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Exame Físico, Massa Gorda, Sistema Neuromotor, Cond. Hídrica - CRISTINA MARTINS

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Exame Físico da Massa Gorda, 
do Sistema Neuromuscular e da 
Condição Hídrica
Autor: Cristina Martins. Nutricionista pela Universidade Federal do Paraná. Doutora em Ciências Médicas 
– Nefrologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Mestre em Nutrição Clínica pela New York University; 
Dietista Registrada pela American Dietetic Association; Especialista em Nutrição Clínica pela Universidade Federal 
do Paraná; Especialista em Nutrição Renal pela American Dietetic Association; Especialista em Suporte Nutricional 
Enteral e Parenteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral; Coordenadora do Setor de Nutrição da 
Clínica de Doenças Renais de Curitiba e da Fundação Pró-Renal Brasil; Diretora Geral da NUTRO Soluções Nutritivas e 
do Instituto Cristina Martins de Educação em Saúde
Copyright© 2008 by Instituto Cristina Martins
Projeto Gráfico e Diagramação: Simone Luriko Saeki
Todos os direitos reservados. É permitida uma (01) cópia impressa deste material exclusivamente para o aluno 
matriculado neste curso.
Para solicitar materiais educativos e inscrever-se em outros cursos, entre em contato com: 
Instituto Cristina Martins.
e-mail: instituto@institutocristinamartins.com.br
Home-page: www.institutocristinamartins.com.br
3
Exame Físico da Massa Gorda, 
do Sistema Neuromuscular e da 
Condição Hídrica
Cristina Martins
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Após a leitura deste capítulo, você deverá estar apto a:
Citar os principais locais (sítios) do corpo para avaliação das reservas de massa gordurosa. ?
Descrever os principais sinais de depleção e de excesso das reservas de gordura corporal. ?
Identificar os principais sítios para avaliação das reservas de massa muscular. ?
Enumerar os principais sinais de depleção das reservas de massa muscular. ?
Definir tônus muscular. ?
Descrever técnica de exame físico para avaliação do tônus muscular. ?
Descrever três métodos de avaliação subjetiva da força muscular de um indivíduo. ?
Identificar três razões nutricionais para a realização da avaliação subjetiva neurológica. ?
Citar a função de cada um dos nervos cranianos periféricos. ?
Definir os principais sinais físicos de desidratação e de edema. ?
Descrever a classificação dos graus de edema. ?
4
PROBLEMATIZAÇÃO  ESTUDO DE CASO
 J.S.A., sexo masculino, 69 anos de idade, foi hospitalizado devido à pneumonia. História 
de acidente vascular cerebral (AVC) há oito meses com hemiplegia à direita. Refere perda de 
aproximadamente 20kg desde o AVC. Relata que mora em casa com a esposa e duas filhas 
adultas, que o ajudam na realização das atividades funcionais diárias. Relata que depois do 
AVC não conseguiu mais trabalhar e foi aposentado por invalidez. Deambula com dificuldade. 
Refere fraqueza generalizada. Sinais de perda significativa de massa na região sub-orbital, 
do tríceps e do bíceps. Perda significativa também nas áreas das têmporas, da clavícula, dos 
ombros, da escápula, do adutor e do quadríceps. A avaliação da força muscular nos membros 
superiores e inferiores mostrou que, sem a presença da gravidade, o paciente completou a 
maioria dos movimentos com resistência regular. Observado engasgos com a ingestão de 
líquidos finos e demora para engolir os alimentos. Assimetria facial com paralisia parcial; 
pregas nasolabiais desiguais, fechamento labial incompleto, armazenamento de alimentos na 
boca, mas ausência de baba. Observada fala “molhada” após a ingestão alimentar. Notada 
pouca coordenação motora e dificuldade de manuseio dos talheres. Alteração na sensação 
da pele da face, da mandíbula, do maxilar e da testa; assimetria na abertura da mandíbula. 
Ao tocar a faringe com um cotonete, não houve elevação dela; pouca elevação do palato e 
pequeno reflexo de náusea; a língua ficou protraída. Saliva com aspecto pegajoso. Os olhos 
estão secos e encovados. A pele do braço apresenta turgor ruim. Não foi observada a presença 
de edema.
No caso de J.S.A., foi descrita a perda significativa de massa nas regiões sub-orbital, do 1. 
tríceps e do bíceps. Qual das massas, gordurosa ou muscular, é principalmente observada 
nesses locais do corpo?
E qual foi a principal massa perdida nas têmporas, no deltóide, no adutor e no quadríceps 2. 
do paciente J.S.A.: gordurosa ou muscular?
Qual é o resultado da aplicação da escala de Lovett para o paciente J.S.A.?3. 
Qual é o resultado do índice de Karnofsky do paciente J.S.A.? 4. 
A partir dos dados do exame físico do paciente J.S.A., quais nervos cranianos superficiais 5. 
podem estar afetados?
O que pode estar refletindo os seguintes sinais físicos de J.S.A.: fadiga, saliva com aspecto 6. 
pegajoso, olhos secos e encovados, turgor ruim da pele?
Como e quais os locais do corpo foram provavelmente avaliados para concluir que o 7. 
paciente não apresentava edema aparente?
5
Exame Físico da Massa Gorda, do Sistema Neuromuscular e da Condição Hídrica
INTRODUÇÃO
O exame físico e o julgamento clínico, envolvidos na avaliação nutricional, são essenciais para a obtenção de resultados 
acurados e completos. Por motivos didáticos, este 
livro divide o exame físico em tecidos de proliferação 
rápida e de sistemas, e em massa gorda, magra 
e condição hídrica corporal. O exame físico das 
massas gordurosa, muscular e da condição de 
hidratação, juntamente com o sistema neurológico, 
colabora com aspectos importantes do diagnóstico 
nutricional. Reforça-se que, nessa parte da avaliação, 
a classificação do grau de depleção ou de excesso é 
feita através da impressão subjetiva do avaliador. 
 O exame físico utiliza, principalmente, as técnicas 
de inspeção e de palpação. As duas técnicas são 
executadas ao mesmo tempo, em cada área do 
corpo, antes de se mover para outra região. O exame 
deve ser organizado para iniciar na cabeça e seguir 
até os pés. Cada lado do corpo deve ser comparado 
com o seu oposto. Passando por cada parte do corpo, 
o avaliador deve integrar a avaliação de todos os 
sistemas e massas.
