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UNIDADE IV CIDADANIA

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UNIDADE IV - CIDADANIA
PROFA. MICHELLE COELHO
 
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CONCEITO E VALORES BÁSICOS DA CIDADANIA
A origem da palavra cidadania vem do latim “civitas”, que quer dizer cidade. 
Segundo Dallari (2008), “a cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo”. 
A plenitude da Cidadania implica numa situação na qual cada pessoa possa viver com decência e dignidade, através de direitos e deveres estabelecidos pelas necessidades e responsabilidades do Estado e das pessoas. 
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A Declaração Universal dos Direitos Humanos pode ser considerada como a maior prova existente de consenso entre os seres humanos, pelo menos é o que defendia o nobre filósofo e jurista italiano Norberto Bobbio (1992). 
Para Bobbio (1992), a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi uma inspiração e orientação para o crescimento da sociedade internacional, com o principal objetivo de torná-la num Estado e fazer também com que os seres humanos fossem iguais e livres.
 E pela primeira vez, princípios fundamentais sistemáticos da conduta humana foram livremente aceitos pela maioria dos habitantes do planeta.
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Estes direitos buscam proporcionar uma vida digna, e cabe ao Estado proteger tais direitos. A liberdade, igualdade, tolerância, dignidade e respeito – independente de raça, cor, etnia, credo religioso, inclinação política partidária ou classe social – permite ao ser humano buscar tais direitos fundamentais. 
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Os Direitos Humanos são indivisíveis: e são neles englobados questões sociais, políticas e econômicas. Tais como: 
Todas as pessoas devem ter o direito de formar a sua própria opinião e de exprimi-la individualmente ou em assembleias pacificas; 
Todas as pessoas devem ter o direito de participar no governo; 
Estar livre de prisão arbitrária, detenção e tortura – quer a pessoa seja um opositor ao partido no poder, pertença a uma minoria étnica ou seja um criminoso comum; 
 Livre expressão religiosa e uso de sua língua para manter suas tradições; 
Todo ser humano deve ter a oportunidade de trabalhar, ganhar a vida e sustentar a sua família;
As crianças merecem proteção especial. 
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CIDADANIA e DEMOCRACIA
O conceito de cidadania está fortemente ligado ao de democracia. É só lembrarmos que na antiguidade clássica, ser cidadão era ter participação política. 
Com o tempo o conceito de cidadania foi se ampliando para além dos direitos, hoje ela está associada aos direitos e deveres dos indivíduos. Quando falamos de direitos e deveres, devemos entender como cidadania a preocupação e o exercício de ações que garantam o desenvolvimento harmonioso da sociedade e a preservação dos direitos alheios. 
Ser cidadão, não é simplesmente cobrar seus direitos, mas lutar para defender os interesses dos nossos semelhantes. O pleno exercício da cidadania e da democracia estão associados a ideia de igualdade entre os indivíduos.
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REFLEXÃO
Será que os Direitos Humanos estão sendo cumpridos como deveria? 
Será que estamos participando ativamente da nossa sociedade? 
Será que estamos sendo vigilantes de nós e dos nossos governantes? 
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A resposta parece ser NEGATIVA! Pois a violência banalizada, como os assassinatos, as chacinas, os extermínios, o tráfico de drogas, o crime organizado, as mortes no trânsito e a corrupção desenfreada, não pode ser aceita como algo normal, ou seja, devemos dizer NÃO a estas violações dos Direitos Humanos. 
O mais importante instrumento da sociedade moderna no que tange aos Direitos Humanos é a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Este documento, marco da nossa era, tornou-se um autêntico paradigma defensor da ética, da moral e dos bons costumes. Mas o que constatamos é um aumento constante da violência e total desrespeito aos Direitos Humanos. 
 
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VIOLÊNCIA
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GENOCÍDIO
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FOME
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FALTA DE MORADIA
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Diante destas imagens que fazem parte de uma dura realidade social: cruel, triste e perversa, o que para você significa cidadania? Quais são os seus valores básicos? 
É difícil encontrar um conceito de cidadania suficientemente abrangente que seja aplicável a qualquer lugar, situação ou momento. Primeiro porque, como acontece com outros conceitos ligados à evolução das sociedades humanas cidadania é uma construção histórica, ou seja, modifica-se por influência das transformações da história humana. Além disso, ela reflete o ponto de vista e a condição social de quem a utiliza. 
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Isso porque o conceito de cidadania depende ainda do jogo de interesses de segmentos sociais diferentes e dos conflitos entre os que estão no poder e os que estão fora dele. 
 Sendo assim, vamos partir de um ponto comum de referência para chegarmos à definição adotada hoje pela maioria dos países: Todos nós temos direitos humanos universais, que devem ser respeitados em qualquer lugar do mundo, independentemente da nossa nacionalidade. 
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Seus direitos são os de decidir e influir sobre os destinos do Estado e o de ter a sua condição humana garantida e protegida por ele. 
Suas obrigações são permitir e cuidar para que todos obedeçam às regras estabelecidas, de forma que a vida em comum transcorra em harmonia e respeito e que os interesses coletivos sempre predominem sobre os particulares.
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Por isso, ser cidadão supõe desenvolver atitudes, assumir padrões de comportamento e adquirir hábitos que favoreçam o bom convívio com os demais e também que suas ações sejam pautadas pela ética do cuidado, do zelo, pelo bem comum e pelo respeito a coisa pública. 
Ou seja, aquele contínuo estado de alerta, de observação cuidadosa em relação à segurança, à dignidade e ao bem-estar do outro, que nos leva a sempre respeitá-lo e a nos colocar de seu lado e defendê-lo quando alguém não o respeitar.
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Portanto, Cidadania são os direitos e deveres do cidadão e ela pode ou não ser exercida. 
Para a ética, não basta que exista um elenco de princípios fundamentais e direitos definidos nas Constituições. O desafio ético para uma nação é o de universalizar os direitos reais, permitido a todos cidadania plena, cotidiana e ativa. 
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E QUAIS SERIAM OS VALORES BÁSICOS PARA EXERCERMOS A CIDADANIA? 
Valor é a palavra que dá legitimidade a uma pessoa. É a nossa conduta dentro dessa sociedade, em todas as áreas: na família, na no meio social e no trabalho. 
Por exemplo: as atividades profissionais dos diversos órgãos do governo, por estarem relacionadas com os direitos das pessoas, dependem da observação de certos valores indispensáveis ao respeito à cidadania. 
Como esta atividade é voltada para o bem comum, deve conter e até estar alicerçada em valores comuns, tais como:
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Legalidade: Um conjunto de normas e regras impostas ou convencionadas, com a finalidade de disciplinar a convivência das pessoas na sociedade pressupõe que as condutas estejam dentro dos parâmetros estabelecidos na lei, ou por ela não proibidas; 
 Respeito: O respeito é o reconhecimento, a manutenção e a reverência aos direitos das pessoas. Toda pessoa deve ser valorizada e respeitada, sem qualquer discriminação por sexo, raça, idade, função, etc;
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Honra: É o valor interno de cada pessoa e como se trata de um valor individual,a honra pode ser tratada como a dignidade da pessoa humana;
Reciprocidade: A reciprocidade impõe que devemos tratar as pessoas da forma como gostaríamos de ser tratados; 
 Equidade: A equidade é um valor indispensável para o exercício da atividade profissional, pois é esse valor que
exige o tratamento equitativo entre as pessoas, onde se deve buscar sempre a igualdade, devem ser tratadas igualmente sem privilégios e/ou sem discriminações.
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Moderação: É importante para a busca do equilíbrio. Assim, deve-se agir de forma moderada, evitando a precipitação e a intolerância. Por exemplo, o servidor público deve ser um profissional equilibrado, que tenha convicção da importância de sua atividade, é importante reconhecer suas próprias limitações. 
Senso de Responsabilidade: O cidadão deve viver uma vida com responsabilidade, por exemplo, o servidor Público tem de ter um vínculo com a causa pública. A sociedade não pode confiar os direitos e serviços prestados ao funcionário que não seja responsável e que não esteja executando o seu serviço com assertividade e competência.
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 Bondade: Trata-se de um valor simples, onde uma pessoa sente prazer em ajudar outra. O agente público deve ser uma pessoa provida de bondade. É importante que demostre satisfação com as relações internas e externas, bem como ser útil à sociedade.
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A cidadania inclui várias dimensões e algumas podem estar presentes sem as outras. Uma cidadania plena, que combine liberdade, participação e igualdade para todos é um ideal talvez inatingível nos dias de hoje. 
 Tornou-se costume desdobrar a cidadania em direitos civis, políticos e sociais. O cidadão pleno seria aquele que fosse titular dos três direitos. Cidadãos incompletos seriam os que possuíssem apenas alguns dos direitos. 
Os que não se beneficiassem de nenhum dos direitos seriam não-cidadãos.
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CIDADANIA NO SÉCULO XXI: DIREITOS CIVIS SÓ NA LEI!
O esforço de reconstrução de construção da democracia no Brasil ganhou ímpeto após o fim da ditadura militar, em 1985. Uma das marcas desse esforço é a dimensão que assumiu a palavra cidadania. Políticos, jornalistas, intelectuais, líderes sindicais, dirigentes de associações, simples cidadãos, todos a adotaram. 
No auge do entusiasmo cívico, chamamos a Constituição de 1988 de Constituição Cidadã. 
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E, portanto, o que seriam os direitos civis??? 
São os direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei. Eles se desdobram na garantia de ir e vir, de escolher o trabalho, de manifestar o pensamento, de organizar-se, de ter respeitada a inviolabilidade do lar e da correspondência, de não ser preso a não ser pela autoridade competente e de acordo com as leis, de não ser condenado sem processo legal regular. 
São direitos cuja garantia se baseiam na existência de uma justiça independente, eficiente e acessível a todos. São eles que garantem as relações civilizadas entre as pessoas e a própria existência da sociedade civil surgida com o desenvolvimento do capitalismo. Sua pedra de toque é a liberdade individual.
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Vamos refletir
Será que estamos exercendo soberanamente a nossa liberdade, nos dias atuais ou muitas vezes temos nosso direito de ir e vir cerceado? 
Será que todos os cidadãos são tratados de forma igual como preconiza a nossa Constituição Federal, sem distinção de raça, cor e credo? 
Será que a nossa justiça é realmente “cega” ou ela faz distinção entre pessoas de classes sociais distintas?
 Enfim, será que em pleno século XXI nós temos assegurados os nossos direitos fundamentais ou eles nada mais são do que uma folha de papel escrita na nossa Constituição? 
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MUNDO DO TRABALHO E CIDADANIA ORGANIZACIONAL
O ser humano não nasceu preparado para seguir normas de convivência e sobreviver em uma sociedade tão complexa quanto a nossa. Para estabelecer relações sociais e subsistir em nosso meio, precisamos de quem cuide de nós e nos eduque, transmitindo-nos as características e valores culturais da sociedade a que pertencemos. 
 Desta forma, podemos dizer que o processo de socialização começa logo depois do nascimento e segue um longo caminho. Nessa jornada, cada um de nós precisa absorver conhecimentos e desenvolver habilidades, além de conhecer e utilizar linguagens. 
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Precisamos também aprender a desempenhar papéis sociais e a reconhecer a importância de contribuir com a coletividade. Essa contribuição pode ser feita de várias maneiras: quando, por exemplo, produzimos alguma coisa ou prestamos algum serviço, quando reproduzimos ou inovamos técnicas, defendemos a estrutura da dinâmica social ou atuamos para alterá-la. 
O trabalho é uma dessas contribuições. Ele é necessário para garantir nossa sobrevivência e, para executá-lo, mobilizamos nosso físico, nosso intelecto, nossa razão e nossa vontade. 
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Sem os produtos do trabalho não há sobrevivência humana, cultura, organização social, civilização e história. 
Em muitas situações, a ética e a cidadania são comprometidas pela atitude de um indivíduo, mas nem sempre o cidadão é o único responsável por isso. 
Nesses casos, por incompetência, irresponsabilidade, ignorância, displicência, desonestidade ou omissão, são os comportamentos e ações de organizações dos mais variados tipos e dos próprios governantes que colaboraram para isso, ou foram os principais responsáveis para que isso ocorresse.
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Exemplo
Cinco bebês morreram vítimas de um erro da auxiliar de enfermagem de um posto de saúde municipal, que, em vez da vacina tríplice (contra coqueluche, tétano e difteria), aplicou neles insulina. 
A auxiliar de enfermagem foi descuidada, desatenciosa, irresponsável e, por isso, deve ser julgada como a única causadora dessa desgraça? 
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A pergunta implica muitos questionamentos: 
 Será que ela recebeu formação profissional eficiente? 
 A instituição educacional que a habilitou ofereceu a ela um bom curso e fez corretamente a avaliação de suas competências? 
  E o posto de saúde? Que critérios o posto de saúde utilizou para contratá-la? 
 Ela ocupava a função que realmente lhe competia? 
 Os medicamentos estavam nos lugares certos e organizados e catalogados para que não houvesse possibilidade de serem confundidos?
  E em que condições ela praticava seu trabalho? 
 Tinha os recursos e as informações necessárias para exercer aquela função? 
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Outras perguntas também devem ser feitas quanto às implicações do governo, responsável pelo funcionamento do posto de saúde e do qual ela era funcionária. 
 Ele não teve nenhuma influência no caso? Não estaria a funcionária com acúmulo de trabalho? 
  Será que ela, devido a um salário baixo, estaria estressada por ter que fazer horas extras e dar conta de mais de um emprego? 
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Essas perguntas revelam que nossa qualidade de vida e nosso desempenho como cidadãos, pessoas e profissionais também dependem de como as diferentes organizações atuam ao nos atender ou deixar de fazê-lo. 
No caso relatado, todos os motivos supostos para explicar o erro da auxiliar de enfermagem estão direta ou indiretamente relacionados com o Estado, com a política e com a cidadania organizacional, como:
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 A qualidade do ensino oferecido pelas escolas; 
 A responsabilidade dos órgãos certificadores de competência profissional; 
 A gestão administrativa das instituições públicas ou privadas; 
 A política de saúde e a política salarial do governo; 
 A política de administração, controle e acompanhamento de recursos humanos no posto de saúde.
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Em resumo, a cidadania organizacional é também essencial para o bem-estar e a dignidade de todos. 
Pessoas e organizações que não primam pela ética e não se consideram comprometidas com o bem-estar e a qualidade de vida dos cidadãos, conscientemente ou não, voluntariamente ou não, acabam, de uma ou outra forma, sendo responsáveis por perdas e danos sofridos pela sociedade. 
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A cidadania
implica o reconhecimento de que dificilmente é possível, nem sempre é justo e, raramente, vale a pena a gente “melhorar de vida” sem melhorar a vida.
Tudo o que acontece no mundo, seja no meu país, na minha cidade ou no meu bairro, acontece comigo. Então eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida. Um cidadão com um sentimento ético forte e consciência de cidadania não deixa passar nada, não abre mão desse poder de participação. (SOUZA,1994).
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Questionamentos
 Como lidamos com os instrumentos e com os recursos físicos que usamos em nosso trabalho, seja produzindo algo concreto ou prestando serviços?
Somos cuidadosos, parcimoniosos, sensatos e prudentes ao usá-los?
  Qual a atenção que damos à qualidade do que oferecemos aos consumidores, clientes ou usuários? Sabemos que devemos tratá-los da mesma forma que gostaríamos de ser tratados?
  Como nos comportamos, considerando a importância de nosso trabalho e sua repercussão tanto no ambiente em que ele se desenvolve quanto na vida em sociedade? 
  Qual a nossa disposição para trabalhar em equipe de forma cooperativa, oferecendo e recebendo ajuda, dividindo responsabilidades, respeitando direitos e compartilhando poder e sucesso? 
  Reconhecemos o valor da contribuição de cada um em nosso grupo? 
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CIDADANIA E COMBATE Á CORRUPÇÃO 
A palavra corrupção veio do latim corruptione, que dá a ideia de corromper, que pode significar decomposição, putrefação, desmoralização, suborno. De acordo com o Escritório das Nações Unidas para Combate ao Crime Organizado e às Drogas, a “corrupção é um complexo fenômeno social, político e econômico que afeta todos os países do mundo”. 
No Brasil, um dos principais atores no combate à corrupção é o Ministério Público Federal (MPF), que detém legitimidade para propor ações criminais e ações por ato de improbidade administrativa contra aqueles que desviam e aplicam indevidamente recursos públicos federais. 
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O Brasil, infelizmente, virou o paraíso da corrupção, da improbidade administrativa, dos desvios envolvendo recursos públicos, do nepotismo, do superfaturamento, dos mensalões, da impunidade e tantas outras mazelas. Mais uma vez, a corrupção abala a credibilidade da esfera política brasileira. 
Modernas tecnologias da informação, como o computador, as redes sociais na internet, e-mails, Twitter, Blogs, Facebook e por aí vai. Através de tais mecanismos, sabemos de tudo o que se passa no Brasil e no mundo, podendo daí tirar nossas próprias conclusões sobre a conduta desse ou daquele político a quem confiamos (ou vamos confiar) o nosso voto.

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