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CENÁRIO ECONÔMICO MUNDIAL AULA 1 Prof. Leonardo Mèrcher 2 CONVERSA INICIAL Olá! A partir de agora iniciaremos nosso módulo de Cenário Econômico Mundial. Esperamos que você entre em contato com esse vasto mundo que é a economia internacional. Realizada pontualmente por cada Estado, as políticas e os modelos econômicos se interceptam no cenário internacional e criam uma dimensão que precisa de um olhar crítico e consciente sobre desafios e possibilidades ao comércio exterior. Ao futuro profissional é imprescindível compreender as transformações do cenário internacional nos últimos anos, bem como a relevância de se alcançar as possibilidades para além do mercado nacional. Por isso, para realizar as práticas de comércio exterior é preciso contextualizar o leitor sobre o lugar que a economia ocupa nas relações internacionais, bem como sua diversidade de dinâmicas, desde as ações governamentais, passando pelos blocos de integração regional, regimes e regulação das empresas governamentais e privadas, até alcançar os processos transnacionais contemporâneos. De modo geral, esta aula busca orientar o aluno sobre os conceitos iniciais da relevância de se estudar e analisar o cenário econômico mundial contemporâneo. Para tanto, os conceitos mais evidentes, como globalização e regionalismo, serão tratados pontualmente ao longo de nosso conteúdo. Conhecendo essas duas dinâmicas econômicas mundiais, será possível passar a uma reflexão sobre onde o cenário comercial e de negociação se encaixam. Em um mundo cada vez mais integrado, também será ressaltada a importância das redes de relacionamento (network) e a interculturalidade no processo comercial global. Ao profissional de comércio exterior caberá, portanto, identificar as oportunidades e os desafios do cenário internacional no que tange aos processos econômicos. De modo geral, a presente disciplina não busca um aprofundamento sobre as ciências econômicas, mas sim trazer um conteúdo de fácil instrumentalização na formação e para o dia a dia do futuro profissional. Após a discussão dos temas, é orientada uma prática seguida pelas considerações finais na seção de síntese da aula. Por isso, sempre que ler o conteúdo e continuar com dúvidas, busque revisitar o material e pesquisar em outras fontes. Bons estudos! 3 CONTEXTUALIZANDO A economia é a ciência que busca compreender as dinâmicas de produção, reserva e escassez. Em alguns momentos, ela será responsável por traçar modelos que guiarão as práticas de governos, empresas e outros agentes da sociedade civil. Os estudos dos ciclos econômicos, por exemplo, defendem que a economia mundial sempre passa por três momentos distintos e consequentes: crescimento; desaceleração; e crise. A partir dessa lógica de que o mundo vem aprendendo a lidar com a escassez, os ciclos econômicos sempre nos levam do crescimento à crise — e da crise ao crescimento. Mas, mais do que identificar os períodos de crise ou crescimento, é importante conhecer como os agentes internacionais se organizam para se prepararem para os três momentos. De modo geral, a economia é dada pelas políticas econômicas dos governos nacionais, bem como pelas dinâmicas empresariais no mercado. Juros, taxações, políticas fiscais e cambiais e tantos outros fatores por parte dos Estados se somam à especulação e à competição entre as empresas que também podem crescer, desacelerar e entrar em crises. Nesse cenário dominado por incertezas existem alguns pontos com os quais muitos pesquisadores concordam: enquanto a economia é dada, nós, indivíduos, precisamos continuar nosso trabalho. Por isso, com uma melhor leitura sobre a economia mundial, que advém do seio das nações e suas empresas, será possível formar um excelente profissional de comércio exterior. Estar preparado para o mercado exige um conhecimento maior do que o nosso técnico profissional. Nesse sentido, busque sempre estar conectado às notícias e às mudanças do cenário internacional, tanto no âmbito econômico como também no político. Política e economia caminham juntas e por mais que não façamos os grandes planos econômicos das nações, devemos alertar nossas empresas e demais instituições com que viermos a trabalhar sobre os melhores caminhos diante das circunstâncias. Por isso a presente aula está dividida em cinco momentos: a relevância de se manter conectado com as informações da economia mundial; o que é a globalização e como esta interfere economicamente em nossas vidas; o que é o regionalismo e como este também interfere economicamente em nossas vidas; o cenário econômico mundial para as empresas, em um mundo cada vez mais 4 integrado; e os processos de negociação diante de regimes internacionais, normas nacionais e os fluxos econômicos que orientam o fazer comercial. Pesquise Para compreender melhor a situação do cenário econômico mundial hoje, em períodos de globalização, indicamos a leitura dos textos sobre globalização do geógrafo Milton Santos, ou então o documentário do mesmo pesquisador denominado Milton Santos: o mundo de lá visto do lado de cá — Por uma outra globalização (2006), do cineasta Sílvio Tendler, disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=-UUB5DW_mnM>. Milton Santos, em uma perspectiva crítica, demonstra como o comércio e as empresas ocuparam posições relevantes nas dinâmicas econômicas mundiais, influenciando políticas e mercados ao redor do mundo. Compreender a função da empresa ou do comércio exterior sem compreender o atual