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Relatório 09 04

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UNIVERSIDADEESTADUAL PAULISTA
 “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
 Campus de Assis
História Antiga I
Relatório
Professor: Fernando Candido
Nome: Carla Beneli
1º Ano – Diurno
Assis – Abril de 2012
“Escrever é poder”
Carla Beneli
 Mesopotâmia, uma região que se beneficiou de uma excelente situação geográfica. Muitos foram os povos que formaram a civilização mesopotâmica: Sumérios, Acádios, Amoritas, Cassitas e Caldeus entre outros. Todos contribuíram para a formação de uma herança geral.
 Na organização política encontramos na região os primeiros exemplos de cidades-estados. A herança tecnológica incluía o arado e a roda de oleiro, mas também a roda que vem dos inícios da história mesopotâmica. O conceito de escrita é uma outra invenção, mesmo a técnica cuneiforme não sendo mais usada a tempos.
 A escrita foi, sem dúvida, a maior contribuição civilizacional mesopotâmica. O cuneiforme é o sistema mais antigo de escrita até hoje conhecido. Na sua forma primitiva a escrita cuneiforme foi uma espécie de escrita figurativa, com a incomodidade decorrente da pictografia. As mais antigas inscrições encontradas são em Uruk, pictográficas na maneira mais simples, não contendo qualquer ideograma.
 O cuneiforme só veio a alcançar a perfeição como escrita nas mãos dos escribas, cuja caligrafia ainda hoje é admirada. Foi graças a essa escrita que as bibliotecas e arquivos foram possíveis.
 Seguindo este caminho, pode citar a obra de Jack Goody, A lógica da escrita e a organização da sociedade, onde Goody defende a tese de que a introdução da escrita nas sociedades humanas provocou grandes mudanças nas suas estruturas. A abordagem é essencialmente antropológica com, interesses na cultura, identidade e religião. 
 Apesar de partir do “selvagem-civilizado”, Goody se coloca contra as duas posições extremas: nega a visão etnocêntrica, que estabelece a diferença entre letrados e iletrados, ao mesmo tempo em que denuncia a ingenuidade da crença no relativismo cultural. 
 Uma das razões porque a escrita era tão útil no comércio estudado estaria na sua capacidade de armazenar informações ao longo do tempo, fazendo com que a “memória” obtivesse mais credibilidade. Falando sobre memória, podemos destacar um trecho muito interessante sobre uma obra de Jaques Le Goff, História e Memória, “...A memória onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e futuro. Devemos trabalhar de forma a que a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens...” Cap.8 – Memória - p. 477.
 Seguindo uma outra vertente, temos Yosef Hayim Yerushalmi, que em Zakhor: história judaica e memoria judaica, diz que o historiador é o guardião da historia, mas que no discorrer da obra torna-se um tanto contraditório, pois, o autor fez questão de enfatizar a diferença entre a história e a memória judaica. É estranho porque o historiador de hoje, munido de muitos de métodos e restrições, não se assemelha, nem quer se assemelhar, ao profeta, no caso judeu, tradicional guardião da memória.
 Dando continuidade ao raciocínio, podemos pegar como exemplo de escrita, para a contribuição da memória para os dias hoje, a Bíblia, que em A arte da narrativa bíblica, de Robert Alter, o autor enfatiza não partilhar de um agnosticismo moderno para o qual o sentido literário último de um texto deva ser suspenso ou até mesmo impossível. Tampouco ele compartilha de uma opinião corrente acerca do relativismo de qualquer posição crítica. Pensando na ideia segundo a qual a crítica possa oferecer ferramentas úteis para as análises de outros textos, o crítico norte-americano conclui seu livro propondo uma sinopse das principais categorias que presidiram o exame dos textos bíblicos: palavras, ações, diálogo e narração.
 É no mínimo curiosa a situação da leitura contemporânea dos textos bíblicos de uma perspectiva literária. Houve um tempo para o qual a qualificação do literário prestava suas honrarias incontestes ao mundo bíblico. As categorias desse mundo pareciam organizar o material artístico e até mesmo hierarquizá-lo. Porém, hoje as supostas técnicas literárias são o que parecem qualificar e tornar legível tal mundo. É difícil não citar o poder influenciador da Bíblia, em relação ao que se chama habitualmente de literatura, devia-se justamente ao fato dela ser algo totalmente diferente da literatura.
 Voltando para a situação daquela época citada no começo deste texto, com o passar dos anos, todas as civilizações se viram necessitadas a registrar suas ações do cotidiano, como conquistas, festas, rituais, etc. com um grande numero de povos, a escrita, a cada vez mais, veio se tornando uma necessidade para as civilizações. Então, passaram a criar símbolos para poder representar as coisas e, cada vez mais, esses símbolos foram sofrendo modificações. A escrita foi um dos principais instrumentos para a grande evolução da humanidade, devido ao grande numero de sociedade, surge essa necessidade de comunicação.
 Portanto, temos em mente essa importância, mas como tudo tem seu lado ruim, a escrita tem o seu, pois a escrita foi e é a responsável ambição e desigualdade do Planeta, porque através dela criaram-se leis e normas. O que não deveria acontecer é que algumas que têm mais domínio da escrita acabam desvalorizando as pessoas que não tem um domínio da escrita alfabética, mas que dominam suas próprias escritas, que acaba sendo desvalorizada e às vezes extinta pela influencia da escrita alfabética.
Bibliografia utilizada para elaboração de relatório:
ALTER, Robert. A arte da narrativa bíblica.São Paulo: Cia das Letras, 2007.
GOODY, Jack. A lógica da escrita e a organização da sociedade. Lisboa: Edições 70, 1987.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1990.
LEMAIRE, Andre. “Escrita e línguas do Oriente Médio Antigo.” In: VVAA. Escritos do Oriente Antigo e fontes bíblicas. São Paulo: Paulinas, 1992.
LIVERANI, Mário. El Antiguo Oriente: historia, sociedade y economia. Barcelona: Crítica, 2008.
YERUSHALMI, Yosef Hayim. Zakhor: história judaica e memória judaica. Rio de Janeiro: Imago, 1992.
 Assis, 09 de abril de 2012.

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