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CENÁRIO ECÔNOMICO MUNDIAL

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CENÁRIO ECONÔMICO 
MUNDIAL 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Leonardo Mèrcher 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! A partir de agora iniciaremos nosso módulo de Cenário Econômico 
Mundial. Esperamos que você entre em contato com esse vasto mundo que é a 
economia internacional. Realizada pontualmente por cada Estado, as políticas e 
os modelos econômicos se interceptam no cenário internacional e criam uma 
dimensão que precisa de um olhar crítico e consciente sobre desafios e 
possibilidades ao comércio exterior. 
Ao futuro profissional é imprescindível compreender as transformações do 
cenário internacional nos últimos anos, bem como a relevância de se alcançar 
as possibilidades para além do mercado nacional. Por isso, para realizar as 
práticas de comércio exterior é preciso contextualizar o leitor sobre o lugar que 
a economia ocupa nas relações internacionais, bem como sua diversidade de 
dinâmicas, desde as ações governamentais, passando pelos blocos de 
integração regional, regimes e regulação das empresas governamentais e 
privadas, até alcançar os processos transnacionais contemporâneos. 
De modo geral, esta aula busca orientar o aluno sobre os conceitos iniciais 
da relevância de se estudar e analisar o cenário econômico mundial 
contemporâneo. Para tanto, os conceitos mais evidentes, como globalização e 
regionalismo, serão tratados pontualmente ao longo de nosso conteúdo. 
Conhecendo essas duas dinâmicas econômicas mundiais, será possível passar 
a uma reflexão sobre onde o cenário comercial e de negociação se encaixam. 
Em um mundo cada vez mais integrado, também será ressaltada a 
importância das redes de relacionamento (network) e a interculturalidade no 
processo comercial global. Ao profissional de comércio exterior caberá, portanto, 
identificar as oportunidades e os desafios do cenário internacional no que tange 
aos processos econômicos. De modo geral, a presente disciplina não busca um 
aprofundamento sobre as ciências econômicas, mas sim trazer um conteúdo de 
fácil instrumentalização na formação e para o dia a dia do futuro profissional. 
Após a discussão dos temas, é orientada uma prática seguida pelas 
considerações finais na seção de síntese da aula. Por isso, sempre que ler o 
conteúdo e continuar com dúvidas, busque revisitar o material e pesquisar em 
outras fontes. Bons estudos! 
 
 
3 
CONTEXTUALIZANDO 
A economia é a ciência que busca compreender as dinâmicas de 
produção, reserva e escassez. Em alguns momentos, ela será responsável por 
traçar modelos que guiarão as práticas de governos, empresas e outros agentes 
da sociedade civil. Os estudos dos ciclos econômicos, por exemplo, defendem 
que a economia mundial sempre passa por três momentos distintos e 
consequentes: crescimento; desaceleração; e crise. 
A partir dessa lógica de que o mundo vem aprendendo a lidar com a 
escassez, os ciclos econômicos sempre nos levam do crescimento à crise — e 
da crise ao crescimento. Mas, mais do que identificar os períodos de crise ou 
crescimento, é importante conhecer como os agentes internacionais se 
organizam para se prepararem para os três momentos. 
De modo geral, a economia é dada pelas políticas econômicas dos 
governos nacionais, bem como pelas dinâmicas empresariais no mercado. 
Juros, taxações, políticas fiscais e cambiais e tantos outros fatores por parte dos 
Estados se somam à especulação e à competição entre as empresas que 
também podem crescer, desacelerar e entrar em crises. 
Nesse cenário dominado por incertezas existem alguns pontos com os 
quais muitos pesquisadores concordam: enquanto a economia é dada, nós, 
indivíduos, precisamos continuar nosso trabalho. Por isso, com uma melhor 
leitura sobre a economia mundial, que advém do seio das nações e suas 
empresas, será possível formar um excelente profissional de comércio exterior. 
Estar preparado para o mercado exige um conhecimento maior do que o 
nosso técnico profissional. Nesse sentido, busque sempre estar conectado às 
notícias e às mudanças do cenário internacional, tanto no âmbito econômico 
como também no político. Política e economia caminham juntas e por mais que 
não façamos os grandes planos econômicos das nações, devemos alertar 
nossas empresas e demais instituições com que viermos a trabalhar sobre os 
melhores caminhos diante das circunstâncias. 
Por isso a presente aula está dividida em cinco momentos: a relevância 
de se manter conectado com as informações da economia mundial; o que é a 
globalização e como esta interfere economicamente em nossas vidas; o que é o 
regionalismo e como este também interfere economicamente em nossas vidas; 
o cenário econômico mundial para as empresas, em um mundo cada vez mais 
 