 A pesquisa geral, que ocorre no contato inicial com o 
avaliado, revela muita informação, pelo fato de refletir o 
estado nutricional global. É observada a condição geral 
de saúde, incluindo sinais físicos de depleção nutricional, 
como a perda de peso, de músculo esquelético ou de 
gordura subcutânea. A perda profunda de peso é um 
dos pontos mais importantes observados na inspeção 
geral. Os achados encontrados na pesquisa geral 
usualmente refletem depleção nutricional de longo 
prazo, e não recente. 
RESERVAS CORPORAIS GORDUROSAS
 A perda de gordura e de massa muscular altera 
os contornos naturais do corpo. A perda gordurosa 
significativa é avaliada através da inspeção de áreas 
onde o tecido adiposo está normalmente presente. Em 
primeiro lugar, o exame é feito para a perda geral de 
tecido adiposo. A avaliação é julgada pelo delineamento 
definido dos ossos, dos músculos e das veias (1). Para 
a verificação da presença de tecido adiposo na região, 
uma prega da pele pode ser pinçada com os dedos 
indicador e polegar. O delineamento dos músculos 
dos membros superiores e das veias está claramente 
aparente em caso de perda de gordura. 
 O déficit de gordura subcutânea é usualmente 
observado na face (depressão na região sub-orbital e 
das bochechas), tríceps, bíceps e linha lateral média 
axilar (cintura).
GORDURA DA FACE: SUBORBITAL E BOCHECHA
 No exame físico das reservas adiposas da face, 
duas regiões são importantes para observação: a 
sub-orbital e as bochechas. O avaliador examina 
as reservas de gordura nestas regiões e classifica, 
subjetivamente, o grau de perda.
 Na avaliação da região sub-orbital, o avaliador 
investiga olhos encovados ou pele flácida na região. 
Essa depleção da gordura é, frequentemente, chamada 
de “olhos fundos”. Em indivíduos com estado nutricional 
normal, o acúmulo de gordura embaixo dos olhos tem 
a aparência de edema leve. Em pacientesdesnutridos, 
pode ser detectada depressão ou, às vezes, área escura 
abaixo dos olhos. 
 O avaliador investiga, também, as reservas de 
gordura nas bochechas. A pele flácida na região 
pode significar perda gordurosa importante. Essa 
avaliação é mais significativa para os indivíduos 
jovens e crianças do que para os idosos. 
 O Quadro 1 apresenta a classificação e a 
demonstração de características diferentes das 
reservas de gordura na face.
GORDURA NA REGIÃO DO TRÍCEPS E DO BÍCEPS
 Na região do tríceps e do bíceps, o avaliador deve, 
com os dedos indicador e polegar, desprender a 
gordura da parte muscular. O aspecto de pele “solta”, 
flácida, indica perda de gordura subcutânea na região. 
A região do tríceps é a mais sensível às perdas. O 
avaliador deve examinar as reservas gordurosas e 
classificar, subjetivamente, o grau de perda.
 O Quadro 2 mostra as diferentes características de 
reservas adiposas corporais nessas regiões. 
GORDURA NA REGIÃO DA CINTURA
 Na região da linha média axilar, ao nível inferior das 
costelas, pode-se também avaliar as reservas de gordura 
corporal. Porém, esse não é um local tão sensível às 
mudanças como as regiões sub-orbital e do tríceps. O 
avaliador observa e/ou pinça, com os dedos indicador e 
polegar, a gordura da cintura. A classificação (Quadro 3) 
é feita de maneira subjetiva pelo avaliador. 
6
Quadro 2 Classificação da condição nutricional a partir das reservas de gordura no braço
Depleção Grave Depleção Leve/Moderada Normal Excesso
Perda grande de gordura 
subcutânea em ambas as regiões
Sinais de perda de gordura 
subcutânea em uma região, mas 
não em outra
Nenhuma perda de gordura 
subcutânea nas regiões do bíceps 
e do tríceps
Quantidade excessiva de tecido 
gorduroso no braço
Quadro 3 Classificação da condição nutricional a partir das reservas de gordura na região inferior da costela
Depleção Grave Depleção Leve/Moderada Normal Excesso
Quadro 1 Classificação da condição nutricional a partir das reservas de gordura na face 
Depleção Grave Depleção Leve/Moderada Normal Excesso
Perda grande de gordura 
subcutânea na região sub-orbital 
e bochecha
Algum sinal de perda de gordura 
subcutânea em ambas ou uma 
das regiões
Nenhuma perda de gordura 
subcutânea em ambas as regiões
Quantidade grande de tecido 
gorduroso, principalmente na 
bochecha
7
Exame Físico da Massa Gorda, do Sistema Neuromuscular e da Condição Hídrica
RESERVAS CORPORAIS MUSCULARES
 Os músculos esqueléticos são grupos de 
células contráteis ou fibras. As fibras se contraem 
e produzem movimentos quando recebem um 
estímulo do sistema nervoso central (SNC). O 
SNC é responsável pelas funções musculares 
voluntárias e involuntárias. Portanto, por serem 
inter-relacionados, os músculos esqueléticos devem 
ser avaliados em conjunto com o SNC. 
 Em condições de depleção nutricional e denervação 
(ex.: esclerose múltipla), as reservas musculares 
podem reduzir significativamente. O repouso 
prolongado no leito e o envelhecimento também 
causam perda dos músculos. A atrofia muscular 
generalizada pode ser facilmente detectada pela 
visualização dos contornos ósseos, principalmente na 
região da escápula, das vértebras e da cintura pélvica. 
Em geral, os grupos musculares das partes superiores 
do corpo são os mais susceptíveis à perda. Porém, 
no exame físico completo das reservas musculares, 
todas as regiões são examinadas, incluindo a face. A 
razão é que a avaliação de um único músculo não é 
capaz de refletir as reservas do corpo todo. Quando 
a doença é sistêmica, a perda da função muscular 
é global. Porém, o desuso de algum conjunto de 
músculos, devido a qualquer causa, pode atrofiar 
partes específicas do corpo. No caso de desnutrição 
grave, qualquer músculo é representativo de todos. 
 Para avaliar a musculatura, são usadas as técnicas 
de inspeção e de palpação. De modo sistemático, 
as reservas de massa muscular são observadas na 
região das têmporas, do deltóide e do quadríceps. O 
avaliador deve ter em mente que a massa muscular 
varia com o nível de atividade e com o estado 
nutricional. Atividades como levantamento de peso e 
corrida aumentam a massa muscular. Por outro lado, 
os músculos que não são usados, em situação de 
confinamento ao leito, especialmente dos braços e 
das pernas, atrofiam-se. A perda de massa muscular 
no quadríceps, por exemplo, pode ser avaliada pedindo 
ao paciente para se levantar, da posição sentada ou 
agachada. Pode-se avaliar, também, a capacidade do 
indivíduo em subir escadas. 
