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Resumos Fisiologia Humana

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FFIISSIIOOLLOOGGIIAA AANNIIMMAALL 
1 
 
 
FFiissiioollooggiiaa:: parte da biologia que estuda as funções e actividades dos organismos. É, por isso, 
o estudo dos mecanismos moleculares e celulares e da forma como estes eventos são 
coordenados ao nível dos tecidos e órgãos para o normal funcionamento e sobrevivência de 
um organismo vivo. Incluí os vários níveis de organização da matéria, desde as moléculas até ao 
próprio organismo. 
 
 
EEVVOOLLUUÇÇÃÃOO 
 
A mmeemmbbrraannaa cceelluullaarr foi essencial para que pudessem ocorrer processos vitais para os 
organismos, servindo também para compartimentalizar sem impedir, contudo, a ocorrência de 
trocas entre células e o meio que as rodeia – ppeerrmmeeaabbiilliiddaaddee sseelleeccttiivvaa. 
A membrana funciona, assim, como uma barreira entre o meio (água) e as moléculas no seu 
interior. Sem esta barreira, as moléculas estavam dispersas e tal impedia a ocorrência de 
reacções químicas essenciais aos organismos vivos. 
Considera-se, então, que a membrana é impermeável, mas não estanque permitindo a 
interacção/comunicação entre as células e o meio, os fluidos (sistema circulatório) e entre as 
próprias células. 
 
 
 EESSPPEECCIIAALLIIZZAAÇÇÃÃOO 
 
BBAACCTTÉÉRRIIAASS VVSS AANNIIMMAAIISS 
x Unicelular; 
x Trocas directas com o meio. 
x Multicelular; 
x Trocas através de um meio 
extracelular; 
x Controlo das condições dos meios 
intra e extracelular; 
x Comunicação entre células; 
x Homeostasia. 
 
EESSPPEECCIIAALLIIZZAAÇÇÃÃOO →→ expressão de determinados genes que definem o destino celular. Esta 
expressão requer coordenação e comunicação celular. A especialização celular constitui o 
sucesso de organismos multicelulares. 
 
 
 
 
 
 
 
FFIISSIIOOLLOOGGIIAA AANNIIMMAALL 
2 
 
 
Quando um ou mais tipos de células especializadas se tornam estreitamente associadas 
numa função, segregando o mesmo conjunto de genes, formam um tteecciiddoo. Existem quatro 
classes de tecidos: 
oo EEppiitteelliiaall – é constituído por células muito juntas e cobre superfícies expostas do corpo, 
cavidades e órgãos. Protege, absorve, filtra e secreta substâncias. Ex.: camada superficial do 
intestino que inicia a digestão; 
oo CCoonneeccttiivvoo – constituído por células pouco arranjadas e separadas por uma matriz 
intercelular. É amplamente distribuído pelo corpo e suporta, protege e liga quase todos os 
componentes corporais. Ex.: cartilagem, ossos, sangue e tecido adiposo; 
oo MMuussccuullaarr – é alongado e contém células contrácteis. Existem três tipos de tecido 
muscular. O músculo esquelético, especializado na contracção e movimento; o músculo 
cardíaco, presente apenas nas paredes do coração, produzindo contracções de 
bombeamento; e o músculo liso, presente nos órgãos internos ocos como os vasos sanguíneos; 
oo NNeerrvvoossoo – é constituído por neurónios, células especializadas na recepção e condução 
de impulsos eléctricos. Os nervos, constituídos por feixes de axónios, são encontrados em todo o 
corpo. 
 
 
Combinações dos tecidos primários constituem os óórrggããooss. Um órgão é um grupo de tecidos 
que estão combinados para o desempenho de uma função específica ou uma série de funções 
relacionadas. Ex.: Estômago contém os quatro tipos de tecidos, organizados com o sentido de 
receber, armazenar e digerir comida, para além de mover a comida parcialmente digerida 
para o intestino delgado. 
Da mesma maneira, órgãos e estruturas similares que compartilham o desempenho de 
tarefas relacionadas são agrupados em ssiisstteemmaass. Ex.: O sistema cardiovascular é constituído 
pelo coração, artérias, veias e vasos capilares que trabalham juntos com o propósito de 
fornecer oxigénio e nutrientes às células e remover o dióxido de carbono e outros resíduos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
FFIISSIIOOLLOOGGIIAA AANNIIMMAALL 
3 
 
 
CCOOMMUUNNIICCAAÇÇÃÃOO 
 
NNEERRVVOOSSAA VVSS EENNDDÓÓCCRRIINNAA 
x Célula a célula; 
x Mais rápida; 
x É direccionada (atinge apenas alvos 
específicos). 
x É feita de uma célula para as várias 
células que contêm o receptor para 
hormona. 
 
 
Para permitir a comunicação entre as células, a membrana celular tem de ter propriedades 
características que o permitam, sem comprometer o seu bom funcionamento. 
x Bicamada lipídica; 
x Permeabilidade selectiva; 
x Fluidez da membrana (ácidos gordos insaturados); 
x Proteínas de transporte. 
 
A selectividade da membrana celular é devida às proteínas intrínsecas. Estas proteínas 
podem estar associadas a um gasto de energia ou não, e o seu grau de especificidade não 
depende do tipo de transporte que medeiam, sendo semelhante em todos os casos. 
 
Esta comunicação é feita através de diferentes tipos de transporte: 
oo AAccttiivvoo: contra o gradiente de concentração e, por isso, com gasto de energia: 
a) PPrriimmáárriioo – utiliza energia directamente para o transporte de moléculas; 
b) SSeeccuunnddáárriioo – a fonte de energia é um gradiente transmembranar (transporte 
indirecto) associado à entrada de uma molécula. 
oo PPaassssiivvoo: a favor do gradiente de concentração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pedro Miguel Xarepe
FFIISSIIOOLLOOGGIIAA AANNIIMMAALL 
4 
 
 
HHOOMMEEOOSSTTAASSIIAA 
 
A hhoommeeoossttaassiiaa, que resulta da comunicação celular, permitiu-nos controlar diversos factores 
no organismo, com a vantagem de podermos realizar outras actividades. 
Pode-se definir homeostasia como a manutenção de um estado interno constante em que, 
condições químicas e de temperatura, relativamente estáveis, prevalecem dentro da célula 
apesar das mudanças no ambiente externo. Nestas condições, a função das células é 
optimizada. 
As pequenas flutuações de temperatura e condições químicas que ocorrem no organismo 
têm de ser contrariadas para que sejam repostos os valores óptimos (equilíbrio). Estes valores são 
conseguidos através da coordenação de mecanismos que têm resultados opostos, e que se 
activam e desactivam conforme as necessidades – mmeeccaanniissmmooss ccoommppeennssaattóórriiooss: 
 
oo MMeeccaanniissmmooss ddee rreettrroo--ccoonnttrroolloo nneeggaattiivvoo (ffeeeeddbbaacckk nneeggaattiivvoo) – contrariam o desvio que 
a variável em causa vinha a sofrer. Ex.: Se a concentração de glucose diminui é iniciada a sua 
produção ao nível do fígado; 
oo MMeeccaanniissooss ddee rreettrroo--ccoonnttrroolloo ppoossiittiivvoo (ffeeeeddbbaacckk ppoossiittiivvoo) – afectam exagerando o efeito 
(a perturbação inicial desencadeia uma série de eventos que têm em vista o aumento da 
perturbação). Ex.: Quando se iniciam as contracções no parto, a sua ocorrência tende a ser 
mais exagerada e constante. 
 
A variável em causa pode ser: o nível de glucose no sangue, pressão sanguínea, 
temperatura corporal, quantidade de CO2 no sangue, etc. 
O nível normal (de referência) destas variáveis é denominado de sseett ppooiinntt. 
Os mecanismos que controlam estes factores são os sistemas de controlo nervoso e o 
endócrino. 
 
TTEEMMPPEERRAATTUURRAA CCOORRPPOORRAALL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
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5 
 
 
→→ Em condições externas e internas normais, a temperatura corporal é mantida nos níveis 
normais (36°C-37°C) através de processos metabólicos que contrariam o ganho ou perda de 
calor. Estes processos são vasoconstrição, tremores, sudorese e vasodilatação.↓ 
FFEEEEDDBBAACCKK NNEEGGAATTIIVVOO 
↓ 
x No inverno/frio, a temperatura exterior é inferior à corporal, por isso há aumento da 
produção de calor para que este se dissipe, e mesmo assim a temperatura corporal se 
mantenha no set point. A vvaassooccoonnssttrriiççããoo ppeerrii fféérriiccaa evita perdas de calor pois reduz o 
fluxo de sangue quente à superfície. O ttrreemmoorr é outra forma de gerar calor, neste caso, à 
custa do da actividade involuntária dos músculos esqueléticos. Os factores culturais e a 
habituação têm influência na regulação da temperatura; 
x No verão/calor, a vvaassooddiillaattaaççããoo aumenta o fluxo do sangue quente à superfície da pele 
para que o calor se dissipe. A ssoodduurreessee funciona do mesmo modo, ou seja, baixa a 
temperatura corporal porque a água em contacto com o ar evapora. Esta evaporação 
implica que a água passe de um estado de elevada energia para um estado de menor 
energia, dissipando calor corporal. Para a produção de suor, primeiramente tem de haver 
saída de sais/iões pois a água só se movimenta de um lugar para outro se houver grande 
quantidade de sais para dissolver. 
Nota: quando a humidade atmosférica é alta, a evaporação da água à superfície do corpo é muito 
lenta e por isso, não há tanta perda de calor e, consequentemente, a nossa actividade física é 
menos eficaz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HHIIPPEERRTTEERRMMIIAA 
→→ Uma temperatura corporal acima dos 40°C está associada à desnaturação de proteínas, 
e pode provocar a morte. Nestes casos, deve evitar-se o movimento pois isso requer energia 
que provoca aumento da temperatura corporal. 
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
FFIISSIIOOLLOOGGIIAA AANNIIMMAALL 
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HHIIPPOOTTEERRMMIIAA 
→→ Uma temperatura do hipotalámica abaixo dos 35°C faz com que as respostas 
termorreguladoras sejam, progressivamente, inactivadas, levando a uma maior redução da 
temperatura corporal. A hipotermia devida à exposição contínua ao frio pode levar à morte 
quando a temperatura corporal atinge, aproximadamente, os 26°C – 28°C, normalmente 
devido à fibrilação miocardial. 
 