cenário global dificulta que se tracem estrategicamente as ações de ampliação, negociação e geração dos negócios. Por isso, busque estudar mais o que é a globalização e como os profissionais do mercado podem identificar oportunidades e superar desafios que se mostram, cada vez mais, comuns a todos no mundo. As novas demandas de consumo, como as demandas por produtos e serviços de acordo com o desenvolvimento sustentável, por exemplo, alteraram diversas práticas de gestão da internacionalização empresarial e do comércio exterior. Fique atento e busque sempre manter contato com as ações das grandes empresas em sua cidade, estado ou região. Perceba que as ações empresariais não são isoladas, mas sim reflexo e parte de um todo muito maior que as fronteiras nacionais. TEMA 1 – O CENÁRIO ECONÔMICO MUNDIAL E SUA RELEVÂNCIA O cenário econômico mundial em si já se mostra relevante ao profissional de comércio exterior por indicar a saúde dos mercados e suas oportunidades. Mas o que seria o cenário econômico mundial? De forma resumida, o cenário econômico pode ser nacional, regional ou mundial. Enquanto no cenário nacional a economia é determinada pelas políticas públicas do Estado e das dinâmicas empresariais internas e investidores externos, a mundial é resultante de uma composição entre políticas econômicas domésticas e regionais (como de blocos 5 de integração regional) e das premissas dos regimes internacionais, como do comércio (Organização Mundial do Comércio – OMC) e das agências de risco e de desenvolvimento econômico (como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, ambos pertencentes ao Sistema Onu). Nesse sentido, o cenário econômico mundial é composto pelo comportamento de diversas economias nacionais e regionais, bem como por interesses e práticas de empresas locais, multinacionais e especialmente das empresas transnacionais. Mais adiante falaremos sobre a natureza e o tipo de empresas no cenário econômico mundial, mas, apenas para matar a curiosidade, é importante saber que empresasmultinacionais mantêm diversas filiais ao redor do mundo, enquanto as transnacionais possuem subsidiárias, ou seja, empresas que prestam serviços de produção ou serviços para uma matriz. Essa diferença é importante por mostrar que as empresas multinacionais estão mais sensíveis às políticas econômicas nacionais, sendo suas filiais parte da empresa. As empresas transnacionais, por sua vez, podem facilmente trocar de subsidiárias em um Estado que passe a regular fortemente suas práticas e transferi-las para uma região no mundo mais atraente, quantas vezes for necessário. Nas dinâmicas do século XXI percebemos nações com modelos econômicos distintos que interferem no cenário mundial. Enquanto algumas nações mantêm economias e mercados abertos, ou seja, onde a iniciativa privada e a propriedade privada gozam de maior flexibilidade, outros Estados mantêm economias fechadas. Mas mais relevante do que os Estados de economias abertas ou fechadas são os Estados que se encontram em pleno processo de abertura econômica e comercial. São esses Estados que terão impacto mais decisivo sobre o futuro econômico e comercial ao redor do mundo. Um dos grandes exemplos é a China, que vem abrindo seu mercado e sua economia desde o final do século passado. Outro exemplo é a Rússia, que, em menor grau de abertura, também já mantém em seu território empresas estrangeiras de produção, bens e serviços. Essas nações, por terem um mercado interno de consumo pouco explorado, além de grandes recursos naturais, acabam alterando o preço de insumos de produção (metais, petróleo etc.) e valores de empresas (que conseguem entrar em seus grandes mercados) constantemente. A cada dia o cenário internacional acaba se alterando. 6 Evidentemente, qualquer instabilidade ou especulação sobre essas grandes economias em abertura provoca correria nas bolsas de valores devido às empresas atuantes nesses Estados, que poderiam perder sua valorização. Mas não são apenas essas economias em abertura que podem provocar crises e instabilidades. Economias mais tradicionais, como a União Europeia e os Estados Unidos da América, também podem criar desafios ou oportunidades ao comércio exterior com suas políticas cambiais e fiscais. Mas como? Uma primeira resposta está nos bancos centrais. A economia mundial possui alguns agentes-chaves em sua estabilidade. Um deles é o Federal Reserve, ou simplesmente o Banco Central dos EUA. Os bancos centrais nos Estados buscam criar políticas econômicas que favoreçam seu desenvolvimento, ou seja, aumentar ou diminuir juros sobre repasses de dinheiro para os bancos e investimentos. Quanto maior a taxa geral de juros de um país (Selic no Brasil), mais vantajoso será investir nele, porque o rendimento terá valor tão alto quanto os juros ali vigentes. Todavia, os juros altos, por mais que possam atrair investimentos estrangeiros — em busca de lucro fácil — podem impedir o crescimento interno de empresários que pagam empréstimos aos bancos — que, por sua vez, aplicam as taxas de juros de seu banco central. Quando os EUA usam o Federal Reserve para mexer na economia nacional — e consequentemente na internacional — eles podem tanto fortalecer o dólar como enfraquecê-lo. Quando aumentam os juros, muitos investidores ao redor do mundo pegam o seu dólar e o enviam para os EUA em busca de lucro e retorno advindos dos juros elevados. Esses investimentos fazem com que mais dólares voltem para os EUA e, consequentemente, para o Federal Reserve. Com maior