 O Quadro 4 apresenta a classificação das 
perdas das reservas de massa muscular geral.
Quadro 4 Classificação da condição nutricional a partir 
da perda das reservas de massa muscular geral 
Depleção Grave Depleção Leve/
Moderada
Normal
Sinal de perda grave 
em todas ou na 
maioria das regiões
Sinais de perda em 
algumas regiões do 
corpo. Porém, sem 
evidência de perda 
em outras partes
Sem evidência de 
perda
MASSA MUSCULAR DA FACE: MÚSCULOS 
TEMPORAL E MASSETER
 Na face, os músculos das têmporas e o masseter 
(Fig. 1) são importantes devido à participação na 
mastigação. A atrofia do músculo temporal, com 
exposição do arco zigomático, sugere diminuição 
prolongada da mastigação. Essa redução pode ter 
ocorrido pela ingestão alimentar via oral deficiente 
ou ausente, ou devido a problemas como obstrução 
do trato digestório superior. 
 Para visualizar os músculos das têmporas e o 
masseter, o avaliador pode virar a cabeça do paciente 
para o lado. Entretanto, em alguns casos, a região 
é melhor visualizada quando observada diretamente 
de frente. O avaliador observa a exposição, ou não, 
do arco zigomático e do contorno ósseo lateral 
da órbita. A exposição dessas estruturas ósseas 
forma o desenho virtual de uma “chave” (2) (Fig. 
1). O Quadro 5 apresenta a classificação e a 
demonstração das características das reservas dos 
músculos temporal e masseter.
Fig. 1 Demonstração dos músculos temporal e masseter, e do arco 
zigomático
8
MÚSCULOS DA REGIÃO DO DELTÓIDE 
Clavícula
 Na região do deltóide, o primeiro passo para a 
avaliação das reservas musculares é a observação da 
extensão da linha da clavícula (Fig. 2). Quanto menor a 
massa muscular, mais proeminente é o osso. Forma-se 
uma depressão usualmente chamada de “saboneteira”. 
Um aspecto importante é que existem diferenças entre 
homens e mulheres nas características normais da 
musculatura da região. Nos homens com reservas 
musculares normais, a clavícula não é usualmente 
visível. Nas mulheres, mesmo em condições normais, 
a clavícula pode estar visível. O Quadro 6 demonstra 
as características de diversos níveis de reservas 
musculares na região da clavícula.
Ombros e Escápula
 Como mostrado na Fig. 2, o músculo deltóide 
está conectado ao úmero, cobrindo a proeminência 
dos ombros, na parte anterior, lateral e posterior do 
corpo. Para avaliar essa musculatura, o avaliador pode 
posicionar os braços do paciente para baixo, ao lado 
do corpo. Deve ser possível pinçar o tecido muscular 
presente na junção do ombro. 
 Na parte posterior do corpo, o avaliador observa a 
presença de depressões ao redor da escápula. Para 
melhor definir esses grupos musculares, o observador 
pode solicitar que o paciente estenda o braço para 
frente e empurre a mão contra um objeto sólido. 
 O grau de perda pode variar na localização e na 
profundidade. O Quadro 7 demonstra características 
de reservas musculares nesta região.
MÚSCULOS INTERCOSTAIS
 A região das costelas também pode refletir as reservas 
musculares corporais. Para avaliação dos músculos na 
região, o avaliador deve observar as depressões entre 
as costelas. A avaliação pode ser facilitada solicitando 
que o paciente coloque um braço estendido para 
frente e pressione a mão contra um objeto sólido. O 
Quadro8 apresenta características de diversos níveis 
de reservas musculares na região das costelas.
MÚSCULOS DO DORSO DAS MÃOS
 Os músculos interósseos, particularmente o adutor 
do polegar, são essenciais para a realização de atividades 
da vida diária. Entre elas, a realização da própria 
alimentação (2). Embora esses músculos tenham reflexo 
da atividade laborativa, suas reservas também refletem 
a condição muscular corporal global. Para avaliar as 
reservas musculares na região, o avaliador solicita que o 
avaliado coloque as mãos apoiadas em superfície plana. 
O avaliador observa a condição de reserva dos músculos 
interósseos, particularmente o adutor. Para facilitar o 
exame do músculo adutor do polegar, o avaliador solicita 
que o avaliado pressione as pontas dos dedos polegar e 
indicador, uma contra a outra. Normalmente, o músculo 
irá protrair. Em casos de perda muscular do adutor do 
polegar, a região pode apresentar depressão, formando 
uma concha (2). A quantidade de tecido muscular do 
adutor apresenta variação entre os sexos. Caso esteja 
plano, pode ser sinal de desnutrição em homens. 
Porém, não necessariamente em mulheres.
Quadro 5 Classificação da condição nutricional a partir da perda de massa muscular temporal e do masseter
Depleção Grave Depleção Leve/Moderada Normal
Depressão grande e profunda nas têmporas. 
Visualização do arco zigomático, contorno 
ósseo envolvendo a órbita e ramo ascendente 
da mandíbula
Depressão leve/moderada próxima às 
têmporas. Pouca ou nenhuma exposição do 
arco zigomático
Músculo aparente nas têmporas. Região reta 
e plana
9
Exame Físico da Massa Gorda, do Sistema Neuromuscular e da Condição Hídrica
Fig. 2 Anatomia dos tecidos musculares da região do deltóide
Quadro 6 Classificação da condição nutricional a partir da perda das reservas de massa muscular na região da 
clavícula
Depleção Grave Depleção Leve/Moderada Normal
Clavícula bastante proeminente Difícil de distinguir Clavícula não visível em homens; pode ser 
visível em mulheres
Homens
Mulheres
Quadro 7 Classificação da condição nutricional a partir da perda de massa muscular na região dos ombros e 
escápula
Depleção Grave Depleção Leve/Moderada Normal
Ombros quadrados. A protrusão do acrômio é 
bastante proeminente. Escápula visível. Perda 
evidente de tecido nas depressões acima 
da escápula, entre esta e a articulação do 
ombro, e entre a espinha dorsal
Embora os ombros não estejam quadrados, a 
protrusão do acrômio pode estar evidente. Os 
músculos podem parecer definhados. Podem 
existir depressões em todas as regiões ao 
redor do osso
Ombros redondos, especialmente na junção 
entre o pescoço e o ombro. Escápula não 
proeminente. Não existem depressões ao 
redor do osso
10
MÚSCULOS DAS PERNAS
Quadríceps e Joelho
 Embora não sejam tão sensíveis quanto os 
grupos da parte superior do corpo, os músculos do 
quadríceps (Fig. 3) também podem ser examinados. 
