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Trabalho Etnográfico

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – CAMPUS ARCOVERDE
COORDENAÇÃO DE DIREITO
CURSO DE DIREITO 
ARTHUR BEZERRA DE OLIVEIRA
JOHN KENNEDY SOBRAL MACIEL FREIRE
CARLOS EDUARDO RIBEIRO DA SILVA
OS RISCOS ENFRENTADOS PELOS POLICIAIS MILITARES: AS VULNERABILIDADES DE UMA DAS PROFISSÕES MAIS ARRISCADAS DO PAÍS
ARCOVERDE
2017
ARTHUR BEZERRA DE OLIVEIRA
JOHN KENNEDY SOBRAL MACIEL FREIRE
CARLOS EDUARDO RIBEIRO DA SILVA
OS RISCOS ENFRENTADOS PELOS POLICIAIS MILITARES: AS VULNERABILIDADES DE UMA DAS PROFISSÕES MAIS ARRISCADAS DO PAÍS
Trabalho apresentado aos Professores Fernando Cardoso e Rita de Cássia S. T. Freitas, da Universidade de Pernambuco – Campus Arcoverde, para obtenção do grau final nas disciplinas de Psicologia Jurídica e Antropologia.
	
ARCOVERDE
2017
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 	4
2. UNIVERSO ETNOGRAFADO: ASPECTOS E PERCEPÇÕES	7
2.1 Sobre a metodologia utilizada	7
2.2 O universo etnografado	7
2.3Estratégias de coleta de informações	13
3. O LUGAR SOCIAL DO SUJEITOS	13
3.1 Descrições dos sujeitos e da instituição	13
3.2 Suas marcas de vulnerabilidade	19
4. DIÁLOGOS ENTRE OS ACHADOS DA PESQUISA E A LITERATURA ESPECIALIZADA	32
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS	37
6. REFERÊNCIAS	40
1. INTRODUÇÃO
 Este artigo discute os riscos enfrentados pelos Policiais Militares da Equipe de Rondas Ostensivas Com Apoio de Motocicletas- ROCAM, da cidade de Cocal no Estado da Bahia, com base em estudos Etnográficos. Risco, segundo o dicionário Aurélio e conforme o contexto que iremos tratar, refere-se a probabilidade ou possibilidade de perigo. O Risco em questão surge quando a ordem pública é ultrajada por marginais e suas condutas delituosas, que emergem dilacerando direitos alheios, e é algo inerente ao serviço Policial Militar, parede humana entre a sociedade e o caos.Conviver diariamente com injustiças sociais, violência urbana e principalmente com o risco de matar ou morrer no atendimento de ocorrências, influenciam drasticamente o comportamento, a tomada de decisões e a forma de ver, ouvir e entender as realidades da vida; desse modo, o artigo em questão objetiva compreender a percepção por parte dos próprios policiais dos ricos enfrentados por eles no exercício de sua profissão.Durante o período de 15(quinze) dias realizamos uma série de entrevistas com 07(sete) policiais, que nos externaram do ponto de vista deles quais seriam os principais riscos que eles enfrentavam em sua atividade laboral. Todos colocaram o risco de vida como principal vulnerabilidade, porém por questões organizacionais pedimos para cada um dar ênfase a um problema especifico. Observamos basicamente 07(sete) problemas em comum, com isso ficou estabelecido um tema por policial, os mesmos fizeram a divisão entre eles sobre qual tópico cada profissional falaria conforme sua ótica. O primeiro problema foi a Periculosidade, onde o Cabo PM Maranhão externou a crise no tocante a falta de preocupação do Estado com a vida do profissional de segurança pública, como bem falou em uma parte da entrevista “A falta do Estado vem gerando uma grande bola de neve na administração pública, tornando assim uma sociedade desamparada de condições básicas, gerando constantes distúrbios sociais, colocando o Policial Militar como ponta de lança para manter o mínimo de paz social, porém essa falta de Estado deixa a Policia Doente”. A opinião do Cabo Maranhão gera um alerta para o Estado e a sociedade, A Polícia está doente, é preciso que o policial seja valorizado não somente no Estado da Bahia, mas sim em todo território Nacional, pois se a Polícia vai mal a sociedade tende a segui-la. “Há um Tsunami de Sangue e dor se aproximando muito de nós, e continuamos não dando a devida atenção. A Polícia é a última barreira entre o bem e o mal, se ela está caindo assim, é sinal que essa defesa acabou, pensem nisso!” Alexandre Abrahão, Juiz de Direito TJRJ. O segundo problema refere-se ao Cerceamento da Liberdade do Profissional, quem falou sobre o caso foi o Soldado Macedo. Disse: “Situações impedem que nós, Agentes de Segurança Pública, frequentemos todos os ambientes, tanto nós, como nossa família ficamos visados por esses indivíduos (Criminosos)”. Ser Policial Militar é abdicar de sua liberdade de ir e vir para qualquer lugar, por medo de morrer e isso se estende aos familiares o que é inadmissível em um Estado democrático de Direito. “Seus Corpos estão permanentemente expostos e seus espíritos não descansam” (MINAYO; SOUZA; CONSTANTINO, 2008, p. 18). O Terceiro Risco diz respeito a Falta de Condições de Trabalho, onde o 2º Sargento Juarez deixou nítido a indignação com a falta de investimentos em Equipamentos de Segurança dos Profissionais, “ Gosto de falar dos EPI’S(Equipamentos de Proteção Individual)... Por vezes estão “estourando” suas validades de uso para serviço, no caso para quem faz o serviço de moto patrulhamento, a falta de troca e manutenção frequente deles pode tirar a vida em caso de acidente, por exemplo.” O Sargento falou também a respeito do Monopólio da Forjas Taurus no mercado de armas brasileiro, segundo ele: “ O perigo mora do coldre dos policiais, somos reféns da Taurus, ano após ano há denúncias de disparos acidentais e ninguém faz nada. Quantos ainda precisam morrer pra isso mudar (indagou emocionado)?” Policiais Militares e Civis são reféns do armamento da Forjas Taurus, beneficiada por uma legislação que abre espaço para o monopólio da empresa em território Nacional.O quarto problema foi externado pelo Soldado PM Guerra, no tocante a Impunidade que gera sensação de Insegurança. Segundo ele: “Além disso os profissionais de segurança pública sentem-se inseguros e desmotivados, pois tem o trabalho árduo para tentar reduzir a criminalidade, e não conseguem visualizar dados positivos, a sociedade por sua vez também sofre com os altos índices de violência que apresentam crescimento ano após ano.” Guerra acredita que o Estado deve ser mais atuante na criação de políticas públicas repressivas e preventivas, com apoio aos profissionais de segurança pública e não tentar solucionar os problemas da violência com políticas de desencarceramento que introduzem criminosos de volta a sociedade para que cometam os mesmos crimes de outrora.O quinto problema externado pelo Cabo Vargas, foi a Ausência de uma retaguarda jurídica e valorização dos Direitos Humanos do Policial. “Segundo Vargas: “Acredito que o pior deles é a pressão, hipócrita, que a mídia faz nos governantes e gestores das policias pela punição do policial sem sequer apurar o fato como um todo”, referindo-se ainda a falta de retaguarda jurídica, afirmou: “O texto do diploma penal é bem claro quando diz não haver ilícito (Excludente de ilicitude). A grande crítica é quem será a autoridade policial, Delegado, ou autoridade judiciária, Juiz, que reconhecerá e aplicará os ditames desse texto legal. ”No tocante aos Direitos Humanos do Policial, disse: “ Quanto a política de Direitos Humanos, ela nunca existiu neste país. Ela é apenas um meio de compra e fixação de votos por meio a vitimização do LOBO, o bandido. ” 
 Vargas deixou claro que tudo na teoria é muito bonito e aparentemente infalível, no entanto essa beleza e infalibilidade não se coadunam com a realidade onde tudo isso é utopia.O sexto ponto nos foi explanado pelo Soldado Camargo no tocante a Insalubridade, relatou que: “ Segurança Pública custa caro, não existe economia quando se trata de um assunto que salva ou elimina vidas. Desde a formação policial até os últimos dias de serviço nas corporações, diversos são os pontos insalutíferos a que o profissional está exposto. Longas distâncias a percorrer para se chegar ao trabalho, demandas físicas exaustivas, péssimas condições dos ambientes de trabalho, falta de equipamentos adequados e insegurança são fatores que, quando somados, alimentam o segundo maior ponto insalubre da profissão, o estresse (externou que o primeiro é a morte). ”O policialmilitar precisa ser resiliente para enfrentar os riscos que caracterizam a profissão, são heróis anônimos que saem de casa para trabalhar, porém não sabem se voltarão vivos para o seio familiar, um dos maiores refúgios para quase totalidade destes guerreiros é a fé.“ Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; tua vara e o teu cajado me consolam” Salmos 23:4; Bíblia Sagrada; “Mil cairão ao teu lado, Dez mil a tua direita, mas tu não serás atingido” Salmos 91:7; Bíblia Sagrada.O sétimo e último ponto de vulnerabilidade foi explanado pelo 1º Sargento Carlos André, no que tange a Pressão no Ambiente de Trabalho, externou: “O trabalho sob pressão, seja ele em QUAISQUER ÂMBITOS organizacionais,parece ser decisivo para o sucesso de uma instituição, contudo não é. Ao contrário disso, ele é capaz de prejudicar o funcionamento da máquina organizacional.Pressionadas, as pessoas têm mais obstáculos em desenvolver estratégias criativas no ambiente de trabalho.”O acúmulo de tarefas, as inúmeras cobranças em excesso, com vistas à busca pela excelência institucional sem uma retaguarda logística, o perfeccionismo e foco no trabalho como fonte exclusiva de prazer levam ao esgotamento físico e mental do Policial Militar – capital humano de expressiva dimensão para o sucesso organizacional da Instituição Polícia Militar e da Segurança Pública como um todo. Baseando nosso trabalho em alguns teóricos que também já discutiram esse assunto em outros artigos publicados, fizemos um fórum de discussão colocando as opiniões deles corroborando com as de nossos entrevistados mostrando que essa realidade dos policiais brasileiros já vem sendo discutida e analisada em outros lugares do país como também em outras épocas.