quantidade de dólares dentro do próprio EUA, o preço do dólar sobe no mundo — porque agora existe pouco dólar circulando nos outros países — e quanto menos se tem algo, mais caro se paga por ele. Em contrapartida, mais dólar nos EUA significa mais dinheiro para obras públicas e para resgatar empresas americanas em apuros, que pegam empréstimos com os bancos alimentados pelo Federal Reserve. Tudo que está cotado pelo dólar sobe no mundo, deixando importações mais caras e barateando a produção nacional de Estados com moedas desvalorizadas, como a China — que ganha alta competitividade internacional. A China ganha essa competitividade quando o dólar está alto porque seus empregados não recebem em dólar, logo são bem mais baratos e o produto final produzido na China custa, 7 às vezes, a metade de um produto similar produzido nos EUA. Logo, compensa mais comprar produtos chineses do que estadunidenses. Por isso o Federal Reserve busca manter suas taxas de juros baixas, para não fortalecer tanto o dólar e não perder competitividade internacional, mas isso gera outros desafios. Viu como a política de uma única nação sobre juros nacionais pode interferir na economia mundial? Saber o que ocorre nos principais Estados de economias fortes ao redor do mundo — e não apenas a de nosso país — é fundamental. O dólar forte retira o dólar de investidores estrangeiros do Brasil, o que desacelera nosso crescimento. Por outro lado, o dólar fraco cria insegurança sobre a economia dos EUA e, consequentemente, inseguranças e diminuição de investidores no mundo — o que traz estagnação econômica mundial. Sobre isso, a economia nos trouxe dois grandes pensadores que se criticavam quanto ao papel do Estado: John Maynard Keynes e Friedrich Hayek. Enquanto Keynes defendia que o Estado deve garantir o bem-estar social de sua população com políticas sociais e de distribuição de renda, bem como colocando dinheiro no mercado por meio de grandes obras de infraestrutura nacional, Hayek dizia que o Estado não deveria interferir no mercado. O Estado, ao interferir no mercado, cria falsos sinais de confiança às empresas já em risco de se arriscarem mais ainda esperando receber ajuda, caso quebrem, do próprio dinheiro público. Keynes e seu keynesianismo tiraram o Reino Unido e os EUA da recessão de 1929. Já Hayek nunca foi aplicado por nenhum Estado até hoje. Mas, nos anos 1970 e 1980, Milton Friedman, um dos principais nomes do neoliberalismo econômico, juntou esses dois pensadores dizendo que o Estado deve intervir nos momentos de crise, mas deveria também enxugar seus gastos e deixar o mercado se regular quase que sozinho — o que contraria tanto Keynes como Hayek. Atualmente existem economias que seguem o neoliberalismo ou o neokeynesianismo (ou seja, uma repaginada nas ideias de Keynes para os desafios do século XXI). Nenhum dos dois modelos asseguram as nações diante de crises, pois estas sempre acontecem, independente do modelo que um Estado siga. Mas o embate hoje seria: o Estado deve ou não ter maior participação na regulação econômica? Ambos respondem que deve ter, mas 8 discordam no quanto. Para o neoliberalismo, o Estado deve intervir apenas para regular o direito — resolvendo conflitos empresariais pela justiça — e controlando políticas de juros pontualmente. Já o neokeynesianismo defende que a economia só se desenvolve com o bem-estar social, ou seja, quando existe desenvolvimento social, e quando o Estado gasta sua poupança com responsabilidade para sair de crises econômicas mundiais. E você? O que defende como concepção econômica? Desenvolva sua percepção sobre esse tema por meio de mais leituras sobre o assunto, buscando, por exemplo, os textos desses três teóricos econômicos do século XX. Sem dúvida a economia do século XXI tem suas práticas advindas do pensamento de John Maynard Keynes, Friedrich Hayek e Milton Friedman. Saiba mais Para saber mais sobre o assunto, por exemplo, sobre políticas econômicas e teorias contemporâneas aplicadas a crises internacionais, leia o livro de base da disciplina: FERREIRA, P. V. Análise decenários econômicos. Curitiba: InterSaberes, 2015. TEMA 2 – GLOBALIZAÇÃO Ainda existe espaço para o empreendedorismo e o comércio exterior. Com essa frase inicia-se este segundo tema de nossa aula. As dinâmicas da globalização, ou seja, a maior aproximação dos povos e recursos tecnológicos que facilitam as trocas e os contatos, como os de mercado, favoreceram as empresas que buscam o mercado internacional como possibilidade de crescimento. De modo geral, a globalização possibilitou um aquecimento das trocas de bens e serviços ao redor do mundo, bem como criou possibilidades de mercados culturalmente mais abertos às empresas estrangeiras em diversas nações. Os contatos e interesses interculturais também abriram portas à experimentação de novos hábitos, produtos e modismos que aquecem a produção de bens e serviços em todo o mundo. Assim, novas culturas passaram a se conhecer e a se admirar. Todavia, a globalização não trouxe apenas facilidades, mas também desafios, como o protecionismo, o regionalismo, os processos de integração regional e os riscos de mercados tão interconectados em crises financeiras. É 9 preciso estar ciente de que o atual cenário internacional favorece a ação empresarial em novos mercados, mas também exige atenção às estratégias de ação e negociação. Por isso o profissional que irá lidar com o comércio exterior nas relações internacionais precisa ficar atento às notícias dos âmbitos político