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01 ESCOLA DA EXEGESE

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Escola da Exegese 
Contexto Histórico 
• A Escola da Exegese surgiu no início do século XIX em meio ao caos político e social da 
França revolucionária. Nessa época, as diversas trocas de governo no Estado Francês, 
principalmente durante o período do Terror, provocaram uma grande desordem no 
ordenamento jurídico deste país, o que causava grandes prejuízos aos negócios da classe 
social mais favorecida pela Revolução: a burguesia.
• Contudo, com a ascenção de Napoleão Bonaparte ao poder, a burguesia patrocinou a criação 
de um código civil que consolidou as conquistas burguesas da Revolução e que trouxe ordem 
e segurança ao ordenamento jurídico francês. Nascia, assim, o Código Napoleônico. Sobre ele,
Norberto Bobbio 
• O Código Napoleônico, então, é o marco para uma nova tradição jurídica, principalmente 
devido ao seu art. 4°, que pela primeira vez exclui a possibilidade do juiz abster-se de 
decidir. 
Art. 4º: O juiz que se recusar a julgar sob o pretexto do silêncio, da 
obscuridade ou da insuficiência da lei, poderá ser processado como 
culpável de justiça denegada; 
• Vários jusconsultos renomados, como Chaïm Perelman e Bonnecase, dividem a Escola da 
Exegese em três fases. 
1. A primeira ocorreu desde a outorga do Código Napoleônico até meados da década de trinta 
do século XIX. Durante esse período, houveram a instauração da Escola da Exegese e a 
definição das suas características elementares. 
2. A segunda fase iniciou-se logo após a primeira e durou até os anos oitenta do século XIX. 
Nela, ocorreu o período áureo da Escola da Exegese, sendo publicadas, nessa época, as 
principais obras dessa corrente hermenêutica. 
3. A última fase deu-se de 1880 até os últimos anos do século XIX, quando ocorreu o declínio 
da Escola da Exegese e a ascenção de um novo jusnaturalismo 
• Pelos aspectos apresentados até agora, podemos inferir que os defensores da Escola da 
Exegese não aceitavam a existência de lacunas na lei, pois, por ser fruto da razão, ela 
alcançaria todo o ordenamento jurídico. Temos aqui um dos pilares da Escola da Exegese: a 
Teoria da Plenitude da Lei. 
• O argumento fundamental que guia os operadores do direito no seu raciocínio jurídico é o 
princípio da autoridade [grifo do autor], isto é, a vontade do legislador que pôs a norma jurídica;
pois bem, com a codificação, a vontade do legislador é expressa de modo seguro e completo e
aos operadores do direito basta ater-se ao ditado pela autoridade soberana.
• A grande influência de Montesquieu nesse movimento de codificação é representada na 
doutrina da separação dos poderes, que justifica filosoficamente a fidelidade ao Código
• Para a Escola da Exegese, o juiz não poderia usar outro tipo de interpretação a não ser a 
léxica, pois, se o jurista utilizasse outro sistema interpretativo, ele estaria legislando 
indiretamente e, desse modo, adentrando a um domínio que pertenceria ao poder 
legislativo. 
• O juiz deveria ser, portanto, somente a boca através da qual fala a lei. 
• A Escola da Exegese também pregava o Estado com a única fonte do direito, pois todo o
ordenamento jurídico seria originado da lei e, esta, por ser proveniente do legislador, teria 
como origem o Estado, ou seja, das fontes formais do direito atualmente aceitas pelo 
ordenamento jurídico brasileiro, somente a lei era admitida como fonte do direito. 
• No que discerne a aplicação do direito, a Escola da Exegese pregava a concepção silogística. 
Tal entendimento, influenciado pelas idéias de Montesquieu, via o direito como possuidor de 
três elementos básicos: o fato, a norma e a sentença. 
• Outra importante fato a respeito da Escola da Exegese foi o seu caráter pioneiro no que 
discerne à divulgação do positivismo jurídico. Uma das principais características dessa 
corrente jurídico-filosófica é o principio da adoção da onipotência do legislador. 
• Percebemos, pois, a importância dos integrantes da Escola da Exegese, os primeiros 
intérpretes do Código Napoleônico, na divulgação do positivismo jurídico francês. Contudo, é 
válido ressaltar que esta escola não foi a responsável pela criação desta corrente jurídico-
filosófica, mas, somente, a sua principal difusora na França pós-revolucionária. 
• Umas das características da Escola é a inversão das relações tradicionais entre direito natural
e direito positivo 
• O direito natural não é negado, mas perde seu valor e teor prático, porque princípios 
absolutos só podem ser ditados pelo direito positivo, ao qual exclusivamente se deve dirigir 
o jurista
• Além do direito natural, também há a negação de todo direito positivo diferente daquele 
posto pela lei, como o direito consuetudinário, judiciário, cientifico etc.
• Ou seja, das fontes formais do direito atualmente aceitas pelo ordenamento jurídico 
brasileiro, somente a lei era admitida como fonte do direito.
• Um postulado essencial aos exegéticos é a interpretação da lei fundada na intenção do 
legislador. 
• A interpretação do direito seria a busca da vontade do legislador naqueles casos de 
obscuridade ou lacuna de lei, já que a própria lei é compreendida como manifestação escrita 
da vontade do Estado na figura de quem legisla. 
• A Escola da Exegese não foi a responsável pela criação da corrente positivista jurídico-
filosófica, mas foi sua difusora na França pós-revolucionária.
• A Escola da Exegese não foi a responsável pela criação da corrente positivista jurídico-
filosófica, mas foi sua difusora na França pós-revolucionária.
• Por isso, a Escola é a principal manifestação do positivismo avalorativo, estatal e legalista, 
predominante na Europa no início do século XIX.
• Segundo seus ideias “se a lei é plena, se ela contém todo direito, então a simples inteligência
das palavras da lei e o seu espírito é o suficiente”.
• Apesar da grande importância histórica e intelectual da Escola de Exegese, sua forma de 
interpretação da lei recebeu muitas críticas por ser superficial e reduzida.
• Afinal, além da lei, são necessárias outras fontes do direito, sejam as de ordem formal, como
o costume jurídico, a jurisprudência, a doutrina; sejam as de ordem material, como a 
situação política, econômica e social da população.
• A característica estática dessas teorias as impede de se adaptar a novas realidades sociais, 
fazendo com que seus códigos possuam vigência limitada, pois, logo após algum tempo, 
perdem sua efetividade e legitimidade
• Por isso, o declínio da Escola da Exegese coincidiu com o desenvolvimento industrial, 
social e econômico, com situações que revelaram a insuficiência dos códigos.
• No ordenamento jurídico brasileiro há alguns conceitos advindos da Escola de Exegese: 
➔ Ênfase na importância da lei na busca pela segurança jurídica
➔ A importância na criação do conceito de estado democrático de direito e o fortalecimento 
do princípio da legalidade
➔ A inspiração no art 4º do Código Napoleônico traz uma das maiores máximas do direito 
brasileiro: a impossibilidade do juiz poder se eximir de julgar um caso alegando uma insuficiência 
da lei.
➔ Tal princípio pode ser exemplificado pelo artigo 126º do Código de Processo Civil: “Art. 
126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. 
No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à 
analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito.”

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