Buscar

coação_e_sanção

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

*
SANÇÃO
& COAÇÃO
*
Considerações
Toda norma ou toda regra tem a característica de ser cumprida – ou seja, considerando-se uma regra, espera-se que haja uma obediência.
Entretanto, quando tal norma, tal regra, não é observada, mister a previsão de punições e mecanismos de efetivar tais punições.
*
Conceito de Sanção
A sanção assume um papel de pena, punição, castigo, com um OBJETIVO, qual seja de NEUTRALIZAR – DESFAZER – REPARAR, um mal causado por um ato. (consciência da obrigatoriedade da norma)
Assim, tem-se que SANÇÃO JURÍDICA é Conseqüência jurídica danosa, prevista na norma, aplicável no caso de sua inobservância, não desejada por quem a transgride, sendo-lhe aplicável pelo poder público competente.
*
DISTINÇÃO DA SANÇÃO
Quanto ao objetivo:
Sanção pré-fixada (jurídica), observada em regras de conduta (CC e CP)
Sanção difusa/incerta (moral, religião, trato social), podendo causar:
Sanção individual e interna: consciência, satisfação/desgosto, arrependimento/vergonha
Sanção externa: opinião pública, desprezo, estima e desconsideração. 
Quanto ao sentido jurídico:
Sentido amplo – forma de garantir o cumprimento/observação da NORMA/regra.
Sentido estrito - aprovação (processo legislativo);
*
DA SANÇÃO DIFUSA À PRÉ-FIXADA
Da AUTOTUTELA à HETEROTUTELA
*
 