 
FFEEBBRREE EE CCOOMMBBAATTEE AA IINNFFEECCÇÇÕÕEESS 
→→ Quando temos febre, o organismo modifica o set point aumentando a temperatura 
corporal. No combate a infecções, a febre constitui um mecanismo de protecção, pois a 
alteração da temperatura impede a proliferação do agente infeccioso. 
↓↓ 
FFEEEEDDBBAACCKK PPOOSSIITTIIVVOO 
↓↓ 
x As acções involuntárias do organismo quando nos encontramos doentes são formas de 
combate ao agente infeccioso, tal como a febre impede a proliferação, vomitar serve 
para o expulsar e a expectoração serve para evitar a sua propagação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pedro Miguel Xarepe
FFIISSIIOOLLOOGGIIAA AANNIIMMAALL 
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SSIISSTTEEMMAA NNEERRVVOOSSOO 
 
O sistema nervoso tem uma função principal de manter a homeostasia através do controlo 
dos outros sistemas corporais. Coordena a actividade dos outros órgãos para que possam 
operar em sintonia de forma a manter condições internas relativamente estáveis. 
O sistema nervoso faz intercâmbio de mensagens, mas nem todas as células se especializam 
na comunicação: cérebro e espinhal medula são exemplos de células especializadas no 
suporte físico e fisiológico. 
O sistema nervoso está organizado da seguinte forma: 
oo SSiisstteemmaa nneerrvvoossoo cceennttrraall (SNC) – cérebro e espinal medula; 
oo SSiisstteemmaa nneerrvvoossoo ppeerrii fféérriiccoo (SNP) – nervos (12 pares de craniais e 31 pares de espinais). 
 
 
 
SISTEMA NERVOSO 
SNC 
Cérebro e 
Espinhal 
medula 
SNP 
Nervos 
eferentes 
Involuntário 
(órgãos 
internos) 
Sistema 
nervoso 
autónomo 
Sistema 
nervoso 
simpático 
Sistema 
nervoso 
parassimpático 
Voluntário 
(musculatura 
esquelética) 
Sistema 
nervoso 
somático 
Nervos 
aferente 
Percepções 
sensoriais 
Somáticas e 
Viscerais 
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
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CCÉÉLLUULLAASS DDOO SSIISSTTEEMMAA NNEERRVVOOSSOO 
 
→→ NNEEUURROOGGLLIIAA:: 
x OOlliiggooddeennddrroogglliiaa – localizadas no cérebo e espinal medula. Enrolam-se à volta dos axónios 
para formar a mielina. A mielina previne a passagem de iões ao longo da membrana 
axonal. Entre as regiões mielinizadas do axónio estão os nódulos de Ranvier. Nestes 
nódulos são gerados os potenciais de acção que vão ser conduzidos, posteriormente, ao 
longo do axónio mielinizado. Tipicamente, uma célula da oligodendroglia mieliniza vários 
axónios do SNC; 
x CCéélluullaass ddee SShhwwaannnn – papel semelhante às células anteriores, embora se localizem no SNP. 
Uma célula de Shwann mieliniza apenas um segmento do axónio, entre dois nódulos de 
Ranvier; 
x AAssttrroogglliiaa – células com maior diversidade funcional no SNC. Podemos falar de astrócitos 
fibrosos (encontram-se em zonas com fibras nervosas), de astrócitos protoplásmicos 
(semelhantes aos fibrosos, embora com menos filamentos). Encontram-se nas dendrites, 
no corpo das células nervosas e nas sinapses. Controlam a concentração de 
neurotransmissores, fazendo a manutenção dos níveis iónicos; 
x MMiiccrroogglliiaa – células de defesa que se encontram perto de vasos sanguíneos. A sua 
ocorrência é rara em tecido cerebral saudável; 
x CCéélluullaass eeppeennddiimmaaiiss – células epiteliais que revestem os ventrículos com fluído 
cerebroespinal. 
 
 
 
 
 
 
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
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→→ NNEEUURRÓÓNNIIOOSS 
Têm 4 regiões funcionais: 
oo SSoommaa – corpo celular e centro metabólico do neurónio. Contém os componentes 
necessários ao fabrico e empacotamento de proteínas usadas noutras partes da célula; 
oo DDeennddrriitteess – estruturas ramificadas que se estendem a partir do corpo celular. As superfícies 
das dendrites e do soma são onde a maioria dos neurónios recebem informação das 
outras células nervosas; 
oo AAxxóónniiooss – estrutura fibrosa longa, que estabelece contacto com outras células nervosas, 
ou efectoras (fibras musculares). É no hillock do axónio que são gerados e transmitidos os 
potenciais de acção, como impulsos nervosos. Podem ser mielinizados ou não; 
oo TTeerrmmiinnaaççõõeess ddooss aaxxóónniiooss – estrutura terminal do axónio, muito ramificada, que estabelece 
contacto com outras células nervosas através de sinapses. 
 
Os neurónios podem ser aferentes (transportam informação sobre estímulos internos ou 
externos de receptores sensoriais para o SNC) ou eferentes (transportam informação motora do 
SNC para células musculares ou células secretoras). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pedro Miguel Xarepe
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PPOOTTEENNCCIIAALL DDEE RREEPPOOUUSSOO EE PPOOTTEENNCCIIAALL DDEE AACCÇÇÃÃOOEmbora possuam uma membrana selectiva, os neurónios, podem, em consequência de 
terem recebido um estímulo, alterar as características de fluidez/permeabilidade da membrana, 
o que possibilita a transmissão do estímulo. 
Os neurónios apresentam potencial membranar devido à diferença na distribuição de 
cargas negativas e positivas ao longo da membrana. 
A manutenção dos gradientes electroquímicos é regulada através da produção de corrente 
eléctrica que altera a condutância da membrana. As células capazes de alterar os gradientes 
em consequência de um estímulo denominam-se ccéélluullaass eexxcciittáávveeiiss. 
Quando a célula está em repouso (sem conduzir um impulso) diz-se que tem um PPOOTTEENNCCIIAALL 
MMEEMMBBRRAANNAARR DDEE RREEPPOOUUSSOO (-75mV). O seu interior está negativo quando comparado com o exterior da 
célula. O que efectivamente acontece é que no exterior da célula há maior concentração de 
Na+ e maior concentração de K+ no interior da célula. 
Quando a célula recebe um estímulo, esta sofre mudanças no potencial da membrana 
(aalltteerraaççããoo ddaa ccoonndduuttâânncciiaa) no local onde o estímulo foi aplicado. O potencial da membrana 
passa de -75mV para 0mV. Este processo de redução do potencial denomina-se 
ddeessppoollaarriizzaaççããoo. O processo de retorno ao potencial de repouso denomina-se rreeppoollaarriizzaaççããoo. Em 
alguns neurónios, durante um período de tempo reduzido depois da repolarização, a superfície 
interna da membrana pode tornar-se mais negativa do que o normal – hhiippeerrppoollaarriizzaaççããoo. 
A despolarização e repolarização da membrana constituem o PPOOTTEENNCCIIAALL DDEE AACCÇÇÃÃOO. 
As mudanças de voltagem no potencial de acção são resultado da abertura e fecho dos 
canais de iões sensíveis à voltagem que controlam o influxo de Na+ e o efluxo de K+. 
 
 
 
 
Pedro Miguel Xarepe
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11.. Potencial de repouso (-75mV). Canais de Na+ fechados, não havendo passagem de 
iões; 
22.. Estímulo. Alteração do potencial para 0mV – despolarização. Sódio entra; 
22.. –– 33.. Potencial limiar - a membrana deve ser despolarizada para iniciar o potencial de 
acção; 
33.. Mais canais de Na+ activos (canais sensíveis à voltagem), sódio entra – feedback 
positivo; 
44.. Repolarização da membrana. Canais K+ começam a abrir-se e o potássio sai para 
restabelecer as cargas iniciais – feedback negativo; 
55.. Hiperpolarização da membrana, saíram cargas a mais; 
11.. Potencial de repouso atingido novamente. 
Pedro Miguel Xarepe
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Para restabelecer o gradiente químico é utilizada a bboommbbaa NNaa++//KK++ que mantém o potencial 
de repouso, fazendo com que o potássio volte a entrar na célula, mantendo um gradiente de 
concentração de potássio elevado e prevenindo a acumulação intracelular de sódio que iria 
quebrar a negatividade interna. O potencial eléctrico é restabelecido pelos ccaannaaiiss iióónniiccooss. 
 