2. UNIVERSO ETNOGRAFADO: ASPECTOS E PERCEPÇÕES
2.1 Sobre a metodologia utilizada
 Trata-se de um estudo etnográfico qualitativo de natureza descritiva e exploratória. O instrumento de coleta de dados foi uma entrevista com sete policiais militares onde eles explanaram as suas opiniões e suas percepções no dia a dia de sua profissão que gera vulnerabilidades de direitos para eles.
 A partir das entrevistas com esses policiais podemos nos aprofundar um pouco no mundo que os rodeia e as situações que eles estão sujeitos. O que gera essas situações e o que pode ser feito para evitá-las ou diminuí-las. 
2.2 O universo etnografado
O Campo eleito por nosso grupo busca entender na prática os Riscos e vulnerabilidades enfrentados pelo Policial Militar- PM no desempenho de sua atividade laboral.Ser Policial no Brasil é hoje uma das profissões mais arriscadas do mundo, visão inicial que fomentou a criação de um grupo focal imbuído na rotina dos Policiais Militares da Bahia, especificamente na Equipe de Rondas Ostensivas Com Apoio de Motocicletas- ROCAM, da cidade de Cocal, interior do Estado. Essa pesquisa identificou algumas das questões indicadoras de vulnerabilidades enfrentadas diuturnamente pelos policiais e que deram origem a esta etnografia.
1- Periculosidade:
Caracteriza-se pelo fator “fatalidade”, ou seja, a submissão do policial ao risco de vida, em função das atividades por eles exercida. Quando o Policial é integrado a corporação ele faz um juramento onde promete defender a sociedade mesmo com o risco da própria vida, isso é pouco difundido na mídia pelo fato de não gerar audiência, afinal de contas neste país só o que gera o popularmente conhecido “IBOPE” são notícias ruins e chocantes em sentido negativo. O profissional de segurança abdica do seio familiar em fins de semana, onde a maior parte dos profissionais está desfrutando do descanso e lazer, renuncia festas e datas comemorativas, pois é submetido a um regime de dedicação exclusiva onde não pode se dar ao luxo de passar, por exemplo, o Natal com a família, via de regra, tudo para atender as necessidades de uma sociedade muitas vezes ingrata e que não reconhece o valor destes profissionais. Viver no vale da sombra da morte é a sina do Policial, colocar a vida em perigo em detrimento da vida do próximo é um dos gestos, se não for o mais nobre, de altruísmo e amor ao próximo que há.
Juramento POLICIAL MILITAR:
“Ao ingressar na Policia Militar do Estado da Bahia
Prometo regular minha conduta pelo preceito da MORAL
E cumprir rigorosamente as ordens das autoridades a que estiver subordinado
A Preservação da Ordem Pública e a Segurança da Comunidade
“MESMO COM O RISCO DA PRÓPRIA VIDA.”
2- Insalubridade:
Devido a exposição do policial a determinados agentes físicos, químicos e biológicos em Circunstancias prejudiciais à saúde. O Policial em seu ambiente de trabalho, que são as zonas urbanas e rurais dos municípios do Estado, são expostos a todos os tipos de situações insalutíferas, a poluição é a mais comum. O risco de contrair doenças é gritante, pois o profissional tem contato direto com todos os tipos de indivíduos, seja nas ruas em presídios ou hospitais.
O excesso nas jornadas de trabalho é outro fator determinante, como já foi externado o policial está submetido a uma dedicação exclusiva e deve estar pronto para e em condições de trabalho sempre que for necessário.
Na atualidade a doença do século, que é a depressão, vem atingindo em grande escala toda a corporação e tem gerado consequências devastadoras como o suicídio. Policiais são tratados como máquinas pelo Estado, se, por acaso, der algum “defeito ou quebrar” a solução mais conveniente é substituir o “problema”, não há um acompanhamento psicológico por parte da instituição, se o policial sentir a necessidade de acompanhamento de um psicólogo ou psiquiatra tem que arcar com os custos do próprio rendimento. 
Vale ressaltar que os Policiais Militares do Estado da Bahia não percebem Adicional de Insalubridade nos seus rendimentos, como em boa parte de outros Estados do país que também não são contemplados.
3- Pressão no Ambiente de Trabalho:
A vida castrense requer a tomada de decisões plausíveis e legais em átimos, pois qualquer atitude minimamente errada o policial perde sua vida, sua liberdade ou sua farda. Para tomar tais decisões se faz necessário um equilíbrio emocional fora dos parâmetros tidos como normais, para ser imparcial em ocorrências é preciso estar muito bem psicologicamente e é nesse ponto que os tópicos elencados aqui se correlacionam, pois os fatores insalutíferos são determinantes para se manter um equilíbrio e domínio do emocional.
	O Policial Militar passa a maior parte do dia no trabalho, onde as questões profissionais e pessoais acabam se interligando, influenciando umas às outras, e uma das grandes preocupações do ser humano é como separar vida pessoal e profissional. Impossível mencionar sobre estresse e pressão no trabalho sem fazer alusão a síndrome de Burnout. Diversos profissionais desenvolvem a síndrome pela exaustão, uma vez que ultrapassam o próprio limite e não sabem lidar com o estresse e a pressão do cotidiano. Nesses casos, ocorrem o surgimento de determinadas características, como fadiga, depressão, dificuldade na relação profissional, ansiedade e a perda do sentimento de realização profissional. "O indivíduo deixa de ser produtivo e perde a vontade de trabalhar e/ou fazer o que antes amava". 								Na esfera laboral, a pessoa, antes competente e atenciosa, liga o “piloto automático”, pois no lugar da motivação, surgem a sensação de fracasso, irritações, falta de concentração (o que na atividade policial acarreta em acidentes e até a morte), desânimo, entre outros aspectos negativos que fazem com que o rendimento decline. Asíndrome ora descrita, também conhecida como esgotamento profissional, é configurada do estresse prolongado no âmbito trabalhista. No Brasil, 30% dos profissionais apresentam esse grau máximo de “pane no sistema”, conforme pesquisa da filial nacional da International Stress Management Association (ISMA). Segundo a psicóloga Ana Maria Rossi, 96% dos atingidos sentem-se incapacitados, o que provoca absenteísmo – para realizar exames e licenças médicas– e presenteísmo, quando se está fisicamente no posto, mas com a mente distante. 
4- Ausência de uma Retaguarda Jurídica e valorização dos Direitos Humanos do Policial:
 O Policial Militar vive em permanente estado de insegurança jurídica no exercício de sua atividade laboral, a égide dos Direitos Humanos por vezes passa longe destes profissionais, que são regidos por um código disciplinar administrativo anacrônico. 
Neste ponto, os policiais são totalmente vulneráveis, pois são alvos do que combatem, a criminalidade e os criminosos. Nos últimos tempos a polícia vem perdendo sua autonomia e com isso o respeito e o receio dos delinquentes, que não temem e frequentemente debocham do trabalho dos policiais, tivemos contato com M. C. A. C de 22 anos, que foi detido pelos policiais após ter cometido um roubo, o jovem externou para nosso grupo o seguinte: “ Não gosto de trabalhar, pra que trabalhar? Eu tomo é dos bestas...”, em seguida indagamos sobre o que ele achava que iria acontecer, e ele respondeu: “ Meu irmão, não vai dar em nada... amanhã tem a audiência(Audiência de Custódia) e o Juiz me libera, aí eu vou voltar pra rua e roubar de novo...”, perguntamos o que ele achava da Justiça brasileira, ele disse: “ É a melhor do mundo, aqui a gente “mete o bicho” os “homi”(fazendo menção a polícia) prende e no outro dia nós é solto pro mundão de novo...” 
Hoje, mesmo que o Policial haja utilizando os excludentes de ilicitude para resolver uma injusta agressão contra si ou outrem ele é punido na maioria das vezes e em duas esferas a Penal e a Penal Militar, naquela é inocente até que se prove o contrário, já nesta é culpado até que se prove o contrário. Diversos Policiais estão morrendo por medo de agir (Dentro do que a lei estipula como excludente de ilicitude), por medo de puxar um gatilho e ceifar a vida de quem injustamente tenta acabar com a sua, o que é inadmissível. 
É necessário entender que por trás de uma farda está um ser humano, que tem família, que tem sonhos e que acima de tudo têm direitos, pelo menos na letra da lei, pois a aplicação desta vem sendo ultrajada por juristas forjados contra a Polícia, não é uma generalização, mas é sabido que é crescente a quantidade de tais profissionais que chegam a determinadas funções, Juiz e promotor neste caso, sem saber nada da vida, de como funciona o mundo na realidade, apenas alimentados por conhecimentos teóricos muitas vezes insuficientes para compreensão da complexidade da vida e sendo meros fantoches (Formadores de Opinião são raridade) de alguns Docentes da Academia, responsáveis em partes pela grande quantidade de pensamentos uniformes e autoritários que pairam no meio jurídico atual.
5- Impunidade que gera a sensação de impotência:
 Com a crescente sensação de impunidade e a falta de rigidez nas sanções penais, associadas a políticas publicas quase que inexistente no que tange a prevenção de delitos, é comum que a maioria dos indivíduos que a polícia prende, tenham no mínimo três passagens, ou na linguagem policial, “quedas”.
Com a atual política do desencarceramento a polícia se arrisca, atua, flagra, detém e no outro dia a Justiça solta (audiência de Custódia) e o indivíduo volta para sociedade e comete o mesmo crime. Tal fato vem gerando na corporação a sensação de “enxugar gelo”, dando espaço a desmotivação e falta de reconhecimento profissional.
