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Apostila de Eletrônica de Potencia Capítulo 5-2008

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CAPÍTULO 5
ANÁLISE QUALITATIVA DE RADIOINTERFERÊNCIA
PROVENIENTE DAS FONTES CHAVEADAS.
5.1 - INTRODUÇÃO.
	As radiocomunicações utilizam em suas transmissões, diversas faixas de freqüências do espectro eletromagnético. 
	As ondas eletromagnéticas apresentam propriedades que são funções do seu comprimento de onda, por isso dividiu-se o espectro eletromagnético em diversas faixas de freqüência entre elas: ondas curtas, ondas médias, microondas, VHF, UHF, etc. A tabela 5.1 mostra estas faixas de freqüências.
TABELA 5.1 – Classificação e Aplicações das Freqüências.
	Os equipamentos eletro-eletrônicos, em especial as fontes chaveadas produzem níveis elevados de energia eletromagnética que se espalham por um amplo espectro de freqüências, interferindo ou até interrompendo sistemas de telecomunicações e equipamentos que passam a funcionar erroneamente ou simplesmente deixam de funcionar.
	Visando minimizar problemas desta natureza, inúmeras entidades passaram a estudar quais deveriam ser os níveis máximos de emissão que cada tipo de equipamento poderia gerar. Assim, surgiram as diversas normas que visam regulamentar a utilização do espectro eletromagnético. As principais são:
A)CISPR (Comité International Spécial Pertubations Radioélectriques). Trata-se de uma norma de origem francesa, patrocinada pela IEC (International Electrotechnical Commission), com objetivo de preparar normas internacionais no campo da radiointerferência. As normas são publicadas como “Publicações CISPR” e são recomendadas por diversas entidades, como por exemplo ANSI Committee C63, VDE/DKE Committee 761, e pela própria Telebrás, para que sejam adotadas como as normas regulamentadoras de rádio interferência em seus países.
B)EEC (European Economic Community). Esta organização trabalha procurando harmonizar as normas de países pertencentes à comunidade européia. Suas normas no campo de supressão de RFI são: 82/499/EEC (aplicações elétricas), 82/500/EEC (lâmpadas fluorescentes), 72/245/EEC e 75/322/EEC (veículos elétricos).
C)CENELEC. Trata-se de uma associação formada por 17 comitês eletrotécnicos nacionais da Europa. A norma CENELEC no campo de supressão de RFI é a CENELEC HD 344 (CLC-CISPR HD 4), que se aplica a equipamentos ISM (Industrial, Scientific and Medical).
D)DKE (Deutsche Elektrotechnische Kommissinon). Esta sigla representa a Comissão Eletrotécnica Alemã, que é composta por membros da DIN e da VDE, sendo responsável por gerar as especificações da VDE, que junto com a CISPR, é uma das normas mais utilizadas atualmente.
E)DIN (Deutsches Institut für Normen). São normas geradas pelo Instituto Alemão de Normas.
F)VDE (Verband Deutscher Elektrotechniker). A VDE é uma associação de engenheiros eletrotécnicos da Alemanha, cujas atividades são a preparação de especificações cobrindo o campo de geração, transmissão, transformação e utilização de energia elétrica. As especificações começando com a 0871 até a 0879 cobrem a área de radiointerferência. As especificações são preparadas em conjunto com a DIN, através da DKE e também são editadas como normas através da edição do prefixo 57. Assim, por exemplo, a VDE 0875 é igual à DIN 57875.
	No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em conjunto com a ABRICEM (Associação Brasileira de Interferência e Compatibilidade Eletromagnética) são as entidades responsáveis pela geração de normas relativas à RFI.
	A norma brasileira é totalmente baseada na CISPR-22, da IEC, sendo denominada por NBR12304: “Limites e Métodos de Medição de Radioperturbação em Equipamentos para Tecnologia da Informação - (ETI)”.
	Atualmente poucos setores têm se preocupado realmente com RFI no Brasil. Somente as indústrias nacionais que produzem equipamentos para os exigentes mercados externos e para as telecomunicações são obrigadas a realizar testes de RFI em seus equipamentos, testes estes que possuem um altíssimo custo.
	Existem somente dois laboratórios no Brasil para realizar tais testes, sendo a IBM em Hortolândia (cedido ao Inmetro) e o INPE em São José dos Campos. 
