidade dirigida ao pensamento tradicional foi especialmente forte em Conte, que negava a possibilidade do conhecimento metafísico, que ele considerava ser estagnante e uma forma de pesquisa desnecessária. Ele exigia uma “sociocracia” dirigida por cientistas para a unificação, conformidade e progresso de toda a humanidade. Logo, o positivismo redefiniu o propósito da filosofia, limitando-a à análise e definição da linguagem científica.
O POSITIVISMO
Comte devotou-se à Sociologia, uma palavra que ele elaborou para descrever a ciênciada sociedade. Ele acreditava que sua principal contribuição era a teoria de que a humanidade passou por três estágios de desenvolvimento intelectual:
O teológico = neste estado a realidade era explicada pela imaginação, a partir de deuses, demônios e seres mitológicos.
O metafísico = no segundo estágio a realidade era explicada através de abstrações filosóficas, tais como: essência, existência, substância, acidente.
O positivo = neste estágio final as explicações da realidade eram dadas apenas baseadas em leis científicas, descobertas através de experimentação, observação e lógica.
Na sua classificação das ciências os critérios eram a generalidade de cada ciência e a crescente complexidade das mesmas. A ordem da menos complexa a mais complexa estabelecida pelo autor foi: Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia. Ao criar a Sociologia Comte criava a ciência mais Positiva.
Os traços mais marcantes do positivismo são, certamente, a excessiva valorização das ciências e dos métodos científicos, a exaltação do homem e suas capacidades e o otimismo em relação ao desenvolvimento e progresso da humanidade.
Para reformar a sociedade, Comte propôs:
Reconhecer os princípios reguladores do mundo físico e do mundo social.
Determinar a estrutura e os processos de modificação da sociedade.
Reconhecer a existência de dois movimentos: estático (fator de permanência e harmonia) e dinâmico (fator de progresso).
Esta corrente filosófica, foi muito influente no pensamento brasileiro, movimento republicano, o lema da bandeira brasileira “ordem e progresso”, primeira constituição republicana de 1891, as leis trabalhistas, o governo militar e o ensino brasileiro.
AULA 6 – MODELOS CLÁSSICOS DA ANÁLISE SOCIOLÓGICA: A CONTRIBUIÇÃO DE ÉMILE DURKHEIM
Émile Durkheim
É o criador da Escola Sociológica Francesa
Com ele, a sociologia se constitui como uma disciplina rigorosamente científica.
Émile Durkheim define o objetivo da sociologia como fatos sociais e atribui-lhe um método de investigação: a análise objetiva dos fatos sociais, que deveriam ser estudados como “coisas”, ou seja, o investigador deveria manter uma relação de objetividade com o objetivo estudando, desfazendo-se de qualquer pré-noção em relação a eles.
Fatos sociais
Em seu livro As regras do método sociológico, Durkheim define os fatos sociais como “as maneiras de agir, pensar e sentir que apresentam a característica marcante de existir fora da consciência individual”.
Estes tipos de conduta ou de pensamento não são apenas exteriores aos indivíduos, são também gerais na extensão de toda sociedade conhecida e dada, são dotados de um poder imperativo e coercitivo que constitui características intrínsecas de tais fatos.
Para Durkheim, a sociedade, como todo organismo, apresenta estados normais e patológicas (saudáveis e doentios).
Fato social normal
É normal o fato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada sociedade e que refletem os valores e as condutas aceitas pela maior parte da população.
Por isso, em sua concepção, o crime é considerado um fato social normal, porque pode ser estendido como necessário (útil) para uma sociedade, pois, se a consciência coletiva (normal) fosse excessiva, se cristalizaria e a consciência individual inovadora não se manifestaria.
Desse modo, onde o crime existe os sentimentos coletivos estão no estado de maleabilidade necessária para tomar nova forma: ele representa um fato social que integra as pessoas em torno de uma conduta valorativa, que pune o comportado considerado nocivo, que fere a consciência coletiva.
REFLEXÃO
Quando os sentimentos coletivos são fortemente atingidos, algumas ofensas passam de faltas morais para delitos e crimes. É por essa lógica que ele irá avaliar o castigo imposto não como forma de acabar com o crime, mas sim para mantê-lo na taxa social “média”.
Fato social patológico
É todo fato que extrapola os limites aceitos pela consciência coletiva vigente em uma sociedade, é o comportamento tido com desviante. São fatos que põem em risco a harmonia e o consenso representa um estado mórbido da sociedade. Eles são transitórios e excepcionais, assim como as doenças.
Normalidade x Patologia
O que é normal? Quais os parâmetros estabelecidos para diferenciar o “normal” do “anormal”?
É importante que você tenha um mente que o conceito de normalidade é discutível. O que chamamos de “normal” varia de sociedade para sociedade.
Segundo Richard Miskolci: “os anormais nada mais são do que construções sociais naturalizadas, as quais derivam de relações de poder que atribuem a eles uma posição de inferioridade e submissão na ordem social. Nossos corpos socializados trazem o passado ao presente e contribuem para a manutenção das categorias sociais e da hierarquia imposta pelo padrão de normalidade burguês. Assim, a desigualdade de poder chega aos indivíduos nos seus próprios corpos e no uso destes, dos prazeres e capacidade reprodutivas”.
Em seu livro Da divisão do trabalho social, Durkheim definiu consciência coletiva ou consciência comum como “o conjunto de crenças e de sentimentos comuns entre os membros de uma mesam sociedade”.
Ele afirma que ela forma um sistema determinado que tem sua vida própria: “Sem dúvida, ela não tem como substrato um órgão único; é, por definição, difusa, ocupando toda a extensão da sociedade; mas nem por isso deixa de ter características específicas, que a tornam uma realidade distinta. Com efeito, ela é independente das condições particulares em que situam os indivíduos. Estes passam, ela fica. É a mesma no Norte e no Sul, nas grandes e nas pequenas cidades, nas diferentes profissões. Por outro lado, não muda em cada geração, mas, ao contrário, liga as gerações que se sucedem. Portanto, não se confunde com as consciências particulares, embora se realize apenas nos indivíduos. É o tipo psíquico da sociedade, tipo que tem suas propriedades, condições de existência, seu modo de desenvolvimento, exatamente como os tipos individuais, embora de outra maneira”.
Pode ser verificada em fenômenos coletivos típicos, expressos através de uma forma de consciência que contrapõe indivíduo/sociedade. As torcidas organizadas e os grandes festivais de música, por exemplo, representam fenômenos coletivos típicos, expressos através de uma forma de consciência que contrapõe indivíduo/sociedade.
Anomia
É a ausência, desintegração ou inversão das normas vigentes em uma sociedade, neste caso, a consciência “perde” os parâmetros de julgamento da realidade. Ela vai acontecer em momentos extremos, tais como guerras, desastres ecológicos, econômicos etc.
Divisão do trabalho social
É a organização da sociedade em diferentes funções, exercidas pelos indivíduos ou grupos de indivíduos. Nas sociedades mais simples predomina a divisão social do trabalho, baseada principalmente em critérios biológicos de sexo e idade. Essa divisão parece decorrer de uma extensão analógica das diferenças naturais de funções entre membros de um grupo. Durkheim classifica a forma de solidariedade social deste tipo de sociedade como solidariedade mecânica.
Nas sociedades mais complexas, em especial quando tem início o desenvolvimento da agricultura, a sedentarização e o sistema de propriedade privada, surge uma divisão social mais complexa, com a criação de novas funções sociais. A indústria foi o sistema produtivo que mais desenvolveu a divisão social do trabalho, criando uma imensa gama de funções e atribuições diferenciadas. Durkheim classifica a forma de solidariedade social deste tipo de sociedade como solidariedade orgânica.
ATENÇÃO
A divisão social do trabalho envolve sempre uma divisão não só de funções, mas também de privilégios, regalias e poder.
Para Durkheim, o crime, enquanto acontecimento que se repete, é um fato social normal. Contudo, crimes dessa natureza excedem o limite do tolerável pela sociedade e são vistos como patológicos pelacoletividade. A transgressão da juventude é um dado socialmente construído.
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