Depois de ter sido gerado um potencial de acção, é necessário apenas um tempo mínimo 
para que essa área da membrana se torne capaz de responder em igual maneira a um 
segundo estímulo. Este tempo mínimo chama-se PPEERRÍÍOODDOO RREEFFRRAACCTTÁÁRRIIOO. 
A primeira fase do período refractário tem o nome de período refractário absoluto e a 
segunda fase tem o nome de período refractário relativo. 
Durante o ppeerrííooddoo rreeffrraaccttáárriioo aabbssoolluuttoo, o axónio está impossibilitado de gerar um segundo 
potencial de acção, independentemente da intensidade do estímulo. 
Durante o ppeerrííooddoo rreeffrraaccttáárriioo rreellaattiivvoo, alguns canais de sódio começam a responder ao 
estímulo, mas este tem que ser mais intenso do que o primeiro, para que possa se possa atingir o 
potencial limiar e ser gerado outro potencial de acção. 
 
LLEEII DDOO TTUUDDOO OOUU NNAADDAA 
→→ Quando uma célula recebe um estímulo, ou responde a esse estimulo ou não. A partir do 
momento em que a célula toma uma decisão, deve mantê-la até ser cumprida. 
 
 
VVEELLOOCCIIDDAADDEE DDEE UUMM EESSTTÍÍMMUULLOO 
A velocidade a que um estímulo é propagado é proporcional ao diâmetro do axónio por 
onde o estímulo passa. 
Em neurónios mielinizados, como apresentam sequências de lípidos em porções do axónio 
(baínha de mielina), nesses locais não vai haver transmissão do impulso. A geração do potencial 
de acção só pode acontecer em zonas de descontinuidade da mielina (nnóódduullooss ddee RRaannvviieerr) – 
ccoonndduuççããoo ssaallttaattóórriiaa. O impulso propaga-se mais rapidamente. 
É necessário que a passagem da mensagem seja rápida para que haja tempo de recuperar 
as condições basais e propagar o segundo estímulo. 
 
 
DDIIRREECCÇÇÃÃOO DDEE UUMM EESSTTÍÍMMUULLOO 
A direcção de um estímulo é estipulada pela organização das cargas na membrana. 
Quando o estímulo atravessa o axónio, imediatamente atrás de si estão cargas negativas na 
parte de fora da membrana e cargas positivas na parte de dentro, e imediatamente à sua 
frente estão cargas negativas na parte de dentro da membrana e cargas positivas na parte de 
fora da membrana. No primeiro caso, as cargas negativas têm tendência a serem repostas por 
cargas positivas. 
O ponto que acabou de admitir o impulso encontra-se em ppeerrííooddoo rreeffrraaccttáárriioo, que não 
permite que esse mesmo local que já produziu um potencial de acção o volte a produzir e, por 
isso, o impulso tem de, obrigatoriamente, viajar no sseennttiiddoo ddaass tteerrmmiinnaaççõõeess ddoo aaxxóónniioo. 
Pedro Miguel Xarepe
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TTRRAANNSSMMIISSSSÃÃOO SSIINNÁÁPPTTIICCAA 
 
Chegado à terminação nervosa, o impulso tem de ser transmitido para os outros neurónios. 
A ssiinnaappssee é uma junção celular onde é transmitida a informação entre neurónios. A 
membrana do neurónio que transmite o sinal chama-se mmeemmbbrraannaa pprréé--ssiinnááppttiiccaa e a membrana 
do neurónio que recebe o sinal chama-se mmeemmbbrraannaa ppóóss--ssiinnááppttiiccaa. O mecanismo de 
transferência de informação entre as membranas pré e pós-sinápticas chama-se ttrraannssmmiissssããoo 
ssiinnááppttiiccaa. 
 
SSIINNAAPPSSEESS EELLÉÉCCTTRRIICCAASS 
→→ A informação é transmitida de uma célula para outra pela passagem directa de iões entre 
elas através de canais membranares que as unem, chamados junções gap; 
 
SSIINNAAPPSSEESS QQUUÍÍMMIICCAASS 
→→ As membranas pré e pós-sinápticas estão separadas por um espaço designado por ffeennddaa 
ssiinnááppttiiccaa. 
Nas membranas dos neurónios existem receptores cuja função é receber o sinal e transferi-lo 
para outro neurónio. 
Os nneeuurroottrraannssmmiissssoorreess são os mensageiros químicos que circulam nas fendas sinápticas. Estes 
mensageiros são, em grande parte, sintetizados no corpo celular do neurónio e armazenados 
em vesículasnas terminações dos axónios. Quando as vesículas sofrem exocitose, os 
neurotransmissores são libertados do neurónio pré-sináptico, difundem-se através da fenda 
sináptica, e interagem com receptores na membrana pós-sináptica para realizar a transmissão 
do sinal. Em contraste com a sinapse eléctrica, a transmissão na sinapse química é 
unidireccional da membrana pré-sináptica para a pós-sináptica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Após a ligação do neurotransmissor à célula pós-sináptica, esta só irá responder se a sua 
quantidade for considerável. 
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
Pedro Miguel Xarepe
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A exocitose dos neurotransmissores requer iões Ca2+. Estes iões libertam a vesícula de alguma 
associação que possa estabelecer com filamentos de actina permitindo, por isso, que os 
neurotransmissores sejam libertados. 
É a despolarização da membrana pré-sináptica que provoca o fluxo de iões cálcio para a 
célula, havendo fusão das vesículas com locais activos na membrana pré-sináptica e libertação 
dos neurotransmissores. Depois da sua libertação, alguns neurotransmissores ligam-se a 
receptores na membrana da célula pós-sináptica, enquanto outros são, em parte, enviados de 
volta para a célula pré-sináptica para serem montados mais neurotransmissores. 
Por vezes, a transmissão sináptica pode ser alterada caso as condições normais de 
transmissão não se verifiquem. Por exemplo, quando são usadas drogas, no caso de algumas 
doenças (Parkinson, tétano) e em casos de inibição pré-sináptica. 
 
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As moléculas transmissoras, libertadas pelo neurónio pré-sináptico, difundem-se através da 
fenda sináptica e ligam-se a receptores específicos na membrana pós-sináptica. Esta 
ligação abre, temporariamente, um canal quimicamente fechado permitindo que os iões 
atravessem a membrana pós-sináptica. O fluxo iónico cria uma mudança de voltagem, 
chamada de potencial pós-sináptico. 
Numa sinapse excitatória, a acção de um transmissor leva a um aumento no fluxo para o 
interior de iões positivos (ex., sódio) que, desse modo, levam à despolarização da membrana 
pós-sináptica. A despolarização gradual da voltagem pós-sináptica aumenta a probabilidade 
do neurónio pós-sináptico gerar um potencial de acção e portanto é chamado de ppootteenncciiaall 
ppóóss--ssiinnááppttiiccoo eexxcciittaattóórriioo (EPSP). 
Numa sinapse inibitória, a acção de um transmissor conduz ao aumento do fluxo para o 
exterior de iões positivos (ex., potássio) e/ou fluxo para o interior de iões negativos (ex., cloreto) 
que, consequentemente, levam à hiperpolarização da membrana pós-sináptica, fazendo com 
que o neurónio pós-sináptico fique menos propício à geração de um potencial de acção. 
Assim, uma alteração gradual na voltagem pós-sináptica que resulte na hiperpolarização da 
membrana pós-sináptica, fazendo com que o neurónio fique menos excitável, é chamada de 
potencial pós-sináptico inibitório (IPSP). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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NNEEUURROOTTRRAANNSSMMIISSSSOORREESS EE RREECCEEPPTTOORREESS AASSSSOOCCIIAADDOOSS 
 
A recepção da mensagem, e dos neurotransmissores, depende dos receptores presentes na 
célula. Existem receptores específicos aos quais se pode ligar qualquer outra molécula que não 
o neurotransmissor e que vai condicionar ou alterar a forma como é passada a mensagem. 
 
NNEEUURROOTTRRAANNSSMMIISSSSOORREESS DDEE BBAAIIXXOO PPEESSOO MMOOLLEECCUULLAARR (sintetizados no terminal pré-sináptico) 
→→ AAcceettiillccoolliinnaa ((AACChh)): presente no SNC e SNP (onde actua como transmissor químico entre 
nervo e músculo). É sintetizada a partir da acetil coenzima A (acetil Co-A) e da colina. É 
armazenada em vesículas no terminal pré-sináptico, que a libertam para a fenda sináptica, 
onde se vão ligar aos receptores da célula pós-sináptica. Os receptores da acetilcolina podem 
ser muscarínicos (sensíveis à muscarina - droga) e nicotínicos (sensíveis à nicotina): 
xx RReecceeppttoorreess mmuussccaarríínniiccooss: há dois tipos de receptores, M1 e M2. A activação dos 
receptores do tipo M1 resulta num decréscimo da condutância do ião K+, enquanto que 
a activação de receptores do tipo M2 provoca um aumento na condutância do ião K+. 
Como consequência, quando a acetilcolina se liga a receptores M1, a membrana é 
despolarizada, e quando a acetilcolina se liga a receptores M2, a membrana fica 
hiperpolarizada; 
xx RReecceeppttoorreess nniiccoottíínniiccooss: depois de activo, o receptor permite a entrada de Na+ e saída 
de K+, simultaneamente, embora haja maior quantidade de Na+ do que de K+ a 
circular. Consequentemente, a entrada de um excesso de cargas positivas para a 
célula causam a despolarização da membrana; 
xx Depois da acetilcolina se desligar do seu receptor, os canais fecham-se e esta fica livre 
para chegar ao seu destino. 
 
→→ DDooppaammiinnaa ((DDAA)): sintetizada a partir da tirosina (aminoácido). Há 3 subtipos de receptores 
para a dopamina: D1, D2 e D3: 
x Os receptores D1 estão acoplados a poteínas Gs, levando à activação da adenilato 
ciclase, enquanto os receptores D2 e D3 estão aoplados a proteínas Gi que causam um 
decréscimo na actividade da adenilato ciclase; 
x A activação dos receptores do tipo DD22 hiperpolariza a membrana pós-sináptica por um 
aumento da condutância do K+. Depois de se libertar do receptor, a dopamina é 
transportada por um mecanismo de reuptake de volta para o terminal pré-sináptico. 
80% da dopamina que se encontra na fenda sináptica é transportada de volta para o 
terminal pré-sináptico. Os restantes 20% são degradados; 
x A transmissão sináptica da dopamina pode ser afectada por drogas como a cocaína 
(inibe o reuptake da dopamina), as anfetaminas (aumenta a quantidade de dopamina 
que é libertada). 
 
 
 
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→→ NNoorreeppiinneeffrriinnaa ((NNEE)): encontra-se no SNC e nas junções entre os nervos o músculo liso no 
SNA. É sintetizada a partir da dopamina. A ligação da NE a receptores- no SNC abre canais de 
K+ e provoca a hiperpolarização da membrana pós-sináptica. No SNP, há dois tipos de 
receptores: receptores- e receptores-β: 
x Os 11 encontram-se no músculo liso dos vasos sanguíneos e quando são activados 
ocorre um aumento da entrada de iões Ca2+, que causa a contracção do músculo liso; 
x Os ββ22 encontram-se também no músculoliso, mas a sua activação resulta no 
relaxamento do músculo liso; 
x Os receptores 22 e ββ22 estão localizados na membrana do terminal pré-sináptico e 
controlam a quantidade de NE libertada. Quanto maior a quantidade de NE for na 
fenda sináptica, mais receptores 2 estão activos. Estes receptores vão então inibir a 
libertação de NE num processo de ffeeeeddbbaacckk iinniibbiittóórriioo. No caso dos receptores β2, a sua 
activação provoca um aumento na libertação de NE, por um processo denominado de 
ffeeeeddbbaacckk eexxcciittaattóórriioo; 
x Depois de se desligar do receptor, a NE volta para o terminal pré-sináptico, onde vai ser 
empacotada em vesículas prontas a serem libertadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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→→ SSeerreettoonniinnaa: encontra-se por todo o cérebro, mas é sintetizada (a partir do triptofano) 
principalmente na região do tronco cerebral. Os seus receptores podem ser 5-HT1A, 5-HT1C, 5-HT2 
e 5-HT3. 
x A activação dos receptores 5-HT1A e 5-HT1C resulta num potencial pós-sináptico inibitório. 
O potencial inibitório do receptor 55--HHTT11AA é mediado por um aumento da condutância a 
iões K+, enquanto que o produzido pela activação do receptor 55--HHTT11CC é mediada por 
um aumento da condutância de Cl-; 
x A activação dos receptores 5-HT2 e 5-HT3 resulta na geração de um potencial pós-
sináptico excitatório. Em receptores 55--HHTT22 o potencial produzido pela sua activação é 
devido a um decréscimo na condutância de iões K+, equanto que o receptor 55--HHTT33 é 
directamente acoplado a um canal de iões que permite a entrada de Na+ e a saída 
de K+; 
x Depois de ser libertado do receptor, a seretonina volta para o terminal pré-sináptico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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→→ GGlluuttaammaattoo ((NNEE)):: -cetoglutarato. Tem 3 receptores diferentes: 
cainato, quisqualato e N-metil-D-aspartato (NMDA). 
x A activação do ccaaiinnaattoo e do qquuiissqquuaallaattoo produz um potencial pós-sináptico excitatório 
por abertura de canais de aumentam a condutância ao Na+ e ao K+; 
x A activação do receptor NNMMDDAA resulta num aumento na condutância de Ca2+. Este 
receptor fica bloqueado na presença de Mg2+ e apenas se desbloqueia quando ocorre 
a despolarização da membrana; 
x A transmissão do glutamato termina em parte no seu reuptake para o terminal pré-
sináptico, mas a maioria do glutamato é transportado para as células da glia, onde é 
convertido em glutamina, que por sua vez é transportada para o terminal pré-sináptico, 
onde é reconvertida em glutamato pronto a ser utilizado. 
 
→→ GGAABBAA ((áácciiddoo ggaammaa aammiinnoobbuuttíírriiccoo)): encontrado no SNC. O GABA é um neurotransmissor 
com uma inibição forte, que é sintetizadoo a partir do glutamato. Os dois tipos de receptores: 
GABAA e GABAB. 
x O receptor GGAABBAAAA é um canal de Cl-, e a sua activação produz um potencial pós-
sináptico inibitório por um aumento da entrada de iões Cl-. O aumento da condutância 
a Cl- é facilitado por benzodiazepinas (drogas usadas como anti-convulsivantes e 
sedativos); 
x A activação do receptor GGAABBAABB também produz um potencial pós-sináptico inibitório. 
No entanto, com este receptor, o potencial produzido resulta de um aumento da 
condutância ao K+; 
x A transmissão do GABA termina com o seu reuptake para o terminal pré-sináptico e o 
seu transporte para células da glia, onde é convertido em semialdeído succínico. Ao 
mesmo tempo que isto acontece, a mesma enzima converte o α-cetoglutarato em 
glutamato. O glutamato é convertido em glutamina que é transportada para o terminal 
pré-sinaptico, onde é reconvertida em GABA. 
 
 
NNEEUURROOTTRRAANNSSMMIISSSSOORREESS PPEEPPTTÍÍDDIICCOOSS 
→→ Os neuropéptidos consistem em cadeias de aminoácidos. São sintetizados na região soma 
dos neurónios. A partir do momento em que são libertados, não existem mecanismos de 
reuptake para a reciclagem dos transmissores. Os neurotransmissores peptídicos podem ser: 
x OOppiiáácceeooss: péptidos que se ligam a receptores opióides. Estão envolvidos na regulação 
da informação relacionada com a dor; 
x ÓÓxxiiddoo nnííttrriiccoo ((OONN)): neurotransmissor gasoso sintetizado a partir da arginina. Actua 
também como um mensageiro secundário, que causa relaxamento do músculo liso nas 
paredes das arteríolas. 
 
 
 
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SSIISSTTEEMMAA NNEERRVVOOSSOO PPEERRIIFFÉÉRRIICCOO 
 
É constituído pelos gânglios e nervos aferentes e eferentes. Os aaffeerreenntteess estão ligados às 
percepções sensoriais. Os eeffeerreenntteess dividem-se no sistema nervoso autónomo e no sistema 
nervoso somático. 
O SNP transmite informação sensorial ao SNC, e informação motora para o músculo 
esquelético e liso. 
Em termos de funcionamento, o SNP divide-se em duas porções: 
→→ SSIISSTTEEMMAA NNEERRVVOOSSOO SSOOMMÁÁTTIICCOO: nervos sensoriais transmitem a informação dos órgãos somato-
sensoriais (como receptores de dor na pele) para o SNC. No SNC, esta informação é processada 
e é produzida uma resposta motora apropriada por parte do músculo esquelético. 
→→ SSIISSTTEEMMAA NNEERRVVOOSSOO AAUUTTÓÓNNOOMMOO: nervos sensitivos transmitem a informação sobre a condição dos 
órgãos internos para o SNC, e os nervos motores dão instruções às glândulas e aos músculos 
involuntários sobre respostas apropriadas. 
x SSiisstteemmaa nneerrvvoossoo ssiimmppááttiiccoo: provocam respostas que geralmente preparam o organismo 
para situações de stress e ajudam a manter a homeostasia enquanto o organismo 
responde às situações referidas. Nesta situação de stress, as respostas incluem aumento 
do batimento cardíaco, aumento do fluxo sanguíneo para os músculos esqueléticos, 
dilatação das pupilas, etc; 
x SSiisstteemmaa nneerrvvoossoo ppaarraassssiimmppááttiiccoo: ajudam a manter a homeostasia em situações 
rotineiras, como a digestão, respiração, batimento cardíaco. Um aumento da 
actividade deste sistema tem como resultados o aumento do fluxo sanguíneo para o 
estômago e intestinos, aumento dos movimentos e secreção intestinais, etc. 
Os sistemas nervosos parassimpático e simpático actuam alternadamente, e os efeitos que produzem 
são opostos. 
 