e econômico, bem como às novas tecnologias que alteram as dinâmicas de mercado. Entre defensores e críticos à globalização existem ainda aqueles que defendem que o processo de aproximação dos povos cria resistências chamadas de regionalismo, ou seja, a valorização das culturas e produtos locais. Os processos de integração regional, por exemplo, seriam formas de aproximação comercial entre Estados vizinhos, mas garantindo certo protecionismo aos mercados globalizados fora da região. Esse regionalismo permite que os fluxos comerciais nos blocos regionais se intensifiquem ainda mais, como é visto dentro da União Europeia e, em menor medida, mas ainda de forma relevante, no Mercosul. A integração regional, como um campo de estudos das Relações Internacionais (RI), surge para fortalecer mercados regionais e possibilita novas oportunidades de importação e exportação. As empresas originárias dos Estados nos blocos e envolvidas nesse campo de integração ganham vantagens em relação às empresas de origem externa ao bloco. De modo geral, ainda que defenda o livre mercado dentro do bloco e das empresas dos Estados-membros, os blocos regionais acabam por exercitar certo protecionismo em relação ao mercado mundial. Todavia, as negociações entre blocos regionais, como entre Mercosul e União Europeia, também podem favorecer o comércio interbloco. Por isso, apesar de inicialmente mostrar vantagens apenas regionais, os blocos de integração regional, como parte da globalização, podem favorecer acordos e tratados comerciais interblocos que, consequentemente, favorecem a importação e a exportação das partes envolvidas em detrimento de blocos e empresas externas a ambos. O mercado globalizado exige alguns parâmetros de conduta para que tudo funcione da melhor forma possível. Entre esses parâmetros, por exemplo, está o uso da língua inglesa, a cotação em moedas fortes (como dólar ou o euro), acordos documentados (ou seja, que não se firmam apenas de forma oral), bem como a participação de diversos especialistas antes, durante e depois das negociações. O comércio exterior, portanto, exige de todo profissional envolvido 10 com a cadeia produtiva e de negociação (secretários, administradores, internacionalistas, negociadores, juristas e executivos) um certo grau mínimo de conhecimento desses parâmetros. Por mais que as culturas locais e seus valores resistam à globalização, no mundo dos negócios existe a necessidade de padronizar os procedimentos, especialmente nas negociações internacionais. O mercado globalizado também é mais inconstante do que foi alguns anos atrás. Isso se dá pelo alto grau de complexidade de relações entre empresas, governos e investidores. A especulação financeira pode criar bolhas (crescimentos e alta em valores de títulos e preços, mas sem base real de valorização) apenas porque alguns grandes executivos avaliaram positivamente uma marca ou um setor comercial, como o imobiliário. Isso pode gerar um efeito de manada (ou efeito dominó), em que muitos outros vão seguindo a especulação e investindo quantias cada vez maiores até que o próprio mercado demonstra que não tem bases reais de retribuir os lucros esperados. Assim a bolha estoura, derrubando ações e desvalorizando empresas e países, como ocorreu na crise americana de 2008. Para compreender mais sobre esse tema, basta estudar mais sobre bolhas econômicas. Para tanto, recomendamos a reportagem Bolha Imobiliária Americana, disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=6ZfG82Mk0iM>. Crises financeiras locais rapidamente podem se tornar regionais e mundiais, afetando o mercado e o comércio exterior. Como solução, as RI apontam para o cuidado em ter negócios sólidos e a capacidade de resistir à especulação e aos movimentos bruscos de mercado ao lançar-se no mercado internacional. A solidez está associada tanto ao não investir em situações e títulos de risco elevado como ao ter margem de consumidores menos suscetíveis às crises externas (por exemplo, não vendendo apenas para um único mercado, mas pluralizando os compradores no maior número de regiões possíveis ao redor do mundo). Contudo, empresas menores, que estão começando a se lançar no mercado internacional, acabam tendo dificuldades (de tempo e recurso) para atender a muitos mercados. Por isso é importante ter uma diversidade de serviços e bens que atendam tanto ao mercado externo como ao interno. A especialização empresarial em um único bem ou serviço — ou ainda em vendas casadas de produtos — pode tornar a empresa frágil e mais vulnerável às 11 mudanças internacionais de mercado. Diversificar na era da globalização é fundamental! TEMA 3 – REGIONALISMO Como visto, o regionalismo advém da aproximação econômica e cultural de governos e povos vizinhos que tentam, de alguma forma, proteger-se das dinâmicas globais. O regionalismo explica o surgimento dos blocos de integração regional no mundo, como o Mercosul e tantos outros. Além da integração regional, o sentimento de nacionalismo cultural e econômico pode dificultar o livre comércio e favorecer o protecionismo. Sobre os processos de integração regional, existem diversos blocos regionais, estágios e objetivos que podem variar desde interesses comerciais até a segurança internacional. Por exemplo, a União Europeia é um bloco de integração regional que surgiu no âmbito econômico, mas que hoje ganhou proporções políticas e culturais, bem como de segurança internacional. Já o Tratado de Cooperação de Xangai, entre Rússia e China, defende uma integração em prol da segurança da região. Voltando aos blocos com maior impacto no cenário econômico mundial, cabe destacar que União Europeia, Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), Mercosul, Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), Ecowas (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental), Caricom (Comunidade do Caribe) e outros blocos com apelo comercial reorganizaram o globo em zonas comerciais específicas. Em nosso continente americano existem diversos blocos. Ao Norte temos o Nafta, que une Canadá, EUA e México em uma zona de livre comércio e investimentos. Vale destacar que o Nafta não buscauma união para além da zona de livre comércio, haja visto que o governo dos EUA não quer compartilhar processos decisórios sobre sua economia com o Canadá ou o México. Diferentemente do Nafta, aqui no Sul temos o Mercosul, que busca mais do que uma zona de livre comércio entre os Estados-membros, mas também coordenar políticas econômicas. Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela se uniram para propor modelos regionais de desenvolvimento e criaram taxas aduaneiras comuns para diversos setores do comércio. O que isso significa? Significa que os Estados-membros do Mercosul importam e exportam 12 produtos com as mesmas taxas. Além disso, o Mercosul pode negociar diversos assuntos internacionalmente em nome dos seus Estados-membros. O Mercosul é diferente do Nafta por ter ido além da zona de livre comércio e alcançado a união aduaneira. Seu interesse é se tornar um mercado comum — ou seja, contar com livre circulação de pessoas, bens, serviços e capital. Quem já alcançou e até ultrapassou essa etapa é a União Europeia, que se encontra hoje em uma união econômica, ou seja, possui um banco central para fazer as políticas econômicas (especialmente as de câmbio e fiscais) por todos os seus membros. Salvo algumas exceções, como a Suécia, a União Europeia utilizou-se do regionalismo europeu para fortalecer economicamente a região diante das forças econômicas do século XX (EUA e União Soviética), bem como do Japão e de outras potências econômicas emergentes. Na Ásia está uma das maiores zonas de livre comércio, a Asean, composta por diversas nações do sudeste asiático e tendo China e Japão como membros observadores. Umas das regiões que mais cresceu desde os anos 1970, o sudeste asiático também é uma região sensível à saúde da economia mundial. Composta por diversas empresas, filiais e subsidiárias das maiores empresas mundiais europeias e norte-americanas, a Asean busca maior complementariedade das economias nacionais de seus membros. Mas, assim como o Nafta, não deseja uma integração maior do que o livre comércio. Isso se dá porque os Estados não querem perder soberania sobre suas decisões políticas e econômicas, como ocorreu na União Europeia. Além desses blocos existem o Caricom na América Central, o Ecowas no oeste africano, o Pif (Fórum das Ilhas do Pacífico) nas ilhas da Oceania, o Efta (Associação Europeia de Livre Comércio) nos Estados europeus não membros da União Europeia, como a Islândia e Noruega, e muitos outros. Dessa forma o mundo está dividido em regiões com políticas comerciais e até econômicas próprias. Essas regiões buscam defender seu desenvolvimento econômico refletindo e projetando dinâmicas econômicas para todo o cenário mundial. Para além dos blocos econômicos regionais, o regionalismo também traz consigo um outro desafio: o nacionalismo. Se fora funcional no século XIX para a organização dos novos Estados, como o Brasil, o nacionalismo hoje ganha proporções econômicas denominadas protecionismo. O protecionismo é quando um Estado ou um bloco regional favorece um setor de sua economia, protegendo-a e financiando-a para que ganhe da concorrência externa. Esse 13 recurso também pode ser visto nas barreiras tarifárias, quando se estabelecem altos impostos para a entrada de produtos estrangeiros em determinados setores, protegendo, assim, as indústrias nacionais. Existem também as barreiras não tarifárias, que não são impostos de importação, mas sim medidas políticas que dificultam a entrada de produtos, como a alteração de sinais de televisão e pinos de tomadas, exigências de abate ou especificações de peso e cor de produtos. Essas medidas impedem ou encarecem as adaptações do exportador que acaba perdendo competitividade interna no mercado em que busca se inserir. Com isso o Estado dificulta a entrada desses produtos sem usar impostos e consegue favorecer e proteger as indústrias locais. Pode-se dizer que hoje as fronteiras estatais estão mais porosas. Mas, por outro lado, diversas novas fronteiras institucionais foram criadas: fronteiras de blocos regionais, de protecionismos e tarifárias, além das já definidas fronteiras culturais. Todas elas interferem nas dinâmicas econômicas internacionais e, consequentemente, nas profissões ligadas ao comércio exterior. Contudo, blocos regionais não criam só barreiras, eles também favorecem o comércio internamente. Um dos grandes objetivos do regionalismo é fortalecer regiões que encontram nas zonas de livre mercado — livres para seus membros — um caminho ao desenvolvimento. Por exemplo, enquanto empresários estrangeiros podem ter dificuldades para atuar dentro do Nafta ou Mercosul, empresários de seus Estados-membros recebem vantagens, como financiamentos governamentais, baixos impostos e até mesmo subsídios diversos de agências de desenvolvimento, como o Focem (Fundo Para Convergência Estrutural do Mercosul) no Mercosul. Assim como a economia, o regionalismo tem reflexos positivos e negativos, e dificilmente terá resultados que agradem a todos. Por isso, mais uma vez, é preciso refletir sobre o cenário atual e rever seus conceitos sobre desenvolvimento econômico global e regional. Deve-se estar aberto a todo o mercado internacional, mesmo que este esteja dividido em diversos blocos regionais? Ou deve-se fazer parte de um processo de integração regional se protegendo da especulação e competição internacional? Não existe uma resposta correta: ela irá variar de acordo com os objetivos desejados. 