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PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

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PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
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PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
“O tempo é um fato jurídico natural de enorme importância nas relações jurídicas travadas na sociedade, uma vez que tem grandes repercussões no nascimento, exercício e extinção de direitos” (Pablo Stolze).
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PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
A existência de prazo para o exercício de direitos e pretensões é uma maneira de disciplinar e controlar a sociedade. A prescrição e a decadência, estando diretamente relacionadas ao fator tempo, acabam sancionando aquele que se mantém inerte, numa aplicação do brocardo latino dormientibus non sucurrit jus (o direito não socorre aos que dormem).
Justamente por tais razões é que o Direito estabelece os prazos de prescrição e decadência – somente assim se garante relativa estabilidade nas relações jurídicas sociais.
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Prescrição:
A prescrição pode ser entendida como a “perda da pretensão de reparação do direito violado, em virtude da inércia do seu titular, no prazo previsto pela lei” (Pablo Stolze).
“Se o titular do direito permanecer inerte, tem como pena a perda da pretensão que teria por via judicial” (Flávio Tartuce).
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A prescrição tem por objeto direitos subjetivos patrimoniais e disponíveis, não cabendo em relação a direitos sem conteúdo patrimonial como os direitos personalíssimos, de estado ou de família – que são indisponíveis.
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Atente que o caminho que se percorreu até se chegar à conclusão de que a prescrição alcança a pretensão e não o direito de ação foi bastante longo: tradicionalmente a doutrina sempre defendeu que a prescrição atacava o direito de ação.
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Pretensão é a expressão utilizada para caracterizar o poder de exigir de outrem coercitivamente o cumprimento de um dever jurídico.
Na prescrição a pretensão deixa de ser exigível judicialmente. “Com a prescrição o direito não desaparece, mas fica sem meios de se obter a proteção judicial, em decorrência da inércia de seu titular, que não movimentou o seu interesse em tempo hábil” (Paulo Nader). 
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O NCC trouxe no art. 189, com bastante mais clareza que o CC de 1916, a noção de prescrição a partir da ideia de pretensão:
Art. 189, CC: Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
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Espécies de prescrição:
Prescrição extintiva: resultante da ausência da vontade humana de chamar o Poder Judiciário para defesa de direito. Está prevista na parte geral do Novo Código Civil. Assim, deve ser entendida como a extinção da pretensão que, indiretamente, provoca a extinção da ação.
Prescrição aquisitiva: está prevista na parte especial do CC e se trata da usucapião. A usucapião é uma modalidade de aquisição de propriedade de bens móveis ou imóveis pelo exercício da posse nos prazos fixados em lei, ou seja, pelo decurso do tempo. Será tratada em outro momento.
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Prescrição ordinária: aquela cujo prazo é previsto em lei genericamente – vide art. 205, CC.
Prescrição especial: são prazos previstos de forma especial, como o próprio nome sugere – está prevista no art. 206, CC.
Prescrição intercorrente: quando já em curso o processo, este ficar paralisado, sem justa causa, pelo tempo prescricional.
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Prescrição e decadência não se confundem:
Decadência ou caducidade é a perda do próprio direito material em razão do decurso do tempo. A decadência importa o desaparecimento, a extinção de um direito pelo fato de o seu titular não exercê-lo durante o prazo estipulado na lei.
Quando se fala em perda efetiva de um direito potestativo está-se diante do instituto da decadência e não da prescrição!
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PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
 Direito potestativo é o direito de sujeição. É o direito que não gera contraprestação. Ao exercer um direito potestativo, o seu titular simplesmente interfere na esfera jurídica alheia, sem que esta pessoa possa fazer algo.
A categoria de direitos potestativos “compreende aqueles poderes que a lei confere a determinadas pessoas de influírem, com uma declaração de vontade, sobre situações jurídicas de outras, sem o concurso da vontade dessas” (Chiovenda).
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PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
Exemplos: 
o poder que tem o mandante e o doador de revogarem o mandato e a doação; 
o poder que tem o cônjuge de promover o divórcio; 
o poder que tem o condômino de desfazer a comunhão; 
o poder que tem o herdeiro de aceitar ou renunciar à herança, 
o poder que tem o sócio de promover a dissolução da sociedade civil, ...
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PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
Mas não existe só esta diferença entre prescrição e decadência:
Os prazos prescricionais e decadenciais estão devidamente indicados no NCC – diferentemente do que acontecia com o antigo CC.
A prescrição somente pode ser prevista pela lei – vide art. 192, CC; a decadência pode ser prevista em lei ou em prazos convencionais.
A prescrição está relacionada aos direitos que são objetos de ações condenatórias; a decadência, aos direitos que são objetos de ações constitutivas. As ações meramente declaratórias não prescrevem nem decaem!
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Obs.: Classificação das ações:
Declaratórias
constitutivas
condenatórias
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Na prescrição, o prazo começa a correr quando direito é violado; na decadência o prazo começa a correr no dia em que o direito nasce, logo, no mesmo instante em que começa a aquisição do direito, começa a correr a decadência.
A prescrição admite a renúncia – expressa ou tácita – nos termos do art. 191, CC. A decadência legal nunca pode ser renunciada.
A prescrição admite interrupção e suspensão; a decadência não admite interrupção nem suspensão.
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Impedimento e suspensão e interrupção da prescrição
Impedimento e suspensão: ambos fazer cessar, temporariamente, o curso da prescrição. Em desaparecendo a causa que promoveu o impedimento ou a suspensão, a prescrição retoma o seu curso, ou seja, recomeça a contagem do prazo prescricional, computando-se o tempo que já havia decorrido.
Observe que o legislador material civil não fez distinção entre impedimento e suspensão. Mas a doutrina se preocupa em diferenciar a suspensão do impedimento: se o obstáculo surgir após vencimento da obrigação, será caso de suspensão. Se, ao contrário, o obstáculo preexiste ao vencimento da obrigação, será caso de impedimento.
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Casos em que não corre a prescrição:
Art. 197, CC: Não corre a prescrição:
I- entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II- entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III- entre tutelados e curatelados e seus tutores e curadores, durante a tutela ou curatela.
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Art. 198, CC: Também não corre a prescrição: 
I- contra os incapazes de que trata o art. 3º;
II- contra os ausentes do país em serviço público da União, dos Estados ou dos municípios
III- contra os que se acharem servindo nas forças armadas, em tempo de guerra.
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Art. 199, CC: Não corre igualmente a prescrição:
I- pendendo condição suspensiva;
II- não estando vencido o prazo;
III- pendendo ação de evicção. 
Obs.: Evicção é a perda da coisa, por força de sentença judicial, que a atribui a outrem, por direito anterior ao contrato aquisitivo.
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Interrupção da prescrição: nos casos de interrupção, o prazo prescricional começa a contar, nova e integralmente, assim que cessa a causa interruptiva. Somente pode acontecer uma vez e está prevista nos arts. 202 a 204 do Código Civil.
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PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
ATENÇÃO: O Código Civil de 2002, art. 194, foi tacitamente derrogado pela Lei n. 11.280/06 (lei que promoveu alterações
no Código de Processo Civil). 
Até 2006, a prescrição não podia ser reconhecida de ofício pelo juiz, salvo se para favorecer absolutamente incapaz. A partir da Lei n. 11.280, o juiz pode reconhecer de ofício a prescrição em qualquer situação. Dessa forma, tanto a prescrição quanto a decadência são matérias que podem ser reconhecidas ex officio. 
Observe que o legislador equiparou a prescrição e a decadência apenas quanto a um dos seus efeitos – o fato de ambas poderem ser declaradas pelo juiz, independentemente de pedido das partes. Mas a prescrição não pode – só por isso – ser considerada matéria de ordem pública. Ao contrário, continua sendo considerada matéria de ordem privada.

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