Os nervos do sistema nervoso autónomo têm duas células e, por isso, apresentam uma fenda sináptica – 
o ggâânngglliioo. 
Um mesmo transmissor pode provocar respostas diferentes nos vários órgãos porque os seus receptores 
também são diferentes. 
A mensagem nervosa tem como órgãos efectores os músculos e as glândulas. 
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MMEECCAANNIISSMMOOSS DDEE CCOONNTTRROOLLOO EENNDDÓÓCCRRIINNOO 
 
A figura mostra os diferentes mecanismos pelos quais células neurais, endócrinas e 
neuroendócrinas recebem e transferem informação.Os nneeuurróónniiooss recebem informação de outras células nervosas na forma de sinais químicos 
(neurotransmissores) que chegam à célula por difusão através da fenda sináptica. Assim, a 
neurotransmissão envolve a transferência de informação na forma de sinais electroquímicos de 
neurónio para neurónio. 
Uma ccéélluullaa eennddóóccrriinnaa típica recebe informação na forma de mensagens químicas 
(moléculas “sinal”) do sangue. Em resposta ao sinal de entrada apropriado, a célula endócrina 
secreta o seu sinal hormonal específico na corrente sanguínea. Uma célula hormonal pode sentir 
a alteração da concentração de outra hormona, ião ou nutriente presentes no sangue e alterar 
a taxa de libertação do seu produto hormonal secretado. 
A função das ccéélluullaass nneeuurrooeennddóóccrriinnaass é uma interface entre o sistema nervoso e endócrino, 
fornecendo uma ligação crucial entre estes dois sistemas de comunicação. Uma célula 
neuroendócrina recebe a mensagem directamente das células nervosas, mas, ao contrário dos 
outros neurónios, em resposta a um estímulo ela secreta uma hormona, directamente na 
corrente sanguínea. Assim, as células neuroendócrinas actuam como tradutores, convertendo 
sinais electroquímicos em sinais hormonais. 
 
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Como já foi referido, no sistema endócrino, é estimulada a produção de hormonas por 
mensageiros químicos (ex., insulina) que são, posteriormente, transportadas para os órgãos pelo 
sistema circulatório. 
De acordo com a natureza química da hormona, ela pode ter mais ou menos facilidade em 
circular na corrente sanguínea 
 
→→ NNAATTUURREEZZAA PPRROOTTEEIICCAA: 
Tem maior facilidade em circular na corrente sanguínea porque é hidrossolúvel. No entanto, 
ao chegar à célula-alvo, uma hormona proteica, por ser hidrossolúvel, não pode entrar na 
membrana celular. 
A célula possui receptores membranares aos quais a hormona se liga, produzindo um 
mensageiro secundário que transmite os efeitos de resposta necessários, activando vias 
metabólicas. 
Esta resposta é transmitida com rapidez e actua durante pouco tempo, a proteína desliga-se 
do receptor, possibilitando outras ligações ao mesmo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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→→ NNAATTUURREEZZAA EESSTTEEÓÓIIDDEE: 
Tem menor facilidade na circulação por ser lipossolúvel necessitando, por isso, de estar 
ligado a uma proteína transportadora, que vai aumentar a sua solubilidade. 
Por outro lado, hormonas não-proteicas podem entrar na célula. A proteína transportadora 
desliga-se e a hormona esteróide entra na membrana celular. Os receptores deste tipo de 
hormonas são intracelulares e podem, até, encontrar-se no núcleo. 
As hormonas esteróides, como entram na célula, são degradadas. 
A resposta a este tipo de hormona, tem um início mais lento, mas actua durante mais tempo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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HORMONAS DAS GLÂNDULAS SUPRA-RENAIS 
 
→→ HHOORRMMOONNAASS DDAA MMEEDDUULLAA ((oorriiggeemm nnaass ccéélluullaass ddaa ccrriissttaa nneeuurraall)):: 
A medula (gânglio modificado) segrega essencialmente duas hormonas: a epinefrina 
(adrenalina) e a nnoorreeppiinneeffrriinnaa (noradrenalina). É o sistema neuroendrócrino que estimula a 
medula das supra-renais a produzir estas hormonas. São hormonas hidrossolúveis e, por isso, vão 
precisar de um mensageiro secundário para expressarem a sua função. 
x A epinefrina e a norepinefrina, combinam-se com os rreecceeppttoorreess aaddrreennéérrggiiccooss, que são 
receptores de membrana nos tecidos alvos. Os receptores adrenérgicos são 
classificados como receptores ou β, cada um deles com subcategorias. Todos os 
receptores adrenérgicos funcionam através de mecanismos de proteína G; 
x Os receptores --aaddrreennéérrggiiccooss originam a abertura dos canais Ca2+ e a libertação do 
reticulo endoplasmático por activação das enzimas fosfolipases. Além disso, abrem os 
canais K+, diminuem a síntese de AMPc, ou estimulam a síntese de moléculas 
eicosanóides, tais como as prostaglandinas. Todos os receptores ββ--aaddrreennéérrggiiccooss 
aumentam a síntese de AMPc; 
x A epinefrina eleva os níveis sanguíneos de glicose. Combina-se com receptores de 
membrana nas células hepáticas e vai activar a síntese de AMPc nas células. Por sua 
vez, o AMPc activa as enzimas que catalisam a degradação do glicogénio, o 
metabolismo intracelular da glicose no músculo esquelético e a degradação de 
gorduras no tecido adiposo. A epinefrina e a norepinefrina aumentam a frequência e a 
força de contracção cardíaca, bem como provocam vaso constrição na pele, nos rins, 
no aparelho digestivo e em outras vísceras; 
x A epinefrina provoca vasodilatação nos músculos esqueléticos e músculo cardíaco. 
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A secreção das hormonas da medula supra-renal prepara o indivíduo para a actividade 
física e é um dos componentes da resposta “ataque-fuga”. A resposta resulta na redução de 
actividade nos órgãos não essenciais à actividade física e no aumento do fluxo sanguíneo e da 
actividade metabólica em órgãos que nela participam. Os efeitos da epinefrina e norepinefrina 
são de curta duração (a sua semi-vida no sistema circulatório mede-se em minutos). 
A libertação das hormonas da medula supra-renal ocorre, em primeiro lugar, por haver 
estimulação dos neurónios simpáticos, já que a medula supra-renal é uma porção especializada 
do sistema autónomo. Várias são as situações que conduzem à libertação das neuro-hormonas 
da medula supra-renal, entre as quais se incluem excitação emocional, traumatismos, stress, 
exercício e baixos níveis de glicemia. 
 
 
→→ HHOORRMMOONNAASS DDOO CCÓÓRRTTEEXX ((oorriiggeemm nnaa mmeessooddeerrmmee)) 
O córtex é estimulado pelo sistema nervoso a segregar hormonas. Existem três tipos de 
hormonas produzidas em 3 zonas distintas: 
x ZZoonnaa gglloommeerruulloossaa: os mineralocorticóides (regulam o equilíbrio entre os iões Na+ e K+ 
pelos rins); 
x ZZoonnaa iinntteerrmmééddiiaa: glucocorticóides (regulam o metabolismo da glucose e da energia); 
x ZZoonnaa rreettiiccuullaaddaa: androgénios (hormonas sexuais masculinas). 
 
São todas morfologicamente semelhantes pelo facto de que todas são esteróides, lípidos 
altamente especializados derivados do colesterol. Dado que são lipossolúveis, não ficam 
armazenadas nas células da glândula supra-renal mas difundem-se das células à medida que 
vão sendo sintetizadas. As hormonas produzidas pelo córtex supra-renal são transportadas no 
sangue em combinação com proteínas plasmáticas específicas, sendo depois metabolizadas 
no fígado e excretadas pela bílis e pela urina. Estas hormonas ligam-se aos receptores 
intracelulares e estimulam a síntese das proteínas específicas que são responsáveis pela 
produção de respostas celulares. 
 
MMIINNEERRAALLOOCCOORRTTIICCÓÓIIDDEESS→→ AAllddoosstteerroonnaa: 
x Aumenta a reabsorção do sódio pelos rins causando a subida dos níveis sanguíneos do 
sódio. Da reabsorção do sódio resulta a reabsorção acrescida de água pelos rins e o 
aumento do volume de sangue, desde que também seja segregada ADH; 
x Aumenta a excreção renal de potássio para a urina, com diminuição dos níveis de 
potássio sanguíneo. Também aumenta a excreção de H+ para a urina, e quando 
presente em concentrações elevadas pode provocar subida do pH nos líquidos 
orgânicos. 
 
 
 
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GGLLIICCOOCCOORRTTIICCÓÓIIDDEESS 
A zona fascicular do córtex supra-renal segrega, sobretudo, ccoorrttiissooll. Os tecidos-alvo dos 
glicocorticóides são numerosos, o mesmo acontecendo às respostas que provocam. Essas 
respostas são classificadas em metabólicas, de desenvolvimento ou anti-inflamatórias. 
oo Aumentam o catabolismo das gorduras (reposição das reservas energéticas da célula), 
diminuem a captação de glucose e de aminoácidos pelo músculo esquelético, aumentam a 
gliconeoglicogénese, aumentam a degradação de moléculas precursoras (tais como 
aminoácidos) e aumentam a degradação das proteínas; 
oo Efeitos: aumento do metabolismo lipídico e proteico, aumento dos níveis de glicemia e 
dos depósitos de glicogénio a nível celular; 
oo Necessários para: maturação de tecidos e o desenvolvimento, nos tecidos alvo, de 
moléculas receptoras para a epinefrina e norepinefrina; 
oo Diminuem a intensidade da resposta inflamatória, fazendo diminuir tanto o número dos 
leucócitos como a secreção de substâncias químicas inflamatórias pelos tecidos. Este efeito 
anti-inflamatório é particularmente importante em situações de stress, quando o débito de 
secreção de glicocorticóides é mais elevado; 
oo As concentrações elevadas de cortisol no sangue inibem a secreção de ACTH pela 
adeno-hipófise, enquanto as concentrações baixas estimulam; 
oo Mecanismos de feedback negativo mantêm os níveis de cortisol; 
oo Em resposta ao stress ou à hipoglicemia, os níveis de cortisol sanguíneo aumentam 
rapidamente porque estes estímulos despoletam um enorme aumento na libertação de CHR 
(hormona libertadora de corticotropina) pelo hipotálamo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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HHOORRMMOONNAASS DDAA PPIITTUUIITTÁÁRRIIAA ((hhiippóóffiissee)) 
 
A glândula pituitária está organizada em lóbulos, que sseeggrreeggaamm ddiiffeerreenntteess hhoorrmmoonnaass: 
oo LLóóbbuulloo aanntteerriioorr ((tteecciiddoo eennddóóccrriinnoo ppuurroo)): hormonas de crescimento, hormona 
adenocorticotrópica (ACTH), FSH, hormona luteinizante (LH), hormona estimuladora da tiroide 
(TSH), prolactina; 
oo LLóóbbuulloo iinntteerrmmééddiioo: hormona estimuladora de melanócitos (MSH); 
oo LLóóbbuulloo ppoosstteerriioorr ((tteecciiddoo nneeuurrooeennddóóccrriinnoo)): oxitocina, hormona antidiurética (ADH). 
 
Os mmeeccaanniissmmooss ddee rreegguullaaççããoo de hormonas também são diferentes no que toca à sua 
localização: 
→→ PPIITTUUIITTÁÁRRIIAA AANNTTEERRIIOORR (lóbulo anterior): as suas células comportam-se como verdadeiras células 
endócrinas, porque recebem sinais do sangue e em troca libertam as suas próprias hormonas 
directamente no sangue. Possuem um mmeeccaanniissmmoo eennddóóccrriinnoo ttííppiiccoo: 
aa.. TTSSHH: hormona que estimula a tiroide; esta hormona é estimulada por releasing hormones 
do hipotálamo; 
bb.. HHoorrmmoonnaa ddee ccrreesscciimmeennttoo: o hipotálamo estimula a produção desta hormona por 
estimulação ou inibição de alguns factores: sono profundo, baixa concentração de 
glucose no sangue, stress e sono REM, elevada concentração de glucose no sangue; 
respectivamente; 
cc.. AACCTTHH: o hipotálamo estimula a produção desta hormona por acção da CRH. O ACTH 
estimula a produção de cortisol. O cortisol liberta-se na fase a seguir à adrenalina; a 
adrenalina em excesso é perigosa pois leva ao esgotamento de toda a energia da célula 
por isso há libertação do cortisol; 
dd.. LLHH e FFSSHH: a hormona libertadora de gonadotropina (GnRH) regula a secreção destas duas 
hormonas; 
ee.. PPrroollaaccttiinnaa: a secreção é regulada pelo factor libertador de prolactina (PRF) e pela 
hormona inibidora da libertação de prolactina (PIH). 
 
 
FFIISSIIOOLLOOGGIIAA AANNIIMMAALL 
28 
 
 
 
→→ PPIITTUUIITTÁÁRRIIAA PPOOSSTTEERRIIOORR (lóbulo posterior): é uma extensão do sistema nervoso e, por isso, 
funciona como um grupo de células neuroendócrinas. Possuem um mmeeccaanniissmmoo nneeuurrooeennddóóccrriinnoo 
ttííppiiccoo:: 
aa.. OOxxiittoocciinnaa: hormona peptídica que estimula contracções de células do músculo liso 
especializadas, resultando na transferência do leite do seu local de síntese para os 
alvélos; 
bb.. AADDHH: hormona peptídica que tem como principal função o aumento da retenção de 
água nos rins. 
 
A glândula pituitária está intimamente ligada ao hipotálamo (SNC) por um segmento. Para 
além da ligação física, o hipotálamo controla a função da pituitária, servindo como um 
importante componente do controlo endócrino. 
As células neuroendócrinas do hipotálamo transmitem hormonas libertadoras/inibidoras para 
os capilares. Essas hormonas viajam através das veias para as células secretoras do 
lobo anterior, onde estimulam ou inibem a libertação das hormonas para o sangue. 
Os neurónios que têm origem nos núcleos supraóptico e paraventricular do 
hipotálamo sintetizam oxitocina e ADH e transmitem-nos através dos axônios que libertam as 
hormonas em capilares na hipófise posterior. As hormonas são então distribuídos no sistema 
circulatório. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FFIISSIIOOLLOOGGIIAA AANNIIMMAALL 
29 
 
 
MMÚÚSSCCUULLOOSS 
 
A gama de actividades que os músculos executam no corpo é extremamente ampla, por 
isso não é surpreendente o facto de os músculos mostrarem uma vasta gama de adaptações 
funcionais que atendem especificamente às suas muitas tarefas no funcionamento global do 
corpo. 
 
FFUUNNÇÇÕÕEESS DDOOSS MMÚÚSSCCUULLOOSS 
oo SSaaííddaa ddoo SSNNCC: os nossos sistemas central e periférico funcionam através da recolha de 
informação e da instrução dos músculos para que estes tomem acções úteis como resposta. 
Esta coordenação entre nervos e músculos permite-nos andas, falar, digerir a nossa comida, 
defender o nosso corpo, propagar a nossa espécie, e fazer a maior parte das coisas que 
fazemos. Para além de efectuar mudanças prescritas pelo sistema nervoso, os músculos 
também ajudam a regular o que acontece dentro do sistema ajustando a sensibilidade dos 
órgãos sensoriais. Alguns músculos estão sob o controlo neural, enquanto outros são mais, ou 
totalmente, independentes; 
oo MMoottoorr bbiioollóóggiiccoo: os músculos permitem os nossos movimentos e a locomoção corporal e 
ajudam-nos a manter a postura. Como motores mecânicos ou eléctricos, os músculos 
consomem “combustível” enquanto fazem o seu trabalho útil, e gastam alguma da energia que 
consomem como calor. Os músculos produzem calor extra porque, tal como outros motores, 
não são totalmente eficientes. Isto é, eles não podem tornar toda a energia que consomem em 
trabalho mecânico. O calor produzido como resultado desta ineficiência às vezes pode ser 
importante no funcionamento global do corpo. Sob a maioria das condições de actividade, a 
maior parte do nosso calor corporal é produzido como resultado da contracção muscular. 
Quando a temperatura corporal desce, o exercício físico vigoroso ou tremerfornecem o calor 
necessário; 
oo RReegguullaaççããoo ddooss pprroocceessssooss ffiissiioollóóggiiccooss: os músculos controlam o movimento de 
substâncias através de estruturas tubulares (ex., vasos sanguíneos e intestinos) do corpo e 
expelem essas substâncias do corpo no momento certo. Por exemplo, a regulação da pressão 
sanguínea envolve uma interacção complexa entre o músculo cardíaco, que bombeia o 
sangue, e músculos lisos que controlam o diâmetro dos vasos sanguíneos. Outro mecanismo 
regulador no qual os músculos desempenham um papel central inclui a manutenção de uma 
postura erecta e o controlo da temperatura corporal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDOOSS MMÚÚSSCCUULLOOSS PPOORR LLOOCCAALLIIZZAAÇÇÃÃOO EE FFUUNNÇÇÃÃOO 
oo MMúússccuullooss eessqquueellééttiiccooss: músculos grandes utilizados, entre outras coisas, na locomoção, 
na manutenção da postura corporal, na fala e na manutenção do calor corporal. Normalmente 
estão anexos ao esqueleto e movem os ossos articulados; 
oo MMúússccuullooss vviisscceerraaiiss (também chamados músculos lisos com base na sua estrutura): 
músculos que delimitam as paredes dos órgãos internos (a víscera). Músculos deste tipo também 
estão localizados em órgãos não viscerais, como os vasos sanguíneos, e nos órgãos sensoriais, 
como o olho, onde ajudam a focar e na adaptação a diferentes níveis de iluminação; 
oo MMúússccuulloo ccaarrddííaaccoo: constitui a massa muscular de bombeamento do coração. O 
músculo cardíaco é encontrado apenas no coração (embora se possa estender um pouco nos 
grandes vasos que chegam e deixam esse órgão). 
 