Diante destes fatos a corporação conta com três tipos de policiais:
Os que ignoram o sistema e continuam fazendo seu trabalho normalmente;
Os que se corrompem e passam a compactuar com a criminalidade (Em toda profissão existe o mau profissional, mas diferentemente do que a mídia quer difundir essa parcela é uma minoria quase irrisória), e neste caso, é preciso haver uma corregedoria forte e autônoma, independente do Comando da PM, de modo a elucidar com justiça e sem politicagem as ações e arbitrariedades dos Policiais criminosos (É característico que sofram banimento pela própria tropa, bandido não se cria na PM);
Os que passam a fazer justiça com as próprias mãos.
6- Falta de Condições de Trabalho: 
A falta de investimentos e gestão em segurança pública é outro problema que coloca os policiais em situação vulnerável, um fator determinante é o monopólio em âmbito Nacional da maior fabricante de armas da América Latina, a Forjas Taurus.
O Governo não investe suficientemente em Segurança Pública, pois esta ação engloba o oferecimento de condições dignas de trabalho e matérias de qualidade e que atendam a demanda dos profissionais e, por conseguinte da sociedade, bem como elaboração e execução de políticas públicas voltadas a prevenção de delitos (Educação, Cultura, Esportes) notoriamente tais fatos não ocorrem.
O investimento do Governo se dá em um falso Marketing, onde busca demonstrar para sociedade que está tudo bem e a “sensação” de segurança está garantida, e não a Segurança em sentido completo.
No que tange o Monopólio da Forjas Taurus na comercialização de armamentos, esta é beneficiada pela Legislação Pátria, há quem diga que tudo não passa de uma grande jogada política, pois a empresa é uma das financiadoras (Doação) de campanhas de Deputados Federais. Os Policiais são prejudicados, correndo riscos de matar ou morrer devido a problemas apresentados nos armamentos que disparam sozinhos ou não disparam. 
Existem inúmeros processos movidos por policiais contra a Taurus, a empresa nega haver problemas e atribui a culpa de possíveis falhas ao controle de qualidade do Exército, responsável por fiscalizar e testar os armamentos.
O fato é que a solução para isso tudo é o fim do Monopólio, o livre mercado irá favorecer a aquisição de armamentos de qualidade por parte dos policiais, que na atualidade contam com instrumentos de trabalho obsoletos e defeituosos, produzidos por uma empresa que domina e trava as decisões políticas no tocante ao fim da produção única.
7- Cerceamento da Liberdade:
Uma vez que fez opção pela carreira Policial Militar o profissional fica receoso em frequentar determinado ambiente, objetivando furtar-se do encontro indesejado com algum indivíduo que outrora tenha detido. 
Por vezes esta reclusão indesejada se estende aos familiares, pois policiais lidam com todos os tipos de delinquentes sejam eles de baixa ou alta periculosidade, sendo seus entes familiares alvos fáceis dos bandidos.
Recentemente foi acrescido ao rol de crimes hediondos o homicídio e a lesão corporal praticados contra policiais, bombeiros e militares no exercício da função ou em virtude dela, por meio da Lei nº 13.142 de 2015 (artigos 142 e 144 da Constituição Federal). O que a lei fez foi tornar o homicídio de policiais e outros agentes em Homicídio qualificado, no mundo jurídico não alterou nada, apenas uma mudança formal. 
Por tanto, conforme o que foi explanado, fica evidenciado a percepção do risco da atividade policial e a natureza que dar estrutura para que eles ocorram tanto durante o serviço, quanto durante seus horários de folga. A atividade Policial Militar constitui uma categoria profissional vulnerável à produção de várias situações de risco, pois é um trabalho marcado por um cotidiano em que a tensão e o perigo estão sempre presentes.
2.3 Estratégias de coleta de informações 
 A pesquisa foi feita na unidade policial, especificamente no alojamento dos moto-patrulheiros. Foram escolhidos os sete riscos que os sete policiais estabeleceram como sendo os mais comuns na atividade laboral deles, de modo que cada um ficou responsável por externar seus pontos de vista no tocante aos riscos elencados. Foi elaborado por nós um formulário que continha os sete riscos ditos anteriormente no qual cada um foi relatando a punho as opiniões próprias que, logo depois, foram transcritas por nós mesmos para este trabalho. Foi preferido a criação desse formulário para que os policiais entrevistados tivessem maior liberdade ao externar suas opiniões no papel, sem limites de linhas ou regras de tempo e correção.
3. O LUGAR SOCIAL DO SUJEITOS
3.1 Descrição dos sujeitose da instituição 
 A instituição escolhida pelo grupo foi a Polícia Militar da Bahia, especificamente a Equipe de Rondas Ostensivas Com o Apoio de Motocicletas- ROCAM, da Cidade de Cocal, localizada no sertão do Estado e possuindo cerca de 80 mil habitantes. 
A PM-BA é uma instituição quase bicentenária (192 anos), surgiu em 1825 e possui origem no Corpo de Polícia criado pelo Imperador D. Pedro I, sua função primordial é o policiamento ostensivo e preventivo e a preservação da ordem pública do Estado da Bahia.
 A cidade de Cocal é a sede do 3º BPM, que além desta é responsável pelo policiamento de mais 9 (nove) Cidades circunvizinhas. 
Nosso enfoque, porém, foi um Grupamento especializado de Moto patrulheiros que cordialmente nos atendeu e com uma imensa solicitude permitiu que realizássemos este proveitoso estudo etnográfico. 
Surgimento da ROCAM
 A cerca de 18 anos atrás nasce uma nova FILOSOFIA DE VIDA nas fileiras da Polícia Militar de Pernambuco, as Rondas Ostensivas Com o Apoio de Motocicletas, ROCAM como é conhecida, foi criada em 29 de dezembro de 1999, como forma de inovar um modelo de policiamento voltado especificamente para o combate aos delitos praticados por meliantes que utilizam as motocicletas e bicicletas como meio auxiliar de suas investidas criminosas.Inicialmente foi implantada como sendo a 5º Companhia do Batalhão de Polícia de Radiopatrulha, tendo as suas instalações físicas, situada a princípio no prédio do Quartel do Comando Geral (doravante QCG).A ROCAM nasceu com a missão de ser referência na modalidade de policiamento com motos na Região Nordeste e posteriormente para o País, elevando assim a eficácia e eficiência no propósito de repressão às diversas modalidades de práticas delituosas. Com a expansão e aceitabilidade por parte da Sociedade do novo modelo de policiamento, em virtude dos resultados positivos apresentados, a ROCAM, não tinha mais condições de permanecer instalada no QCG, vindo no mês de outubro do ano 2000, a ocupar o prédio onde está localizado o 13º BPM, Rua Távora, no Bairro Bela Vista.
 Posteriormente, como parte de um projeto operacional desenvolvido na corporação, a ROCAM, passou a integrar no mês de Março do ano de 2001, as fileiras do BPChoque (Batalhão de Polícia de Choque), sendo instalada no interior daquela Unidade Militar como 6º CIA, vindo novamente no início do ano de 2003 a ser movimentada para as instalações do antigo prédio do Centro Social Urbano (CSU) no bairro da Várzea, com a missão de apaziguar e trazer tranquilidade aos moradores deste bucólico bairro soteropolitano, haja visto os altos índices de criminalidade que havia no local.
 O modelo de Moto patrulhamento veio para ficar na história da quase bicelular Corporação, vindo em tempo hábil a contribuir no combate a marginalidade, com a sua atuação e grande mobilidade, rompendo obstáculos adversos, com acesso aos locais mais difíceis em suas ações, atendendo as ocorrências em um menor espaço de tempo.
 Contando inicialmente com um efetivo de 60 (sessenta) motocicletas da marca Honda do tipo XR-200 e com 135 (cento e trinta e cinco) Policiais Militares, foi atingido no primeiro ano de sua implantação, a satisfatória marca de 128 (cento e vinte e oito) armas de fogo apreendidas, além de aproximadamente 210 (duzentos e dez) prisões em flagrante delito, pela pratica dos mais diversos tipos de crime.
 Procurando dentro do projeto expansionista da doutrina do Moto patrulhamento, a ROCAM busca cada vez mais especializar os recursos humanos disponíveis, preparando-os para as intempéries do serviço policial, tendo formado um grupamento de policiais para atuarem como agentes multiplicadores da doutrina, mantendo padrão de procedimentos dignos de um fiscal da lei. Com o passar dos anos foram criados os núcleos que hoje abrangem toda área territorial do Estado da Bahia.
 Com o advento da Lei nº 12 544/2004, foi constituída a CIPMOTO (Companhia independente de Policiamento com Motocicleta), hoje sua sede própria estar localizada no bairro de São João. 
ORAÇÃO DA ROCAM
Senhor, tu és soberano e reina sobre todas as coisas
Pelo amor que tens dedicado a nós, concede-nos a tua divina proteção 
No campo de batalha mesmo com o RISCO DA PRÓPRIA VIDA
Não permitas que soframos a vergonha da derrota.
Obrigado Deus eterno, pela ROCAM e seus valorosos Guerreiros
Pelo espírito inquebrantável e destemido,
Pela firmeza e coragem em defesa da paz,
Pois muitos querem mais não podem
Outros podem mais não querem
Nós podemos e queremos na força do teu poder
ROCAM- ROCAM
COMPANHIA – ROCAM
PÁTRIA- BRASIL
ÁGUIA!
SUJEITOS
Cabo PM Maranhão
 Cabo Maranhão é da cor negra, olhos e cabelos negros, cerca de 1:80 m de altura e tem 35 anos de idade. É casado e possui 2 (dois) filhos, um menino de 8 anos e uma adolescente de 16 anos. Formado em Licenciatura em Matemática, atualmente está cursando Bacharelado em Ed. Física, onde pretende especializar-se na área de Fisiologia.
 De aparência magra, caracteriza-se por falas pausadas e bem articuladas, apresentou-se para entrevista fardado. Filho de pai açougueiro e mãe dona de casa, ele decidiu prestar concurso para Polícia Militar no ano de 2000 por influência do primo que já era policial na época.
 Antes de exercer o atual ofício ajudava o pai na comercialização de carne no açougue municipal da cidade de Cocal, onde nasceu e vive até hoje. Maranhão mostrou-se satisfeito com a profissão que escolheu, acredita que durante esses quase 18 anos de caserna tem prestado bons serviços para sociedade.
 Um dos fatores que mais lhe causa descontentamento é a falta de reconhecimento social de sua profissão, segundo ele no Brasil não se valoriza os Policiais como deveria, no entanto, sua fala demonstra certo conformismo ao mesmo tempo em que externa uma ponta de esperança de que em pouco tempo essa situação possa mudar.
SOLDADO PM MACEDO
 Soldado Macedo é de cor branca, cabelo raspado e rosto arredondado. Tem pouco mais de 1,75 m de altura, gosta de jogar handebol e futebol, admitiu ser fumante e que está tentando parar de fumar. É solteiro e não tem filhos, atualmente está estudando para Polícia Rodoviária Federal, informou ser Bacharel em Contabilidade.
Apresentou-se para entrevista fardado, disse ser filho de um casal de comerciantes do ramo têxtil de uma cidade vizinha, Macedo mora com os país e não quis dizer em qual cidade residia. 
 De fala agitada, informou ter prestado concurso para polícia militar no ano de 2006, entrando para Corporação em 2008. Disse ter sido influenciado pelos próprios pais e relatou que sempre foi um sonho entrar para Polícia desde de quando criança.
Macedo tem 32 anos e nasceu em Salvadora - BA, segundo ele seu primeiro emprego foi o atual e externou satisfação com a carreira policial, entretanto vislumbraria crescer no âmbito da segurança pública.
 Seu principal descontentamento é a falta de liberdade depois da profissão, disse que seleciona os lugares onde anda e que vive sempre em alerta.
CABO PM VARGAS
 Cabo Vargas é da cor branca e estatura baixa, pouco menor que 1,70 m de altura. Nasceu em Recife- PE, filho de pai vigilante e mãe dona de casa, é casado e tem 4 (quatro) filhos, todos homens (Não informou a idade deles).Vargas é bacharel em Direito e especialista em Direito Penal, no momento está estudando para prestar Concursos da Polícia Civil, almeja ser delegado. 
 Apesar de ter 34 anos, Vargas aparenta ser bem mais velho. Informou que quando criança trabalhava numa roça com o pai e o sol castigou muito suas feições, relatou ter passado fome e que prestou o concurso para polícia militar no ano de 2005, influenciado pelo pai mesmo a mãe se opondo.
 A princípio mostrou-se indignado com a desvalorização do policial por parte da sociedade e do próprio Estado, momentos depois disse estar esperançoso com o novo contexto político que se forma no país e afirmou que dias melhores virão.SARGENTO JUAREZ 
 O 2º Sargento Juarez, 34 anos, é da cor parda, calvo e olhos claros, tem tatuado no braço direito uma águia (Símbolo da ROCAM). De fala suave e sotaque arrastado, veio trajando uma roupa no estilo, segundo ele, surfista. O objetivo da vestimenta é a possibilidade de que ele transite sem chamar atenção para sua escolha profissional.
 Filho de pai e mãe policiais militares, Juarez é casado e tem 1 (um) filho, no tocante aos familiares solicitou que não tocássemos no assunto e assim fizemos. Relatou ser formado em Agronomia, com Mestrado em forragicultura, seu objetivo e chegar ao oficialato na PMBA e alega ter orgulho da profissão que escolheu, considerando-se um bom profissional.
 Segundo ele, a falta de reconhecimento é algo que mais desestimula, disse que se o serviço que desempenhasse não fosse feito o mundo seria bem pior e que o Estado deveria valorizar mais a polícia.
SOLDADO PM GUERRA
 Soldado Guerra, de cor negra, cabelo raspado, forte fisicamente, estatura mediana aproximadamente 1, 75 m de altura. Apresentou-se para entrevista fardado, informou ser divorciado e disse ter 1 (uma) filha de três anos de idade.Filho de pai caminhoneiro e mãe comerciante, entrou na polícia Militar pois foi motivado por seu irmão mais velho, que era policial. Pouco tempo depois que Guerra conseguiu entrar para Corporação seu irmão foi brutalmente assassinado em uma ocorrência dentro de uma favela na capital do Estado. 
 Por alguns minutos foi preciso parar a entrevista, pois Guerra foi aos prantos, chorava copiosamente a dor de ter perdido um irmão. Passado o momento, retomamos e ele informou que está fazendo curso preparatório para o vestibular de Direito, na UFBA, e seu maior sonho é chegar ao posto de Coronel. Disse amar o que faz e acredita ser fundamental o trabalho desempenhado por ele e seus companheiros de farda.
SOLDADO PM CAMARGO
 Soldado Camargo, de cor branca, cabelo raspado e olhos claros, medindo aproximadamente 1,90 m de altura. Foi criado pela avó materna, devido a morte de seus pais, ainda quando criança (o mesmo não quis falar sobre o fato).
 Aparentemente calmo, e sereno, disse ter entrado na corporação por interesse próprio. Apresentou-se para entrevista fardado, nos relatou que objetiva sair da Corporação, porém quer permanecer na área de segurança pública. Possui formação acadêmica em Direito e está estudando para fazer mestrado. Camargo é noivo e tem planos para casar no Natal, sua noiva também é policial.
 Acredita na importância de sua atividade e sonha em uma sociedade menos violenta e que respeite mais o próximo, segundo ele é só assim que o mundo caótico no qual vivemos pode sofrer alguma mutação positiva.
1º SARGENTO PM CARLOS ANDRÉ
 1º Sargento Carlos André, de cor parda, cabelo crespo, aproximadamente 1,80 m de altura, diz ser praticante de Boxe. Carlos é casado tem 4 filhos e informou ser natural de Cocal.
 Filho de pai Militar do Exército e mãe dona de casa, afirma que ele sempre foi influenciado pela família a seguir carreira militar, influencia que se concretizou com a aprovação no concurso da PMBA no ano de 2000.
Carlos é formado em Geografia, História e atualmente estuda Engenharia Elétrica no IFBA, inclusive estuda com um de seus filhos (Prestou vestibular para influenciar o filho a estudar).
 Disse objetivar o oficialato e se a vida lhe permitir, deseja um dia cursar Direito que era o sonho inatingível do seu pai. Reconheceu a importância de sua atividade para o bem-estar social e se queixou da falta de reconhecimento por parte do Estado e da sociedade ao serviço policial militar. 
3.2 Suas marcas de vulnerabilidade 
 Cabo PM Maranhão e sua opinião no tocante a falta de preocupação do Estado com a vida do Policial Militar, Periculosidade (Tema escolhido pelo mesmo):
 “A respeito da periculosidade da atividade policial militar e seus níveis de elevações de estresse que por sua vez provocam um alto grau de excitação emocional, o policial militar carrega o mérito de controle social e proteção à vida, colocando a sua própria em risco para proteger pessoas que até querem ver o policial morto.
 A falta constante do Estado vem gerando uma grande bola de neve na Administração Pública tornando assim uma sociedade desamparada de condições básicas, gerando constantes distúrbios sociais, coloca policial militar como ponta de lança para manter o mínimo de paz social, porém a falta de estado deixa a polícia doente, colocando cada vez mais seus profissionais a exaustivas jornadas, massacrados e pressionados para atuar até fora do seu âmbito de competências.
 O estado que gera o distúrbio é o mesmo que cobra o policial para resolver essa situação, formando um ciclo vicioso e deixando cada vez mais a vida de seus profissionais, pais e mães de família, além dos níveis de estresses físicos e mentais suportados por seres humanos, sugando todas suas energias tratando-os como máquinas, que não se cansam, que não tem sentimentos, que não podem ter o mínimo de desatenção, que não pode falhar por mínimo que esse erro seja, são tratados como se não precisasse de amparo a saúde, não podem sentir fome ou cansaço.
 Tudo isso gera grandes problemas à curto prazo para o policial, que batalha serviço a serviço sem saber se no próximo dia vai poder voltar para casa, única profissão que se descobrem o que você é, tentaram te matar. 
 “Assim é o policial militar que por muitas vezes não pode sair para uma pizzaria para comer tranquilamente com sua família...”
Soldado PM Macedo e sua opinião sobre o Cerceamento da Liberdade do Profissional devido aos riscos inerentes a sua atividade laboral (Tema escolhido pelo mesmo):
 “Quando exercemos nossa profissão estamos sujeitos a não poder frequentar todos os ambientes, pela questão de desenvolvermos uma atividade que vai de encontro com indivíduos que cometem delitos e que já tem certa rejeição quanto aos agentes de segurança e tendem a querer de alguma forma se vingar. 
 Essas situações impedem que nós Policiais Militares, como agentes de segurança, frequentemos todos os ambientes, tanto nós como nossa família ficamos vulneráveis por esses indivíduos. 
 Posso falar com propriedade do assunto, pois estou respondendo a um processo onde em legitima defesa matei um indivíduo que veio roubar meu carro, quando saia de um restaurante com meus pais.
 Infelizmente, mesmo agindo dentro da legalidade, você é tratado como um criminoso.
 A Lei no papel é muito bonita, o problema é a prática, a interpretação, se seu processo for analisado por um Promotor que por alguma ideologia não goste da Polícia (A imparcialidade é algo utópico) você está ferrado.É para evitar situações do tipo que temos que ponderar bastante onde devemos ou não frequentar, no meu caso eu tive que matar para que eu ou meus pais não morressem. ”
2º Sargento PM Juarez e sua opinião no que tange a Falta de Condições de Trabalho do Policial Militar (Tema escolhido pelo mesmo):
“Vários são os fatores que podem ser pautados aqui e que contribuem para más condições do exercício da função policial militar; entre eles está a falha na organização estrutural governamental para aquisição do aparelhamento, EPI's (Equipamentos de proteção individual), necessários para segurança do Policial e a prestação de um serviço de qualidade destinado a sociedade.
