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Hemoterapia em cães e gatos - resumo

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HEMOTERAPIA EM CÃES E GATOS
Qual a diferença do sangue total fresco para o estocado?
Em relação aos componentes:
Sangue total fresco: proteínas, plaquetas (importante – viáveis até 8h), fatores de coagulação (todos), hemácias. 
Sangue estocado: não possui plaquetas, fatores de coagulação (poucos), hemácias, amônia (não deve ser transfundido em caso de hapatopata).
Caso haja banco de sangue o sangue total fresco pode ser processado, centrifugado e dividido em:
Papa de hemácias: concentrado de hemácias que vai ser utilizado em pacientes anêmicos, porém não podem receber grande volume de sangue total, por exemplo paciente doente renal crônico, cardiopata. 
Plasma fresco: vai ser sempre processado e congelado. Plasma fresco congelado se for utilizado em até um ano. Plasma congelado se passar de um ano (vai ter menos fatores de coagulação ainda). Fornece proteína, poucos fatores de coagulação, antiproteases plasmáticas. Não tem plaquetas, Pacientes com hipoalbuminemia, pancreatite ou que precisa expandir e melhorar a pressão oncótica. 
Plasma rico em plaquetas: outro processo feito a partir da centrífuga do plasma fresco, onde as plaquetas são separadas do resto. Dura 5 dias. Não é congelado.
QUANDO FAZER A TRANSFUSÃO?
Anemia: por hemorragias agudas ativas(traumas e rupturas), hematócrito menor que 10% (se tiver entre 10 e 17 transfunde dependendo do estado do paciente) sempre buscar e tratar a causa da anemia antes de fazer a transfusão. 
Sangramento nasal (epistaxe): petéquias, equimose ou sufusão. Rompimento dos vasos causando hemorragia subcutânea. Desconfiar de que tipo de alteração? – Deficiência de plaquetas ou de fatores de coagulação (geralmente sangra para as cavidades) (formação do tampão plaquetário + fatores de coagulação + fibrinólise). Trombocitopenia, trombocitopatia (aumento, doença ou diminuição de plaquetas). Transfunde o que nesse caso? = Plasma rico em plaquetas (se tiver só trombocitopenia). Se perdeu muito sangue e está anêmico = hemácias + plaquetas = sangue total fresco.
Hipovolemia com anemia – choque hemorrágico: transfunde sangue total;
Deficiência de fatores de coagulação: transfunde plasma fresco ou congelado.
Valor geral cães/gatos de plaquetas: 200.000 (valor mínimo).
DOADOR 
Cão:
Grande porte;
Mais que 30kg;
Adulto jovem – de 2 a 7 anos;
Hematócrito maior que 40%;
Vacinas em dias, remédios para vermes em dia;
Sem doença infecciosa;
Dócil;
100% saudável;
Coleta feita na jugular e leva 10-15 min.
Gato:
Mais que 5kg;
Hematócrito maior que 35%;
Adulto jovem;
Vacinado;
Dócil;
Fiv + felv negativos, sem outra doença.
TIPOS SANGUÍNEOS CANINOS E FELINOS
Cão:
6 grupos:
1.1
1.2
3
4
5
7
No cão, na primeira transfusão é difícil de acontecer algum problema. Depois pode ocorrer, pela produção de anticorpo para o outro tipo sanguíneo.
Gato:
3 grupos:
A
B
AB
Transfusão é mais arriscada pois o gato tipo A já tem anticorpo para o tipo B, e o tipo B já tem anticorpo para o tipo A. Pode levar a morte do gato na primeira transfusão.
Importante: para transfusão de sangue em paciente felino precisa fazer reação transfusional antes de todas as transfusões.
REAÇÃO CRUZADA
Técnica simples e fácil. Reação maior e menor. 
Reação MAIOR: Separa o sangue do doador e do receptor e faz mistura em lâmina do eritrócito do doador com soro o do receptor.
Reação MENOR: soro do doador com os eritrócitos do receptor.
IDEAL: maior e menor sejam negativas, mas se a reação maior deu negativa e a menor deu positiva e só tem 1 doador – não é ideal, mas pode transfundir com maior monitoramento.
COLETA
Frascos humanos que já vem com anticoagulante;
Valor mínimo de 450 ml.
Equipos próprios para transfusão;
3 anticoagulantes: CTDA (citrato-dextrose-adenina) – viável por 35 dias, ACD e Heparina (para uso momentâneo – até 8h, não pode estocar).
CÁLCULO:
V = peso x 10 x constante x ht desejado – (ht receptor) x ht doador ????
COMO É FEITA A TRANSFUSÃO
Manter a T ambiente ou aquecer;
Equipo com filtro ideal para transfusão – para reter microcoágulos;
IV ou IO (filhotes muito pequenos que não consegue acesso venoso);
Velocidade: até 4h, pois o sangue é meio de cultura. 
Na primeira meia hora fazer bem lento para monitoramento, pode ter reação transfusional imunologica ou alérgica.
Monitorar todos os parâmetros a cada 15 ou 20 min: FC, FR, temperatura, vômito, cor da urina, anafilático, edema, urticária, prurido, convulsão, tremores. 
QUAIS REAÇÕES O PACIENTE PODE TER?
Imunológicas e não imunológicas
Imediatas e não imediatas/tardias
Imunológica IMEDIATA:
Reação de hipersensibilidade do tipo1 – alergia: não quer dizer que é incompatível, mas que desenvolveu reação alérgica à algum dos componentes (proteínas, leucócitos...) – antígeno se liga ao anticorpo que está na superfície dos mastócitos (IgE) e vai causar degranulação dos mastócitos (grânulos de histamina, serotonina, leucotrina) = quadro inflamatório, aumenta a permeabilidade, faz edema. Se for muito grave pode fazer broncoconstrição, virando um choque anafilático. Paciente pode ter prurido, urticártia, pápulas ou placas eritematosas elevadas na pele (de 1 minuto pro outro), edema de face (angioedema), edema de glote = choque anafilático = reação AGUDA. 
Hemólise aguda: incompatibilidade sanguínea – PERIGOSA – quando sangue do doador não é compatível com o do receptor. Baseada em uma reação de hipersensibilidade do tipo 2 = no eritrócito tem antígenos de superfície – faz a transfusão, tem anticorpo contra aquele antígeno , vai se ligar aos receptores da superfície e vai ter: antígeno + anticorpo + complemento = faz lise, destruição da hemácia. Essa hemólise se for BEM aguda ocorre dentro do vaso, intravascular. Dentro da hemácia tem hemoglobina, se tiver destruição maciça de eritrócito vai ter uma hiperglobulinemia, que vai pra urina que forma hemoglobinúria = xixi preto. Começa ativar vários sistemas (complemento, coagulação), começa fazer vasodilatação, animal pode entrar em choque, hipertensão, broncoconstrição e morte.
Reações imunológicas TARDIAS:
Podem acontecer até dias depois da transfusão. 
Hemólise tardia: destruição dos eritrócitos – vão durar 4 ou 5 dias. Paciente volta na semana seguinte ictérico, pois esse hemólise vai ser extravascular do sistema mononuclear fagocítico bilirrubina hiperbilirrubinemia urina. Não tem risco pro paciente, apenas a transfusão não vai durar.
Reações não imunológicas:
São aquelas que podem ocorrer por descuido do veterinário. Exemplo:
Infecção bacteriana: deixa o sangue correndo por 8 horas no paciente = meio de cultura, ou coleta de sangue de maneira não asséptica.
Intoxicação por citrato: não calcula o anticoagulante, e o excesso vai para o paciente, bloqueando o cálcio e o paciente vem com tremores, convulsão, arritmias.
Sobrecarga de volume: volume em excesso ou administrado muito rápido – edema pulmonar, dispneia, crepitação.
COMO TRATAR AS REAÇÕES IMUNOLÓGICAS
Parar a transfusão imediatamente, se tiver reação do tipo 1 primeiro aplica um anti-histamínico que pode ser a Diifenidramina, caso não funcione, usar corticoide de ação rápida – Hidrocortisona, se evoluir pra choque anafilático – Epinefrina Intravenosa. 
Se tiver reação do tipo 2 fazer fluidoterapia intensa pois na hemólise intravascular é liberado muita hemoglobina, que é toxica para os néfrons. Corticoide de ação rápida – Hidrocortisona. 
	
	Louise Helene Bacher

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