14 TEMA 4 – O CENÁRIO ECONÔMICO MUNDIAL PARA AS EMPRESAS Por muito tempo acreditava-se que as empresas interferiam apenas no campo dos negócios, ou seja, da economia e do mercado. Mas, com o grande crescimento de empresas transnacionais, muitas delas passaram a ter um alto recurso de barganha com Estados menores e promover políticas públicas — por lobby ou por parcerias de capital público-privado — que as favorecessem de alguma forma. Deve-se sempre lembrar que, apesar de serem agentes econômicos, as empresas também são agentes políticos ao interferir no futuro da sociedade. Dentre as maiores empresas no mundo estão tanto as empresas transnacionais financeiras e as petrolíferas privadas como as empresas estatais chinesas. Segundo dados da Fortune e republicados pela Exame, em 2016, as 25 maiores empresas do mundo se dividem majoritariamente entre EUA, China e União Europeia. O Walmart (setor de varejo dos EUA) ocupa o primeiro lugar (US$ 482,13 bilhões de receita), seguida por State Grid (setor energético da China), China National Petroleum Corp (petrolífera estatal chinesa), Sinopec Group (refinadora de petróleo chinesa), Royal Dutch Shell (petrolífera e refinadora holandesa), Exxon Mobil (petrolífera dos EUA), Volkswagen (automobilística alemã), Toyota (automobilística japonesa), Apple (tecnologias nos EUA) e, em décimo lugar, a BP (petrolífera do Reino Unido com US$ 225,98 bilhões em receita). Para mais informações acesse a publicação da Exame em <http://exame.abril.com.br/negocios/as-25-maiores-empresas-do-mundo-em- 2016-segundo-a-fortune/>. A frente das grandes empresas privadas da lista das 25 maiores empresas de 2016 estão diversas empresas estatais chinesas. Dessa forma, é preciso compreender que nem sempre uma empresa é de iniciativa privada. Apesar de estatais, essas empresas não atuam unicamente em seus Estados, mas perpassam diversos mercados no mundo, interferindo em políticas comerciais e econômicas das nações. Como já mencionado, um bom exemplo são as empresas transnacionais que pulverizam a produção em diversos lugares no mundo, favorecendo a logística internacionale a redução de custos, mas dificultando o controle político de suas ações e o cumprimento de suas responsabilidades sociais. Nesse caso, tanto empresas privadas, quanto 15 estatais podem exercer essa prática em outras nações, que se tornam reféns da especulação financeira, mas que também podem ampliar seus fluxos comerciais. A interferência econômica é evidente quando essas grandes empresas determinam novos mercados de investimentos ou políticas comerciais. Para cada alteração declarada, o mercado internacional reage de uma maneira diferente, podendo ser de forma positiva como também negativa. Assim, as grandes empresas mundiais acabam também por serem responsáveis pela especulação financeira internacional, bem como pelos altos e baixos do mercado. Seus executivos acabam com grande responsabilidade nas mãos ao planejarem decisões e ações de suas empresas que terão impacto sobre diversos mercados e países. Já as empresas menores também têm capacidade de impactar economicamente os Estados e suas sociedades — contudo, o fazem em nichos mais específicos. Quando uma grande empresa pede falência, por exemplo, o impacto na economia local é imediato. Já quando a empresa cresce e abre novas filiais, ela pode trazer consigo novas oportunidades de desenvolvimento e crescimento direto (empregos) e indireto (aquecimento econômico local). Na política, apesar de menos evidentemente, as empresas também interferem. Regras e normas são criadas no âmbito político para orientar, fiscalizar e exigir responsabilidades empresariais das sociedades locais e do governo. Internamente, ou seja, nacionalmente, o governo regula a ação das empresas que podem cooperar com iniciativas público-privadas, pagando seus impostos para financiar políticas públicas e se tornando eficientes na competição por licitações e suas execuções. Contudo, o lobby e a corrupção podem desviar o caminho natural da política — ou seja, a defesa do interesse público — para a defesa dos interesses privados empresariais. Nesse sentido, cabe ao próprio governo e à sociedade fiscalizar o trabalho dos políticos para garantir, de fato, o desenvolvimento eficiente a todos os cidadãos. O Estado não deve se colocar como inimigo da iniciativa privada, nem tampouco apoiar causas empresariais escusas em detrimento da população. No entanto, para auxiliar o papel dos Estados, existem os regimes internacionais, ou seja, normas e regras internacionais que orientam o que os Estados devem e não devem fazer. Regimes internacionais do comércio serão tratados em um outro momento da disciplina, mas desde já é importante saber de sua existência, como na própria materialização da Organização Mundial do Comércio (OMC). 