Como se pode determinar essa falha? Não há um planejamento para que em tempo hábil um material chegue às OME (Organização Militar Estadual), é preciso haver uma troca periódica dos EPI'S, pois devido ao máximo tempo de uso e eventualidades, como acidentes e quedas de moto, que podem ocorrer, o desgaste é muito grande.
Quando se trata de batalhões em setores mais afastados dos grandes centros metropolitanos, tidos como vitrines, digo que, interiores do estado ficam praticamente abandonados quanto a distribuição do material que, como já falei, precisa ser trocadocom frequência.
Em âmbito geral se faz necessário uma troca e manutenção periódica em Coletes balísticos, munições, armas de fogo. Gosto de falar dos EPI'S... Por vezes estão "estourando” suas validades de uso para o serviço, no caso para quem faz o serviço de moto patrulhamento, a falta de troca e manutenção frequentemente deles pode nos tirar a vida em um acidente por exemplo. É complicado...
As armas de fogo têm dado muita dor de cabeça, a qualidade é péssima, as armas falham na hora que não podem falhar, o perigo mora no coldre dos policiais, somos reféns da Taurus, ano após ano há denúncias de disparos acidentais e ninguém faz nada. Quantos ainda precisam morrer para isso mudar (indagou emocionado)?”
Soldado PM Guerra deu sua opinião no tocante a Impunidade que gera sensação de Insegurança ao Policial Militar (Tema escolhido pelo mesmo):
 “É notório que nas polícias estaduais, principalmente na Bahia existe uma grande insatisfação por parte da tropa, dentre tantos fatores relevantes destacam-se: a impunidade daqueles que vivem as margens da sociedade conhecidos por "marginais", sendo assim gerando uma sensação de insegurança.
Diante disso pode-se dizer que a falta de punição aos criminosos no Brasil, é fato comum, onde o poder jurisdicional não atua de forma enérgica afim de mostrar o poder estatal diante daqueles que transgridem a lei.
Além disso, os profissionais da área de segurança pública sentem-se inseguros e desmotivados, pois têm o trabalho árduo para tentar reduzir a criminalidade, e não conseguem visualizar dados positivos, pois não basta que a PM faça seu papel ostensivo e preventivo, bem como a preservação da ordem pública, é necessário que o Estado faça seu papel e elabore políticas públicas para evitar que a criminalidade cresça. A sociedade é quem paga a conta da ineficiência do estado, pois sofre com os altos índices de violência que apresentam crescimento ano após ano.
Ante o exposto, acredito que o poder público deveria realizar políticas públicas voltadas para educação e inclusão social e dar maior apoio aos Policiais Militares que compõem a maior força no contexto dos órgãos de segurança pública, como também o poder legislativo deveria criar normais penais mais rígidas para tentar solucionar o problema criminal no país, e não aderir políticas de desencarceramento, que introduz marginais de volta ao coração da sociedade, para cometer mais infrações penais.”
Cabo PM Vargas, externou sua opinião sobre a Ausência de uma retaguarda jurídica e valorização dos Direitos Humanos do Policial (Tema escolhido pelo mesmo):
 “Observando o arca bolso jurídico Penal brasileiro lembramos do artigo 23 do código penal que diz (O entrevistado estava de posse de um Vademecum) : 
 Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
O texto do diploma penal é bem claro quando diz não haver ilícito. A grande crítica é quem será a autoridade policial, delegado, ou autoridade judiciária, juiz, que reconhecerá e aplicará os ditames deste texto legal.
Ou seja, o respaldo existe, falta coragem do aplicador jurídico.
        I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        II - em legítima defesa; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
    III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 Para a atividade policial devemos usar este inciso III somado ao II, legítima defesa do policial e de outrem.
Criticas:
Governo LULA E DILMA e CONGRESSO DE BANDIDOS
O problema mora na política recente do Brasil de vitimização do bandido, esta abominação tenta vender uma imagem de democracia na incriminação do policial que se torna o elo mais fraco da corrente punitiva. Esse enfraquecimento iniciou com o advento do Governo Petista no tocante a gestão, ou melhor, a falta dela, do Partido dos Trabalhadores.
Aquela política é tão nociva que criou o desencarceramento desordenado, mudando a aplicação de fiança pelo delegado de Polícia que era para crimes com penas de 2 anos e agora só os crimes com 4 anos.
Isso é só um tópico, outro ponto, e acredito que o mais cruel, é a pressão hipócrita que a mídia faz nos governantes e gestores das polícias pela punição do policial sem sequer apurar o fato como um todo.
Com relação a fiscalização dos Policiais Militares: 
Necessitamos ter uma corregedoria forte e independente, com autonomia em relação ao Comando Geral da PM, é fundamental para tirar do seio da sociedade o policial, BANDIDO, que não tem perfil.
Direitos Humanos do Policial Militar:
Quanto a política de direitos humanos ela nunca existiu neste país, é apenas um meio de compra e fixação de votos por meio de vitimização do LOBO, o bandido. Daí surge o jargão de que “Direitos Humanos só defendem bandidos”, quando morre um policial algum representante dos D.H vai até sua casa, dar assistência a sua família? A resposta é óbvia, é claro que não.
Policial Militar tem direitos políticos restritos, de acordo com a Constituição Federal só pode concorrer a cargo político sem prejuízo das funções (Demissão) após 10 (dez) anos de efetivo serviço, pode votar, no entanto todos os anos a maioria dos policiais deixam de exercer esse direito, tendo que justificar a ausência, pois no dia da eleição sempre está trabalhando, não podendo abandonar o posto que foi designado a fazer a segurança para ir até sua seção eleitoral.
É submetido a um código disciplinar anacrônico e é o único profissional que pode ser preso administrativamente.
Não podemos entrar em greve, não podemos nos associar, não podemos exercer mais de um vínculo estando sujeitos a um regime exclusivo, sendo considerados policias 24 horas por dia.
Considerações Finais:
Não podemos ser desrespeitados por um estado que não fornece mínimas condições de trabalho e que objetiva agradar a HIPOCRISIA DE UMA SOCIEDADE DE CRIMINOSOS, MACONHEIROS, CHEIRADORES DE COCAÍNA E POLÍTICOS CORRUPTOS. SOMOS SIM, POLICIAIS, E MERECEMOS RESPEITO!”
Soldado PM Camargo externou sua opinião no tocante a Insalubridade enfrentada pelos Policiais Militares (Tema escolhido pelo mesmo):
“Inicialmente e partindo do conceito direto de insalubre como algo que não é bom para a saúde ou que causa doença, que deteriora a vida, etc., podemos definir a atividade policial como uma das mais insalubres das que se tem registro. O risco diário, contínuo e intrínseco que rodeia a vida destes profissionais permeia os limites do imaginário para quem apenas observa do lado de fora, do outro lado da realidade.
	A vida é o maior bem jurídico de que dispõe o ser humano; consequentemente, a liberdade seria o segundo maior. Essa realidade na carreira policial é incerta, pois frações de segundo podem determinar a morte de um destes profissionais ou de outrem que, dependendo do rol de excludentes, pode ou não caracterizar a perda da sua liberdade e, consequente, arruinar toda uma vida.
Ao assumir o serviço, ao sentar na viatura o policial depara-se com o ceifador, silencioso, quieto e oportunista, que aguarda apenas um erro, por menor que seja, um descuido minúsculo para poder entrar em cena e tanto do lado dos agentes de segurança pública quanto da sociedade por um todo. Sob uma ótica geral, o risco de morte seria a maior das insalubridades.
Em um segundo plano, tem-se nas condições de trabalho dos policiais um rol quase que infinito de insalubridades, percebido apenas pelos que estão diretamente ligados a esta profissão. Segurança pública custa caro, não existe economia quando se trata de um assunto que salva ou elimina vidas. 
Desde a formação policial até os últimos dias de serviço nas corporações, diversos são os pontos insalutíferos a que o profissional está exposto. Longas distâncias a percorrer para se chegar ao trabalho, demandas físicas exaustivas, péssimas condições dos ambientes de trabalho, falta de equipamentos adequados, insegurança são fatores que, quando somados, alimentam o segundo maior ponto insalubreda profissão, o estresse.
Formação de má qualidade, investimentos mínimos, baixas condições de crescimento e profissionalização tornam a formação policial carente de qualidade e, consequentemente, alvo fácil das críticas dos diversos setores da sociedade, da imprensa em geral e da população como um todo.
Saindo do ambiente escolar, já formado, o policial é lotado em unidades onde, por muitas vezes, necessita deslocar-se com antecedência para que possa cumprir rigorosamente os seus horários. Tais distâncias, por vezes, necessitam de pelo menos 12h do horário de folga dos policiais, sendo que no intervalo de tempo entre a ida e a volta para o trabalho, perde-se praticamente um dia inteiro que deveria servir para o descanso e a recomposição física destes profissionais, que se deslocam às próprias custas, pois o que é pago de vale transporte não supre 30% de tais necessidades. 
Outro ponto que merece atenção é o meio onde o profissional de segurança pública realiza o seu trabalho. Equipamentos defasados, coletes vencidos, armamento sem manutenção e viaturas sem as mínimas condições de uso expõem rotineiramente suas vidas aos mais diversos riscos. Existe uma modalidade de policiamento denominada moto patrulhamento (Ao qual fazemos parte), aqui o descaso e a exposição são ainda maiores.
A constante exposição ao sol ocasiona doenças de pele, envelhecimento precoce e se o policial necessitar de itens básicos como um protetor solar, é necessário adquiri-lo com recursos próprios; os longos trajetos percorridos sob uma motocicleta estão diretamente ligados aos problemas de coluna, hemorróidas, tendinites e lesões por efeito repetitivo; o risco iminente do trânsito urbano é uma constante preocupação para esta modalidade, a motocicleta deixa o policial mais vulnerável e como nem sempre são ofertados equipamentos de proteção individual, qualquer tombo pode trazer vários prejuízos para a sua integridade física.
Quando são ofertados, faz-se necessário um revezamento entre os membros da equipe, onde a falta de tempo e de condições para a correta manutenção, faz com que os policiais utilizem equipamentos sujos ou suados no seu dia-a-dia.
Dentro do tema, abre-se um paralelo para com a segurança do próprio policial. Conhecendo a realidade das ruas e das situações que, por dever, é obrigado a intervir, muitas vezes limita-se a trabalhar e a simplesmente existir dentro da sua casa, sem qualquer tipo de convívio social. A causa? O medo! Medo de morrer, medo de colocar em risco a própria família, medo de trazer algum mal para os que lhe cercam. 
Defender a sociedade com o risco da própria vida tem um preço, alto preço, caríssimo, que poucos estão dispostos a pagar ou a enfrentar de peito aberto. As ameaças são constantes, mas como muitos pensam, é nossa obrigação, você é pago para isso, e só!  
Todos os pontos elencados até agora são os responsáveis por um grande nível de estresse entre os profissionais de segurança pública, que é uma das profissões mais estressantes da atualidade. Esses níveis são preocupantes, pois esse é o ponto de partida para a depressão e, como em muitos casos noticiados ou não, é o primeiro passo para o suicídio.
A falta de acompanhamento psicológico após as ocorrências traumáticas ou até mesmo após simples ocorrências que mexem com o psicológico humano (pode não parecer, mas o policial também é humano) colabora com a má qualidade de vida do profissional, isso é refletido diretamente na sua família, no seu meio social e dentro da própria instituição.
Por fim, diante da falta de reconhecimento institucional e social, o profissional de segurança pública permanece ativo, passando por todas as situações aqui elencadas (e muitas outras mais), e sendo cobrado diuturnamente por um serviço que muitos ainda insistem em dizer que “é sua obrigação fazê-lo”, “que entrou aí porque quis” e que “se está achando ruim, peça baixa”.
Para muitos, o que fazemos não passa de uma obrigação; para nós, o que fazemos é mais do que aquilo que nos é possível fazer. Como dito anteriormente, segurança pública custa caro, muito caro, se o próprio estado não consegue manter, imagine quem recebe um dos salários mais defasados do país. Pagar conserto de viatura ou comprar equipamentos com nosso próprio dinheiro não são nossas obrigações, mas muitas vezes o próprio sistema nos obriga a isso, mas você, expectador, nunca perceberá essa realidade, pois esses detalhes não chegam até você, tudo aqui é bonito, é perfeito! ”
1º Sargento PM Carlos André, externou sua opinião no que tange a Pressão no Ambiente de Trabalho do Policial Militar (Tema escolhido pelo mesmo):
“O ambiente interno é o nível que está dentro da organização e normalmente tem implicação imediata e específica em sua administração. A análise interna tem por finalidade colocar em evidência as deficiências e qualidades, ou seja, os pontos fortes e fracos da instituição, que deverão ser determinados diante da sua atual posição. 
É comum encontrar pessoas insatisfeitas com o emprego que possuem, e uma das razões é a falta de reconhecimento, bem como a sua valorização por parte da instituição, pois ainda não se deram conta da importância de uma boa comunicação interna. Problemas comuns como fofocas e a falta de avisos são os que mais afetam o desempenho dos colaboradores. 
É vital que haja um planejamento de ações voltadas para o melhoramento do referido ambiente. A falta de atividades que aproximem os colaboradores é um dos motivos da insatisfação no trabalho.
Abrir espaço para a troca de ideias e sugestões é um modo de interagir com o público interno. Quando se trabalha bem, o rendimento é satisfatório, porém quando surgem problemas, acaba sendo prejudicial às atividades no âmbito geral.
	É sabido que todos realizam normalmente as tarefas, mas é perceptível a diferença entre em estar satisfeito e ser obrigado a realizar aquele trabalho. Um dos papéis da empresa é tornar o ambiente interno favorável a todos que nele estão inseridos, através de ações que despertem o interesse e desenvolvam a capacidade de cada um, formando uma equipe unida e comprometida com as suas funções.
Indispensável também é investir na capacitação, inovar, procurar o que há de melhor para oferecer tanto aos colaboradores, quanto à sociedade em geral. Organizações modernas estão além de máquinas e tecnologias. São responsáveis, atentam às mudanças e têm uma boa comunicação interna e externa, são excelência em seus serviços.
Qualidade de Vida no Trabalho
A boa qualidade de vida do trabalhador fortalece o vínculo da corporação com o funcionário, influenciando positivamente na sua produtividade e consequentemente em sua imagem. A referida qualidade de vida é o nível de satisfação que um colaborador tem com o ambiente de trabalho interligado às funções exercidas rotineiramente.
A satisfação de um profissional na esfera de ofício não é algo que diz respeito somente a ele, pois está diretamente ligada aos bons resultados que a Organização obtém ou almeja conquistar em um futuro próximo.
Empresas são compostas por pessoas. Nada melhor que ter colaboradores motivados, engajados e felizes com sua missão e visão, capazes para pôr em prática as suas atribuições profissionais à disposição.
Garantir um escalão de Qualidade de Vida no Trabalho faz parte da ação conjunta entre Gestores e equipe de Gestão de Pessoas. Estimular a cordialidade e gentileza entre seus liderados, bem como investir em equipamentos e maquinários promovem uma cultura organizacional amigável e aprazível.
Não apenas a gestão organizacional, como também o colaborador poderá coadjuvar para que haja Qualidade de Vida no Trabalho, através do compromisso com seu trabalho, sendo assim menos vulnerável às ingerências negativas; o trabalho em equipe; atendimento às demandas da Organização com qualidade e o cumprimento de prazos e horários, a fim de evitar estresses, e que o desempenho do funcionário seja questionado; manter boas relações interpessoais com seus superiores, pares e subordinados, entre outros aspectos positivos,favorece a manutenção de um clima organizacional a contento.
Relação entre Superior e Subordinado
A relação chefe e subordinado em TODOS os segmentos a nível organizacional,historicamente é uma cabeceira de divergência de ideias. Os exemplos de Chefe que mais costumam gerar transtornos para a equipe são os complicados, arrogantes, os contraditórios, os agressivos, covardes e os preguiçosos, inacessíveis, inflexíveis, etc.
Algumas pessoas têm resistências em receber ordens, principalmente aquelas submetidas ao regime militar, enquanto outras simplesmente não são compatíveis em posto de liderança. É salutar que haja um diálogo aberto, considerando-se as opiniões transmitidas e compartilhá-las. Profissionais bem relacionados com seus superiores estabelecem resultados positivos, asseguram o reconhecimento e desenvolvimento,expectativas alinhadas e diretrizes claras.
A corporação deve aperfeiçoar, por meio de sua cultura, a comunicação entre ambas as partes, dispensando respaldo aos subordinados, para que eles se sintam seguros em dar feedbacks e reportar comportamentos inadequados, além de apreciar periodicamente o comportamento de seus gestores, com vistas a tolher posturas vorazes, arbitrárias, abusivas, que denigrem a conduta físico-moral do profissional/colaborador.
Fatores geradores do estresse
Havendo-se maior incidência do estresse no ambiente de trabalho, o prejuízo estará inclinado ao superior e o subordinado. A saúde do trabalhador está entre as questões sociais de maior relevância da atualidade. 
O trabalho, estimado como uma necessidade social, pode ser visto e conduzido como um veículo de prazer e dignidade e/ou de castigo e sofrimento ao ser humano. Todo esse cenário gera um clima de intensa tensão, pressão, mutação, esgotamento no ambiente de trabalho, agentes estes que podem ser condensados em uma palavra: ESTRESSE.
Verifica-se, então, que a falta de equidade entre a qualificação do trabalho e a desqualificação das circunstâncias disponibilizadas a sua execução é o principal estopim do stress. Esses agentes causadores do stress possuem todo um potencial para o surgimento de influências negativas na saúde do colaborador, repercutindo negativamente, visto que o seu desdobramento é o limiar de acesso às enfermidades e incapacidade acidentária.
Cobranças desenfreadas por parte dos superiores, ausências de recursos para cumprimento de metas pré-estabelecidas - reflexo de uma logística não satisfatória, a ânsia de tornar a instituição em um sinônimo de Eficiência (Fazer certo as coisas,realizando as operações com menos recursos, menos tempo, menos efetivo, menor orçamento, etc.) e Eficácia (Fazer as coisas certas) nos níveis operacionais e gerenciais respectivamente, em prol do cumprimento de metas sem um planejamento com esmero.
Colaborador versus Empregado/Serviçal
O termo colaborador significa aquele que colabora; aquele que ajuda, coopera que se dá por uma causa, que vai além de seus objetivos, além de suas obrigações, aquele que estuda para poder dar algo a mais para a empresa, que se doa, que colabora para o sucesso da empresa e também para seu sucesso profissional.
Já o termo empregado seria aquele que exerce emprego ou função; funcionário; criado ou serviçal. Muito embora a classificação colaborador tenha sido criada, inovadora, as Organizações não fazem com que seus funcionários em sua grande maioria se sintam dessa maneira.
Comandante, Chefe, sinônimo de Gestor quase sempre não estão capacitados/prontos para fazerem seus comandados se sentirem como colaboradores. Não adianta serem chamados de colaboradores, quando na verdade são tratados como empregados e sentem-se como funcionários, somente para terem o salário no fim do mês, ou ainda fazem o mínimo para obterem um resultado que os assegure no emprego.
