Buscar

versão final acordo de acionistas

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Universidade São Judas Tadeu
Aluna: NAYARA PAZ DE MOURA, R.A.: 201411714 
Turma: 4MCB – Matutino.
Direito Empresarial
Tema: Acordo de Acionistas
Primeiramente a Lei 6.404/76 dispõe que:
Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembléia-geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; e b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia. Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender.
Art. 116-A. O acionista controlador da companhia aberta e os acionistas, ou grupo de acionistas, que elegerem membro do conselho de administração ou membro do conselho fiscal, deverão informar imediatamente as modificações em sua posição acionária na companhia à Comissão de Valores Mobiliários e às Bolsas de Valores ou entidades do mercado de balcão organizado nas quais os valores mobiliários de emissão da companhia estejam admitidos à negociação, nas condições e na forma determinadas pela Comissão de Valores Mobiliários.
Ou seja, pode ser conceituado o acionista controlador como a pessoa natural ou jurídica, ou grupo de pessoas vinculadas por meio de acordo de acionistas ou sob o controle comum, que possua direitos de acionista que assegurem, de modo permanente, a preponderância nas deliberações sociais e, consequentemente, o poder de eleger a maioria dos administradores, exercendo o domínio sobre o funcionamento da sociedade, em função do exercício desse poder. O fator fundamental é o exercício do direito de voto.
As relações entre os acionistas de uma sociedade se encontram no campo do direito privado e a princípio produzem efeitos entre as partes contratantes, de modo que para que haja a produção de efeitos perante a sociedade, devem ser arquivados na sede da companhia, e para produzirem efeitos em relação a terceiros, os acordos devem ser averbados nos livros da sociedade e nos certificados das ações, se estes foram emitidos.
A nossa legislação disciplina dois tipos de acordo: os atinentes ao voto e os chamados acordos de bloqueio, que têm por objeto a compra e venda de ações, bem como o direito de preferência para sua aquisição.
Os acordos de bloqueio têm por finalidade impor restrições à negociação das ações atuais e futuras dos acionistas convenentes, normalmente proibindo a alienação das ações pelo tempo do contrato, ou impondo um direito de preferência recíproco entre as partes do acordo. Tal modalidade pode ser firmada por acionistas de companhias fechadas ou abertas, nessas impedindo a negociação no mercado das ações de titularidade dos membros do acordo.
Deste modo é visível que a finalidade dos acordos de bloqueio é a manutenção ou o aumento das proporcionalidades acionárias dos pactuantes, evitando o ingresso de estranhos na companhia, bem como evitando a modificação da participação dos contratantes. Tal tipo de convenção entre os acionistas está normalmente ligado a uma disciplina do poder de controle da própria companhia. Havendo descumprimento do acordo, os membros prejudicados podem promover a execução específica do acordo, obtendo exatamente o que ele obteria com o adimplemento deste. 
Já os acordos de voto visam à organização prévia da atuação dos contratantes nas assembleias gerais. Normalmente, os acordos de voto estão ligados à realização de uma reunião prévia entre os membros para definir de antemão como será a sua atuação na assembleia geral. Não se trata da venda do direito de voto, mas de uma organização do seu exercício, a fim de organizar e manter o controle de uma companhia.
A limitação da referida espécie de acordo é que só pode ser feita quando o voto é uma declaração de vontade do acionista e não uma declaração de verdade, isto porque a verdade não é um bem disponível, suscetível de acordos. Ainda, o acordo de votos não exime o acionista da responsabilidade pelos votos prolatados em desatenção a quaisquer deveres, que lhe são impostos.
A lei brasileira permite, em seu artigo 126, que o voto na assembleia geral seja exercido por procurador, o que permite que nos acordos de acionistas todos os membros possam constituir um procurador comum, garantindo efetivamente a unidade na votação. 
O acionista pode ser representado na assembléia-geral por procurador constituído há menos de 1 (um) ano, que seja acionista, administrador da companhia ou advogado; na companhia aberta, o procurador pode, ainda, ser instituição financeira, cabendo ao administrador de fundos de investimento representar os condôminos. 
Mesmo não lançando mão da constituição de procuradores, o acordo de acionistas
goza de uma proteção especial na lei brasileira, o que assegura de forma bastante razoável sua efetividade, como visto uma vez arquivado na sede da companhia, tal acordo produz efeitos em relação a esta. Modesto Carvalhosa leciona que a sociedade deve considerar nulo o voto dado em desconformidade com o acordo, uma vez que a sociedade não pode se substituir à vontade do acionista, mas deve observar o constante do acordo arquivado na sua sede, e confirmando o referido posicionamento o artigo 118 da Lei 6.404/76, consagrada pelo novo § 8 que “o presidente da assembleia ou do órgão colegiado de deliberação da companhia não computará o voto proferido com infração a acordo de acionistas devidamente arquivado.”
Porém, a desconsideração do voto contrário ao acordo nem sempre é suficiente para satisfazer os interesses das outras partes da avença, uma vez que o voto no sentido contratado poderia ser primordial para se alcançar o quórum necessário à aprovação de determinada matéria. Com o intuito de garantir um cumprimento efetivo do acordo, isto é, da obrigação de fazer assumida pela parte, a lei prevê a possibilidade da sua execução específica, seja do acordo de voto, seja do acordo de bloqueio, de modo que o acionista prejudicado poderá obter exatamente o que obteria com o cumprimento do acordo.