Com o paciente em posição sentada, o avaliador 
pinça o quadríceps com os dedos indicador e 
polegar, para diferenciar o tecido muscular do 
gorduroso. Nesse momento, o avaliador pode, 
também, observar o grau de perda dos músculos ao 
redor do joelho. O Quadro 10 apresenta diferentes 
níveis de classificação da condição muscular do 
quadríceps e da região do joelho.
Panturrilha
 Os músculos da panturrilha têm importância 
especial na deambulação (2). Para avaliar a condição 
muscular na região, o avaliador usa os dedos indicador 
e polegar para pinçar o músculo da panturrilha e 
determinar a quantidade de tecido. O Quadro 11 Fig. 3 Anatomia muscular do quadríceps da coxa
Quadro 8 Classificação da condição nutricional a partir da perda de massa muscular na região das costelas
Depleção Grave Depleção Leve/Moderada Normal
As costelas estão muito aparentes As costelas podem estar aparentes, mas as de-
pressões não estão tão pronunciadas
As costelas não aparecem
Quadro 9 Classificação da condição nutricional a partir da perda de massa muscular nas mãos
Depleção Grave Depleção Leve/Moderada Normal
Depressão profunda do músculo adutor A depressão pequena do músculo adutor Mulher: músculo adutor plano. Homem: mús-
culo proeminente
Homens
Mulheres
11
Exame Físico da Massa Gorda, do Sistema Neuromuscular e da Condição Hídrica
demonstra diferentes níveis de reservas de massa 
muscular na região da panturrilha.
CAPACIDADE FUNCIONAL
 A capacidade funcional significa a habilidade que 
um indivíduo tem de desempenhar atividades da vida 
diária (trabalho, tarefas cotidianas e autocuidado) 
(3). Os músculos dão ao corpo a sua forma e a 
capacidade de se mover. Portanto, o exame muscular 
deve englobar a avaliação da mobilidade e da força. 
Estas condições determinam a capacidade funcional 
de um indivíduo. A capacidade motora, em geral, 
pode ser avaliada através da inspeção e da palpação 
dos braços, dedos, pulso, cotovelo e ombros. A 
condição dessas áreas reflete a habilidade que o 
indivíduo tem de comer e manipular talheres (4). A 
inspeção também pode identificar a presença de 
artrite e de outras alterações nas articulações, além 
de deformidades. Através da inspeção, é observada 
a simetria, o tônus e a força muscular. 
TÔNUS MUSCULAR
 Tônus muscular significa a capacidade de contração 
de um músculo, que determina a sua firmeza. O tônus 
reflete a resistência ao estiramento passivo apresentado 
por um músculo. Para testar o tônus muscular do 
braço, por exemplo, o avaliador pode mover o membro 
do avaliado ao redor do ombro, através de movimento 
passivo (5). É normal existir resistência leve. Então, 
o avaliador solta o braço do avaliado, que deve cair 
facilmente ao lado do corpo. Em condições anormais 
pode ocorrer rigidez muscular ou flacidez. A rigidez 
indica aumento do tônus muscular, possivelmente 
causado por lesão neuromotora superior, como no 
acidente vascular cerebral (5). A flacidez pode ser 
consequência de lesão neuromotora inferior. 
FORÇA MUSCULAR
 A força muscular é importante para determinar 
a função e a capacidade do músculo esquelético. 
O objetivo dessa avaliação é, também, identificar a 
capacidade funcional de um indivíduo. Além disso, a 
avaliação pode servir para acompanhar a resposta à 
Quadro 11 Classificação da condição nutricional a partir da perda de massa muscular na região da panturrilha
Depleção Grave Depleção Leve/Moderada Normal
Redução acentuada na região Difícil de detectar Aparência normal
Quadro 10 Classificação da condição nutricional a partir da perda de massa muscular na região do quadríceps e do 
joelho
Depleção Grave Depleção Leve/Moderada Normal
Significativamente reduzido. Ossos do joelho 
protraídos
Redução moderada ou pequena do quadríceps 
e ao redor dos joelhos
Aparência normal
12
terapia nutricional. Para isso, são realizadas medidas 
iniciais e periódicas.
 Um simples aperto de mãos entre o avaliador e o 
avaliado pode medir a força dos músculos da região. 
Outra maneira é o avaliador ficar de frente para o avaliado, 
estender os dedos indicador e médio de cada mão e 
solicitar que os segure e aperte (5). Para testar grupos 
musculares específicos, o avaliador pode solicitar que o 
avaliado mova seus músculos enquanto aplica resistência 
(Fig. 4). Para testar a força dos músculos que rodeiam 
os ombros, o avaliador pede ao avaliado para estender 
os braços com a palma da mão para cima, mantendo a 
posição por 30 segundos (5). Caso não consiga levantar 
os dois braços igualmente e manter a palma da mão para 
cima, ou se um braço cai, provavelmente existe fraqueza 
nos músculos que rodeiam o ombro, em ambos os lados 
ou naquele que caiu. O próximo passo é segurar e 
puxar as mãos do avaliado com o cotovelo flexionado, 
enquanto ele realiza força oposta. Para testar a força 
do bíceps, o avaliador empurra o braço do avaliado 
parabaixo, enquanto este realiza força oposta (Fig. 4). 
Para o tríceps, o avaliador puxa o braço para cima, 
enquanto o avaliado o força para baixo.
 Para avaliar a força dos membros inferiores, o 
avaliador solicita que o paciente deite em posição 
supina e levante as duas pernas ao mesmo tempo (5). 
O avaliador observa se o paciente consegue realizar a 
tarefa ao mesmo tempo e à mesma distância. Para 
testar a força do quadríceps, o avaliador pede ao avaliado 
abaixar as pernas e levantá-las novamente, enquanto 
pressiona as coxas anteriores para baixo (5). Para avaliar 
a força na parte inferior da perna, o avaliador pede para 
o paciente flexionar seus joelhos e colocar os pés retos 
na cama (5). Então, o avaliador puxa a parte inferior da 
perna do avaliado para frente, enquanto este resiste, 
e a empurra de volta. Por fim, para avaliar a força do 
tornozelo, o avaliador pede ao paciente para empurrar 
o pé para baixo, contra sua resistência. Então, puxar 
para cima, com pressão oposta (5).