 
4 
integrado; e os processos de negociação diante de regimes internacionais, 
normas nacionais e os fluxos econômicos que orientam o fazer comercial. 
Pesquise 
Para compreender melhor a situação do cenário econômico mundial hoje, 
em períodos de globalização, indicamos a leitura dos textos sobre globalização 
do geógrafo Milton Santos, ou então o documentário do mesmo pesquisador 
denominado Milton Santos: o mundo de lá visto do lado de cá — Por uma outra 
globalização (2006), do cineasta Sílvio Tendler, disponível em 
<https://www.youtube.com/watch?v=-UUB5DW_mnM>. Milton Santos, em uma 
perspectiva crítica, demonstra como o comércio e as empresas ocuparam 
posições relevantes nas dinâmicas econômicas mundiais, influenciando políticas 
e mercados ao redor do mundo. 
Compreender a função da empresa ou do comércio exterior sem 
compreender o atual cenário global dificulta que se tracem estrategicamente as 
ações de ampliação, negociação e geração dos negócios. Por isso, busque 
estudar mais o que é a globalização e como os profissionais do mercado podem 
identificar oportunidades e superar desafios que se mostram, cada vez mais, 
comuns a todos no mundo. As novas demandas de consumo, como as 
demandas por produtos e serviços de acordo com o desenvolvimento 
sustentável, por exemplo, alteraram diversas práticas de gestão da 
internacionalização empresarial e do comércio exterior. Fique atento e busque 
sempre manter contato com as ações das grandes empresas em sua cidade, 
estado ou região. Perceba que as ações empresariais não são isoladas, mas sim 
reflexo e parte de um todo muito maior que as fronteiras nacionais. 
TEMA 1 – O CENÁRIO ECONÔMICO MUNDIAL E SUA RELEVÂNCIA 
O cenário econômico mundial em si já se mostra relevante ao profissional 
de comércio exterior por indicar a saúde dos mercados e suas oportunidades. 
Mas o que seria o cenário econômico mundial? De forma resumida, o cenário 
econômico pode ser nacional, regional ou mundial. Enquanto no cenário nacional 
a economia é determinada pelas políticas públicas do Estado e das dinâmicas 
empresariais internas e investidores externos, a mundial é resultante de uma 
composição entre políticas econômicas domésticas e regionais (como de blocos 
 
 
5 
de integração regional) e das premissas dos regimes internacionais, como do 
comércio (Organização Mundial do Comércio – OMC) e das agências de risco e 
de desenvolvimento econômico (como o Banco Mundial e o Fundo Monetário 
Internacional, ambos pertencentes ao Sistema Onu). 
Nesse sentido, o cenário econômico mundial é composto pelo 
comportamento de diversas economias nacionais e regionais, bem como por 
interesses e práticas de empresas locais, multinacionais e especialmente das 
empresas transnacionais. 
Mais adiante falaremos sobre a natureza e o tipo de empresas no cenário 
econômico mundial, mas, apenas para matar a curiosidade, é importante saber 
que empresasmultinacionais mantêm diversas filiais ao redor do mundo, 
enquanto as transnacionais possuem subsidiárias, ou seja, empresas que 
prestam serviços de produção ou serviços para uma matriz. Essa diferença é 
importante por mostrar que as empresas multinacionais estão mais sensíveis às 
políticas econômicas nacionais, sendo suas filiais parte da empresa. As 
empresas transnacionais, por sua vez, podem facilmente trocar de subsidiárias 
em um Estado que passe a regular fortemente suas práticas e transferi-las para 
uma região no mundo mais atraente, quantas vezes for necessário. 
Nas dinâmicas do século XXI percebemos nações com modelos 
econômicos distintos que interferem no cenário mundial. Enquanto algumas 
nações mantêm economias e mercados abertos, ou seja, onde a iniciativa 
privada e a propriedade privada gozam de maior flexibilidade, outros Estados 
mantêm economias fechadas. Mas mais relevante do que os Estados de 
economias abertas ou fechadas são os Estados que se encontram em pleno 
processo de abertura econômica e comercial. São esses Estados que terão 
impacto mais decisivo sobre o futuro econômico e comercial ao redor do mundo. 
Um dos grandes exemplos é a China, que vem abrindo seu mercado e 
sua economia desde o final do século passado. Outro exemplo é a Rússia, que, 
em menor grau de abertura, também já mantém em seu território empresas 
estrangeiras de produção, bens e serviços. Essas nações, por terem um 
mercado interno de consumo pouco explorado, além de grandes recursos 
naturais, acabam alterando o preço de insumos de produção (metais, petróleo 
etc.) e valores de empresas (que conseguem entrar em seus grandes mercados) 
constantemente. A cada dia o cenário internacional acaba se alterando. 
 
 
6 
Evidentemente, qualquer instabilidade ou especulação sobre essas 
grandes economias em abertura provoca correria nas bolsas de valores devido 
às empresas atuantes nesses Estados, que poderiam perder sua valorização. 
Mas não são apenas essas economias em abertura que podem provocar crises 
e instabilidades. Economias mais tradicionais, como a União Europeia e os 
Estados Unidos da América, também podem criar desafios ou oportunidades ao 
comércio exterior com suas políticas cambiais e fiscais. Mas como? Uma 
primeira resposta está nos bancos centrais. 
A economia mundial possui alguns agentes-chaves em sua estabilidade. 
Um deles é o Federal Reserve, ou simplesmente o Banco Central dos EUA. Os 
bancos centrais nos Estados buscam criar políticas econômicas que favoreçam 
seu desenvolvimento, ou seja, aumentar ou diminuir juros sobre repasses de 
dinheiro para os bancos e investimentos. Quanto maior a taxa geral de juros de 
um país (Selic no Brasil), mais vantajoso será investir nele, porque o rendimento 
terá valor tão alto quanto os juros ali vigentes. Todavia, os juros altos, por mais 
que possam atrair investimentos estrangeiros — em busca de lucro fácil — 
podem impedir o crescimento interno de empresários que pagam empréstimos 
aos bancos — que, por sua vez, aplicam as taxas de juros de seu banco central. 
Quando os EUA usam o Federal Reserve para mexer na economia 
nacional — e consequentemente na internacional — eles podem tanto fortalecer 
o dólar como enfraquecê-lo. Quando aumentam os juros, muitos investidores ao 
redor do mundo pegam o seu dólar e o enviam para os EUA em busca de lucro 
e retorno advindos dos juros elevados. Esses investimentos fazem com que mais 
dólares voltem para os EUA e, consequentemente, para o Federal Reserve. Com 
maior quantidade de dólares dentro do próprio EUA, o preço do dólar sobe no 
mundo — porque agora existe pouco dólar circulando nos outros países — e 
quanto menos se tem algo, mais caro se paga por ele. 
Em contrapartida, mais dólar nos EUA significa mais dinheiro para obras 
públicas e para resgatar empresas americanas em apuros, que pegam 
empréstimos com os bancos alimentados pelo Federal Reserve. Tudo que está 
cotado pelo dólar sobe no mundo, deixando importações mais caras e 
barateando a produção nacional de Estados com moedas desvalorizadas, como 
a China — que ganha alta competitividade internacional. A China ganha essa 
competitividade quando o dólar está alto porque seus empregados não recebem 
em dólar, logo são bem mais baratos e o produto final produzido na China custa, 
 
