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CEL 0727 – FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social Objetivos da aula: Analisar a educação como estratégia de reprodução do status quo vigente, com vista à compreensão de que a escola é parte integrante do projeto político que rege uma sociedade; Compreender como os processos de reprodução ocorrem na prática de sala de aula e quais são as consequências na vida do aluno quanto as suas posturas na sociedade, com vistas a compreensão de que o processo educacional é intrínseco aos processos sociais; FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social Objetivos da aula: Identificar as teorias crítico-reprodutivistas enquanto mecanismos através dos quais a escola reproduz a sociedade dividida em classes, com vistas a pensar possibilidade de novas ações e estratégias para uma ruptura com esta finalidade. Pierre Félix Bourdieu Só é possível compreender a EDUCAÇÃO através dos seus CONDICIONAMENTOS sociais. Evidenciando a total dependência da educação em relação à sociedade, sendo a marginalidade algo inerente à mesma. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social O papel da escola é a reprodução social, ou seja, a reprodução das relações de poder e de dominação típica de uma sociedade dividida em classes sociais. Essas teorias desmistificaram o caráter de equalização social da educação, mas não ofereceram alternativas às propostas pedagógicas de caráter liberal. PARA AS TEORIAS CRÍTICO-REPRODUTIVISTAS FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social Pierre Félix Bourdieu (1930-2002) e Jean-Claude Passeron; são os principais representantes dessa vertente, que, sobretudo, defende o conceito de violência simbólica A TEORIA DA ESCOLA COMO VIOLÊNCIA SIMBÓLICA chiodew.blogspot.com FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social Jean-Claude Passeron, também francês, foi professor de sociologia na “Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais”. É considerado um discípulo de Bourdieu, com quem escreveu “Os herdeiros” (1964) e “A reprodução” (1974). A TEORIA DA ESCOLA COMO VIOLÊNCIA SIMBÓLICA www.sigloxxieditores.com FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social Sociólogo Francês de origem campesina e filósofo de formação. Desenvolveu, ao longo de sua vida, mais de 300 trabalhos abordando a questão da dominação e cuja contribuição alcança as mais variadas áreas do conhecimento humano. Atuou nas mais renomadas universidades do mundo, como Harvard, Chicago e Frankfurt. A TEORIA DA ESCOLA COMO VIOLÊNCIA SIMBÓLICA Pierre Félix Bourdieu (1930-2002) FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social A TEORIA DA ESCOLA COMO VIOLÊNCIA SIMBÓLICA Tratou de temas como cultura, literatura, educação, política, arte e mídia. Analisou a própria Sociologia enquanto disciplina e prática. Crítico do liberalismo e da globalização. Sua discussão sociológica centralizou-se, ao longo de sua obra, na tarefa de desvendar os mecanismos da reprodução social que legitimam as diversas formas de dominação. Pierre Félix Bourdieu (1930-2002) FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social A partir do conceito de VIOLÊNCIA SIMBÓLICA, faz uma defesa acerca da não arbitrariedade da produção simbólica na vida social, advertindo para seu caráter efetivamente legitimador das forças dominantes, que expressam por meio delas seus gostos de classe e estilos de vida, gerando o que ele pretende ser uma distinção social. PIERRE FÉLIX BOURDIEU FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social O mundo social, para Bourdieu, deve ser compreendido à luz de três conceitos fundamentais: campo, habitus e capital. PIERRE FÉLIX BOURDIEU Ele desenvolveu conceitos específicos, retirando os fatores econômicos do epicentro das análises da sociedade. Para Saviani: a Teoria do Sistema de Ensino Enquanto Violência Simbólica se caracteriza por tentar uma espécie de... “explicitação das condições lógicas” pertencentes a todo e qualquer processo educacional. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social Bourdieu e Passeron tomam como princípio norteador de suas análises que a sociedade se constrói a partir de relações de “força material” entre grupos ou classes sociais dominantes com os grupos classes sociais dominadas. A TEORIA DO SISTEMA DE ENSINO ENQUANTO VIOLÊNCIA SIMBÓLICA O sistema de ENSINO é um mecanismo fundamental para mascarar tais relações de poder, ou seja, trata-se da questão da “VIOLÊNCIA SIMBÓLICA”. www.youtube.com FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social A TEORIA DO SISTEMA DE ENSINO ENQUANTO VIOLÊNCIA SIMBÓLICA A “violência simbólica” espalha-se nos mais variados segmentos da sociedade, tais como: “formação da opinião pública pelos meios de comunicação de massa, jornais etc.; pregação religiosa; atividade artística e literária; propaganda posted by Nadime L'Apiccirella @ 11:14 AM FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social A TEORIA DO SISTEMA DE ENSINO ENQUANTO VIOLÊNCIA SIMBÓLICA Por terem como objetivo a ação pedagógica institucionalizada, explicitam que a ação pedagógica é uma imposição arbitrária da cultura dos grupos ou classes dominantes aos grupos ou classes dominados. Tal relação implica a existência de uma autoridade pedagógica, isto é, de “um poder arbitrário de imposição que, só pelo fato de ser desconhecido como tal, se encontra objetivamente reconhecido como autoridade legítima”. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social A TEORIA DO SISTEMA DE ENSINO ENQUANTO VIOLÊNCIA SIMBÓLICA Segundo esses teóricos franceses, o trabalho pedagógico é um “trabalho de inculcação que deve durar o bastante para produzir uma formação durável; isto é, um habitus como produto da interiorização dos princípios de um arbitrário cultural capaz de perpetuar-se após a cessação da ação pedagógica (AP) e por isso perpetuar nas práticas os princípios arbitrários interiorizado”. https://blogdonikel.wordpress FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social A TEORIA DO SISTEMA DE ENSINO ENQUANTO VIOLÊNCIA SIMBÓLICA Portanto, a função da escola e da educação é a reprodução das desigualdades sociais, ou seja, a reprodução cultural contribui para a reprodução social. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social A TEORIA DO SISTEMA DE ENSINO ENQUANTO VIOLÊNCIA SIMBÓLICA Segundo Saviani, o problema da marginalidade no interior desta teoria, refere-se aos grupos ou classes dominados, ou seja, são marginalizados porque não possuem força material (capital econômico) e força simbólica (capital cultural). FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social TEORIA DA ESCOLA COMO APARELHO IDEOLÓGICO DO ESTADO (AIE) Nasceu na cidade de Birmandreis na Argélia (19/10/1918) e faleceu em Paris (22/10/1990).Ele está junto do quadro dos teóricos crítico-reprodutivistas, que busca compreender a função da escola no contexto da sociedade capitalista. Filósofo francês de origem argelina. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social TEORIA DA ESCOLA COMO APARELHO IDEOLÓGICO DO ESTADO (AIE) Para isso, elaborou o conceito de aparelho ideológico de Estado (AIE), buscando demonstrar que a escola reproduz a ideologia dominante ao se propor como instituição de qualificação para a força de trabalho. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social TEORIA DA ESCOLA COMO APARELHO IDEOLÓGICO DO ESTADO (AIE) Althusser era, portanto, um pied-noir (pé-negro) – usado em francês para descrever a população francesa que vivia na Argélia e que se repatriou na França depois de 1962, ano em que a Argélia se tornou independente, depois de um longo conflito sangrento. http://www.artes.uchile.cl/ noticias/ FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social TEORIA DA ESCOLA COMO APARELHO IDEOLÓGICO DO ESTADO (AIE) O ensaio “Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado” estabelece seu conceito de ideologia, que relaciona o marxismo com a psicanálise. http://www.uesb.br/ascom/v er_noticia_.asp?id=6077 A ideologia, para ele, deriva dos conceitos do inconsciente e da fase do espelho (de Freud e Lacan, respectivamente), e descreve as estruturas e sistemas que permitem um conceito significativo do eu. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social TEORIA DA ESCOLA COMO APARELHO IDEOLÓGICO DO ESTADO (AIE) Estas estruturas são tanto agentes de repressão quanto são inevitáveis – é impossível escapar das ideologias ou não ser-lhes subjugado. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social TEORIA DA ESCOLA COMO APARELHO IDEOLÓGICO DO ESTADO (AIE) A IDEOLOGIA é a relação imaginária, transformada em práticas, reproduzindo as relações de produção vigentes. Em seu discurso sobre a Ideologia é patente sua preocupação em encontrar o lugar da submissão espontânea, o seu funcionamento e suas consequências para o movimento social. Para ele, a dominação burguesa só se estabiliza pela autonomia dos aparelhos (de produção e reprodução) isolados. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social TEORIA DA ESCOLA COMO APARELHO IDEOLÓGICO DO ESTADO (AIE) O mito do Estado, como entidade incorporada pelos cidadãos e como instituição acima da sociedade, aparece, também no estruturalismo marxista de Althusser sob a forma de "a instituição além das classes e soberana". baudelot y establet.WMV Assim, os Aparelhos Ideológicos do Estado são a espinha dorsal de sua teoria. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social TEORIA DA ESCOLA COMO APARELHO IDEOLÓGICO DO ESTADO (AIE) Considera o AIE escolar como sendo dominante, por se constituir como o instrumento mais acabado de reprodução das relações de produção de tipo capitalista. Para Althusser, a ideologia tem uma existência material, ela existe a partir de determinadas práticas materiais reguladas por instituições materiais. A escola inculca “saberes práticos” da ideologia dominante a todas as crianças de todas as classes sociais durante anos a fio. www.aprovaconcursos.com.br FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social TEORIA DA ESCOLA COMO APARELHO IDEOLÓGICO DO ESTADO (AIE) Essa teoria se caracteriza por advogar que a EDUCAÇÃO é um processo de ideologização da sociedade. Na análise de Saviani, esta teoria compreende que: a escola, ao invés de promover a equalização social, acaba por se constituir como um mecanismo para garantir e perpetuar os interesses burgueses. Ressalta ainda que, marginalizada é a classe trabalhadora. www.citizengo.org FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social TEORIA DA ESCOLA DUALISTA BAUDELOT E ESTABLET Os franceses Roger Establet e Christian Baudelot também se aprofundaram na escola como instituição reprodutivista da sociedade em classes. Para os teóricos, a ideia de uma escola única não tem fundamento em uma sociedade dividida em classes. Christian Baudelot e Roger Establet FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social TEORIA DA ESCOLA DUALISTA BAUDELOT E ESTABLET 1) Esses teóricos apontam para o caráter ilusório da “unidade escolar” e formulam seis proposições fundamentais. São elas: 2) “Existe uma rede de escolarização que chamaremos rede secundária-superior (rede S.S.). 3) Existe uma rede de escolarização que chamaremos de rede primária- profissional (rede P.P.). 4) Não existe terceira rede. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social TEORIA DA ESCOLA DUALISTA BAUDELOT E ESTABLET 5) Estas duas redes constituem, pelas relações que as definem, o aparelho escolar capitalista. Esse aparelho é um aparelho ideológico do Estado capitalista. 6) Enquanto tal, este aparelho contribui, pela parte que lhe cabe, a reproduzir as relações de produção capitalistas, quer dizer, em definitivo a divisão da sociedade em classes, em proveito da classe dominante. 7) É a divisão da sociedade em classes antagonistas que explica em última instância não somente a existência das duas redes, mas ainda (o que as define como tais) os mecanismos de seu funcionamento, suas causas e seus efeitos”. https://www.google.com.br FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social TEORIA DA ESCOLA DUALISTA BAUDELOT E ESTABLET A escola exerce uma dupla função: a formação da força de trabalho e a inculcação da ideologia dominante. A inculcação ideológica se dá de duas formas concomitantes: difundir e inculcar a ideologia burguesa e impedir a organização e a difusão da ideologia proletária. Papel da escola reforçar e legitimar a marginalidade própria de uma sociedade dividida em classes sociais desiguais e, o marginal aqui, é o proletariado. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 10: A Critica à Escola e o Mito da Mobilidade Social PRÓXIMA AULA Pedagogias histórico-sociais: outra educação é possível – 1 A aula 11, trará a crítica ao modelo tradicional e liberal pedagógico, à educação bancária e as diferentes visões. Em contraposição à educação liberal e tradicional se apresenta a educação como relação interativa. Não existe aprendizagem sem ensino, nem ensino sem aprendizagem (Freire). Questiona o modelo de educação puramente conteudístico. Indica a necessidade das relações interpessoais, sociais e política no mundo. O mundo não é naturalizado, porém é problematizado.
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