Escala de Lovett
 A escala de Lovett é usada para medir a força 
muscular (Quadro 12). Através da aplicação de alguns 
ou todos os testes anteriormente descritos, o grau da 
força muscular pode ser classificado dentro de uma 
escala de 0 a 5. O zero representa “nenhuma” e o 
cinco reflete o “máximo” de força (5). 
Quadro 12 Escala de Lovett para determinação da 
força muscular (6)
Classificação Resultado Descrição
5 Normal Completa o movimento com 
resistência total
4 Bom Completa o movimento com 
boa resistência
3 Regular Completa o movimento com 
resistência regular, na presença 
da gravidade
2 Ruim Completa o movimento somente 
sem a presença de gravidade
1 Traços Não completa movimento algum 
nas articulações; evidência leve 
de contração muscular
0 Zero Nenhuma evidência de 
contração muscular
Índice de Karnofsky 
 Outro método que pode ser usado para avaliar 
a capacidade funcional é o índice de Karnofsky (7). 
Este é um método antigo, desenvolvido para medir 
o nível de atividade de pacientes oncológicos e a 
necessidade de cuidados médicos (8). É uma medida 
global do grau de independência do indivíduo. O 
índice de Karnofsky é uma escala simples e prática. 
Um ponto importante do instrumento é a indicação 
do prognóstico do paciente. Classifica o indivíduo em 
três grandes grupos, conforme o grau de capacidade 
física (Quadro 13), e em 11 categorias. O prognóstico 
acompanha o resultado percentual, que varia do 
normal (100%) até o óbito (0%). 
Fig. 4 Teste para força muscular 
13
Exame Físico da Massa Gorda, do Sistema Neuromuscular e da Condição Hídrica
SISTEMA NEUROLÓGICO
 O sistema neurológico controla todas as funções 
corporais. Em virtude da complexidade, a avaliação 
neurológica nutricional pode parecer complicada. 
Porém, a simples observação da fala do paciente é 
suficiente para avaliar o seu nível de orientação e de 
consciência. Também, assistir o avaliado na execução 
de atividades simples, como caminhar, permite a 
avaliação da capacidade motora. Como o indivíduo 
se movimenta? Como se senta? Como se levanta? 
Como está deitado? Como se mexe no leito? Com 
essa análise, é possível avaliar a força e a simetria dos 
movimentos. A coordenação motora pode ser testada 
solicitando que o avaliado toque o dedo indicador no 
nariz. Também, pode ser solicitado que o paciente 
realize tarefas simples, como simular uma refeição, 
levando os utensílios até a boca (4). 
 A avaliação neurológica tem o objetivo principal 
de avaliar a capacidade do indivíduo em executar, 
de maneira independente, as tarefas relacionadas à 
alimentação. Essas incluem o movimento da mão à 
boca, o uso de utensílios para pegar os alimentos e 
o manuseio de pratos, copos e canudos. A condição 
de alerta mental e os sinais de demência ou de 
distúrbios de comportamento podem ser observados 
através da conversa (entrevista) com o avaliado. A 
maneira como o indivíduo responde às perguntas 
fornece idéia sobre seu nível de orientação e memória. 
Pelo fato da confusão e da desorientação não serem 
imediatamente aparentes, o uso de perguntas abertas, 
ao invés de fechadas podem ser mais apropriadas 
para a avaliação. Caso existam dúvidas sobre o estado 
mental do paciente, perguntas específicas podem ser 
realizadas, como o nome do avaliado, o nome da mãe, 
a idade ou quem é o presidente atual do país (5). A 
Escala de Glasgow é uma ferramenta utilizada para 
avaliar o nível de consciência do paciente. 
 O exame neuromuscular tem como objetivo avaliar 
a força dos músculos e os reflexos do corpo. Os 
reflexos podem ser testados para identificar distúrbios 
no SNC (4). No ato do reflexo, um músculo é contraído 
quando o tendão é percussionado. Eles são testados 
através do uso de um martelo específico. Para resultar 
em resposta do tendão, o membro do avaliado deve 
estar relaxado e posicionado de maneira apropriada 
e simétrica. O examinador segura o martelo entre os 
dedos polegar e indicador, permitindo que este se 
movimente livremente entre a palma das mãos e os 
outros dedos. Com movimentos do pulso, o martelo é 
batido rapidamente sobre o tendão (4). Os reflexos são 
geralmente testados na patela, no calcanhar (Aquiles), 
no bíceps, no braquioradial e no tríceps (Fig. 5). O 
tendão patelar é, usualmente, o mais fácil de testar. 
Quadro 13 Escala de Karnofsky para avaliação da capacidade funcional (8)
Capacidade Física Índice (%) Critério Específico/Prognóstico
Grupo 1
Capaz de exercer suas atividades normais e 
trabalhar
100 Normal; bom estado geral, sem queixas. Nenhuma evidência de doença
Não necessita de cuidados especiais
90 Capaz de realizar normalmente as atividades de rotina. Sinais e sintomas 
mínimos de doença
80 Executa atividades de rotina com esforço. Apresenta alguns sinais e 
sintomas da doença
Grupo 2
Incapaz de trabalhar. Capaz de viver em casa
Necessita de grau variável de assistência
70 Incapaz de executar atividades normais ou realizar trabalho ativo, mas é 
capaz de cuidar de si próprio
60 Necessita de auxílio ocasional, mas é capaz de cuidar da maioria de suas 
atividades básicas
50 Requer auxílio considerável em quase todas as atividades e deve ser 
assistido, frequentemente, por equipe médica
Incapaz de manter o autocuidado 40 Incapacitado, requer auxílio e cuidados especiais, para todas as atividades diárias, e deve ser assistido por equipe médica
Grupo 3
Requer cuidado institucional ou hospitalar
A doença pode estar progredindo rapidamente
30 Gravemente incapacitado; necessita de hospitalizações esporádicas, 
apesar da morte não ser iminente
20 Muito doente; necessita de hospitalização; precisa de tratamento ativo de 
suporte
10 Moribundo; grande risco de morte iminente
0 Morte
14
Para flexionar o joelho e esticar os tendões, a parte 
inferior das pernas deve estar pendurada. Então, o 
tendão recebe uma batida, abaixo da patela. O joelho 
deve se estender. Os reflexos devem ser comparados 
um lado com o outro do corpo. A resposta do reflexo 
é classificada em uma escala de 0 a 4. O zero indica 
nenhum reflexo, o 2+ reflete a resposta média normal 
e 3-4 indica hiperatividade. 