5.2 - CONCEITOS BÁSICOS EM RADIOFREQÜÊNCIA.
	Alguns conceitos teóricos auxiliam na compreensão dos fenômenos que ocorrem em um fonte chaveada.
5.2.1 - Equações de Maxwell.
	Segundo Maxwell, toda carga em movimento provoca a formação de campos eletromagnéticos. Uma carga imersa em um campo eletromagnético sofre ação de forças originárias dos componentes elétrico e magnético deste campo, de acordo com a equação 5.1.
�					(5.1)
Onde:
� = vetor Força de Lorentz [N];
q = valor da carga elétrica [C];
� = vetor campo elétrico agindo sobre a carga q [V/m];
� = vetor velocidade da carga elétrica atravessando o campo eletromagnético [m/s];
� = vetor densidade de fluxo magnético [Wb/m2].
	A equação 5.2 é derivada da equação 5.1, porém apresenta apenas o componente elétrico da força de Lorentz
�						(5.2)
	A equação 5.3 é derivada da equação 5.1, porém apresenta apenas o componente magnético da força de Lorentz.
�						(5.3)
	A força elétrica é independente da velocidade 
�, no entanto, a força magnética é sempre proporcional e perpendicular a ela.
	Segundo Maxwell, em campos eletromagnéticos variantes no tempo, os componentes elétrico e magnético estão intimamente relacionados, de acordo com as equações 5.4, 5.5, 5.6 e 5.7.
�					(5.4)
�				(5.5)
�						(5.6)
�						(5.7)
Onde:
permeabilidade do ar = 4..10-7 [H/m];
 = permissividade do ar = 8,85.10-12 [F/m];
� = vetor densidade de corrente [A/m2];
 = densidade de carga [C/m3].
	A equação 5.4 mostra que associado a todo campo magnético variante no tempo, existe um rotacional de campo elétrico não nulo. De modo análogo, pela equação 5.5, que todo campo elétrico variante no tempo produz um rotacional de campo magnético não nulo. Isto equivale a dizer que toda onda só se propaga possuindo componentes elétricos e magnéticos, sendo impossível uma onda se propagar tendo apenas uma dos componentes.
5.2.2 - EFEITO DE CAMPOS ELETROMAGNÉTICOS EM CONDUTORES.
	A figura 5.1 ilustra um trecho de um condutor retilíneo infinito mergulhado em um campo eletromagnético com componente elétrico representada por Eo e magnética representada por Bo.
	De acordo com o teorema da Indução Magnética, pode-se considerar o fio como sendo composto de infinitos pedaços de comprimento infinitesimal dl.
	Sendo a força magnética ortogonal ao vetor 
�, esta apenas irá provocar uma maior concentração de elétrons em um dos lados do fio, tendo como efeito apenas o aumento na resistividade aparente do referido condutor.
Figura 5.1 - Interação de um Campo Eletromagnético e um Fio Condutor.
	O componente elétrico porém, induz correntes no fio, sendo seu efeito equivalente a existência de um gerador de tensão infinitesimal dV em cada ponto do condutor exposto ao campo. Estes geradores provocam circulação de correntes que podem interferir no funcionamento do circuito e que não são previstas se analisar o circuito apenas na teoria clássica de circuitos elétricos, pois esta é uma simplificação das equações de Maxwell, que muitas vezes precisam ser levadas em consideração.
5.2.3 - RELAÇÕES ENTRE CORRENTE, FREQÜÊNCIA E ÁREA DE CIRCULAÇÃO COM A POTÊNCIA RADIADA.
	Uma equação que fornece uma noção da importância dos parâmetros como a freqüência, corrente e a área de circulação da corrente, é dada pela equação 5.8, correspondente à figura 5.2.
�				(5.8)
Onde: 
Pr = Potência radidada [W];
C = velocidade da luz = 3.108 [m/s];
I = valor eficaz da corrente na freqüência de interesse [A];
l = largura do caminho retangular de circulação de corrente [m];
h = altura retangular de circulação de corrente [m];
OBSERVAÇÃO: esta equação é válida apenas para h e l < 
�.
 = comprimento de onda da freqüência de interesse [m];
Figura 5.2 - Elemento Radiador.