A sanção nos tempos pretéritos era difusa pois, proveniente de normas morais. Somente com o aprimoramento da vida jurídica, NUM VERDADEIRO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO SOCIAL, é que a sanção passa a ser pré-determinada / pré-fixada / organizada.
Entretanto, mesmo com a organização da SANÇÃO JURÍDICA, a sanção em tempos pretéritos poderia ir além da gravidade do ilícito, podendo corresponder ao espírito de vingança (dente por dente, olho por olho)
HAVIA um predomínio da JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS.
Com a evolução do SENTIMENTO JUSTIÇA, a autotutela vai cedendo espaço para a heterotutela – PERCEBE-SE QUE É INADMISSÍVEL O OFENDIDO FAZER JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS.
Percebe-se que a heterotutela garante maior proporção entre o dano e a reparação.
Percebe-se a necessidade de um órgão “super partes” para a aplicação da sanção
GRADATIVAMENTE houve a substituição da pena privada pela pena pública, quando a intenção e a ideia eram de que a sanção não poderiam ir além da gravidade do ilícito. 
O Estado passa a ser o distribuidor de justiça reparadora e repressiva – há na verdade uma verdadeira organização da sanção
Verifica-se que a sanção acompanha a evolução do próprio direito.
RESQUÍCIOS da AUTOTUTELA: o desforço imediato (ataque à posse); a legítima defesa. A explicação nesses casos é o problema da imediatidade da situação, quando não haveria tempo hábil para se recorrer ao Estado.
*
LOCALIZAÇÃO DA SANÇÃO JURÍDICA 
NA NORMA JURÍDICA, especificamente formada de:
Preceito: onde se está estabelecida uma conduta
Sanção: onde se está estabelecida uma pena
Dessa forma, é possível se observar que a característica de ORGANIZAÇÃO DA SANÇÃO somente é visível quando se trata de NORMA JURÍDICA, em função de ser PRÉ-FIXADA.
*
Art. 121 do código penal
Homicídio simples
Art 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
*
Art. 927 do código civil
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
*
Espécies de Sanção
Quanto ao ramo do direito
Quanto à natureza 
*
Quanto ao ramo do direito
Civis: nulidade de ato irregular, condenação pecuniária, prescrição, etc.
Penais: penas privativas de liberdade (reclusão, detenção e prisão simples), penas restritivas de direito (prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana), e pena de multa.
Administrativas: multas, apreensão de mercadorias, interdição de estabelecimentos, penas disciplinares.
Processuais: condenação em custas, honorários, absolvição da instância, revelia, preclusão de prazos, pena de confesso.
Fiscais, comerciais, trabalhistas.
*
Quanto à natureza
Restitutivas: visam à reposição das coisas no estado anterior em que se encontravam antes da violação da norma. Restabelecem o status quo ante, p.e, direito civil: perdas e danos, 
Compensatórias: abrangem indenização ou reparação de dano.
Repressivas: constituem as penas em geral do direito penal. Destaca-se a sanção penal, bem como a prisão civil, a perda do pátrio poder; 
Advenientes: incúria, abandono, desídia, as quais consistem na perda de um direito (prescrição, revelia, decadência, pena de confesso, preclusão dos prazos, absolvição de instância etc.)
Preventivas: visam a evitar a repetição de crimes, privando o delinqüente perigoso de sua liberdade, para reeduca-lo em estabelecimentos penais ou privando-o do exercício de uma profissão direito pena (medida de segurança) por motivos de precaução. 
Executivas: obriga o faltoso a cumprir com a obrigação através da execução forçada.
Extintivas: extinguem relações jurídicas e direitos pela ocorrência de prescrição ou de decadência.
COATIVAS: existe o uso da força, para a aplicação da sanção pelo “Estado” – prisão, despejo, etc.
NÃO COATIVAS: não há necessidade do uso da força para aplicação da sanção – prescrição, nulidade de ato, revelia, etc.
*
COAÇÃO
Acepções do termo
COAGIR – CONSTRANGER, FORÇAR.
Coação, portanto, é sinônimo de força ou até de violência/crime.
Entretanto, quando a norma jurídica não é observada ou quando se pretende não observar, a coação se reveste da FORÇA do Direito, muitos consideram, ainda, o DIREITO PROPRIAMENTE DITO, uma vez que, “O DIREITO SEM A FORÇA É FOGO QUE NÃO QUEIMA, É LUZ QUE NÃO ILUMINA”.
*
CONCEITO 
É a pressão sobre os indivíduos ou sociedade para que se comportem sob determinada maneira ou, para que não pratiquem determinadas condutas. Essa pressão é, a princípio, psicológica e, possivelmente efetiva ou material, em caso de transgressão da norma.
A coação é entendida como força organizada para se estruturar e cumprir o direito – Miguel Reale revela que: “a astúcia do direito consiste em valer-se do veneno da força para impedir que ela triunfe”.
*
Espécies de coação
COAÇÃO JURÍDICA
Ao contrário do que se imagina, a coação existe sem que haja violação da norma.
COAÇÃO PSÍQUICA - ANTES DA TRANSGRESSÃO DA NORMA = COERÇÃO - há o medo/receio das conseqüências da norma jurídica. Maria Helena Diniz defende que a coação não é privativa da norma jurídica, mas, quando tem o mesmo aspecto de coerção, quando atua no psíquico do indivíduo, é possível se afirmar que normas de ordens morais ou religiosas têm essa característica. Ou seja, sob o ponto de vista de pressão psicológica é que coação tem o mesmo aspecto de coerção.
COAÇÃO MATERIAL – APÓS A TRANSGRESSÃO DA NORMA. Como já argumentado, a norma é coercitiva e não coativa. Na verdade, na área do Direito, trabalha-se com a POSSIBILIDADE DA COAÇÃO – A característica é da COERCIBILIDADE, ou seja, a Coerção revela eficácia preventiva. Entretanto, nesse sentido de coação material, ela ainda é física e mental – quando ocorre o uso da força (física ou mental). 
*
Conclusão
Coação e desenvolvimento social.
Gusmão DESTACA: o nível de transgressão da norma é um termômetro do desenvolvimento social de um povo. “Quanto mais educado for um povo, quanto mais civilizado e quanto mais justo for o direito, menos o uso da coação física terá de fazer a autoridade pública”.
Quanto maior o uso da coação, mais desestruturado o Estado.
A doutrina aponta que o mundo jurídico ideal:
a) nunca fosse necessário o uso da coação;
b) as normas seriam sempre cumpridas;
c) o direito operasse apenas com a observação das normas.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais