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O que é pes em direito - fichamento

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Pontifícia Universidade Católica – PUC-Rio
Metodologia da Pesquisa
Leila Menezes Duarte
Thayssa Godinho Campos
Fichamento “O que é pesquisa em Direito?”
Marcos Nobre discute a situação da pesquisa em Direito no Brasil e, principalmente, a indistinção entre prática, teoria e ensino jurídico. Tendo em vista às outras ciências humanas, observa-se que a área de pesquisa em Direito se encontra em relativo atraso: “Primeiramente acho que desse diagnostico tiramos que o modelo de curso de Direito, tal como em vigor no Brasil até hoje, está fadado à obsolescência (ou ultrapassado). Ou os cursos de Direito se reformam – e isto só será possível se houver uma concepção de pesquisa nova e renovada no Direito – ou se tornarão irrelevantes.” (NOBRE, 2005, p. 24), e tenta explicar o porquê disso e apontar algumas soluções para o problema. 
Mesmo tendo acompanhado o crescimento das outras ciências humanas, que atingiram níveis internacionais “graças à bem-sucedida implantação de um sistema de pós-graduação no país” (NOBRE, 2005, p. 23), o Direito ainda é atrasado no quesito pesquisa. A questão principal, porém, é o motivo do atraso, que para Nobre se explica: “Minha hipótese é a de que esse relativo atraso se deveu, sobretudo, a uma combinação de dois fatores fundamentais: o isolamento em relação a outras disciplinas das ciências humanas e uma peculiar confusão entre prática profissional e pesquisa acadêmica.” (NOBRE, 2005, p. 24).
Como explicação para esse isolamento, o autor traz questões históricas da disciplina, pois o direito posicionou-se como “ciência rainha” e buscou as outras ciências humanas apenas quando estas importavam nos exames jurídicos. O segundo ponto ele explica pelo modelo universitário implantado no país, sendo o direito visto como “obstáculos a serem vencidos”. Sendo assim, projetos envolvendo as disciplinas das ciências humanas, não contavam com a presença do direito em geral e, consequentemente, ele não acompanhou o desenvolvimento notável das outras ciências.
Economistas, filósofos, historiadores e cientistas sociais a partir da década de 1990 começaram a se interessar pelas questões jurídicas, apesar de a produção teórica do direito ainda não contar com os padrões requeridos. Esse isolamento do Direito pode ter sido a razão de sua estagnação quando comparados com as outras ciências. Este ensino, segundo Nobre, não está atrelado a uma produção acadêmica de conhecimentos científicos, mas sim à atuação dos profissionais fora de sala de aula,
Marcos Nobre traz ainda a confusão total existente no Brasil entre prática jurídica, ensino jurídico e teoria jurídica e tenta explicar tal confusão baseando-se nas modificações ocorridas durante a abertura econômica de 1990: “Se, como me parece, as escolas de direito têm tido um papel decisivo na determinação do nível de exigência do mercado nacional de trabalho em direito, também têm constituído um mercado de trabalho em geral pouco exigente, justamente porque fazem dos cursos de direito um amálgama de prática, teoria e ensino jurídicos.” (NOBRE, 2005, p. 30). 
Porém para Nobre não se trata de subordinar a ciência do direito às outras ciências, mas, sim, de ampliar os conceitos – principalmente os dogmáticos – a fim de que os pontos de vistas das outras ciências se integrem aos da dogmática do direito: “O agrupamento de doutrinas em corpos mais ou menos homogêneos é que transforma, por fim, a Ciência do Direito em Dogmática Jurídica.” (NOBRE, 2005, p.34). Para isso, ele se apropria do discurso do autor Tércio Sampaio Ferraz Júnior, que relaciona a técnica jurídica, atuação dos profissionais do direito, com a ciência do direito, a decidibilidade, marca distintiva do direito quando comparado às outras ciências humanas, garantida na distinção também entre “doutrina” (ciência aplicada) “dogmática” (ciência básica). 
O avanço na ciência básica (dogmática) pode revolucionar as pesquisas no campo do direito e tornar as graduações nacionais tão renomadas quanto as internacionais. O autor traz então dados das pesquisas em direito alemãs e norte-americanas, mostrando o alto grau de desenvolvimento atingido pelos pesquisadores e professores destes países. 
