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Entendimento do STF nascituro

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FACULDADES INTEGRADAS DA UNIÃO EDUCACIONAL DO PLANALTO CENTRAL
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FACULDADES INTEGRADAS DA UNIÃO EDUCACIONAL DO PLANALTO CENTRAL
	Curso: Direito 
	Semestre: 1º
	Sala: 102/104 
	Professor: Felipe Loureiro 
	Disciplina: DIREITO CIVIL I
	Aluna: Valéria F. Santos Lessa
	Data: 07/4/2017
Pesquisa sobre o entendimento estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal em relação à situação jurídica do Nascituro.
Para que se alcance o entendimento do Supremo Tribunal Federal - STF a respeito da situação jurídica do nascituro (aquele que esta por nascer, ainda sendo gerado no ventre da genitora), involuntariamente inclina-se a pesquisa à refere-se em outros dois temas: “descriminalizou do aborto” e Lei 11.105/95 - Lei da Biossegurança, pois por tratarem, ainda que indiretamente, de questões afetas a fetos, nos conduzirá a concluir como o STF tem se posicionado quanto a questão.
 Recentemente, em novembro de 2016, houve a revogação da prisão de cinco envolvidos (médicos, paciente e funcionários), em um caso de aborto ocorrido em uma clínica clandestina que realizava abortos, em Duque de Caxias – RJ, pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, os réus foram soltos; Com isto, a discussão sobre “descriminalizou do aborto”, volta as primeiras páginas da mídia, em particular, chamou a tenção da mídia o fato e que o STF, em sua decisão, enfatizou o entendimento do caso concreto limitando a um limiar temporal de que antes do terceiro mês de gestação seria inconstitucional “aplicar” os artigos 124 e 126 do Código Penal, à época, o colegiado, seguiu voto do ministro Luís Roberto Barroso, quem defendeu tal juízo de inconstitucionalidade. Vale sublinhar, que mesmo a decisão sendo abrangente apenas ao caso especifico, ela emergiu a discursão a nível nacional, em especial nas redes sociais, abriu um ângulo infinito de possibilidades a serem analogicamente, passiveis, de serem consideradas.
Em momento anterior, no ano de 2012, o ministro Ricardo Lewandowski discordou do relator, ministro Marco Aurélio, e votou pela improcedência do pedido formulado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 54, que requeria que o STF fixasse entendimento para que a antecipação terapêutica de feto anencefálico não configurasse crime, alegou, à época, o Ministro Lewandowski, em um dos pontos que apoiou seu posicionamento, revelou que “a possibilidade de que uma decisão favorável ao aborto de fetos anencéfalos, torne lícita a interrupção da gestação de embriões com diversas outras patologias que resultem em pouca ou nenhuma perspectiva de vida extrauterina.” . Ainda de acordo com o Ministro Lewandowski ” uma decisão judicial isentando de sanção o aborto de fetos portadores de anencefalia, “ao arrepio da legislação penal vigente”, além de discutível do ponto de vista ético, jurídico e científico”, abriria a possibilidade de interrupção da gestação de inúmeros outros casos.”. Sobressaltou ainda, em seu voto, o fato que na coletânea das reges brasileiras consta variados aparelhos legais em vigência que protegem a vida intrauterina, especialmente o Código Civil, que, no artigo 2º, constitui que a lei coloque a salvo, “desde a concepção”, os direitos do nascituro. 
Neste ano de 2017, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) impetrou no Supremo Tribunal Federal a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, na qual solicita que a Corte confesse a “não recepção parcial dos artigos 124 e 126 do Código Penal pela Constituição da República”. O partido cita que os aparelhos legais, que “criminalizam o aborto provocado pela gestante ou realizado com sua autorização, violam os princípios e direitos fundamentais garantidos na Constituição Federal.”, não considerando o direito a vida, ainda que subjetivo/ implícito, garantido ao nascituro. 
Retrocedendo, a respeito da ADIN (3510), de 2008, quando a Corte deliberou, por “maioria de votos, pela legalidade da Lei 11.105/95”, também chamada de Lei da Biossegurança, que admitiu o emprego de “células-tronco embrionárias na pesquisa de cura para doenças crônicas”, considerando para este caso o voto da Ministra Ellen Gracie, que, “atribui a qualificação de pessoa ao nascido com vida”. Ou seja, a Ministra se posicionou, de modo que se compreenda, que para ela, “o pré-embrião” não pode ser considerado um nascituro, haja vista que conceitualmente quanto ao nascituro este é aquele que se pressupõe ter probabilidade de nascer, enquanto os embriões, fertilizados in vitro (inviáveis ou destinados ao descarte) não se tem esta possibilidade, pois sequer estão em processo de gestação, todavia, a Ministra não ergueu, nesta ocasião, opinião abrangente a respeito dos direitos do nascituro, restringiu-se em verbaliza-lo no sentido de parâmetro para compreensão do papel do embrião inviável ou destinado ao descarte.
Ainda, vale citar o PROJETO DE LEI Nº 478, DE 2007, “dispõe sobre o Estatuto do Nascituro e dá outras providências”, como qual se busca garantir por meio de lei a condição humana, e os direitos objetivos que possa vir a ser conferido ao nascituro, conforme expressa o art. 3º do projeto de Lei, in verbis:
(...)
Art. 3º O nascituro adquire personalidade jurídica ao nascer com vida, mas sua natureza humana é reconhecida desde a concepção, conferindo-lhe proteção jurídica através deste estatuto e da lei civil e penal. Parágrafo único. O nascituro goza da expectativa do direito à vida, à integridade física, à honra, à imagem e de todos os demais direitos da personalidade.
(...)
No entanto, o projeto não trouxe novidade quanto a “descriminalizou do aborto”, pois mantem no seu artigo 25 o aborto como crime além de no artigo 26 conduzir ao entendiemto que até mesmo a manipulação de embriões se caracterizará crime, contrapomdo-se contra a Lei da Biossegurança, in verbis:
(...)
Art. 24 Anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto: Pena – detenção de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço se o processo, substância ou objeto são apresentados como se fossem exclusivamente anticoncepcionais. 
Art. 25 Congelar, manipular ou utilizar nascituro como material de experimentação: Pena – Detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
(...).
 Assim sendo, comunga-se com (Gonçalves. 2017) que o STF não tenha pacificado um entendimento quanto ao nascituro, uma vez que nem mesmo exista um entendimento acomodado quanto a qual das teorias que tratam da situação jurídica do nascituro, se servirá o STF. Ora entende plausível a Teoria Natalista, ora a Concepcionista, como se demonstra nas situações que seguem, quase sejam: no Recurso Extraordinário – RE (99.038, 1993) deliberou a 2ª Turma pela proteção dos direitos do nascituro, entendendo que se tratava de “proteção de expectativa, que se tornará direito, se ele nascer vivo”; no julgamento da Reclamação nº 12.040-DF, reconheceu-se ao nascituro “o direito ao reconhecimento de filiação” assegurando-lhe o reconhecimento legal de paternidade ou maternidade, como declaração de sua “própria personalidade” como direito de ver realizado o exame de DNA, ainda que a genitora se oponha. 
Em suma, o entendimento do STF e a legislação ainda não resultam em um denominador comum a respeito do tema, impera o impasse, inclusive, na doutrina, entretanto, a que se considerar que indiretamente a lei já garante ao nascituro direitos, ainda que de pleno gozo somente após o nascimento com vida, ao passo que aborto permanece tipificado no artigo 124 a 128 do Código Penal como crime, passível de sanção, onde mantem tênue o limiar do direito à vida do nascituro.
Referencias Bibliográficas 
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TUROLLO, Reynaldo Jr. Aborto até o terceiro mês não é crime, decide turma do Supremo. Publicado em: 29/11/2016. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/11/1836895-aborto-ate-o-terceiro-mes-nao-e-crime-decide-turma-do-supremo.shtml. Acesso em: 05/04/2017
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