 
7 
às vezes, a metade de um produto similar produzido nos EUA. Logo, compensa 
mais comprar produtos chineses do que estadunidenses. 
Por isso o Federal Reserve busca manter suas taxas de juros baixas, para 
não fortalecer tanto o dólar e não perder competitividade internacional, mas isso 
gera outros desafios. 
Viu como a política de uma única nação sobre juros nacionais pode 
interferir na economia mundial? 
Saber o que ocorre nos principais Estados de economias fortes ao redor 
do mundo — e não apenas a de nosso país — é fundamental. O dólar forte retira 
o dólar de investidores estrangeiros do Brasil, o que desacelera nosso 
crescimento. Por outro lado, o dólar fraco cria insegurança sobre a economia dos 
EUA e, consequentemente, inseguranças e diminuição de investidores no 
mundo — o que traz estagnação econômica mundial. 
Sobre isso, a economia nos trouxe dois grandes pensadores que se 
criticavam quanto ao papel do Estado: John Maynard Keynes e Friedrich Hayek. 
Enquanto Keynes defendia que o Estado deve garantir o bem-estar social de sua 
população com políticas sociais e de distribuição de renda, bem como colocando 
dinheiro no mercado por meio de grandes obras de infraestrutura nacional, 
Hayek dizia que o Estado não deveria interferir no mercado. O Estado, ao 
interferir no mercado, cria falsos sinais de confiança às empresas já em risco de 
se arriscarem mais ainda esperando receber ajuda, caso quebrem, do próprio 
dinheiro público. 
Keynes e seu keynesianismo tiraram o Reino Unido e os EUA da recessão 
de 1929. Já Hayek nunca foi aplicado por nenhum Estado até hoje. Mas, nos 
anos 1970 e 1980, Milton Friedman, um dos principais nomes do neoliberalismo 
econômico, juntou esses dois pensadores dizendo que o Estado deve intervir 
nos momentos de crise, mas deveria também enxugar seus gastos e deixar o 
mercado se regular quase que sozinho — o que contraria tanto Keynes como 
Hayek. 
Atualmente existem economias que seguem o neoliberalismo ou o 
neokeynesianismo (ou seja, uma repaginada nas ideias de Keynes para os 
desafios do século XXI). Nenhum dos dois modelos asseguram as nações diante 
de crises, pois estas sempre acontecem, independente do modelo que um 
Estado siga. Mas o embate hoje seria: o Estado deve ou não ter maior 
participação na regulação econômica? Ambos respondem que deve ter, mas 
 
 
8 
discordam no quanto. Para o neoliberalismo, o Estado deve intervir apenas para 
regular o direito — resolvendo conflitos empresariais pela justiça — e 
controlando políticas de juros pontualmente. Já o neokeynesianismo defende 
que a economia só se desenvolve com o bem-estar social, ou seja, quando existe 
desenvolvimento social, e quando o Estado gasta sua poupança com 
responsabilidade para sair de crises econômicas mundiais. 
E você? O que defende como concepção econômica? Desenvolva sua 
percepção sobre esse tema por meio de mais leituras sobre o assunto, 
buscando, por exemplo, os textos desses três teóricos econômicos do século 
XX. Sem dúvida a economia do século XXI tem suas práticas advindas do 
pensamento de John Maynard Keynes, Friedrich Hayek e Milton Friedman. 
Saiba mais 
Para saber mais sobre o assunto, por exemplo, sobre políticas 
econômicas e teorias contemporâneas aplicadas a crises internacionais, leia o 
livro de base da disciplina: 
FERREIRA, P. V. Análise decenários econômicos. Curitiba: InterSaberes, 
2015. 
TEMA 2 – GLOBALIZAÇÃO 
Ainda existe espaço para o empreendedorismo e o comércio exterior. 
Com essa frase inicia-se este segundo tema de nossa aula. As dinâmicas da 
globalização, ou seja, a maior aproximação dos povos e recursos tecnológicos 
que facilitam as trocas e os contatos, como os de mercado, favoreceram as 
empresas que buscam o mercado internacional como possibilidade de 
crescimento. De modo geral, a globalização possibilitou um aquecimento das 
trocas de bens e serviços ao redor do mundo, bem como criou possibilidades de 
mercados culturalmente mais abertos às empresas estrangeiras em diversas 
nações. Os contatos e interesses interculturais também abriram portas à 
experimentação de novos hábitos, produtos e modismos que aquecem a 
produção de bens e serviços em todo o mundo. Assim, novas culturas passaram 
a se conhecer e a se admirar. 
Todavia, a globalização não trouxe apenas facilidades, mas também 
desafios, como o protecionismo, o regionalismo, os processos de integração 
regional e os riscos de mercados tão interconectados em crises financeiras. É 
 
 
9 
preciso estar ciente de que o atual cenário internacional favorece a ação 
empresarial em novos mercados, mas também exige atenção às estratégias de 
ação e negociação. Por isso o profissional que irá lidar com o comércio exterior 
nas relações internacionais precisa ficar atento às notícias dos âmbitos político 
e econômico, bem como às novas tecnologias que alteram as dinâmicas de 
mercado. 
Entre defensores e críticos à globalização existem ainda aqueles que 
defendem que o processo de aproximação dos povos cria resistências 
chamadas de regionalismo, ou seja, a valorização das culturas e produtos locais. 
Os processos de integração regional, por exemplo, seriam formas de 
aproximação comercial entre Estados vizinhos, mas garantindo certo 
protecionismo aos mercados globalizados fora da região. Esse regionalismo 
permite que os fluxos comerciais nos blocos regionais se intensifiquem ainda 
mais, como é visto dentro da União Europeia e, em menor medida, mas ainda 
de forma relevante, no Mercosul. 
A integração regional, como um campo de estudos das Relações 
Internacionais (RI), surge para fortalecer mercados regionais e possibilita novas 
oportunidades de importação e exportação. As empresas originárias dos 
Estados nos blocos e envolvidas nesse campo de integração ganham vantagens 
em relação às empresas de origem externa ao bloco. 
De modo geral, ainda que defenda o livre mercado dentro do bloco e das 
empresas dos Estados-membros, os blocos regionais acabam por exercitar certo 
protecionismo em relação ao mercado mundial. Todavia, as negociações entre 
blocos regionais, como entre Mercosul e União Europeia, também podem 
favorecer o comércio interbloco. Por isso, apesar de inicialmente mostrar 
vantagens apenas regionais, os blocos de integração regional, como parte da 
globalização, podem favorecer acordos e tratados comerciais interblocos que, 
consequentemente, favorecem a importação e a exportação das partes 
envolvidas em detrimento de blocos e empresas externas a ambos. 
O mercado globalizado exige alguns parâmetros de conduta para que 
tudo funcione da melhor forma possível. Entre esses parâmetros, por exemplo, 
está o uso da língua inglesa, a cotação em moedas fortes (como dólar ou o euro), 
acordos documentados (ou seja, que não se firmam apenas de forma oral), bem 
como a participação de diversos especialistas antes, durante e depois das 
negociações. O comércio exterior, portanto, exige de todo profissional envolvido 
 
 
10 
com a cadeia produtiva e de negociação (secretários, administradores, 
internacionalistas, negociadores, juristas e executivos) um certo grau mínimo de 
conhecimento desses parâmetros. Por mais que as culturas locais e seus valores 
resistam à globalização, no mundo dos negócios existe a necessidade de 
padronizar os procedimentos, especialmente nas negociações internacionais. 
O mercado globalizado também é mais inconstante do que foi alguns anos 
atrás. Isso se dá pelo alto grau de complexidade de relações entre empresas, 
governos e investidores. A especulação financeira pode criar bolhas 
(crescimentos e alta em valores de títulos e preços, mas sem base real de 
valorização) apenas porque alguns grandes executivos avaliaram positivamente 
uma marca ou um setor comercial, como o imobiliário. Isso pode gerar um efeito 
de manada (ou efeito dominó), em que muitos outros vão seguindo a 
especulação e investindo quantias cada vez maiores até que o próprio mercado 
demonstra que não tem bases reais de retribuir os lucros esperados. Assim a 
bolha estoura, derrubando ações e desvalorizando empresas e países, como 
ocorreu na crise americana de 2008. Para compreender mais sobre esse tema, 
basta estudar mais sobre bolhas econômicas. Para tanto, recomendamos a 
reportagem Bolha Imobiliária Americana, disponível em 
<https://www.youtube.com/watch?v=6ZfG82Mk0iM>. 
Crises financeiras locais rapidamente podem se tornar regionais e 
mundiais, afetando o mercado e o comércio exterior. Como solução, as RI 
apontam para o cuidado em ter negócios sólidos e a capacidade de resistir à 
especulação e aos movimentos bruscos de mercado ao lançar-se no mercado 
internacional. A solidez está associada tanto ao não investir em situações e 
títulos de risco elevado como ao ter margem de consumidores menos suscetíveis 
às crises externas (por exemplo, não vendendo apenas para um único mercado, 
mas pluralizando os compradores no maior número de regiões possíveis ao 
redor do mundo). 
Contudo, empresas menores, que estão começando a se lançar no 
mercado internacional, acabam tendo dificuldades (de tempo e recurso) para 
atender a muitos mercados. Por isso é importante ter uma diversidade de 
serviços e bens que atendam tanto ao mercado externo como ao interno. A 
especialização empresarial em um único bem ou serviço — ou ainda em vendas 
casadas de produtos — pode tornar a empresa frágil e mais vulnerável às 
 
 
11 
mudanças internacionais de mercado. Diversificar na era da globalização é 
fundamental! 
TEMA 3 – REGIONALISMO 
Como visto, o regionalismo advém da aproximação econômica e cultural 
de governos e povos vizinhos que tentam, de alguma forma, proteger-se das 
dinâmicas globais. O regionalismo explica o surgimento dos blocos de integração 
regional no mundo, como o Mercosul e tantos outros. Além da integração 
regional, o sentimento de nacionalismo cultural e econômico pode dificultar o 
livre comércio e favorecer o protecionismo. 
Sobre os processos de integração regional, existem diversos blocos 
regionais, estágios e objetivos que podem variar desde interesses comerciais até 
a segurança internacional. Por exemplo, a União Europeia é um bloco de 
integração regional que surgiu no âmbito econômico, mas que hoje ganhou 
proporções políticas e culturais, bem como de segurança internacional. Já o 
Tratado de Cooperação de Xangai, entre Rússia e China, defende uma 
integração em prol da segurança da região. 
Voltando aos blocos com maior impacto no cenário econômico mundial, 
cabe destacar que União Europeia, Asean (Associação de Nações do Sudeste 
Asiático), Mercosul, Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), 
Ecowas (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental), Caricom 
(Comunidade do Caribe) e outros blocos com apelo comercial reorganizaram o 
globo em zonas comerciais específicas. Em nosso continente americano existem 
diversos blocos. Ao Norte temos o Nafta, que une Canadá, EUA e México em 
uma zona de livre comércio e investimentos. Vale destacar que o Nafta não 
buscauma união para além da zona de livre comércio, haja visto que o governo 
dos EUA não quer compartilhar processos decisórios sobre sua economia com 
o Canadá ou o México. 
Diferentemente do Nafta, aqui no Sul temos o Mercosul, que busca mais 
do que uma zona de livre comércio entre os Estados-membros, mas também 
coordenar políticas econômicas. Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e 
Venezuela se uniram para propor modelos regionais de desenvolvimento e 
criaram taxas aduaneiras comuns para diversos setores do comércio. O que isso 
significa? Significa que os Estados-membros do Mercosul importam e exportam 
 
 
12 
produtos com as mesmas taxas. Além disso, o Mercosul pode negociar diversos 
assuntos internacionalmente em nome dos seus Estados-membros. 
O Mercosul é diferente do Nafta por ter ido além da zona de livre comércio 
e alcançado a união aduaneira. Seu interesse é se tornar um mercado comum 
— ou seja, contar com livre circulação de pessoas, bens, serviços e capital. 
Quem já alcançou e até ultrapassou essa etapa é a União Europeia, que se 
encontra hoje em uma união econômica, ou seja, possui um banco central para 
fazer as políticas econômicas (especialmente as de câmbio e fiscais) por todos 
os seus membros. Salvo algumas exceções, como a Suécia, a União Europeia 
utilizou-se do regionalismo europeu para fortalecer economicamente a região 
diante das forças econômicas do século XX (EUA e União Soviética), bem como 
do Japão e de outras potências econômicas emergentes. 
Na Ásia está uma das maiores zonas de livre comércio, a Asean, 
composta por diversas nações do sudeste asiático e tendo China e Japão como 
membros observadores. Umas das regiões que mais cresceu desde os anos 
1970, o sudeste asiático também é uma região sensível à saúde da economia 
mundial. Composta por diversas empresas, filiais e subsidiárias das maiores 
empresas mundiais europeias e norte-americanas, a Asean busca maior 
complementariedade das economias nacionais de seus membros. Mas, assim 
como o Nafta, não deseja uma integração maior do que o livre comércio. Isso se 
dá porque os Estados não querem perder soberania sobre suas decisões 
políticas e econômicas, como ocorreu na União Europeia. 
Além desses blocos existem o Caricom na América Central, o Ecowas no 
oeste africano, o Pif (Fórum das Ilhas do Pacífico) nas ilhas da Oceania, o Efta 
(Associação Europeia de Livre Comércio) nos Estados europeus não membros 
da União Europeia, como a Islândia e Noruega, e muitos outros. Dessa forma o 
mundo está dividido em regiões com políticas comerciais e até econômicas 
próprias. Essas regiões buscam defender seu desenvolvimento econômico 
refletindo e projetando dinâmicas econômicas para todo o cenário mundial. 
Para além dos blocos econômicos regionais, o regionalismo também traz 
consigo um outro desafio: o nacionalismo. Se fora funcional no século XIX para 
a organização dos novos Estados, como o Brasil, o nacionalismo hoje ganha 
proporções econômicas denominadas protecionismo. O protecionismo é quando 
um Estado ou um bloco regional favorece um setor de sua economia, 
protegendo-a e financiando-a para que ganhe da concorrência externa. Esse 
 
 
13 
recurso também pode ser visto nas barreiras tarifárias, quando se estabelecem 
altos impostos para a entrada de produtos estrangeiros em determinados 
setores, protegendo, assim, as indústrias nacionais. 
Existem também as barreiras não tarifárias, que não são impostos de 
importação, mas sim medidas políticas que dificultam a entrada de produtos, 
como a alteração de sinais de televisão e pinos de tomadas, exigências de abate 
ou especificações de peso e cor de produtos. Essas medidas impedem ou 
encarecem as adaptações do exportador que acaba perdendo competitividade 
interna no mercado em que busca se inserir. Com isso o Estado dificulta a 
entrada desses produtos sem usar impostos e consegue favorecer e proteger as 
indústrias locais. 
Pode-se dizer que hoje as fronteiras estatais estão mais porosas. Mas, 
por outro lado, diversas novas fronteiras institucionais foram criadas: fronteiras 
de blocos regionais, de protecionismos e tarifárias, além das já definidas 
fronteiras culturais. Todas elas interferem nas dinâmicas econômicas 
internacionais e, consequentemente, nas profissões ligadas ao comércio 
exterior. Contudo, blocos regionais não criam só barreiras, eles também 
favorecem o comércio internamente. 
Um dos grandes objetivos do regionalismo é fortalecer regiões que 
encontram nas zonas de livre mercado — livres para seus membros — um 
caminho ao desenvolvimento. Por exemplo, enquanto empresários estrangeiros 
podem ter dificuldades para atuar dentro do Nafta ou Mercosul, empresários de 
seus Estados-membros recebem vantagens, como financiamentos 
governamentais, baixos impostos e até mesmo subsídios diversos de agências 
de desenvolvimento, como o Focem (Fundo Para Convergência Estrutural do 
Mercosul) no Mercosul. 
Assim como a economia, o regionalismo tem reflexos positivos e 
negativos, e dificilmente terá resultados que agradem a todos. Por isso, mais 
uma vez, é preciso refletir sobre o cenário atual e rever seus conceitos sobre 
desenvolvimento econômico global e regional. Deve-se estar aberto a todo o 
mercado internacional, mesmo que este esteja dividido em diversos blocos 
regionais? Ou deve-se fazer parte de um processo de integração regional se 
protegendo da especulação e competição internacional? Não existe uma 
resposta correta: ela irá variar de acordo com os objetivos desejados. 
 
 
14 
TEMA 4 – O CENÁRIO ECONÔMICO MUNDIAL PARA AS EMPRESAS 
Por muito tempo acreditava-se que as empresas interferiam apenas no 
campo dos negócios, ou seja, da economia e do mercado. Mas, com o grande 
crescimento de empresas transnacionais, muitas delas passaram a ter um alto 
recurso de barganha com Estados menores e promover políticas públicas — por 
lobby ou por parcerias de capital público-privado — que as favorecessem de 
alguma forma. Deve-se sempre lembrar que, apesar de serem agentes 
econômicos, as empresas também são agentes políticos ao interferir no futuro 
da sociedade. 
Dentre as maiores empresas no mundo estão tanto as empresas 
transnacionais financeiras e as petrolíferas privadas como as empresas estatais 
chinesas. Segundo dados da Fortune e republicados pela Exame, em 2016, as 
25 maiores empresas do mundo se dividem majoritariamente entre EUA, China 
e União Europeia. O Walmart (setor de varejo dos EUA) ocupa o primeiro lugar 
(US$ 482,13 bilhões de receita), seguida por State Grid (setor energético da 
China), China National Petroleum Corp (petrolífera estatal chinesa), Sinopec 
Group (refinadora de petróleo chinesa), Royal Dutch Shell (petrolífera e 
refinadora holandesa), Exxon Mobil (petrolífera dos EUA), Volkswagen 
(automobilística alemã), Toyota (automobilística japonesa), Apple (tecnologias 
nos EUA) e, em décimo lugar, a BP (petrolífera do Reino Unido com US$ 225,98 
bilhões em receita). Para mais informações acesse a publicação da Exame em 
<http://exame.abril.com.br/negocios/as-25-maiores-empresas-do-mundo-em-
2016-segundo-a-fortune/>. 
A frente das grandes empresas privadas da lista das 25 maiores empresas 
de 2016 estão diversas empresas estatais chinesas. Dessa forma, é preciso 
compreender que nem sempre uma empresa é de iniciativa privada. Apesar de 
estatais, essas empresas não atuam unicamente em seus Estados, mas 
perpassam diversos mercados no mundo, interferindo em políticas comerciais e 
econômicas das nações. Como já mencionado, um bom exemplo são as 
empresas transnacionais que pulverizam a produção em diversos lugares no 
mundo, favorecendo a logística internacionale a redução de custos, mas 
dificultando o controle político de suas ações e o cumprimento de suas 
responsabilidades sociais. Nesse caso, tanto empresas privadas, quanto 
 
 
15 
estatais podem exercer essa prática em outras nações, que se tornam reféns da 
especulação financeira, mas que também podem ampliar seus fluxos comerciais. 
A interferência econômica é evidente quando essas grandes empresas 
determinam novos mercados de investimentos ou políticas comerciais. Para 
cada alteração declarada, o mercado internacional reage de uma maneira 
diferente, podendo ser de forma positiva como também negativa. Assim, as 
grandes empresas mundiais acabam também por serem responsáveis pela 
especulação financeira internacional, bem como pelos altos e baixos do 
mercado. Seus executivos acabam com grande responsabilidade nas mãos ao 
planejarem decisões e ações de suas empresas que terão impacto sobre 
diversos mercados e países. 
Já as empresas menores também têm capacidade de impactar 
economicamente os Estados e suas sociedades — contudo, o fazem em nichos 
mais específicos. Quando uma grande empresa pede falência, por exemplo, o 
impacto na economia local é imediato. Já quando a empresa cresce e abre novas 
filiais, ela pode trazer consigo novas oportunidades de desenvolvimento e 
crescimento direto (empregos) e indireto (aquecimento econômico local). 
Na política, apesar de menos evidentemente, as empresas também 
interferem. Regras e normas são criadas no âmbito político para orientar, 
fiscalizar e exigir responsabilidades empresariais das sociedades locais e do 
governo. Internamente, ou seja, nacionalmente, o governo regula a ação das 
empresas que podem cooperar com iniciativas público-privadas, pagando seus 
impostos para financiar políticas públicas e se tornando eficientes na competição 
por licitações e suas execuções. Contudo, o lobby e a corrupção podem desviar 
o caminho natural da política — ou seja, a defesa do interesse público — para a 
defesa dos interesses privados empresariais. Nesse sentido, cabe ao próprio 
governo e à sociedade fiscalizar o trabalho dos políticos para garantir, de fato, o 
desenvolvimento eficiente a todos os cidadãos. 
O Estado não deve se colocar como inimigo da iniciativa privada, nem 
tampouco apoiar causas empresariais escusas em detrimento da população. No 
entanto, para auxiliar o papel dos Estados, existem os regimes internacionais, 
ou seja, normas e regras internacionais que orientam o que os Estados devem 
e não devem fazer. Regimes internacionais do comércio serão tratados em um 
outro momento da disciplina, mas desde já é importante saber de sua existência, 
como na própria materialização da Organização Mundial do Comércio (OMC). 
 
 
16 
As regras comerciais internacionais, criadas no âmbito político 
internacional (ou seja, pelos Estados) orienta não apenas as práticas 
governamentais dos Estados-membros ao regime, como também exigem 
comportamentos determinados das empresas no comércio internacional. Um 
bom exemplo é a proibição do dumping, que é quando uma empresa pratica um 
preço muito abaixo do valor de mercado de produtos concorrentes semelhantes 
com o intuito de quebrar a concorrência e dominar o mercado. Mas essa relação 
da política sobre o mercado ainda é mais fácil de se perceber. E quando é do 
mercado para o Estado? Quando as empresas interferem politicamente no 
âmbito internacional? 
Para responder a essa pergunta é importante recuperar o conceito de 
interdependência internacional, ou seja, diversas conexões entre governos, 
culturas, mercados, empresas e sociedades ao redor do mundo que interferem 
nas ações de todos os envolvidos. Quando uma empresa decide aumentar ou 
diminuir sua produção local, regional ou mundialmente, isso tem impacto direto 
sobre o aquecimento econômico do mercado no qual se insere. Logo, 
indiretamente diversos agentes envolvidos, como empresas terceirizadas, 
funcionários e seus sindicatos, podem diminuir ou aumentar a arrecadação fiscal 
de governos, o que, por sua vez, determina os limites de ação política dos 
Estados. Além disso, como já mencionado, as práticas de pressão política 
(lobby) e a corrupção também interferem nas ações políticas dos governos em 
favorecimento aos interesses empresariais. 
Por fim, empresas estatais e privadas podem impactar os mercados 
regional e mundial, bem como seus governos e outros governos interconectados 
aos seus. Caso a China, maior compradora de produtos brasileiros no mundo, 
tenha alguma crise econômica ou desaceleração de crescimento por estratégias 
de suas empresas, isso pode resultado numa baixa de consumo de nossos 
produtos, consequentemente gerando desemprego no Brasil, desaquecendo 
nossa economia e gerando menor arrecadação fiscal do governo, que perde sua 
capacidade de continuar políticas públicas de crescimento. Da mesma forma, 
crises ambientais no Brasil podem prejudicar a produção chinesa de 
determinados produtos e, consequentemente, gerar crises que vão além da 
relação Brasil-China, alcançando as relações de exportação da China com 
outros países em um efeito dominó. 
 
 
17 
O efeito dominó, também conhecido como efeito manada (um segue o 
outro) ou efeito spill over (transbordamento), mostra-se cada vez mais constante 
em um mundo interconectado e com mercados interdependentes. Nesse 
cenário, é preciso sempre compreender quais obrigações e possibilidades 
existem entre a sua empresa e o seu governo. Parcerias quase sempre são 
positivas, e o apoio governamental à expansão empresarial é incentivada por 
quase todos os Estados. Por isso, busque descobrir quais apoios e facilidades 
os governos federal, estadual e municipal podem dar à internacionalização 
empresarial e à atuação de sua empresa no mercado internacional. 
TEMA 5 – NEGOCIAÇÃO NO CENÁRIO ECONÔMICO MUNDIAL 
Agora que sabemos um pouco mais sobre o cenário econômico mundial, 
é preciso lembrar que as dinâmicas econômicas e comerciais entre Estados, 
empresas e outros agentes internacionais possuem regulamentos e 
regulamentações para que ocorram minimamente sob uma ordem. Os regimes 
internacionais criados pelos Estados, como mencionado anteriormente, surgem 
para regular as relações econômicas, financeiras e comerciais ao redor do 
mundo. 
Um regime internacional é criado pelo consenso de alguns Estados por 
boa vontade. Nenhum Estado é obrigado a participar de um regime internacional, 
mas muitos participam por verem vantagens nessa regulação. A ordem e a 
estabilidade nas relações são alguns dos ganhos. Na negociação e no comércio 
exterior, alguns regimes são importantes, como o do comércio, do sistema 
financeiro internacional e dos direitos humanos. 
As empresas multinacionais e transnacionais se submetem à 
regulamentação de seus respectivos Estados. Os Estados, por sua vez, 
submetem-se aos regimes que eles mesmo criaram e acordaram no cenário 
internacional. A negociação e o comércio exterior, por sua vez, devem ocorrer 
dentro dessas normas caso o Estado seja signatário de um acordo. De modo 
geral, quase todos os Estados de mercado aberto ou em processo de abertura 
estão presentes no regime mundial do comércio (OMC), incluindo o Brasil. Por 
isso regras como o combate ao dumping (preços intencionalmente muito abaixo 
do mercado para quebrar a concorrência) valem para a sua ação profissional. 
O combate ao trabalho análogo ao escravo, o trabalho infantil e o trabalho 
que desrespeite os direitos humanos também pode anular um processo de 
 
