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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENS1

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS 
GRADUANDA EM POLÍTICAS PÚBLICAS ROBERTA R. BASTIANINI
Em seu livro: “O neoliberalismo história e implicações”, David Harvey tem como objetivo central explicar a definição do neoliberalismo e quais foram os acontecimentos e desdobramentos da nova ordem capitalista mundial a partir do ano de 1968 até os dias atuais.
Ele define que o neoliberalismo é:
“Uma teoria das práticas político-econômicas que propõe que o bem-estar humano pode ser melhor promovido liberando-se as liberdades e capacidades empreendedoras individuais no âmbito de uma estrutura institucional caracterizada por sólidos direitos a propriedade privada, livres mercados e livre comércio.” (HARVEY, David, 2008)
Deste modo podemos considerar que as funções do Estado estabelecem características muito especificas em seu funcionamento, já que para se adequar aos mercados as políticas econômicas começam a ter um novo desenho e consequentemente os seus efeitos refletem em outras estancias, assim como no oferecimento de serviços, nas divisões do trabalho e também em outros setores do cotidiano das populações. O Estado atua como instrumento chave do Neoliberalismo, adotando práticas que reiteram a garantia da propriedade privada e dos direitos individuais e liberdades de empreendimento. Toda via outras instituições como o Bancos Centrais, IGOs: FMI, Banco Mundial, OMC, OCDE, atuam como motores do funcionamento da ordem neoliberal, esses atores criam um campo hegemônico através das políticas educacionais e dos meios de comunicação, contribuindo para propagar “ideias e soluções privadas de problemas sociais”. (BALL, 2014). 
Harvey esboça que os conceitos de “dignidade humana” e “liberdade individual” expressos por figuras fundadoras do pensamento neoliberal, são “tomados como valores centrais” da sociedade civilizada, que é composta de “indivíduos dotados de livre escolha por juízos coletivos”. O período pós-guerra é marcado pelo Fascismo, pelas Ditaduras e pelo Comunismo, por isso se opõe aos ideais citados acima. Porém os movimentos de 1968 percorriam o mundo, tendo como meta uma maior liberdade de expressão e escolha pessoal. No entanto, o conceito de liberdade pode se tornar relativo devido as suas respectivas conotações, pois se por um lado, o livre mercado determina condições favoráveis ao consumo e a acumulação lucrativa de “capital pelos capitalistas domésticos e estrangeiros” refletindo interesses de atores “negociadores, corporações multinacionais e capital financeiro”, por outro, isso implica na perda de oferecimentos de serviços básicos por parte do Estado à sociedade, ou seja, a aplicação de direitos sociais através das políticas sociais (educação, saúde, dentre outros ), do direito a greve, organizações sindicais, tomando novos rumos, que são determinadas pelo mercado, perdendo assim uma certa estabilidade gerada pelo modelo de bem-estar social e assim o Estado de bem-estar social passa a ser o Estado-neoliberal.
A primeira experiência do modelo neoliberal foi no Chile na ditadura de Pinochet, o golpe foi implantado com o apoio das elites chilenas e teve um forte apoio do Estados Unidos e da CIA em sua formação, que serviu como mola propulsora para aplicar restrições institucionais e regulatórias, usando de aparelhos coercitivos do Estado, aplicando a violência de forma exacerbada nos movimentos sociais, nas organizações populares e nas organizações de esquerda, além das indústrias nacionais que estavam em um processo de crise e já não funcionavam muito bem e através de barreiras tarifárias mediante a subsídios eram instrumentos para a adoção de práticas de livre mercado e de um Estado mínimo. Desde os anos de 1950 os Estados Unidos financiavam o treinamento de economistas como parte do programa de “neutralização de tendências esquerdistas”. Esses economistas foram predominantemente parte da Universidade Católica do Chile. Outro fator importante foi o trabalho de Pinochet em parceria com o FMI, o projeto revelou crescimentos, mas logo depois em 1982 a crise da dívida voltou assombrar diversos países. O novo modelo transformou a formulação de políticas centrais e assim o capitalismo gerou uma nova forma de articulação entre o livre mercado e a acumulação do capital global, impulsionando a acentuação das desigualdades de classes no âmbito social e determinando uma sustentação do poder das elites militar, judiciaria e financeira. “A neoliberalização significou a “financialização” de tudo. Isso aprofundou o domínio das finanças sobre todas as outras áreas, assim como sobre o aparato de Estado”, regulando a ordem social. Portanto, podemos considerar que os novos arranjos institucionais definidos pelo neoliberalismo e suas instituições financeiras em conjunto com mecanismos hegemônicos que permeiam a sociedade civil e os Estados contribuem para flexibilização de legislações e estruturas regulatórias que atendem e privilegiam setores corporativos e consequentemente mudam as formas de governança, aplicando parcerias público-privadas para problemas sociais.
 Referências:
HARVEY, David, O neoliberalismo, história e implicações, 2008.

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