Os membros do acordo obtêm judicialmente exatamente o que obteriam com o cumprimento do acordo, ou seja, este tipo de contrato é uma das mais eficientes formas de disciplina e manutenção do controle societário.
Corroborando com tal eficiência havendo abstenção do acionista, é permitido que os acionistas prejudicados votem com as ações daqueles ausentes ou que se abstiveram. Importante salientar que não se trata de poder excessivo assegurado aos acionistas, mas de medida que toma mais célere a atuação do acordo de acionistas no mundo prático. Tal situação não vai de encontro a uma vontade manifestada em sentido contrário pelo acionista, mas preenche sua omissão em atender aos termos de um acordo.
Trata-se de uma autotutela criada pela lei, que constitui um meio legítimo e eficaz de impedir que os dissidentes da maioria obstruam a eficácia do acordo, portanto, a lei cria um mandato legal para os demais membros do acordo na hipótese de omissão. 
A obrigação de seguir a orientação do acordo decorre diretamente do poder do controlador em dirigir as atividades e orientar o funcionamento dos órgãos sociais. Assim sendo, o controlador individual ou o grupo de pessoas ligadas pelo acordo de acionistas pode predefinir a atuação dos membros do conselho ou da diretoria, efetivamente dirigindo os ramos da sociedade, obedecendo aos limites da legalidade e do interesse da companhia. Os administradores não são meros seguidores da decisão dos controlados; eles devem atentar aos seus deveres e, primordialmente, ao interesse da companhia. Tal forma de vinculação do conselho de administração ou da diretoria
é perfeitamente legal, pois não contraria os deveres dos membros da administração da sociedade. O administrador tem deveres, os quais são os limites que pautam a sua atuação, vale dizer, obedecidos os deveres legais, a formação da sua atuação é livre, deste modo o administrador, ligado ao acordo de acionistas, não está obrigado a seguir todas as decisões do acordo, mas apenas aquelas que não contrariam a lei, o estatuto e o interesse da companhia. Fora dessas hipóteses há a vinculação ao teor da decisão do acordo de acionistas, cabendo inclusive ao presidente do órgão de deliberação desconsiderar o voto contrário ao decidido pelo acordo, desde que o acordo esteja arquivado na sede da companhia.
A lei permite que o representante dos acionistas prejudicados vote pelo administrador ausente ou omisso, eleito nos termos do acordo de acionistas, pois os acionistas que elegem determinado conselheiro podem substituir a vontade deste, não quando este não atenta aos interesses do grupo, mas quando este não se encontra presente ou quando se abstém, vale dizer, quando este não exerce de modo algum a sua função. Há a atribuição de uma espécie de mandato legal, cuja aplicação depende da omissão do conselheiro e cujo mandatário será outro membro do órgão eleito pelo acordo de acionistas. Tal autotutela é legítima e extremamente eficaz que não afasta o acesso ao poder judiciário, mas permite uma atuação direta dos termos do acordo, independentemente de qualquer provimento jurisdicional.
Assim, a legislação reconhece e reforça o poder dos acordos de acionistas, permitindo inclusive a substituição da vontade dos membros do conselho de administração ou da diretoria, ausentes ou omissos pelos representantes dos membros do acordo. Se normalmente cumprido, os acionistas acordantes podem divergir e decidir abandonar o acordo essa possibilidade de saída do acordo, é regida pelas mesmas regras atinentes aos contratos em geral, tendo em vista a natureza jurídica do acordo.
Se o prazo do acordo é determinado, só se permite a saída dos acordantes ao fim do prazo ou, nos termos da avença, entendido como contrato de prazo determinado aquele que possua termo final ou condição resolutiva. Sendo o prazo indeterminado, é admitida a denúncia pura e simples do contrato, com a saída do acionista pela sua simples vontade, a perpetuidade não se coaduna com a natureza contratual do acordo.
O STJ decidiu que é “admissível a resolução do acordo de acionistas por inadimplemento das partes, ou de inexecução em geral, bem como pela quebra da affectio societatis, com suporte na teoria geral das obrigações”. Todavia, nesta mesma decisão o STJ já admitiu a aplicação da teoria geral das obrigações ao acordo de acionistas. Seja de voto, seja de bloqueio, o acordo é um contrato, podendo-se distinguir a sua natureza unilateral, bilateral ou plurilateral, não se pode negar a submissão aos princípios gerais dos contratos, observadas logicamente as peculiaridades inerentes ao acordo. Dentre os princípios gerais atinentes aos contratos, é assente a possibilidade de denúncia unilateral dos contratos por prazo indeterminado. Não se pode permitir que o pacto tome imutável a organização do poder societário por um período de tempo indefinido. A lei das sociedades por ações é expressa ao afirmar que o acordo de acionistas cujo prazo for fixado em função de termo ou condição resolutiva somente pode ser denunciado segundo suas estipulações. Ora, se houver termo ou condição resolutiva, a denúncia do contrato só pode ser feita nos termos do mesmo. Assim sendo, a contrário sensu, pode-se afirmar que, se não houver termo ou condição, ou seja, nos acordos por prazo indeterminado não sujeitos à condição, os convenentes podem denunciá-lo unilateralmente a qualquer tempo, como ocorre em princípio com os contratos em geral.
Rerências Bibliográficas:
TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: teoria geral e direito societário. 5. ed. - São Paulo : Atlas, 2013. e
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando