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As Artes Plásticas e a Literatura: Art-nouveau

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As Artes Plásticas e a Literatura: Art-nouveau 
INTRODUÇÃO
O termo “Pré-Modernismo” foi criado por Alceu de Amoroso Lima (Tristão de Ataíde) para retratar o período cultural Brasileiro do começo do século XX até a Semana de Arte Moderna, ocorrida em 1922. O prefixo “Pré” tem apenas uma conotação temporal de anterioridade, dando um forte destaque ao sentido de “precedência temática e formal em relação à literatura modernista” (Bosi, p.11).
O período pré-modernista corresponde à Belle Époque brasileira, no qual existiam, concomitantemente, diversas correntes como o Parnasianismo, Neoparnasianismo, Prosa Tradicionalista, Simbolismo e Realismo-Naturalismo. Sendo assim, a época é uma mistura de tendências conservadoras e renovadoras.
O Art Nouveau, baseado nos trabalhos de diversos artistas espalhados pela Europa, se diferenciou de tais tendências inovadoras por não se render a manifestos radicais ou declarações teóricas polêmicas, mas se encarregou de reagir contra o academicismo, sem estar associado a nenhuma escola ou movimento específico (PAES, p.65).
O estilo artenovista não se deu apenas na Literatura, mas em diversos campos, como a Arquitetura e Artes Aplicadas “onde campeava a imitação do gótico, do renascentismo, do orientalismo –, para, com os novos materiais e as novas técnicas postos à sua disposição pelo progresso industrial, criar formas novas, em vez de copiar as antigas” (PAES, p.66). Tal estilo internacional, agradava ao público por ser uma arte decorativa, tanto no campo da pintura como na arquitetura.
Neste trabalho iremos nos ocupar da análise de dois quadros expressivos do estilo arte novista. O primeiro sendo o Retrato de Adele Bloch-Bauer (1907), de Gustav Klimt. O segundo é o quadro Sem título, exposto na Sala Verde do Senado Brasileiro, de Di Cavalcanti. Analisaremos, também, o poema Saudade, de Gilka Machado. Temos como intuito, ao analisar tais obras, ilustrar as influências dos artistas artenovistas europeus nas artes plásticas brasileiras e como tal movimento das artes plásticas se dá na literatura.
2.  	Art nouveau 
Pertencente ao movimento do pré-modernismo e sendo considerado o mais popular na Europa entre 1890 e 1910, o Art Nouveau comprova que a influência das artes aplicadas às belas artes é marcada pelo linearismo de formas, ornamentação e estilização de objetos naturais, a qual apresenta uma propensão ao representar a abstração da natureza e a tentativa de acercar a natureza da ciência e a arte da técnica por meio da estilização ornamental.
Com a Revolução Industrial ocorreram muitas transformações na Europa e em pouco tempo as cidades foram tomadas por trabalhadores a fim de ocupar seus lugares nas fábricas. Simultaneamente, a tecnologia possibilitou a alta produção de mercadorias que pudessem ser consumidas em diversos lugares do mundo.
Através de todos esses acontecimentos foi necessária uma certa conciliação nas manufaturas das indústrias e dos trabalhos artesanais. Com isso, nota-se que o Art Nouveau teve origens com a aparição das formas livres que guiaram o fazer artístico ao longo dos tempos.
Willian Morris analisa a arte e o trabalho artesanal com o objetivo de evitar a vulgarização dos trabalhos artísticos realizadas durante a Revolução Industrial. Com o tempo uma geração inovadora foi instigada a ocuparem o espaço como decoradores e artesãos da época se apropriando de materiais popularizados devido à industrialização, delimitando assim um novo tipo de concepção de arte.
O Art Nouveau tem como características fundamentais o anti-mimetismo estelicizante, ou seja, faz com que o abstrato seja representado na obra, sensorialidade impressionista - transmitindo através da obra efeitos e sensações, vitalismo - exaltação da vida, aproximação entre “belas artes” e artes aplicadas, exotismo, culto ao progresso e ornamentação, como dito acima, no que diz respeito a arte da decoração mas esta não existe apenas para enfeitar, e sim para ser essencial e produzir efeito.
Além disso, o Art Nouveau teve grande influência no Brasil com a chegada de pinturas decorativas e presença na arquitetura. Essas influências podem ser observadas através da utilização de vidro, madeira e cimento, presença de conhecimentos físicos e matemáticos, aplicação de arabescos em ilustrações, reconhecimento de temas relacionados à natureza, reproduzidos através de linhas de movimento, assim, ressaltando as formas, o uso de cores com tons frios e a representação da imagem feminina nas pinturas.
3.  O art nouveau na Literatura
O Art Nouveau (AN) na literatura pode ser mais facilmente encontrado na prosa do que na poesia, pois nela é mais comum a ornamentação e o excesso de palavras. Nas obras, podemos encontrar traços de outros movimentos, como o naturalismo, simbolismo, decadentismo, esteticismo etc. que transcendem os traços constituintes. O que diferencia o AN de tais movimentos, é que nele se é estilizado a natureza (naturalismo abstrato), o vitalismo, a ornamentação vinda das artes plásticas (arquitetura, moda etc), o elogio da potência vital e da vontade, assim como a celebração da vida.
A literatura se configura no estilo AN como um experimento da vida nas situações problematizadas que ocorrem no cotidiano. Com isso, pode ser considerada um expoente da vida que não oculta nenhum significado obscuro, mas sim coloca em evidência a perspicácia e a dificuldade da vida. Tal perfil, de temas não tão profundos, resgata o cunho artístico da literatura, não servindo apenas para panfletagem de ideias.
O AN é contrário a idealização do sonho (como é visto no simbolismo) retrata o cotidiano de forma autêntica, tentando valorizá-lo. Pode ser considerado como as artes anti-acadêmicas pois é o momento de difusão dos valores burgueses, que era apegado às formas rígidas e temáticas elaboradas. No AN, temos refletido o ‘sorriso da sociedade’, com temas mais simples, usando da realidade para produzir efeitos estéticos.
3.1.  A poesia de Gilka Machado
  A poesia de Gilka Machado (1893-1980) expressa uma intimidade sensível, manifestando suas sensações, emoções e desejos eróticos. Sua poesia tem um paralelo entre rigor formal e desejos eróticos. Para análise, foi escolhido o poema “Saudade”.
  
Saudade
De quem é esta saudade
que meus silêncios invade,
que de tão longe me vem?
De quem é esta saudade,
de quem?
Aquelas mãos só carícias,
Aqueles olhos de apelo,
aqueles lábios-desejo...
E estes dedos engelhados,
e este olhar de vã procura,
e esta boca sem um beijo...
De quem é esta saudade
que sinto quando me vejo?
(in Velha poesia, 1965)
 	Nestes versos percebe-se que o eu lírico se questiona sobre a saudade, se perguntando de onde ela vem (“De quem é esta saudade/ que meus silêncios invade,/que de tão longe me vem?”). Pergunta-se a quem pertence tal sentimento (“De quem é esta saudade, / de quem?”). As duas primeiras estrofes começam da mesma forma (“De quem…”), enfatizando a dúvida do eu lírico a respeito da saudade e estabelece um certo ritmo ao poema.
Na terceira estrofe (“Aquelas mãos só carícias,/Aqueles olhos de apelo,/aqueles lábios-desejo...“) pela repetição do pronome demonstrativo aquele é expressado a distância do sujeito que o eu lírico se refere, trazendo, também, uma quebra da forma estabelecida anteriormente (“De quem…”). Percebe-se a descrição de um sujeito, mas de uma forma indefinida, podendo ser aplicado a qualquer um. O eu lírico sente saudade de uma companhia.
