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Feminismo TRI2 - Resumo Nancy Fraser

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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Instituto de Ciências Humanas e Sociais
Departamento de História e Relações Internacionais
Professora Ana Saggioro Garcia
Aluna: Laesley Simor Furtado
Matrícula: 201549520-5
Teoria das Relações Internacionais II
Mapeando a imaginação feminista: da redistribuição ao reconhecimento e à representação
Nancy Fraser
Após o 11 de setembro, houve uma drástica mudança geográfica nas energias feministas: dos EUA para a Europa, onde há uma maior margem para manobras. Neste texto, a Nancy se propõe a entender o que está por trás dessa mudança geográfica e como isso irá impactar o feminismo. Dessa forma, ela propõe o estudo da segunda onda do feminismo, relacionando-a com duas outras formas: na primeira, ela se propõe a analisar grandes transformações no modo como as feministas imaginaram a mudança de gênero a partir dos anos 70; na segunda, estuda o espírito político da época o capitalismo pós-guerra e sua transformação no imaginário feminista, gerando uma análise de contemporaneidade na qual podemos avaliar os prospectos políticos das lutas feministas nos próximos tempos.
Portanto, a Nancy coloca este trabalho como sendo um trabalho político, pois ela relata de certa forma a história do feminismo e pretende lançar luz sobre como podemos revitalizar a teoria e a pratica da igualdade de gênero sobre as atuais condições. Analisa também como pode ser descartado e o que deve ser aproveitado para as futuras lutas feministas, e situando as mudanças, promover a discussão de como podemos reelaborar o projeto do feminismo em um mundo cada vez mais globalizado.
1. Historicizando a segunda onda do feminismo
Neste momento, a Nancy nos fala que a segunda onda do feminismo surgiu em três fases e que a história padrão de progresso, saindo de um movimento exclusivista dominado por mulheres heterossexuais, de classe média e brancas, para um movimento maior abrangendo todas as mulheres (negras, lésbicas, pobres), é uma luta muito interna ao feminismo e não é satisfatória para a análise. 
Durante a primeira fase o feminismo estava estritamente relacionado com vários novos movimentos sociais que emergiram do fermento dos anos 60. Surgindo de um radicalismo da Nova Esquerda, o feminismo surgiu como um movimento social que tinha como esforço maior transformar o imaginário político economicista que tinha centrado os problemas em uma distribuição entre as classes. Então, buscando expandir o seu imaginário, as feministas expuseram uma ampla gama de dominação masculina e sustentaram uma visão expandida da política, que abrangesse “o pessoal”. Mais tarde, com o declínio da Nova Esquerda, os pensamento anti-economicistas foram repensados e incorporados por um novo imaginário politico, que colocou questões culturais em primeiro plano.
Na segunda fase, foi atraído para a orbita da política de identidades e preocupou-se com a cultura, coincidindo com o rompimento da democracia social baseada na ideia de nação graças a pressão do neoliberalismo global, e portanto, não sendo bem sucedido devido as condições. 
Na terceira fase, o feminismo é cada vez mais praticado como política transnacional, em espaços transnacionais emergentes. O feminismo estadunidense não estava preparado para as mudanças ocasionadas pelo 11 de setembro. Entretanto, em outros lugares como a Europa, as feministas estão explorando novas oportunidades políticas. Desta forma, estão reinventando o feminismo a medida que o mundo se globaliza, podendo então agregar o melhor das duas fases.
Portanto, a Nancy apresenta essas três fases e então ela nos mostra que a forma que a sua narrativa pode parecer demarcatória, mas que as realidades tendem a se sobrepor. E também fala que para ela, esta terceira fase é mais desenvolvida que as duas primeiras que ficaram centralizadas nos EUA e na Europa Ocidental, estando em espaços transnacionais.
2. Aproximando o gênero a social-democracia: uma crítica ao economicismo.
Na década de 60, a juventude radical tomou as ruas e acabou que a aparente calma apresentada até o momento. Se opuseram a segregação racial e a Guerra do Vietnã em um primeiro momento, mas depois começaram a questionar a repressão sexual, sexismo, heteronormatividade, materialismo, consumismo, burocracia, e etc. Desta forma, com esta revolta, novos movimentos sociais foram se formando, entre eles, a segunda onda do feminismo como um dos mais visionários. 
Problematizando o paternalismo do Estado do bem-estar social e a família burguesa, o feminismo ajudou a modificar o imaginário político. Expandiram fronteiras de contestação e incluíram o trabalho doméstico, a sexualidade e a reprodução nas pautas políticas. O feminismo desta época tinha uma relação com a social-democracia e estavam comprometidas a promover o igualitarismo. 
Por volta de 1989, houve uma mudança nos paradigmas. Com um governo conservador na Europa Ocidental e América do Norte e a ascensão do neoliberalismo, houveram vários ataques a ideia de redistribuição igualitária. Os movimentos feministas perderam seu chão, sendo incapazes de então assumiu a social democracia como base para radicalização, o movimento gravitou para outras novas formas de reivindicação política, mas próxima do espirito pós-socialista. 
3. Da redistribuição ao reconhecimento: o infeliz casamento do culturalismo com o neoliberalismo
A segunda fase do feminismo procurou enfatizar a necessidade do “reconhecimento de diferenças”. Como não obtinham sucesso nas injustiças da política econômica, voltaram-se para os males resultantes do padrão antropocêntrico de valor cultural e as hierarquias. Então, enquanto a geração anterior buscava a equidade social, esta investia nas mudanças culturais.
A política feminista de identidade da época criou uma sinergia com as lutas de igualdade social apresentadas, ambas estavam ligadas. As lutas sociais foram subordinadas as lutas culturais e a política de redistribuição a política de reconhecimento. Porém, o momento não foi o correto: acomodou-se no neoliberalismo que só tinha interesse de reprimir o igualitarismo social. E, ao invés de uma evolução do paradigma, apenas trocamos um paradigma economicista por um culturalista. Encantadas com o reconhecimento que este neoliberalismo resultava, a teoria feminista foi direcionada para canais culturalistas, quando as circunstancias (neoliberais) requeriam atenção a politica de distribuição.
4. Geografias do reconhecimento: pós-comunismo, pós-colonialismo e terceira via

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