Judith Martins Costa afirma que o material de trabalho do jurista são normas, e não apenas explicações da realidade social. As normas não são causais ou motivacionais, mas sim produzidas segundo processos específicos: legislativo, jurisprudencial, do uso e da autonomia privada; 
O problema é a “doutrina confirmatória”: “tradução dos repertórios de jurisprudência, dos órgãos de mera consulta e dos manuais que infestam o ambiente acadêmico” (COSTA, 2005, p.40), fundada numa legolatria, mas não a “doutrina antecipante”, que produz teorias jurídicas aptas a resolver problemas do presente e abrir perspectivas para o futuro: “Quanto à doutrina antecipante, sua missão é formular teorias jurídicas que estejam aptas a resolver os problemas do presente e a morder o futuro promovendo a reconstrução dos conceitos” (COSTA, 2005, p.40). Não há como separar teoria e práticas jurídicas – que desenvolvem uma relação espiral e não circular, pois sempre há algo novo – pelo caráter normativo da realidade jurídica.
A autora fala sobre o Direito nos EUA onde a racionalidade está muito próxima do fato, encontrando toda a sua legitimidade, já no Brasil nossa forma de ver o Direito não estão fundamentadas nesse quesito do fato mas sim em um pensamento mais abstrato, ligado ao conceito. 
Carlos Ari Sundfeld acredita que o conceito de Direito sofre de um grande mal-entendido, pois não se pensa em um profissional do Direito quando se pensa, por exemplo, em produtores de normas ou em advogados que não trabalham diretamente ligados à atividade jurisdicional. 
Para Sundfeld o problema não é estritamente a relação prática e teoria, mas a postura adotada ao se produzir teoria: “Diria, então, que a pesquisa em Direito deve ter alguma conexão com a prática jurídica. É claro que há uma grande dificuldade em distinguir o que serve ou tem alguma ligação com a prática jurídica, e acho que isso seria uma questão importante a ser debatida no conselho de pesquisa de uma faculdade de Direito para se saber onde aplicar as verbas.” (SUNDFELD, 2005, p. 48). O Direito brasileiro é de opinião, não de pesquisa. Esta mentalidade se transforma quando os juristas trabalham em conjunto, “Se nós pudéssemos tomar uma deliberação, como um conselho, proporia a destruição do jurista.” (SUNDFELD, 2005, p. 52). 
Nos debates, Marcos Nobre diz que o modelo que utiliza é Alemão e aponta para a importância da jurisprudência: “Meu modelo não é o norte-americano, mas claramente alemão. Isto não exclui de nenhuma maneira a enorme importância da Jurisprudência.” (NOBRE, 2005, p. 53). Importante é distinguir ciência básica e aplicada (no direito, 70% das pesquisas são aplicadas). 
Já Antonio Angaria sustenta que é preciso saber como as cortes decidem o que é construção de Direito e de tendência. 
Oscar Vilhena por sua vez lembra que a influência de teorias sociais marxistas ou estruturalistas tendem a designar ao direito um papel secundário na organização das relações sociais. 
Ronaldo Porto Macedo salienta o cosmopolitismo da academia norte-americana, não se podendo fazer um contraponto tão nítido com a academia continental. 
Caio Rodriguez sustenta que a questão sobre a cientificidade da pesquisa jurídica é obsoleta, dizendo que as pesquisas norte-americanas não são direcionadas pros juízes, e sim pros cidadãos.
Luís Virgílio Afonso da Silva diz que a pesquisa tem se pautado por cópias mal feitas de manuais, “Com relação às questões da dogmática jurídica e da decidibilidade, creio que não necessariamente a dogmática está relacionada diretamente com o problema da decisão” (SILVA, 2005, p.60)
Indagada sobre como é possível não fazer doutrina, Judith Martins Costa exemplifica com o procedimento hipótese – pesquisa – confirmação da hipótese, a partir da análise de casos sobre autonomia privada e autonomia da vontade.
O sociólogo Esdra Borges Costa diznão sentir diferença entre o Direito e a Sociologia, no que concerne ao debate sobre a cientificidade de sua disciplina. 
 Bibliografia:
NOBRE, Marcos, COSTA, Judith Martins, SUNDFELD, Carlos Ari. “O que é pesquisa em direito?”. In FERRAZ JR., Tércio Sampaio, NOBRE, Marcos et al. O que é pesquisa em direito? São Paulo: Quartier Latin, 2005, Capítulo 1, pp. 23-70.