 
18 
exportação ou exigir responsabilidades legais das partes envolvidas em seus 
respectivos Estados. Por isso a negociação nesse cenário deve sempre levar em 
consideraçãoos meios pelos quais ocorrem. 
A economia também possui dois campos: o formal e o informal. Enquanto 
a maioria das empresas no mundo está no campo formal, boa parte da produção 
de bens e serviços ocorrem na economia informal, como trabalhos domésticos, 
de cuidados sociais e de ajuda voluntária. Apesar de não entrarem na 
contabilidade das grandes organizações internacionais, essa força econômica 
se faz presente nos cenários nacionais e mundial. As mulheres, em muitas 
nações, ficam de fora da economia formal, mas se tornam mão de obra da 
economia informal e, consequentemente, refletem em um cenário econômico 
mundial ainda desigual. 
Nesse sentido, ao seguir os fluxos econômicos é sempre importante ter 
um olhar crítico sobre os meios e os resultados que iremos obter. O comércio 
exterior não pode ignorar que a economia tem regras próprias, as quais nem 
sempre beneficiam a todos. Como o campo da escassez e das inovações, a 
economia mundial exige criatividade e atenção a todas as notícias ao seu redor, 
englobando dos ganhos comerciais às responsabilidades socioambientais e ao 
respeito às diversidades culturais de nosso planeta. 
Para que a orientação de seguir os fluxos econômicos evite erros e 
problemas diversos, as nações são assistidas pelo Sistema ONU na criação de 
medidas jurídicas internas, ou seja, as legislações nacionais. No Brasil os fluxos 
econômicos perpassam modismos, especulações, políticas distintas de 
governos e impactos externos. Mas, de modo geral, os regimes de direitos 
humanos, do sistema financeiro internacional (responsabilidades cambiais e de 
lastro para investimentos e gastos) e do comércio são minimamente respeitados. 
Caso contrário, é possível iniciar processos internacionais de investigação e 
julgamento. 
Como visto, a economia mundial interfere diretamente em nossa 
profissão. O comércio exterior está intimamente ligado aos cenários 
contemporâneos econômicos, e cabe ao futuro profissional manter consciência 
de suas dinâmicas, seus desafios e suas oportunidades para melhor aplicar o 
conteúdo de sua formação e se tornar um excelente profissional. 
 
 
19 
TROCANDO IDEIAS 
Agora que foi exposta a importância das empresas e dos estudos de 
economia mundial para compreender o comércio exterior, tente diferenciar 
comércio de economia. Será um bom exercício para fixar o conteúdo e 
compreender que o comércio, apesar de ter uma dinâmica autônoma, também 
se relaciona com o campo da economia e vice-versa. Lembre-se de que a 
economia é um campo muito mais amplo do que o comércio pois envolve 
questões culturais e políticas, mas que, quando conhecida, dá total suporte ao 
futuro profissional. 
NA PRÁTICA 
Busque identificar quais são as maiores empresas estrangeiras presentes 
no seu Estado ou região metropolitana e tente descobrir se elas alteram suas 
práticas de produção e serviços de acordo com as dinâmicas econômicas do 
cenário mundial. Esse é um ótimo exercício para compreender em que realidade 
econômica e política estamos inseridos e como a economia internacional implica 
em maiores ou menores custos para as empresas ao redor do mundo. 
Faça um relatório sobre sua investigação, contendo o nome da empresa, 
o seu histórico de inserção na região e alguns índices de crescimento, 
encontrados, quase sempre, nos sites empresariais. Relacione com os grandes 
momentos econômicos mundiais ao longo do período de atividade da empresa. 
Por fim, faça suas observações críticas de acordo com o aprendido em aula. 
Bom trabalho! 
FINALIZANDO 
Nesta primeira aula foi visto que a economia é a ciência que estuda a 
escassez e as dinâmicas criativas para se alcançar o desenvolvimento. O 
cenário econômico mundial advém das políticas econômicas nacionais, das 
interações entre empresas e de diversos outros agentes nacionais, regionais e 
internacionais, como as organizações internacionais e seus regimes. Manter 
conhecimento dos cenários contemporâneos da economia mundial favorecerá 
os passos futuros de sua empresa e sua carreira profissional. 
As empresas como agentes econômicos internacionais favorecem o 
desenvolvimento local e as trocas comerciais e culturais em um mundo 
 
 
20 
globalizado. Mas também podem iniciar crises financeiras e econômicas de 
acordo com seu tamanho e impacto nas políticas econômicas dos Estados. Para 
que as empresas respeitem os interesses coletivos e o desenvolvimento 
sustentável cabe aos governos e às populações a fiscalização das práticas 
empresariais, bem como reformular ou formular novas regras que orientem o 
mercado para o bem comum. 
Além disso, empresas e Estados estão submetidos aos processos de 
globalização oriundos do avanço tecnológico e dos contatos entre as nações. Se 
por um lado a globalização favorece trocas e aceleração comercial, por outro cria 
desafios sociais e instabilidades econômicas de mercados cada vez mais 
interdependentes. Um outro fator de destaque, como reação à globalização, é o 
regionalismo, que interfere diretamente nos processos econômicos e comerciais 
externos. 
O surgimento de blocos econômicos regionais, como o Nafta e o 
Mercosul, promove integração e facilidades comerciais em suas regiões, mas 
também pode criar protecionismos ao mercado global. Contudo, o cenário 
mundial está recortado por blocos regionais, como União Europeia, Asean, 
Caricom e outros. Entre modelos econômicos neokeynesianos e neoliberais, fica 
sempre a questão: o quanto os Estados devem intervir na economia e no 
mercado? Essa resposta cabe à sua observação crítica após ter contato com o 
presente conteúdo e buscar outras fontes de informação. Bons estudos! 
 
 
 
 
21 
REFERÊNCIAS 
CULPI, L. Empresas Transnacionais: uma visão internacionalista. Curitiba: 
Intersaberes, 2016. 
FERREIRA, P. V. Análise de cenários econômicos. Curitiba: InterSaberes, 
2015. 
DULCI, O. S. Economia e política na crise global. Estudos Avançados, São 
Paulo, v. 23, n. 65, p. 105-119, 2009. Disponível em 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142009000100008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 28 ago. 2017. 
MELO, L. As 25 maiores empresas do mundo em 2016, segundo a Fortune. 
Exame, 13 set. 2016. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/negocios/as-25-
maiores-empresas-do-mundo-em-2016-segundo-a-fortune/>. Acesso em: 28 
ago. 2017.

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