 Através dos testes de reflexos dos tendões 
profundos, podem ser identificados a tetania, a 
neuropatia periférica ou o edema doloroso das 
articulações. A perda de movimentos musculares 
espasmódicos involuntários no tornozelo ou no joelho 
pode ocorrer devido à neuropatia periférica. Esta 
pode ser consequência da deficiência de tiamina ou 
de vitamina B12. 
 Outra avaliação neurológica importante é a dos 
nervos cranianos. Esses coordenam as fases oral, 
gástrica e intestinal da ingestão. A Fig. 6 mostra 
a localização dos nervos cranianos. O Apêndice 1 
apresenta as técnicas para avaliação de cada nervo, 
assim como suas possíveis anormalidades. 
CONDIÇÃO HÍDRICA
 A condiçãohídrica é parte do exame físico nutricional. 
Os sinais extremos opostos das anormalidades hídricas 
são a desidratação e o edema. O Apêndice 2, ao final 
deste capítulo, mostra as principais características das 
alterações no estado de hidratação. 
DESIDRATAÇÃO 
 No exame físico nutricional, é importante observar 
a cor e a turbidez da urina. As características dela 
refletem o estado hídrico do avaliado. A urina normal 
é clara e de cor âmbar-amarelo. Em condições de 
desidratação, o volume urinário é pequeno. E a urina 
pode estar escura e concentrada. 
 O turgor da pele é, também, um reflexo do estado 
hídrico (11). Em adultos, o turgor é avaliado através 
do pinçamento delicado de uma prega da pele do 
antebraço, com os dedos indicador e polegar (Fig. 
7). Em crianças, a prega é geralmente pinçada na 
região abdominal. A prega é, então, liberada. Caso 
a pele retorne rapidamente à sua forma original, 
isso é sinal de turgor bom. Porém, caso a prega só 
retorne lentamente à sua forma original (mais de 30 
segundos) ou mantenha a posição elevada, significa 
que o turgor está ruim. O sinal pode indicar perda de 
líquido (desidratação) ou redução excessiva de peso. 
Além do turgor ruim da pele, outros sinais precoces 
de desidratação incluem: cefaléia, fadiga, perda de 
apetite, boca e olhos secos, urina escura e com odor 
forte, saliva espessa, tontura ao mudar de posição, 
e outros (Apêndice 2).
EDEMA
 O lado oposto da desidratação é o edema. Este 
reflete acúmulo corporal de líquidos. 
 O edema generalizado pode estar relacionado 
à pressão oncótica diminuída, a partir dos níveis 
Fig. 5 Teste de reflexos de tendão profundo. 
Fonte: adaptado de Springhouse, 2002 (5) e DNS, 2000 (9)
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Exame Físico da Massa Gorda, do Sistema Neuromuscular e da Condição Hídrica
Fig. 8 Edema de depressão
inspeção das veias do pescoço pode mostrar jugular 
distendida, indicando acúmulo corporal de líquidos. O 
avaliador usa os dedos indicador, médio ou o polegar 
para pressionar gentilmente o local (Fig. 8). Então, o 
edema de depressão (Fig. 8) resulta da pressão de um 
dedo ou instrumento. É consequência do acúmulo de 
líquido no espaço intersticial. A condição pode ocorrer 
devido a desnutrição protéica e por várias outras 
causas, como a insuficiência cardíaca, a gestação, 
a imobilização e veias varicosas. Na desnutrição, o 
edema é resultado da diminuição da pressão oncótica 
dentro dos vasos sanguíneos. O problema ocorre 
devido aos níveis baixos de albumina sérica (<2,5mg/
dL). Esse edema pode ser classificado em uma escala 
de 1 a 4. Também existe o edema muscular (Fig. 9). 
baixos de albumina sérica. A hipoalbuminemia pode 
estar relacionada à ingestão alimentar deficiente, às 
perdas de proteínas ou à alteração no metabolismo 
protéico. Além da hipoalbuminemia, o edema pode 
ocorrer devido a problemas cardiopulmonares e 
renais. A presença de ascite (edema localizado 
na região abdominal) também pode ser um sinal 
de depleção nutricional. Portanto, em análise do 
problema, o avaliador deve considerar somente 
aquele que resulta da desnutrição. Então, devem 
ser descartadas todas as outras causas, antes de 
associar o edema ao estado nutricional. 
 A presença e o grau do edema são avaliados 
através da utilização das técnicas de inspeção e 
de palpação. O edema pode ser sistêmico (corpo 
inteiro) ou localizado. As causas do edema sistêmico 
incluem insuficiência cardíaca, insuficiência renal, 
com retenção de sal e água, e hipoalbuminemia. 
Causas de edema localizado são: a estase venosa 
ou linfática e posição corporal prolongada (ex.: 
sentado ou em pé).
 No exame físico para edema, as manifestações devem 
ser observadas nos membros inferiores e no sacro. Em 
um indivíduo deambula e se movimenta, o tornozelo 
e os pés são os melhores locais para a avaliação. A 
presença de edema na região sacral é importante de 
ser examinada naqueles com atividade física restrita. 
Ou seja, pacientes acamados e em cadeira de rodas 
podem exibir edema dependente na região sacral (12). 
 Com o edema, a pele tem aparência esticada, 
brilhante e inflada. ocorre palidez localizada. A 
Fig. 7 Sinal de desidratação: turgor ruim da pele
Fig. 6 Localização dos nervos cranianos. 
Fonte: Lefton, 1999 (10)
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CONCLUSÃO
 Um componente importante da avaliação nutricional 
subjetiva é o exame físico. Por motivos didáticos, o 
exame físico pode se dividir em tecidos de proliferação 
rápida, de massas corporais e da condição hídrica. Neste 
capítulo, foi discutida a avaliação das massas gorda e 
magra, e todas as implicações da depleção dessas 
reservas, como a redução da capacidade funcional. 
 Na avaliação das reservas gordurosas, alguns sítios 
corporais são essenciais de serem observados, como 
a região sub-orbital, as bochechas, as áreas do tríceps, 
bíceps e costelas inferiores. Para as reservas de massa 
muscular, vários sítios de observação são, também, 
utilizados. Entre eles, estão os os músculos das têmporas, 
o masseter, o adutor, das regiões da clavícula, escápula, 
ombros, intercostais, quadríceps, joelho e panturrilha. 