16 As regras comerciais internacionais, criadas no âmbito político internacional (ou seja, pelos Estados) orienta não apenas as práticas governamentais dos Estados-membros ao regime, como também exigem comportamentos determinados das empresas no comércio internacional. Um bom exemplo é a proibição do dumping, que é quando uma empresa pratica um preço muito abaixo do valor de mercado de produtos concorrentes semelhantes com o intuito de quebrar a concorrência e dominar o mercado. Mas essa relação da política sobre o mercado ainda é mais fácil de se perceber. E quando é do mercado para o Estado? Quando as empresas interferem politicamente no âmbito internacional? Para responder a essa pergunta é importante recuperar o conceito de interdependência internacional, ou seja, diversas conexões entre governos, culturas, mercados, empresas e sociedades ao redor do mundo que interferem nas ações de todos os envolvidos. Quando uma empresa decide aumentar ou diminuir sua produção local, regional ou mundialmente, isso tem impacto direto sobre o aquecimento econômico do mercado no qual se insere. Logo, indiretamente diversos agentes envolvidos, como empresas terceirizadas, funcionários e seus sindicatos, podem diminuir ou aumentar a arrecadação fiscal de governos, o que, por sua vez, determina os limites de ação política dos Estados. Além disso, como já mencionado, as práticas de pressão política (lobby) e a corrupção também interferem nas ações políticas dos governos em favorecimento aos interesses empresariais. Por fim, empresas estatais e privadas podem impactar os mercados regional e mundial, bem como seus governos e outros governos interconectados aos seus. Caso a China, maior compradora de produtos brasileiros no mundo, tenha alguma crise econômica ou desaceleração de crescimento por estratégias de suas empresas, isso pode resultado numa baixa de consumo de nossos produtos, consequentemente gerando desemprego no Brasil, desaquecendo nossa economia e gerando menor arrecadação fiscal do governo, que perde sua capacidade de continuar políticas públicas de crescimento. Da mesma forma, crises ambientais no Brasil podem prejudicar a produção chinesa de determinados produtos e, consequentemente, gerar crises que vão além da relação Brasil-China, alcançando as relações de exportação da China com outros países em um efeito dominó. 17 O efeito dominó, também conhecido como efeito manada (um segue o outro) ou efeito spill over (transbordamento), mostra-se cada vez mais constante em um mundo interconectado e com mercados interdependentes. Nesse cenário, é preciso sempre compreender quais obrigações e possibilidades existem entre a sua empresa e o seu governo. Parcerias quase sempre são positivas, e o apoio governamental à expansão empresarial é incentivada por quase todos os Estados. Por isso, busque descobrir quais apoios e facilidades os governos federal, estadual e municipal podem dar à internacionalização empresarial e à atuação de sua empresa no mercado internacional. TEMA 5 – NEGOCIAÇÃO NO CENÁRIO ECONÔMICO MUNDIAL Agora que sabemos um pouco mais sobre o cenário econômico mundial, é preciso lembrar que as dinâmicas econômicas e comerciais entre Estados, empresas e outros agentes internacionais possuem regulamentos e regulamentações para que ocorram minimamente sob uma ordem. Os regimes internacionais criados pelos Estados, como mencionado anteriormente, surgem para regular as relações econômicas, financeiras e comerciais ao redor do mundo. Um regime internacional é criado pelo consenso de alguns Estados por boa vontade. Nenhum Estado é obrigado a participar de um regime internacional, mas muitos participam por verem vantagens nessa regulação. A ordem e a estabilidade nas relações são alguns dos ganhos. Na negociação e no comércio exterior, alguns regimes são importantes, como o do comércio, do sistema financeiro internacional e dos direitos humanos. As empresas multinacionais e transnacionais se submetem à regulamentação de seus respectivos Estados. Os Estados, por sua vez, submetem-se aos regimes que eles mesmo criaram e acordaram no cenário internacional. A negociação e o comércio exterior, por sua vez, devem ocorrer dentro dessas normas caso o Estado seja signatário de um acordo. De modo geral, quase todos os Estados de mercado aberto ou em processo de abertura estão presentes no regime mundial do comércio (OMC), incluindo o Brasil. Por isso regras como o combate ao dumping (preços intencionalmente muito abaixo do mercado para quebrar a concorrência) valem para a sua ação profissional. O combate ao trabalho análogo ao escravo, o trabalho infantil e o trabalho que desrespeite os direitos humanos também pode anular um processo de 18 exportação ou exigir responsabilidades legais das partes envolvidas em seus respectivos Estados. Por isso a negociação nesse cenário deve sempre levar em consideraçãoos meios pelos quais ocorrem. A economia também possui dois campos: o formal e o informal. Enquanto a maioria das empresas no mundo está no campo formal, boa parte da produção de bens e serviços ocorrem na economia informal, como trabalhos domésticos, de cuidados sociais e de ajuda voluntária. Apesar de não entrarem na contabilidade das grandes organizações internacionais, essa força econômica se faz presente nos cenários nacionais e mundial. As mulheres, em muitas nações, ficam de fora da economia formal, mas se tornam mão de obra da economia informal e, consequentemente, refletem em um cenário econômico mundial ainda desigual. Nesse sentido, ao seguir os fluxos econômicos é sempre importante ter um olhar crítico sobre os meios e os resultados que iremos