	Apesarde válida apenas para dimensões de h e l menores que um quarto do comprimento de onda da freqüência, esta equação demonstra bem a grande sensibilidade dos níveis de potência radiada com a corrente, a área do caminho de circulação e principalmente com a freqüência do sinal.
	Portanto, deve-se ter muito cuidado com o “lay-out” do circuito elétrico, visando reduzir a área ao máximo.
5.3 - ANÁLISE NO DOMÍNIO DA FREQÜÊNCIA DE SINAIS TEMPORAIS.
	Uma ferramenta útil na análise e previsão do espectro de freqüências emitido por uma fonte chaveada é o método de Fourier de Análise de Forma de Onda.
	Segundo o teorema de Fourier, toda forma de onda periódica pode ser expressa por uma série, denominada Série de Fourier, desde que obedeçam as três condições:
Se a onda é descontínua, deve haver apenas um número finito de descontinuidades no período T;
A onda deve ter um valor médio finito no período T;
A onda deve ter um número finito de máximos negativos e positivos no período.
	Sendo as condições satisfeitas, pode-se descrever a forma de onda trigonométrica como uma soma de senos e cosenos de freqüências múltiplas de sua freqüência fundamental, de acordo com a equação 5.9.
�			
�		(5.9)
	Se na equação 5.9 forem substituídos os termos seno e co-seno por seu equivalente exponencial, chega-se na equação 5.10.
�	(5.10)
Onde:
�				(5.11)
	Outra representação muito útil para a análise do espectro de uma onda é o espectro de raias. 
	As ondas com descontinuidade, tais como as dente de serra e quadrada, têm espectros com amplitudes que decrescem lentamente, uma vez que suas séries têm harmônicos de alta freqüência com valores elevados. Entretanto, séries para formas de onda sem descontinuidade e com formas suaves convergirão rapidamente.
	O espectro de raias pode ser obtido através das equações 5.10 e 5.11, mostradas nas equações 5.12 (freqüência fundamental) e 5.13 (freqüências harmônicas).
�						(5.12)
�	
�			(5.13)
5.4 - ANÁLISE DE SINAIS TÍPICOS DE FONTES CHAVEADAS NO DOMÍNIO DO TEMPO E DA FREQÜÊNCIA.
	Neste item são apresentados alguns resultados que facilitam a previsão do espectro harmônico de uma fonte chaveada baseando-se na análise das formas de onda envolvidas. 
	As figuras 5.3 e 5.4 apresentam qualitativamente a equivalência entre sinais típicos de conversores chaveados, no domínio do tempo (como se apresentariam em um osciloscópio) e seu equivalente representação no domínio da freqüência (como se apresentariam em um analisador de espectro).
	Para uma onda puramente senoidal, tem-se apenas uma raia no analisador de espectro, conforme a figura 5.3.
Figura 5.3 - Sinal no Domínio do Tempo e Freqüência de um Sinal Senoidal.
	Um sinal composto de pulsos periódicos é mostrado na figura 5.4.
Figura 5.4 - Sinal no Domínio do Tempo e Freqüência de um Sinal
Composto de Pulsos Periódicos.
Onde:
	f0 = 1/T = freqüência fundamental 			[Hz];
	f1 = 1/(.) 							[Hz];
	f2 = 1/(r)							[Hz];
	D = /T = razão cíclica					[adimensional];
	A(f0) = (2.A .D)dB - 20.log (f0/f1)			[dB];
	A(n.f0) = (2.A .D)dB - 20.log (n.f0/f1)			[dB];
	(2.A .D)dB = 20.log (2.A .D)				[dB];
	(2.A .r/T)dB = 20.log (2.A .r/T)			[dB];
	r = tempo de subida					[s];
	f = tempo de descida (assumindo igual a r)		[s];
	 = duração do pulso = D.T				[s];
	T = período da onda					[s].
	De acordo com a figura 5.4, o espectro apresentará raias que se repetirão a intervalos iguais à freqüência fundamental f0 e as amplitudes das harmônicas irão decair com uma taxa de 20dB/década entre as freqüências f1 e f2, e de f2 em diante, com uma taxa de 40dB/década.
	Observa-se também que quanto menor o tempo de subida do pulso, maior é a freqüência f2 , conseqüentemente maior a quantidade de harmônicos.