 As reservas musculares são, primariamente, 
responsáveis pela capacidade funcional, ou de 
desempenho físico, de um indivíduo. Portanto, não só 
as reservas, mas a função dos músculos é importante 
de ser avaliada. Para avaliar a função muscular, o 
exame físico busca informações sobre a mobilidade 
(tônus) e a força. A rigidez e a flacidez são ambos sinais 
anormais para o tônus muscular. A força é avaliada de 
várias formas, incluindo o uso de testes específicos em 
membros superiores e inferiores do corpo. A Escala de 
Lovett é uma ferramenta que pode ser utilizada para 
avaliação da força muscular. Outro instrumento que 
avalia a capacidade funcional é o Índice de Karnofsky, no 
qual os resultados indicam o prognóstico do paciente. 
 Pelo fato do sistema neurológico controlar todas 
as funções do corpo, sua avaliação subjetiva também 
é essencial para a análise dos riscos nutricionais 
de um indivíduo. Os reflexos podem ser testados 
na avaliação de distúrbios do SNC. A avaliação da 
atividade dos nervos cranianos superficiais é um 
aspecto importante do exame físico nutricional. 
 A última parte é a avaliação da condição hídrica. 
Dois extremos podem ser observados: a desidratação 
e a sobrecarga (edema). Achados físicos diversos 
caracterizam ambos os distúrbios e direcionam para 
a terapia nutricional adequada. 
 Enfim, o exame físico nutricional, envolvendo 
a avaliação das reservas e da função das massas 
corporais e da condição hídrica, exige técnicas e 
treinamento especializado. 
Fig. 9 Classificação dos graus de edema. Adaptado de DNS, 2000 (9)
Edema +1 Edema +2 
Depressão leve (2mm) ?
Contorno normal ?
Associado com volume líquido ?
intersticial 30% acima do 
normal
Depressão mais profunda após ?
pressão (4mm)
Prolonga mais do que o +1 ?
Contorno quase normal ?
Edema +3 Edema +4
Depressão profunda (6mm) ?
Permanece vários segundos ?
após a pressão 
Edema de pele óbvio pela ?
inspeção geral
Depressão profunda (8mm) ?
Permanece por tempo ?
prolongado após a pressão, 
possivelmente minutos
Inchaço evidente ?
Edema Muscular
O líquido não pode mais ser deslocado devido ao acúmulo excessivo ?
no interstício
Sem endentação ?
Palpação do tecido é firme ou dura ?
A superfície da pele é brilhante, morna e úmida ?
17
Exame Físico da Massa Gorda, do Sistema Neuromuscular e da Condição Hídrica
REFERÊNCIAS
1. Jeejeebhoy K: Nutritional assessment. Gastroenterology Clinics of 
North America 27(2):347-369, 1998
2. Lameu E, Andrade PV, Luiz RR: Avaliação Muscular Subjetiva, in: 
Lameu, E, editor. Clínica Nutricional. Rio de Janeiro: Revinter; 2005. 
p. 179-187
3. Neal LJ: Basic musculoskeletal assessment: tips for the home 
health nurse. Home HealthCare Nurse15(4):227-235, 1997
4. Hammond K: History and physical examination, in: Matarese, LE, 
Gottschlich, MM, editors: Contemporary Nutrition Support Practice. 
2 ed. St. Louis: Saunders; 2003. p. 14-30
5. Springhouse: Assessment made incredibly easy. 2 ed. Ambler, 
Lippincott Williams & Wilkins, 2002
6. Ignatavicius DD: Assessment of the musculoskeletal system, in: 
Ignatavicius, DD, Workman, ML, Mishler, MA, editors: Medical-
Surgical Nursing: A Nursing Process Approach. Philadelphia: W.B. 
Saunders Company; 1995. p. 1042
7. Schag CC, Heinrich RL, Ganz PA: Karnofsky performance status 
revisited: Reliability, validity and guidelines. J Clin Onco (2):187-192, 
1984
8. Rocha E: Índice de Karnofsky, in: Lameu, E, editor. Clínica 
Nutricional. Rio de Janeiro: Revinter; 2005. p. 209-213
9. Dietitians in Nutrition Support: Nutrition-focused physical 
assessment skills for dietitians. 2a ed. Chicago, American Dietetic 
Association, 2000
10. Lefton J: Dysphagia: Etiology, risk identification, and assessment 
methods. Support Line 21(6):3-10, 1999
11. Shronts EP, Fish JA, Pesce-Hammond K: Nutrition assessment, 
in: The ASPEN Nutrition Support Practice Manual. Silver Spring: 
ASPEN; 1998. p. 4-7
12. Murphy LM, Bickford V: Physical assessment of the cardiopulmonary 
system: nutritional implications. Support Line 19(2):8-11, 1997
Leitura Recomendada
Duarte, A.C.: Semiologia Imunológica Nutricional. Rio de Janeiro: Axcel; 
2003.
Lameu, E.: Clínica Nutricional. Rio de Janeiro: Revinter; 2005.
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APÊNDICE 1 A Avaliação dos Nervos Cranianos Superficiais
NERVO/FUNÇÃO TESTE ANORMALIDADE
Olfatório (I)
Olfato
Solicitar que o paciente faça testes com diferentes odores. Alteração do olfato.
Ótico (II)
Visão
Solicitar que o paciente reconheça imagens. Deficiência visual, cegueira parcial ou completa.
Oculomotor (III)
Movimento dos olhos, 
elevação da pálpebra superior, 
acomodação e reflexos à luz
Observar movimentos e reflexos oculares Alteração dos movimentos oculares conjugados (na mesma 
direção) ou convergentes, ptose (queda da pálpebra superior), 
acomodação deficiente (foco próximo)
Troclear (IV)
Rotação ocular para baixo e 
para cima
Solicitar que o paciente direcione o olhar para objetos 
localizados acima ou abaixo da sua linha visual
Habilidade alterada em olhar para baixo e para cima, 
inclinação compensatória da cabeça
Trigêmio (V)
Sensação das estruturas muco-
cutâneas da face, escalpo, 
boca, nariz e dentes.
Testar a face, juntamente com a mandíbula, maxilar e testa, 
com um objeto pontiagudo (alfinete), um de ponta cega 
(abaixador de língua) e outro macio (cotonete). Também, 
pode-se pedir ao paciente para fechar os dentes e observar a 
força da contração muscular.
Alteração da sensação da pele facial ou da mucosa oral; 
baba.
Controla os músculos da 
mastigação
Solicitar que o paciente abra e feche a mandíbula. Então 
pedir para resistir às tentativas do examinador de fechar a 
mandíbula
Alteração da capacidade mastigatória; assimetria na abertura 
ou fechamento da mandíbula; atrofia muscular.
Abducente (VI)
Movimento dos olhos
Observar movimentos e reflexos oculares Incapacidade de desviar os olhos lateralmente; pode resultar 
em visão dupla.
Facial (VII)
Controle dos músculos da 
expressão facial e músculos 
dos lábios e bochechas.
Pedir ao paciente para sorrir até mostrar os dentes e levantar 
as sobrancelhas, ou pedir para mostrar os dentes inferiores 
e superiores.
Assimetria facial, paralisia facial parcial ou completa, 
atrofia muscular; reflexo do piscar alterado, pregas 
nasolabiais desiguais, fechamento labial incompleto. Baba. 
Armazenamento de alimentos na boca.
Controle do paladar nos 2/3 
anteriores da língua
Solicitar que o paciente faça testes com diferentes 
paladares
Alteração da percepção do paladar.
Inervação das glândulas 
lacrimais, submandibulares e 
sublinguais.
Observar secreção salivar. Perguntar ao paciente sobre sua 
produção de lágrimas.
Produção de saliva ou lágrimas alterada, assimétrica ou 
ausente.
Vestibulococlear (VIII)
Audição e equilíbrio
Testar audição e equilíbrio Alteração da sensação de equilíbrio ou de estímulos de 
orientação de audição.
Glossofaríngeo (IX)
Deglutição; sensação da 
faringe, amígdalas, palato mole; 
elevação do palato mole
Reflexo de náusea: tocar a faringe posterior com um cotonete. 
Procurar por elevação da faringe e retração da língua.
Pedir ao paciente para dizer “Ahhh”. Procurar por elevações 
bilaterais do palato mole e linha média da úvula.
Alteração da deglutição, nenhuma elevação faríngea, 
elevação limitada do palato, armazenamento de alimentos na 
boca, tempo prolongado de alimentação e possível risco de 
aspiração.
Controle do paladar no terço 
posterior da língua
Solicitar que o paciente faça testes com diferentes 
paladares
Alteração da percepção de paladar.
Inervação da glândula parótida Observar simetria das parótidas. Alteração das secreções de parótida.
Vago (X)
Deglutição: movimento do 
palato mole, faringe e laringe.
Testar os nervos glossofaríngeo e vago ao mesmo tempo (ver 
procedimento do glossofaríngeo).
Língua protraída. Deve estar na linha média.
Alteração da deglutição, disfagia.
Fala Rouquidão, alteração da fala.
Controle dos reflexos 
cardiorespiratórios
Síncope, tontura.
Controle das secreções e a 
mobilidade gastrintestinal
Refluxo, disfagia, dispepsia, síndrome de Dumping, 
gastroparesia, acloridria.
Acessório Espinhal (XI)
Inervação do trapézio 
esternomastóide
Avaliar a rotação da cabeça e simetria dos ombros Elevação do ombro ou rotação da cabeça assimétrica ou 
limitada
Hipoglosso (XII)
Inervação dos músculos da 
língua
Testar os nervos glossofaríngeo e vago ao mesmo tempo (ver 
procedimento do glossofaríngeo).
Língua protraída. Deve estar na linha média.
Desvio da língua, atrofia, disfagia, armazenamento de 
alimentos na boca, tempo prolongado de alimentação.
Adaptado de Touger-Decker R, Sirois DA. Support Line, 18(5):1-6, 1996; Brody R. Nutr Clin Pract, 14:S47-S51, 1999
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Exame Físico da Massa Gorda, do Sistema Neuromuscular e da Condição Hídrica
APÊNDICE 2 Avaliação do Estado de Hidratação
Apresentação Clínica Possíveis Etiologias
Desidratação 
(déficit de líquidos corporais)
ALTERAÇÕES NOS SINAIS VITAIS INGESTÃO INADEQUADA DE 
LÍQUIDOS
Pressão arterial diminuída/hipotensão ?
postural
Pressão venosa central diminuída ?
Pressão da artéria pulmonar diminuída ?
Ritmo cardíaco aumentado (taquicardia) ?
Temperatura aumentada ?
Resistência vascular sistêmica aumentada ?
ACHADOS FÍSICOS
Ingestão hídrica menor que a excreção ?
Diminuição aguda do peso (≥0,5kg/dia) ?
Olhos secos, encovados ?
Urina de coloração escura, oligúria (<30mL/ ?
h sem insuficiência renal)
Membranas mucosas secas ?
Saliva “pegajosa” ?
Turgor ruim da pele ?
Pele fria, pálida e úmida ?
Veia jugular achatada (<3 cm quando vazia ?
ou em descanso)
EFEITOS MENTAIS
Tontura ?
Confusão ?
DADOS LABORATORIAIS
Sódio sérico elevado ?
Cloreto sérico elevado ?
Ureia sérica elevada ?
Creatinina elevada ?
Hemoglobina elevada ?
Osmolaridade sérica elevada ?
Gravidade urina-específica elevada ?
Líquidos intravenosos (IV) ?
Ingestão de líquidos via oral ?
Líquido insuficiente via sonda ?
PERDAS EXCESSIVAS
Diaforese ?
Diarreia/vômitos ?
Fístulas, drenos, ostomias ?
Diálise, hemofiltraçao ?
Febre persistente ?
Feridas, queimaduras, paracentese ?
Hemorragia ?
Poliúria ?
Medicamentos ?
Anabolismo ?
Hiperhidratação
(excesso de líquidos corporais)
ALTERAÇÕES NOS SINAIS VITAIS
Pressão arterial aumentada ?
Débito cardíaco aumentado ?
Pressão venosa central aumentada ?
Pressão da artéria pulmonar aumentada ?
ACHADOS FÍSICOS
Ingestão hídrica maior que a excreção ?
Aumento agudo de peso (≥0,5kg/dia)?
Olhos empapuçados e saltados ?
Urina com coloração clara ?
Pele úmida ?
Edema (periférico e sacral) ?
Anasarca ?
Encurtamento da respiração, dispnéia ?
Distensão da veia jugular (>3cm ao sentar) ?
INGESTÃO EXCESSIVA DE LÍQUIDOS
Procedimentos cirúrgicos ?
Líquidos IV ?
RETENÇÃO INTERSTICIAL DE 
LÍQUIDOS
Hipoalbuminemia ?
PROCESSOS DE DOENÇA
Insuficiência renal ?
Insuficiência hepática, ascite ?
Insuficiência cardíaca congestiva ?
SIADH ?
Hipertensão severa ?
Adaptado de Charney P, Malone, A.: ADA pocket guide to nutrition assessment. Chicago, American Dietetic Association, 2004

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