obter. O comércio exterior não pode ignorar que a economia tem regras próprias, as quais nem sempre beneficiam a todos. Como o campo da escassez e das inovações, a economia mundial exige criatividade e atenção a todas as notícias ao seu redor, englobando dos ganhos comerciais às responsabilidades socioambientais e ao respeito às diversidades culturais de nosso planeta. Para que a orientação de seguir os fluxos econômicos evite erros e problemas diversos, as nações são assistidas pelo Sistema ONU na criação de medidas jurídicas internas, ou seja, as legislações nacionais. No Brasil os fluxos econômicos perpassam modismos, especulações, políticas distintas de governos e impactos externos. Mas, de modo geral, os regimes de direitos humanos, do sistema financeiro internacional (responsabilidades cambiais e de lastro para investimentos e gastos) e do comércio são minimamente respeitados. Caso contrário, é possível iniciar processos internacionais de investigação e julgamento. Como visto, a economia mundial interfere diretamente em nossa profissão. O comércio exterior está intimamente ligado aos cenários contemporâneos econômicos, e cabe ao futuro profissional manter consciência de suas dinâmicas, seus desafios e suas oportunidades para melhor aplicar o conteúdo de sua formação e se tornar um excelente profissional. 19 TROCANDO IDEIAS Agora que foi exposta a importância das empresas e dos estudos de economia mundial para compreender o comércio exterior, tente diferenciar comércio de economia. Será um bom exercício para fixar o conteúdo e compreender que o comércio, apesar de ter uma dinâmica autônoma, também se relaciona com o campo da economia e vice-versa. Lembre-se de que a economia é um campo muito mais amplo do que o comércio pois envolve questões culturais e políticas, mas que, quando conhecida, dá total suporte ao futuro profissional. NA PRÁTICA Busque identificar quais são as maiores empresas estrangeiras presentes no seu Estado ou região metropolitana e tente descobrir se elas alteram suas práticas de produção e serviços de acordo com as dinâmicas econômicas do cenário mundial. Esse é um ótimo exercício para compreender em que realidade econômica e política estamos inseridos e como a economia internacional implica em maiores ou menores custos para as empresas ao redor do mundo. Faça um relatório sobre sua investigação, contendo o nome da empresa, o seu histórico de inserção na região e alguns índices de crescimento, encontrados, quase sempre, nos sites empresariais. Relacione com os grandes momentos econômicos mundiais ao longo do período de atividade da empresa. Por fim, faça suas observações críticas de acordo com o aprendido em aula. Bom trabalho! FINALIZANDO Nesta primeira aula foi visto que a economia é a ciência que estuda a escassez e as dinâmicas criativas para se alcançar o desenvolvimento. O cenário econômico mundial advém das políticas econômicas nacionais, das interações entre empresas e de diversos outros agentes nacionais, regionais e internacionais, como as organizações internacionais e seus regimes. Manter conhecimento dos cenários contemporâneos da economia mundial favorecerá os passos futuros de sua empresa e sua carreira profissional. As empresas como agentes econômicos internacionais favorecem o desenvolvimento local e as trocas comerciais e culturais em um mundo 20 globalizado. Mas também podem iniciar crises financeiras e econômicas de acordo com seu tamanho e impacto nas políticas econômicas dos Estados. Para que as empresas respeitem os interesses coletivos e o desenvolvimento sustentável cabe aos governos e às populações a fiscalização das práticas empresariais, bem como reformular ou formular novas regras que orientem o mercado para o bem comum. Além disso, empresas e Estados estão submetidos aos processos de globalização oriundos do avanço tecnológico e dos contatos entre as nações. Se por um lado a globalização favorece trocas e aceleração comercial, por outro cria desafios sociais e instabilidades econômicas de mercados cada vez mais interdependentes. Um outro fator de destaque, como reação à globalização, é o regionalismo, que interfere diretamente nos processos econômicos e comerciais externos. O surgimento de blocos econômicos regionais, como o Nafta e o Mercosul, promove integração e facilidades comerciais em suas regiões, mas também pode criar protecionismos ao mercado global. Contudo, o cenário mundial está recortado por blocos regionais, como União Europeia, Asean, Caricom e outros. Entre modelos econômicos neokeynesianos e neoliberais, fica sempre a questão: o quanto os Estados devem intervir na economia e no mercado? Essa resposta cabe à sua observação crítica após ter contato com o presente conteúdo e buscar outras fontes de informação. Bons estudos! 21 REFERÊNCIAS CULPI, L. Empresas Transnacionais: uma visão internacionalista. Curitiba: Intersaberes, 2016. FERREIRA, P. V. Análise de cenários econômicos. Curitiba: InterSaberes, 2015. DULCI, O. S. Economia e política na crise global. Estudos Avançados, São Paulo, v. 23, n. 65, p. 105-119, 2009. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 40142009000100008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 28 ago. 2017. MELO, L. As 25 maiores empresas do mundo em 2016, segundo a Fortune. Exame, 13 set. 2016. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/negocios/as-25- maiores-empresas-do-mundo-em-2016-segundo-a-fortune/>. Acesso em: 28 ago. 2017.
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