Cabe aos Comandantes, Chefes e Superiores em geral saber como conduzir, motivar e dar aquilo que seu efetivo necessita para um ótimo desempenho, e enxergar que é seus subordinados são realmente colaboradores, e não funcionários vestidos de empregados ou vice-versa, que faz a diferença.
Será que as instituições que lidam com Segurança Pública realmente investem no capital humano, a fim de atender a sociedade a contento, com o devido preparo? Será que estes profissionais são visualizados como os maiores patrimônios destas Organizações?
O trabalho sob pressão
O trabalho sob pressão, seja ele em QUAISQUER ÂMBITOS organizacionais, parece ser decisivo para o sucesso de uma instituição, contudo não é. Ao contrário disso, ele é capaz de prejudicar o funcionamento da máquina organizacional. Pressionadas, as pessoas têm mais obstáculos em desenvolver estratégias criativas no ambiente de trabalho.
As lideranças devem ter sensibilidade para identificar qual é o nível de tolerância de cada pessoa, e exatamente como esse estímulo pode se transformar na pressão que passa a prejudicar a criatividade. Além de ocasionar sofrimento, posturas não compatíveis com a ética da esfera a qual pertence e doenças tais como: depressão, síndromes diversas, transtornos comportamentais, casos isolados e/ou frequentes de suicídios, deserção, abandono de posto/função, insubordinação, punições distintas como ferramentas corretivas aos desvios existentes, que culminam por “dizimar” o profissional de segurança pública, entre outros profissionais, nos campos físico, emocional, intelectual, psíquico e espiritual, regrados à luz de seus estatutos, códigos de ética, regulamentos, bem como distintos dispositivos para tais finalidades.”
4. DIÁLOGOS ENTRE OS ACHADOS DA PESQUISA E A LITERATURA ESPECIALIZADA
 Neste ponto, faremos uma explanação geral sobre a nossa entrevista com os policiais e os textos teóricos que encontramos para basear na criação do nosso formulário de entrevista e na formatação desse trabalho.
Na fala do Cabo PM Maranhão sobre o primeiro requisito do nosso formulário que Periculosidade, ele diz que:
“A respeito da periculosidade da atividade policial militar... A falta constante do Estado vem gerando uma grande bola de neve na Administração Pública... gerando constantes distúrbios sociais, coloca policial militar como ponta de lança para manter o mínimo de paz social, porém... deixa a polícia doente, colocando cada vez mais seus profissionais a exaustivas jornadas, massacrado e pressionado para atuar até fora do seu âmbito de competências... O estado que gera o distúrbio é o mesmo que cobra o policial para resolver essa situação, formando um ciclo vicioso e deixando cada vez mais a vida de seus profissionais, pais e mães de família, além dos níveis de estresses físicos e mentais suportados por seres humanos, sugando todas suas energias tratando-os como máquinas, que não se cansam, que não tem sentimentos, que não podem ter o mínimo de desatenção, que não pode falhar por mínimo que esse erro seja, são tratados como se não precisassem de amparo a saúde, não podem sentir fome ou cansaço...Tudo isso gera grandes problemas a curto prazo para o policial, que batalha serviço a serviço sem saber se no próximo dia vai poder voltar para casa, única profissão que se descobrem o que você é, tentaram te matar.”
 Como ponto de apoio advindo de nossas pesquisas, as autoras Minayo, Souza e Constantino (2008) falam que: “Ao observar a dinâmica real em que se desenvolve a jornada de trabalho dos policiais militares, entendemos que são necessárias medidas gerenciais que deem outros rumos ao cotidiano do desempenho das atividades. A atenção às necessidades físicas, sociais e emocionais desses servidores públicos é, com certeza, primordial para garantir melhor qualidade de vida para a categoria e para suas famílias. Em consequência, os que têm a missão de manter a segurança pública terão a possibilidade de prestar um serviço mais adequado e eficaz. ”
Na fala do Soldado PM Macedo e sua opinião sobre o Cerceamento da Liberdade do Profissional. Conta que: 
“Quando exercemos nossa profissão estamos sujeitos a não poder frequentar todos os ambientes, pela questão de desenvolvermosuma atividade que vai de encontro com indivíduos que cometem delitos e que já tem certa rejeição quanto aos agentes de segurança e tendem a querer de alguma forma se vingar. Essas situações impedem que nós Policiais Militares, como agentes de segurança, frequentemos todos os ambientes, tanto nós como nossa família ficamos vulneráveis por esses indivíduos.”
Corroborando temos um trecho do trabalho de pesquisa de Melo e Nummer (2014) que diz que: “Aos mesmos riscos também se expõem os policiais, como cidadãos, em cenas de conflitos em bairros, em bares e em transportes quando, por via de sua função, acabam se envolvendo. Muitos, também, são vítimas de emboscadas de delinquentes, fato que torna comum com que policiais escondam seus distintivos e profissão, visando diminuir as ameaças e ataques que lhes são impingidos”
Outros autores Minayo, Souza, Silva e Pires (2012) também dizem que: “No tocante aos policiais militares do Rio de Janeiro, as condições de saúde e de trabalho tendem a ser extremas, pois eles lidam com elevados índices de criminalidade de grupos organizados de criminosos armados. Os constantes riscos a que o policial militar se expõe em função do exercício da sua profissão levam-no, geralmente, a sentir medo, por si mesmo e por sua família, tanto de ser reconhecido como agente da segurança nos períodos de folga do trabalho, quando aumenta seu risco de vitimização, como de ser agredido e morto no desempenho das suas funções.”
Na opinião do 2º Sargento PM Juarez sobre a Falta das Condições de Trabalho do Policial Militar, ele responde que:
“Vários são os fatores que podem ser pautados aqui e que contribuem para más condições do exercício da função policial militar; entre eles está a falha na organização estrutural governamental para aquisição do aparelhamento, EPI's (Equipamentos de proteção individual), necessários para segurança do Policial e a prestação de um serviço de qualidade destinado a sociedade. Como se pode determinar essa falha? Não há um planejamento para que em tempo hábil um material chegue às OME (Organização Militar Estadual), é preciso haver uma troca periódica dos EPI'S, pois devido ao máximo tempo de uso e eventualidades, como acidentes e quedas de moto, que podem ocorrer, o desgaste é muito grande.”
Os autores Spode e Merlo (2004) comentam em seu trabalho que: “O trabalho policial situa-se entre as categorias profissionais em que à exposição aos riscos relacionados à integridade física são evidentes, sobretudo quando se trata da atividade operacional. Nesse sentido, a falta de condições de trabalho adequadas é apontada pelos Capitães como um fator de pressão também neste âmbito, em função dos perigos impostos pela precariedade dos equipamentos. Além de sua própria segurança, frisam os efeitos desta precariedade sobre a segurança da população e dos próprios combatidos.”
O Soldado PM Guerra respondeu sobre o quesito Impunidade dizendo que:
“Diante disso pode-se dizer que a falta de punição aos criminosos no Brasil, é fato comum, onde o poder jurisdicional não atua de forma enérgica afim de mostrar o poder estatal diante daqueles que transgridem a lei. Além disso os profissionais da área de segurança pública sentem-se inseguros e desmotivados, pois têm o trabalho árduo para tentar reduzir a criminalidade, e não conseguem visualizar dados positivos, pois não basta que a PM faça seu papel ostensivo e preventivo, bem como a preservação da ordem pública, é necessário que o Estado faça seu papel e elabore políticas públicas para evitar que a criminalidade cresça. A sociedade é quem paga a conta da ineficiência do estado, pois sofre com os altos índices de violência que apresentam crescimento ano após ano. ”
As autoras Minayo, Souza e Constantino (2008): “Aos policiais que atuam na ponta estão reservadas as intercorrências do serviço cotidiano. Isso os leva a vivenciar momentos de grande insegurança no desempenho de suas atribuições, já que a realidade de seu trabalho frequentemente entra em conflito com as normas disciplinares”
O Cabo PM Vargas, externou sobre a Ausência de uma retaguarda jurídica e valorização dos Direitos Humanos do Policial falando que:
“... outro ponto, e acredito que o mais cruel, é a pressão hipócrita que a mídia faz nos governantes e gestores das polícias pela punição do policial sem sequer apurar o fato como um todo. Quanto a política de direitos humanos ela nunca existiu neste país, é apenas um meio de compra e fixação de votos por meio de vitimização do LOBO, o bandido. Daí surge o jargão de que “Direitos Humanos só defendem bandidos”, quando morre um policial algum representante dos D.H vai até sua casa, dar assistência a sua família? A resposta é óbvia, é claro que não. ”
Já Spode e Merlo (2004) colaboram quando evidenciam em sua pesquisa que: “Frequentemente podemos ver a atuação dos policiais sendo veiculada pela mídia, ora mostrando ações de combate ao crime – colocando-os no lugar de heróis – ora mostrando-os como vilões, que se corrompem ou matam inocentes. O trabalho policial ocupa, portanto, um território de controvérsias, no qual se engendra uma realidade ainda pouco conhecida pela sociedade: a do policial trabalhador, cuja função é conter a violência, mas que, ao mesmo tempo, corre o risco de reproduzi-la e/ou de ser vítima dela.”
Constantino, Ribeiro e Correia (2012) falam também que: “Estudos anteriores mostram que, segundo os próprios policiais civis, a sociedade os critica de forma veemente por agirem com violência, mas ao mesmo tempo espera que eles sejam mais agressivos no combate à criminalidade.”
O soldado PM Camargo falando sobre Insalubridade conta que:
“Ao assumir o serviço, ao sentar na viatura o policial depara-se com o ceifador, silencioso, quieto e oportunista, que aguarda apenas um erro, por menor que seja, um descuido minúsculo para poder entrar em cena e tanto do lado dos agentes de segurança pública quanto da sociedade por um todo. Sob uma ótica geral, o risco de morte seria a maior das insalubridades. Em um segundo plano, tem-se nas condições de trabalho dos policiais um rol quase que infinito de insalubridades, percebido apenas pelos que estão diretamente ligados a esta profissão. Segurança pública custa caro, não existe economia quando se trata de um assunto que salva ou elimina vidas. Desde a formação policial até os últimos dias de serviço nas corporações, diversos são os pontos insalutíferos a que o profissional está exposto. Longas distâncias a percorrer para se chegar ao trabalho, demandas físicas exaustivas, péssimas condições dos ambientes de trabalho, falta de equipamentos adequados, insegurança são fatores que, quando somados, alimentam o segundo maior ponto insalubre da profissão, o estresse.”
Nossas autoras Constantino, Ribeiro e Correia (2013) discutem “o risco do ponto de vista de como ele é percebido pelos policiais e como ele (o risco) desempenha um papel estruturante das condições laborais, ambientais e relacionais na atividade policial”. Os autores concordam “que os policiais constituem uma categoria profissional bastante vulnerável à produção de sofrimento psíquico, ao elevado estresse, e a um sem número de situações de riscos epidemiológicos e social, pois seu trabalho é marcado por um cotidiano em que a tensão e o perigo estão sempre presentes...”
1º Sargento PM Carlos André, externou sua opinião sobre Pressão no Ambiente de Trabalho do Policial Militar:
“... É comum encontrar pessoas insatisfeitas com o emprego que possuem, e uma das razões é a falta de reconhecimento, bem como a sua valorização por parte da instituição, pois ainda não se deram conta da importância de uma boa comunicação interna... Cobranças desenfreadas por parte dos superiores, ausências de recursos para cumprimento de metas pré-estabelecidas - reflexo de uma logística não satisfatória, a ânsia de tornar a instituição em um sinônimo de Eficiência (Fazer certo as coisas, realizando as operações com menos recursos, menos tempo, menos efetivo, menor orçamento, etc.) e Eficácia (Fazer as coisas certas)nos níveis operacionais e gerenciais respectivamente, em prol do cumprimento de metas sem um planejamento com esmero.”
Nossos autores Spode e Merlo (2004) falam que “De outra forma, quando a organização do trabalho torna se rígida, dificultando ou barrando a expressão criativa e autonomia dos sujeitos, ou ainda, quando o reconhecimento não se faz presente, emerge o chamado sofrimento patogênico”
Também opinam As autoras Minayo, Souza e Constantino (2008) que: “Quando a disciplina militar não é capaz de oferecer orientações efetivas sobre como agir nas situações reais, ela acaba por ser um fator de restrição das possibilidades adequadas e criativas de intervenção, encorajando o indesejável, ou seja, as transgressões.”
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Neste trabalho podemos constatar as vulnerabilidades que enfrentam os policiais militares no Brasil, com ênfase aos que trabalham com as equipes de rondas ostensivas com apoio de motocicletas a ROCAM. Problemas que são, sobretudo, quando ordem pública é ultrajada por marginais e suas condutas delituosas. Neste trabalho constatamos a percepção por parte dos próprios policiais dos ricos enfrentados por eles no exercício de sua profissão. Durante o período de 15 (quinze) dias que realizamos uma série de entrevistas com 07 (sete) policiais, que nos externaram do ponto de vista deles quais seriam os principais riscos que eles enfrentavam em sua atividade laboral. Todos colocaram o risco de vida como principal vulnerabilidade. Observamos basicamente 07 (sete) problemas em comum, com isso ficou estabelecido um tema por policial, os mesmos fizeram a divisão entre eles sobre qual tópico cada profissional falaria conforme sua ótica.
 O primeiro problema foi a Periculosidade, onde o Cabo PM Maranhão externou a crise no tocante a falta de preocupação do Estado com a vida do profissional de segurança pública. O segundo problema refere-se ao Cerceamento da Liberdade do Profissional, quem falou sobre o caso foi o Soldado Macedo. O Terceiro Risco diz respeito a Falta de Condições de Trabalho, onde o 2º Sargento Juarez deixou nítido a indignação com a falta de investimentos em Equipamentos de Segurança dos Profissionais. O quarto problema foi externado pelo Soldado PM Guerra, no tocante a Impunidade que gera sensação de Insegurança. O quinto problema externado pelo Cabo Vargas, foi a Ausência de uma retaguarda jurídica e valorização dos Direitos Humanos do Policial. O sexto ponto nos foi explanado pelo Soldado Camargo no tocante a Insalubridade. O sétimo e último ponto de vulnerabilidade foi explanado pelo 1º Sargento Carlos André, no que tange a Pressão no Ambiente de Trabalho.
 O Campo eleito por nosso grupo busca entender na prática os Riscos e vulnerabilidades enfrentados pelo Policial Militar- PM no desempenho de sua atividade laboral. A pesquisa foi feita na unidade policial, especificamente no alojamento dos mesmos. Foram escolhidos os sete riscos que os sete policiais estabeleceram como sendo os mais comuns na atividade laboral deles, de modo que cada um ficou responsável por externar seus pontos de vista no tocante aos riscos elencados. Foi elaborado por nós um formulário que continha os sete riscos ditos anteriormente no qual cada um foi relatando a punho as opiniões próprias que, logo depois, foram transcritas por nós mesmos para este trabalho.
 A instituição escolhida pelo grupo foi a Polícia Militar da Bahia, especificamente a Equipe de Rondas Ostensivas Com o Apoio de Motocicletas- ROCAM, da Cidade de Cocal, localizada no sertão do Estado e possuindo cerca de 80 mil habitantes. Nosso enfoque, porém, foi um Grupamento especializado de Moto patrulheiros que cordialmente nos atendeu e com uma imensa solicitude permitiu que realizássemos este proveitoso estudo etnográfico. Explicamos o surgimento da ROCAM e como se dá o funcionamento dela. Após fizemos um pequeno relato sobre cada PM entrevistado, O Cabo PM Maranhão, o Soldado PM Macedo, o Cabo PM Vargas, o Sargento Juarez, o Soldado PM Guerra, o Soldado PM Camargo, e o 1º Sargento Carlos André.
 O Cabo PM Maranhão ressaltou a periculosidade da profissão e a cobrança do estado sobre os policiais, cobra sem dá o devido apoio, de equipamentos, qualidade de trabalho, etc. Que pode levar um prejuízo ao policial, a nível físico e mental.
 O Soldado PM Macedo que falou sobre o cerceamento da liberdade do profissional ressaltou os perigos enfrentados pelos policiais em sua vida social fora da prisão, Em que podem ser reconhecidos por deliquentes que queiram se vingar, tornando vulnerável o policial.
 Na opinião do 2º Sargento PM Juarez sobre a falta das condições de trabalho do policial Militar ressaltou a falha na organização estrutural governamental para aquisição do aparelhamento. Problema que o estado precisa resolver para evitar a vulnerabilidade policial que possa vim acontecer.
 O Soldado PM Guerra ressaltou as leis fracas e as brechas nas leis que geram uma situação de Impunidade para os deliquentes e aumentando o trabalho e a vulnerabilidade dos policiais militares. Mas essa questão é bem mais complexa, está no campo social. Cabe ao estado não só “endurecer” as leis, mas procurar fortalecer a qualidade das instituições de ensino, saúde, etc.
 O Cabo PM Vargas, externou sobre a ausência de uma retaguarda jurídica e valorização dos Direitos Humanos do Policial. Ressaltou que os policiais são muito cobrados por parte dos Direitos Humanos quanto à abordagem e as ações contra os deliquentes, mas que os mesmos princípios dos Direitos Humanos não são utilizados da mesma forma com os policiais. 
 O Soldado PM Camargo ao falar sobre Insalubridade ressaltou as longas distâncias a percorrer para se chegar ao trabalho, demandas físicas exaustivas, péssimas condições dos ambientes de trabalho, falta de equipamentos adequados, insegurança são fatores que, quando somados, alimentam o segundo maior ponto insalubre da profissão, o estresse. O que gera uma alta chance de tornar o policial vulnerável à diversas situações de perigo.
 O 1º Sargento PM Carlos André, externou sua opinião sobre pressão no ambiente de trabalho do policial militar, cobranças desenfreadas por parte dos superiores, ausências de recursos para cumprimento de metas pré-estabelecidas - reflexo de uma logística não satisfatória, a ânsia de tornar a instituição em um sinônimo de Eficiência (Fazer certo as coisas, realizando as operações com menos recursos, menos tempo, menos efetivo, menor orçamento, etc.) e Eficácia (Fazer as coisas certas) nos níveis operacionais e gerenciais respectivamente, em prol do cumprimento de metas sem um planejamento com esmero. O que vem a gerar prejuízo psicológico e de rendimento ao policial militar.
 Com essa etnografia sobre os policiais militares, com o enfoque de entrevistar os policiais da ROCAM, pudemos constatar várias situações de vulnerabilidade de Direitos que os policiais enfrentam diariamente em sua profissão. O policial que é peça fundamental na sociedade para evitar justamente a vulnerabilidade de Direitos da população.
 Contudo também notamos que essa vulnerabilidade pode ser resolvida ou amenizada com uma maior ajuda e investimento do estado, em situações no que toca os equipamentos utilizados pelos policiais, as leis e as situações que protegem os bandidos e enfraquece os policiais, entre várias outras situações.
 O estado é fundamental com suas ações, mas a vulnerabilidade de Direitos não é só problema do estado, cabe à todos respeitar as leis, o próximo e as vulnerabilidades de direitos diminuem ou até podem acabar.
 Com essa etnografia, além de constatarmos a vulnerabilidade dos policiais militares, pudemos perceber a importância deles para a sociedade.
6. REFERÊNCIAS
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da língua portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010
CÓDIGO PENAL. Vade Mecum Saraiva. Ed. Saraiva, 2010.
MINAYO, MCS., SOUZA, ER., and CONSTANTINO, P.,

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