 
CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDOOSS MMÚÚSSCCUULLOOSS QQUUAANNTTOO ÀÀ EESSTTRRUUTTUURRAA 
oo MMúússccuulloo eessttrriiaaddoo: o termo estriado refere-se à aparência listrada das células musculares 
ao microscópio. Este aspecto é uma pista importante para o funcionamento destes músculos a 
nível molecular. Os músculos esquelético e cardíaco são músculos estriados. Embora as células 
do músculo cardíaco sejam consideravelmente mais pequenas que as do músculo esquelético, 
a sua função é similar em muitos aspectos. Muitos dos detalhes do funcionamento do músculo 
esquelético foram aplicados também ao músculo cardíaco. Em adição, o músculo cardíaco 
também partilha similaridades funcionais com o músculo visceral; 
oo MMúússccuulloo lliissoo: as células do músculo visceral carecem das estrias encontradas noutros 
tipos de músculos e por isso são referidas como músculo liso. A sua estrutura microscópica 
fornece poucas pistas sobre a sua função, embora muitos aspectos dos seus processos internos 
se estejam a tornar melhor compreendidos. 
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CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDOOSS MMÚÚSSCCUULLOOSS QQUUAANNTTOO AAOO MMOODDOO DDEE AACCÇÇÃÃOO EE CCOONNTTRROOLLOO 
oo MMúússccuullooss vvoolluunnttáárriiooss: chamados assim devido à maioria dos movimentos do músculo 
esquelético (estriado) ocorrerem em resposta a um esforço consciente (desejado). Contudo, 
muitas acções do músculo esquelético, como respirar ou andar, são quase automáticos e são, 
portanto, desse modo, involuntárias. A base mais restrita para este tipo de classificação é que o 
músculo esquelético, no que toca à função, deve receber um sinal ou sinais específicos do SNC. 
Num acidente ou em caso de doença o músculo esquelético é desconectado do seu 
suprimento nervoso, resultando em paralisia; 
oo MMúússccuullooss iinnvvoolluunnttáárriiooss: ao contrário do referido acima, as acções da maioria dos 
músculos lisos (viscerais) são involuntários. Em muitos casos, essas acções involuntárias são 
iniciadas pelo sistema nervoso autónomo (SNA) em resposta a algum reflexo interno de ajuste 
que pode ter lugar automaticamente. O músculo liso é também capaz de agir sozinho, por 
vezes em resposta a factores hormonais ou ambientais. O músculo cardíaco também é um 
músculo involuntário, e não são requeridos sinais do sistema nervoso para iniciar ou manter a 
contracção. O coração continua a bater indefinidamente depois de todas as conexões 
nervosas ligadas a ele serem removidas, embora a taxa e a força do batimento cardíaco 
deixem de estar sob controlo nervoso externo. Devido a esta natureza autónoma especial do 
músculo cardíaco ele não é, normalmente, classificado como voluntário ou involuntário; 
oo MMúússccuullooss lliissoo mmuullttiiuunniittáárriioo: rigorosamente controlado pelo SNA e, como tal, não está 
sujeito ao controlo voluntário; 
oo MMúússccuulloo lliissoo uunniittáárriioo: compõe a maior parte dos nossos órgãos viscerais. Este tipo de 
músculo é menos estritamente controlado pelo sistema nervoso, e um grande número das suas 
células funcionam juntas como uma unidade única. 
 
 
CARACTERÍSTICAS MÚSCULO ESQUELÉTICO MÚSCULO LISO MÚSCULO CARDÍACO 
Localização Inserido nos ossos 
Paredes dos órgãos 
internos, vasos 
sanguíneos, olhos, 
glândulas e pele 
Coração 
Forma das células Muito longas e cilíndricas Em forma de fusos 
Cilíndricas e 
ramificadas 
Núcleo Múltiplos, com localização periférica 
Único, localização 
central 
Único, localização 
central 
Características 
especiais das junções 
celulares 
------------------------- 
As fendas sinápticas 
juntam diversas 
células de músculo 
liso visceral 
Os discos intercalares 
unem as células 
umas às outras 
Estrias Sim Não Sim 
Controlo Voluntário e involuntário (reflexos) Involuntário Involuntário 
Contracção 
espontânea Não Sim (em alguns) Sim 
Função Movimento corporal 
Mobiliza os alimentos 
no tubo digestivo; 
esvazia a bexiga, 
regula o diâmetro 
dos vasos 
sanguíneos, etc. 
Bombeia o sangue; 
contracções são a 
principal força para 
impulsionar o sangue 
nos vasos sanguíneos. 
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RREELLAAÇÇÃÃOO MMÚÚSSCCUULLOOSS EESSQQUUEELLÉÉTTIICCOOSS--OOSSSSOOSS 
Em termos mecânicos, o esqueleto trabalha com os músculos como um ssiisstteemmaa ddee 
aallaavvaannccaa. Grupos de músculos trabalham juntamente com ossos articulados permitindo uma 
maior amplitude de movimentos da que seria possível com os músculos apenas. 
Os músculos anexam-se aos ossos através de estruturas fortes de tecido conjuntivo 
designadas por tteennddõõeess. A união mais estacionária (e proximal) é chamada oorriiggeemm do músculo, 
e o outro fim (distal) é chamado de iinnsseerrççããoo. A porção central mais larga ou espessa de um 
músculo é chamada de bbaarrrriiggaa. Alguns músculos, o bíceps por exemplo, têm uma dupla origem 
e uma única inserção, enquanto outros têm uma origem estreita e uma inserção larga. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como a maior parte dos músculos esqueléticos está ligada aos ossos em ambas as 
extremidades, a aammpplliittuuddee ddoo mmoovviimmeennttoo do músculo é limitada pelo sistemaesquelético. 
Grandes quantidades de encurtamento muscular, podem afectar significativamente a 
quantidade de força que o músculo consegue exercer, e limitar a gama de encurtamento 
muscular ajuda a contrariar este efeito. No entanto, este arranjo também significa que o 
músculo deve exercer uma força maior na sua inserção do que aquela que é produzida no final 
do membro. 
Por exemplo, no antebraço humano, a alavanca é induzida no cotovelo. A mão está, 
aproximadamente, sete vezes tão longe da articulação como da inserção do bíceps, o que 
significa que se a mão segurar um objecto com 10 kg, os tendões dos bíceps devem exercer 
sete vezes mais força, 70 kg. Esta situação pode levar a sérios danos musculares e dos tendões 
em atletas e em pessoas que fazem trabalhos pesados. 
Por outro lado, isto significa que a mão se pode mover sete vezes mais rápido do que o 
bíceps se pode encurtar. Tal aumento de velocidade é, muitas vezes, valioso. Por exemplo, 
permite aos músculos da perna impulsionar o corpo a um nível alto de velocidade ou saltar mais 
alto do que a distância sobre a qual os músculos se podem encurtar. 
Na maioria das situações (especialmente nos membros), os músculos esqueléticos estão 
arranjados em ppaarreess aannttaaggóónniiccooss. Quando um músculo move uma articulação numa direcção 
(ex., fflleexxããoo, na qual a articulação fecha), outro músculo ou músculos movem a articulação na 
direcção oposta, para uma posição mais estendida (ex., eexxtteennssããoo). Este arranjo é necessário 
porque os músculos apenas podem contrair, puxar; não podem empurrar. 
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PPRROOPPRRIIEEDDAADDEESS DDOO MMÚÚSSCCUULLOO 
O músculo tem quatro características funcionais fundamentais: 
oo CCoonnttrraaccttiill iiddaaddee designa a capacidade que o músculo tem de se contrair, produzindo 
uma determinada força. Quando se contrai, o músculo move as estruturas a que está ligado ou 
aumenta a pressão no interior de um órgão oco ou vaso. Embora o músculo encolha 
forçadamente durante a contracção, o alongamento é passivo, isto é, a gravidade, a 
contracção de um músculos antagonista ou a pressão de um líquido num órgão oco ou vaso 
produzem uma força que actua no músculo encurtado, fazendo-o alongar-se; 
oo EExxcciittaabbiilliiddaaddee, é a capacidade que o músculo tem para responder a um estímulo. 
Normalmente, os músculos esqueléticos contraem-se em consequência da estimulação pelos 
nervos. O músculo liso e músculo cardíaco podem contrair-se sem estímulo exterior, mas 
também respondem à estimulação por nervos e hormonas; 
oo EExxtteennssiibbiilliiddaaddee significa que o músculo pode ser estirado até ao seu normal 
comprimento em repouso e, em dado grau, para lá desse comprimento. 
oo EEllaassttiicciiddaaddee, significa que, depois de serem estirados, os músculos retornam ao seu 
comprimento em repouso original. 
 
 
EESSTTRRUUTTUURRAA DDAASS FFIIBBRRAASS MMUUSSCCUULLAARREESS 
O músculo esquelético é composto por fibras musculares, associadas a pequenas 
quantidades de tecido conjuntivo, vasos sanguíneos, nervos e tendões. 
As fibras musculares são células do músculo esquelético e são bastante grandes em relação 
a outras células. São multinucleadas, com os núcleos localizados na periferia da célula. 
Num músculo intacto, as fibras 
musculares individuais estão rodeadas 
por uma camada delicada de tecido 
conjuntivo chamada eennddoommiioossiinnaa. 
Feixes de fibras musculares estão 
agrupados em ffaassccííccuullooss por um tecido 
conjuntivo chamado ppeerriimmííssiioo, e todo o 
músculo está coberto por uma camada 
de tecido conjuntivo chamada eeppiimmííssiioo. 
Durante o exercício físico, o músculo 
requer um fornecimento abundante de 
oxigénio e nutrientes e vê-se livre dos 
resíduos mais rapidamente. Portanto, o 
músculo é abundantemente abastecido 
por uma rede de vasos sanguíneos 
arranjados entre as fibras fazendo com 
que as células musculares não estejam 
muito longe dos vasos sanguíneos. 
Pedro Miguel Xarepe
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As membranas internas da fibra muscular são estruturas que participam no controlo da 
contracção e relaxamento e são constituídas por: 
oo SSaarrccoolleemmaa: cobertura exterior (membrana) da célula formada pela membrana 
plasmática e por uma camada fina de fibras de tecido conjuntivo; 
oo MMiiooffiibbrriillaass: preenchem o interior da fibra. São estruturas filamentosas, que se estendem 
de uma extremidade do músculo à outra; 
oo MMiiooffiillaammeennttooss:: são filamentos proteícos. Podem ser filamentos de actina ou de miosina; 
oo SSaarrccóómmeerrooss:: unidades básicas funcionais e anatómicas da contracção, constituídas 
pelos miofilamentos de actina e de miosina, que se unem topo a topo para formar miofibrilas; 
oo SSaarrccooppllaassmmaa:: citoplasma sem as miofibrilas; 
oo TTúúbbuullooss ttrraannssvveerrssaaiiss (ttúúbbuullooss--tt): conjunto de membranas de passagem alinhadas, 
extendido para dentro, desde o sarcolema até ao interior da célula. Os túbulos-t são uma 
extensão para dentro da membrana plasmática, e o interior do sistema des túbulos-t é contínuo 
com espaço extracelular; 
oo RReettííccuulloo ssaarrccooppllaassmmááttiiccoo (RRSS): conjunto de membranas em ângulos rectos com os 
túbulos-t e ao londo do sarcómero, intimamente associado com o sistema de túbulos-t. Ao 
contrário dos túbulos-t, o RS não está conectado com o espaço extracelular; contudo, está em 
contacto próximo com os túbulos-t devido a estes estarem ao longo de toda a fibra muscular. 
 
 
 
 
 
 
 
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EESSTTRRUUTTUURRAA DDOO SSAARRCCÓÓMMEERROO 
A porção central do sarcómero – bbaannddaa AA – é constituída por filamentos grossos de mmiioossiinnaa 
e as regiões laterais – bbaannddaa II – são constituídas por filamentos finos de aaccttiinnaa. A lliinnhhaa MM, que 
existe no meio da banda A, segura os filamentos grossos num alinhamento lado a lado. A lliinnhhaa ZZ, 
que existe no meio da banda I, serve para delinear a barreira do sarcómero, ligando as 
terminações dos filamentos finos de um sarcómero aos filamentos finos do sarcómero seguinte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MMIIOOFFIILLAAMMEENNTTOOSS EE PPOONNTTEESS CCRRUUZZAADDAASS 
Pontes cruzadas são projecções de filamentos grossos que se estendem em direcção aos 
filamentos finos. 
Os mmiiooffiillaammeennttooss ddee aaccttiinnaa (proteína globular), ou 
ffiillaammeennttooss ffiinnooss, têm aproximadamente 5,5nm de 
diâmetro, e juntam-se para formar uma estrutura parecida 
com uma cadeia de contas. Duas destas cadeias estão 
enroladas uma na outra para que o par forme uma meia-
volta a cada 7 monómeros de actina, fazendo com que 
os filamentos finos sejam estruturas helicoidais. 
Cada meia-volta está associada com outra proteína 
fibrosa, a ttrrooppoommiioossiinnaa, e cada uma destas moléculas estáassociada a um complexo proteico chamado ttrrooppoonniinnaa. 
Embora seja a actina dos filamentos finos que interage 
com as pontes cruzadas de miosina, os componentes do 
sistema troponina-tropomiosina (chamado de ccoommpplleexxoo 
pprrootteeiiccoo rreegguullaattóórriioo) tem uma função importante no 
controlo da contracção do músculo esquelético. 
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O mmiiooffiillaammeennttoo ddee mmiioossiinnaa, ou ffiillaammeennttoo ggrroossssoo, é composto por 300 a 400 moléculas de 
miosina. 
Cada molécula de miosina assemelha-se a um taco de golfe, sendo que numa das pontas 
apresenta uma cabeça dupla globular, a outra extremidade é designada por cauda. A porção 
da ccaabbeeççaa tem locais de ligação para o ATP e para a actina, e também apresenta duas 
moléculas que se denominam cadeias leves. 
Quando as moléculas de miosina se agrupam para formar um filamento grosso, as regiões da 
ccaauuddaa constituem a estrutura do filamento em si, enquanto as cabeças se projectam para os 
lados do filamento. As projecções das cabeças de miosina são o que forma as estruturas 
chamadas ppoonntteess ccrruuzzaaddaass. Devido à forma como as moléculas estão empacotadas, as 
cabeças projectam-se do filamento de um modo radial, e a projecção faz uma volta completa 
a cada 6 moléculas de miosina, formando uma hélice. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As regiões da cauda das moléculas em cada fim do filamento até ao centro, fazem o 
filamento grosso simétrico em relação ao seu centro, com as cabeças de miosina a apontar em 
direcções opostas. Isto é importante na criação de forças envolvidas na contracção porque, 
quando os dois conjuntos de filamentos estão agregados no sarcómero acção das cabeças de 
miosina puxa os filamentos de actina a partir de ambas as direcções. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CCOONNTTRRAACCÇÇÃÃOO MMUUSSCCUULLAARR 
Assim como nas células nervosas, as células musculares estão envolvidas por uma 
membrana plasmática electricamente excitável para produzir um potencial de acção. 
A estimulação ocorre normalmente pela acção dos neurónios motores que inervam o 
músculo voluntário. 
Após se ter produzido um potencial de acção, este vai-se propagar ao longo da fibra 
muscular. No entanto, como as células musculares não apresentam um revestimento de mielina, 
a propagação do estímulo é mais lenta do que nas células nervosas mielinizadas. 
Os potenciais de acção envolvem o 
sistema tubular-t. Os túbulos deste sistema 
penetram no interior da fibra ao nível de 
cada sarcómero, aproximando o espaço 
extracelular e a membrana plasmática do 
músculo ao interior da fibra. São as 
membranas dos túbulos-t que conduzem os 
potenciais de acção. Quando um potencial 
de acção passa ao longo da superfície da 
membrana, é também conduzido para o 
interior da fibra juntamente com os túbulos-t, 
atingindo as porções mais internas da célula. 
Com este mecanismo, consegue-se 
ultrapassar alguns problemas como a 
velocidade de difusão e a fraqueza das 
correntes da membrana. 
Os túbulos-t entram em contacto com o 
retículo sarcoplasmático, que é um sistema 
membranar que armazena e liberta os iões 
Ca2+ que controlam a actividade contráctil 
do músculo. No músculo em repouso, há uma 
grande quantidade de Ca2+. Os iões Ca2+ 
encontram-se dentro de cisternas, que 
formam uma rede complexa com o RS. A 
junção entre um túbulo T e a cisterna de dois 
sarcórmeros adjacentes (tríade) é o local 
onde o sinal eléctrico do exterior da fibra 
comunica com o interior. 
 
 
 
 
 
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Quando o sinal eléctrico passa, o RS liberta o Ca2+ para o citoplasma perto dos 
miofilamentos, onde a concentração em cálcio é, em repouso, normalmente baixa. Os iões 
fazem com que os miofilamentos passem de um estado de repouso para um estado activo. 
Aqui, os iões ligam-se à troponina, provocando uma alteração conformacional na molécula 
que, por sua vez, faz com que a tropomiosina mude de localização no filamento de actina, 
permitindo uma interacção entre os monómeros de actina e a miosina por pontes cruzadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O movimento iónico que produz uma contracção muscular resultante da formação de 
pontes cruzadas entre os filamentos de actina e miosina obedece a um gradiente de 
concentração via bomba de Ca2+ dependente de ATP. 
O ciclo das pontes cruzadas ocorre da seguinte forma: 
11.. No músculo esquelético em repouso, uma molécula de ATP está ligada à cabeça de 
cada molécula de miosina que potencialmente pode formar uma ponte cruzada com um 
filamento de actina. A molécula de ATP é desfosforilada em ADP + Pi. Na presença de iões Ca2+, 
a cabeça de miosina liga-se ao filamento de actina e o ião fosfato que resultou da 
desfosforilação do ATP é libertado; 
22.. À medida que a energia da molécula de ATP é libertada, o ângulo de ligação entre os 
filamentos torna-se mais pequeno, provocando o deslizamento do filamento de actina para o 
centro do sarcómero, e a libertação do ADP da miosina; 
33.. Só quando uma nova molécula de ATP se liga à miosina ou o Ca2+ é removido é que a 
ponte cruzada se pode desligar da actina e tornar-se pronta para um novo ciclo; 
44.. Desde que continue a existir ATP e iões Ca2+, o processo cíclico de formação das pontes 
cruzadas pode ocorrer. Quando o ATP (na forma ADP + Pi) se liga à cabeça da miosina dá 
origem à ponte cruzada; 
Ciclos repetitivos de formação de pontes cruzadas permitem que a actina deslize cada vez 
mais no filamento de miosina, resultando no encurtamento do músculo. 
 
 
 
 
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Pedro Miguel Xarepe
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Pedro Miguel Xarepe
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RREELLAAXXAAMMEENNTTOO MMUUSSCCUULLAARR 
O relaxamento do músculo está associado à entrada dos iões Ca2+ de volta para o retículo 
sarcoplasmático por transporte activo, ou seja, também no relaxamento há consumo de ATP. 
O complexo troponina-tropomiosina restabelece a sua posição inicial, bloqueando os locais 
activos da actina. Como consequência, as pontes cruzadas não se podem formar, e o músculo 
relaxa. 
 
 
CCOONNTTRRAACCÇÇÃÃOO IISSOOMMÉÉTTRRIICCAA 
Na contracção isométrica não há alteração do comprimento do músculo. 
Em condições laboratoriais, pode-se provocar no músculo esquelético qualquer tipo de 
contracção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na contracção isométrica, o músculo é preso a um dispositivo chamado ttrraannssdduuttoorr ddee ffoorrççaa, 
que produz um sinal eléctrico que varia numa proporção directa à força

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