5.5 - RUÍDOS MODO DIFERENCIAL.
	A figura 5.5 ilustra um caso típico de ruído causado por correntes diferenciais.
Figura 5.5 - Ruído Causado por Corrente de Modo Diferencial.
	As correntes de alimentação do circuito da figura 5.5 são tipicamente diferenciais, isto é, a corrente em um dos condutores que alimentam o circuito é, em módulo, exatamente igual à corrente no outro condutor. O sentido das correntes, porém são contrários, de forma que ia+ib=0.
5.6 - RUÍDOS MODO COMUM.
	A figura 5.6 mostra um caso típico de ruído gerado por circulação de correntes em modo comum. 
Figura 5.6 - Ruído de Modo Comum.
	No esquema da figura 5.6, a fonte de tensão e a resistência possuem aterramento em ambas as extremidades. Campos eletromagnéticos podem induzir tensões de ruído, indicadas por Vn.
	Considerando que existe uma impedância de valor não nulo nos condutores que ligam a fonte de tensão à carga resistiva, haverá uma parcela da corrente de modo comum ic que fluirá por um ramo do circuito ica e outra pelo outro ramo icb. Estas correntes se propagam com igual sentido, diferindo portanto das correntes de modo diferencial.
	Como em geral os caminhos de circulação de correntes de modo comum são muito maiores que os envolvidos em modo diferencial, o efeito de interferência produzida por correntes de mesma intensidade e freqüência será muito maior se esta for de modo comum do que se for de modo diferencial.
5.7 - EMISSÕES CONDUZIDAS E IRRADIADAS.
	As normas regulamentadoras de níveis permitidos de radiointerferência classificam as emissões em duas categorias: emissões conduzidas e emissões radiadas.
	Da teoria eletromagnética, sabe-se que toda corrente variando no tempo produz campos eletromagnéticos. A energia contida nestes campos eletromagnéticos se propaga tanto na forma de uma onda “Transversal Eletromagnética” (TEM) tendo como guia de onda um condutor, como se propaga pelo espaço livre, sendo a relação entre a energia que se propaga através da guia de onda e a que segue pelo espaço livre ditada pelo fator de antena do circuito por onde circula a corrente em questão.
	Um retificador chaveado apresenta sempre cabos de alimentação que são ligados a uma fonte de energia (em geral sistema de alimentação alternada), bem como os cabos de saída são ligados às cargas. Estes cabos, além de conduzirem a energia de entrada e de saída do retificador, também servem de caminho para correntes de ruído de alta freqüência. Estes mesmos condutores também atuam como antenas para estes ruídos.
	Da teoria de antenas, sabe-se que a eficiência de uma antena, para uma determinada geometria, aumenta a medida em que suas dimensões se aproximam do comprimento de onda da freqüência que se deseja irradiar. Isto significa que os cabos de entrada, de saída ou qualquer outro condutor ligado ao retificador atuarão como antenas de eficiência diretamente proporcional à freqüência dos ruídos.
	Na teoria de linha de transmissão, qualquer condutor real apresenta resistência, capacitância e indutância distribuídas ao longo de seu comprimento. Estes elementos atuam como barreiras à passagem de correntes de ruído.
	A indutância e a resistência série de um condutor, associado `a capacitância paralela entre dois ou mais condutores que conduzem uma corrente de ruído, atuam como filtro passa-baixa, dificultando a passagem de ruído de alta freqüência. A figura 5.7 mostra um trecho de um par de condutores A-A’ e B-B’.
Figura 5.7 - Representação de um Trecho de uma Linha de Transmissão
Formada pelos Condutores A-A’ e B-B’.
	Observa-se que para freqüências baixas, os condutores de ligação do equipamento são os melhores caminhos para a energia de ruído fluir, uma vez que, devido ao grande comprimento de onda destas freqüências, o circuito deveria ter dimensões muito elevadas para atuar como uma boa antena.
	Para altas freqüências o efeito do filtro passa-baixa dos condutores do circuito torna-se mais evidente. Ao mesmo tempo, as dimensões físicas do circuito se tornam relativamente maiores comparadas ao comprimento de onda das freqüências de ruído, melhorando a fator de antenae aumentando o nível de energia irradiada para o espaço livre.
	Baseados nestes fatos, as normas relativas a EMC/EMI dividem as medidas de radiointerferência em dois tipos: medidas de ruídos conduzidos e medidas de ruídos radiados.
	A norma CISPR, baseada em estudos teóricos e práticos dividiu o espectro de medida da seguinte forma: de 150 kHz a 30MHz são medidas apenas as interferências conduzidas e acima de 30MHz são medidas apenas as interferências radiadas.
5.8 - EMISSÕES DE BANDA ESTREITA E DE BANDA LARGA.
	As emissões de radiointerferência podem ser classificadas como sendo de banda estreita ou de banda larga dependendo da largura de banda da emissão e do receptor utilizado para a realização da leitura.
	
5.8.1 - Banda Estreita.
Emissões são consideradas de banda estreita quando a largura de banda do sinal a ser medido é menor que a largura de banda ajustada no receptor, como mostra a figura 5.8.
Figura 5.8 - Sinal de Banda Estreita.
	As unidades comuns utilizadas em medidas de ruídos de banda estreita são dBV (decibel por volt), dBA (decibel por ampére), dBmV (decibel por milivolt), dBV/m (decibel por microvolt por metro), etc.
	Os ruídos de banda estreita são aqueles gerados por equipamentos que operam em freqüências fixas e bem definidas, como transmissores e computadores.
5.8.2 - Banda Larga.
	Uma emissão é considerada de Banda Larga, quando sua largura de banda supera a largura de banda ajustada no receptor que irá efetuar a medida, como mostra a figura 5.9.
As unidades usuais em medidas de banda larga são dBV/MHz (decibel por volt por megahertz), dBV/MHz (decibel por microvolt por megahertz), dBA/MHz (decibel por microampére por megahertz), etc.
Figura 5.9 - Sinal de Banda Larga.
	Os ruídos de banda larga são gerados de forma aleatória, em geral por equipamentos que não trabalham numa freqüência específica, como algumas fontes de alimentação, atenuadores de iluminação e motores elétricos.
5.9 - LIMITES DE EMISSÕES CONDUZIDAS E RADIADAS.
	As normas reguladoras de RFI determinam limites para emissões conduzidas e radiadas, devendo os equipamentos atender estes limites.
5.9.1 - EMISSÕES CONDUZIDAS.
	As medidas de emissões conduzidas podem ser feitas de várias formas e utilizando-se vários instrumentos.
Os níveis de radiointerferência conduzidas pelos cabos de alimentação de um equipamento dependem da impedância da rede que o alimenta. Desta forma, para padronizar as medições, utiliza-se uma “Line Impedance Stabilizing Network” (LISN), ou seja, uma rede de estabilização de impedância de linha. Esta rede também é chamada de “Artificial Mains Network” (AMN), ou rede artificial de alimentação.
	As redes de estabilização de impedância de linha podem ser representadas pelo diagramas de blocos como mostra a figura 5.10.
Figura 5.10 - Diagrama de Blocos de Uma LISN.
	A figura 5.11 mostra o esquema elétrico de uma LISN de 50/50H, baseada nas especificações da CISPR 16.
Figura 5.11 - Esquema Elétrico de Uma LISN de 50/50H.
	
A LISN da figura 5.11 é denominada como sendo de 50/50H, porque ao se conectar um receptor com impedância de entrada igual a 50 à saída de medida da LISN, a impedância de rede vista pelo equipamento sob teste, para as freqüências de interesse de medida (de 150kHz a 30MHz), será aproximadamente igual à impedância de uma rede formada por um resistor de 50em paralelo com um indutor de 50H, independente da impedância da rede de alimentação do equipamento.
	De acordo com a norma CISPR, tanto as LISN’s como o equipamento sob teste deve estar sobre um plano condutivo aterrado.
	Os limites de radiointerferência conduzida, permitidos pelas normas CISPR para equipamentos dos tipos classe A e Classe B são mostrados nas tabelas 5.2 e 5.3
TABELA 5.2 - Limites CISPR Para Equipamentos do Tipo Classe A .
CLASSE A
Limites [dB(V)]
Faixa de freqüência (MHz)
Valor quase-pico
Valor médio
0,15 a 0,5
79
66
0,5 a 30
73
60
TABELA 5.3 - Limites CISPR Para Equipamentos do Tipo Classe B .
CLASSE B
Limites [dB(V)]
Faixa de freqüência (MHz)
Valor quase-pico
Valor médio
0,15 a 0,5
56 a 66
46 a 56
0,5 a 5
56
46
5 a 30
60
50
5.9.2 - EMISSÕES RADIADAS.
	As medidas de emissões radiadas são feitas com antenas padrão, em conjunto com receptores de radiofreqüência e analisadores de espectro, nas quais conseguem quantificar a intensidade de campo elétrico a uma certa distância do equipamento em teste..
	As tabelas 5.4 e 5.5 apresentam, respectivamente, os limites da norma CISPR para emissões radiadas produzidas por “Equipamento de Tecnologia de Informação” (ITE) de classe A e classe B.
TABELA 5.4 - Limites de Intensidade de Campo Radiado à Distância
 de Ensaio de 30m, para Equipamentos Classe A .
Faixas de Freqüências (MHz)
Limites Quase-Pico [dB(V/m)]
30 a 230
30
230 a 1000
37
TABELA 5.5 - Limites de Intensidade de Campo Radiado à Distância
 de Ensaio de 10m, para Equipamentos Classe B.
Faixas de Freqüências (MHz)
Limites Quase-Pico [dB(V/m)]
30 a 230
30
230 a 1000
37
	Para a realização dos testes, o ambiente deve ser predominantemente plano, livre de fiação suspensa e de estruturas refletoras próximas, e suficientemente grande para possibilitar o posicionamento da antena à distância especificada e ainda permitir separação adequada entre antenas, unidade de ensaio e estruturas refletoras.
	Por isto, estes testes são realizados em ambientes especiais denominados de câmaras anecóicas e semi-anecóicas.
	As câmaras anecóicas são ambientes blindados, com todas paredes internas (inclusive piso e teto) revestidas com material que absorve os ruídos gerados internamente, evitando sua reflexão nas paredes da câmara, que poderiam acarretar erros na medida devido a leitura dos campos diretos e campos refletidos. As câmaras semi-anecóicas não possuem forração de material absorvente no piso.
	Estas câmaras são de custos altíssimos, chegando na faixa de um milhão de dólares. Devido a este fator, os valores dos testes dos equipamentos são elevados, como já mencionado anteriormente.
5.10 - MÉTODOS PRÁTICOS DE VERIFICAÇÃO DE RÁDIOINTERFERÊNCIA.
	Como mencionado anteriormente, tais testes são de custos altíssimos, girando em torno de dois mil dólares ao dia, levando-se normalmente 3 dias para realizá-los.
	Sendo assim, se for submetido o equipamento para os testes, deve-se ter certeza de que o equipamento desenvolvido esteja com níveis de ruídos aceitáveis, para não desperdiçar dinheiro desnecessariamente. Uma maneira prática e eficiente seria ligar o equipamento próximo a equipamentos que funcionam com freqüências diversas, tais como, televisores, rádios AM e FM.
	Para realizar tais testes de modo prático, ligue uma televisão na rede em que estiver funcionando o equipamento nas condições nominais. Se o equipamento estiver com níveis de ruídos altos, irão aparecer na televisão faixas como mostra a figura 5.12.
Figura 5.12 - Ruídos Característicos Provocados Por Fontes Chaveadas.
	Se não há faixas na televisão, o equipamento em teste possivelmente estará próximo as condições das normas.
	Ligue também um rádio à pilha na faixa AM e ligue o equipamento desenvolvido na condição nominal e observe se ocorre uma mudança significativa no ruído audível. Repita o procedimento agora para a faixa FM. Se não houver ruído, provavelmente o equipamento estará próximo das condições das normas.
5.11 - CONCLUSÃO.
	A formulação matemática de um problema no campo das rádiofreqüências é uma tarefa complexa e na maioria das vezes, inviável praticamente devido às complicadas equações diferenciais, cuja formulação é extremamente dependente da geometria do circuito envolvido.
	Baseado nestes fatos, é muito importante estar fundamentado teoricamente para que possa analisar o problema principalmente qualitativamente, uma vez que muitasvezes análises qualitativas simples bastam para resolver um problema que seria de grandes proporções caso fosse analisado matematicamente.
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