Na quarta estrofe (“E estes dedos engelhados,/e este olhar de vã procura,/e esta boca sem um beijo…”) é encontrada uma descrição do próprio eu lírico; os dedos enrugados sem o toque de uma companhia, os olhos a procura de alguém, e a boca sem beijo.
Na última estrofe (“De quem é esta saudade/que sinto quando me vejo?”) é retomado a forma “de quem”. Nela, vê-se que o eu lírico, se questionando de quem é a saudade que sente quando se vê. A partir desses dois últimos versos pode-se dizer que o eu-lírico sente saudades de si mesmo. Passara pelo ciclo da vida e encontra-se envelhecendo com“estes dedos engelhados”. Não se reconhece mais da mesma forma, pois há algo ausente em sua vida. As paixões da juventude e a vivacidade da época não são as mesmas tantos anos depois. O eu-lírico se deixa invadir por uma sensação nostálgica de sua juventude, provocando-lhe os mais variados sentimentos. 
No poema de Gilka Machado percebemos a retratação de um sentimento recorrente na Literatura, a saudade da juventude, em versos bem trabalhados e ornamentados, resgatando uma das características do Art Nouveau: a preocupação com a forma, sem muita atenção com o conteúdo. A autora ornamenta o poema com inquietações, até a intuitiva e simples reflexão ao fim. A imagem do poema sugere alguém encarando a si próprio em frente a um espelho. O espelho serve bem para fundamentar o estilo do Art Nouveau. Tal como, é repleto de ornamentos em suas bordas (e até pedras preciosas em alguns casos), mas em sua principal estrutura, preocupa-se em mostrar sua essência. Tal característica destaca o papel de arte da literatura, não colocando nela uma função de “panfletar” uma ideia, mas sim sua própria essência. 
4.  O Art Nouveau nas artes plásticas
  Gustav Klimt é um aclamado pintor nascido na Áustria, em 1862. Foi um dos principais representantes do movimento do Art Nouveau, que espalhou-se por toda Europa ao final do século XIX. Produziu uma das principais e populares pinturas da segunda metade do século XX. Os quadros O retrato de Adele Bloch-Bauer (1907) e O beijo (1908) formam sua ‘fase de ouro’, como ficou conhecida a época de sua produção.
  Adele Bloch-Bauer era esposa de um banqueiro e, por coincidência, amante de Klimt. Foi a única mulher a posar para o pintor mais de uma vez. Esse retrato é considerado por muitos, seu melhor trabalho usando dourado e objetos antigos, sugerindo riqueza, sofisticação e poder.  Em contrapartida, seu olhar sob a posição das mãos de Adele e seu olhar vago, sugere fragilidade e feminilidade. As pinturas de Klimt possuem traços eróticos, os quais reforçam a sensualidade da mulher.
Como um excelente exemplar da arte produzida ao estilo artenovista, é possível observar alguns traços marcantes da época. Tudo à volta de Adele é ornamentado com um material a sugerir ouro. As formas não são lineares e correspondem ao realismo abstrato, outro destaque do estilo do Art Nouveau. A produção artística do período tem relação direta com a Segunda Revolução Industrial, implicando a originalidade da forma e a exploração de novos materiais, como se pode ver no quadro de Klimt.
O tema predominante retratado nas obras de Gustav Klimt (1862-1918) é a representação da feminilidade marcada por erotismo e sensualidade. Com isso, observa-se que o pintor não se preocupava com as questões ideológicas ao serem retratadas em quadros, pois cria seus próprios traços estéticos, ou seja, não se prende às tradições estéticas. Desse modo, conservam as formas, enfatizando os riscos, traços como sinuosas e curvilíneas. 
Sem título, óleo sobre tela, 283x881 cm (obra em exposição no Salão Verde da Câmara dos Deputados)
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, o famoso pintor Di Cavalcanti, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 6 de setembro de 1897, foi modernista, desenhista, ilustrador, muralista e caricaturista. Di Cavalcanti é um dos mais conceituados representante do Modernismo Brasileiro.
O tema mais representado pelo pintor, Di Cavalcanti era o cotidiano. O pintor é conceituado como um dos mais importantes e expressivos na arte brasileira. As principais obras de Di Cavalcanti possibilitam ter uma perspectiva de toda a sua criação ao longo de suas produções. Antes dele retratar apenas o cotidiano em suas pinturas, as mulheres foi um dos temas mais representados em suas obras e a realidade social.
Suas pinturas retratavam muito bem, desde as cores até às formas, a expressão da cultura brasileira de sua época. Além disso, como ele nasceu no Rio de Janeiro, retratava também as noites cariocas e o samba, a sensualidade e a formosura da mulher.
Suas produções colaboraram para especificar e distinguir a arte brasileira em relação aos outros movimentos presentes na época devido ao uso de cores vibrantes, formas sinuosas e os temas referentes ao Brasil, como o carnaval, as mulatas e os tropicalismos.
O painel acima foi feito e destinado ao Palácio do Congresso, mas a obra não estava com a sua assinatura e mesmo assim foi entregue, e até hoje está sem o marco do pintor em sua obra. O que reforça o intuito de decoração da obra, uma das características do Art Nouveau além de possuir um estilo mais geométrico com cores frias, sem deixar de lado as linhas curvas. Nela também está retratado o realismo abstrato. É possível observar várias figuras humanas, mas sem o toque de realismo em seus retratos. Todos sob a perspectiva das formas geométricas e das cores frias. 
Diferentemente do quadro de Klimt, Di Cavalcanti utiliza outros recursos para a composição de seus ornamentos. Nesse caso, utiliza-se de figuras de tamanhos variados e tons frios variados. O ornamento chega a ocupar o espaço total da tela, e ganha diversas representações ao longo da pintura. 
5. Conclusão
A Art Nouveau procedeu-se em um movimento social e estético inglês, a partir de William Morris, nomeado como Arts and Crafts, o qual surgiu para romper com a separação entre Belas-Artes e artesanato. Empenhava-se em valorizar os trabalhos manuais e marcou a transição entre o historicismo e o Modernismo, o qual fez questão de aperfeiçoar o artesanato, com isso, tornou-se um estilo da elite, devido a sua produção ser de alto custo.
O fundamento dessa nova arte, ou novo estilo, é para romper a valorização das máquinas e dar ênfase e enaltecer a valorização dos artesãos, devido aos seus materiais utilizados nas obras, os temas tratados e os traços bem marcantes criados por eles.
Assim, observa-se que a temática tratada é um dos principais aspectos do Art Nouveau, pois desliga-se do passado e dá importância aos traços e formas como marco de crescimento, não em relação ao crescimento do homem, mas sim, da sensualidade.
As cores são outra característica marcante, pois, utilizam-se cores de tonalidades frias e pálidas, com o objetivo de manifestar a liberdade, a mocidade através de particularidades que fixem a atenção.
Mesmo que o Art Nouveau não tenha durado tanto tempo, exerceu seu propósito, pois revelou não precisar se basear em estilos antigos para criar um novo e o sucesso e a alta qualidade das produções conseguiam andar paralelamente com as experiências.
6.  	Referências 
A ART Nouveau. Disponível em: <https://thaa2.wordpress.com>. Acesso em: 15 set. 2016.
CAVALCANTI, di. AS PRINCIPAIS OBRAS DE DI CAVALCANTI. Disponível em: <http://obviousmag.org/>. Acesso em: 14 set. 2016.
DUBUGRAS, Victor. Art Nouveau. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/>. Acesso em: 09 set. 2016.
KLIMT, Gustav. Disponível em: <http://historiadasartes.com.br/>. Acesso em: 14 set. 2016.
PAES, José Paulo. Art Nouveau na literatura brasileira. In:___. Gregos e Baianos: ensaios. São Paulo: Brasiliense, 1985.

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