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Rede de relações sociais e satisfação com a vida de adultos e idosos

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Psicologia para América Latina 
versão On-line ISSN 1870-350X 
Psicol. Am. Lat. n.5 México fev. 2006 
 
PROCESSOS PSICOLÓGICOS EN ADULTOS MAYORES 
 
Rede de relações sociais e satisfação com a vida de 
adultos e idosos 
 
 
Marineia Crosara de Resende; Vanessa Mistieri Bones ; Ive Sene Souza; 
Najara Knipel Guimarães 
Centro Universitário do Triângulo, Uberlândia, MG (Brasil) 
 
 
 
RESUMO 
Neste estudo objetivou-se a)investigar a configuração da rede de relações 
sociais(RRS) de adultos e a satisfação relatada quanto às suas relações; b)verificar 
sua satisfação com a vida(SV); c)descrever a relação entre a rede de relações e a 
SV. Participaram 90 pessoas, com idade entre 25 e 85 anos. Instrumentos: 
aplicados em entrevista, foram: a)questionário identificação; b)diagrama RRS; 
c)questões sobre satisfação em relação às relações sociais; d)escala de SV. 
Resultados: A análise descritiva dos dados indicou que em média 4 pessoas fazem 
parte da rede social dos adultos. Os participantes relataram estar muito satisfeitos 
com sua rede de relações sociais, elevado grau de satisfação com a vida e 
expectativa positiva com relação à vida futura. As pessoas que apresentam maior 
satisfação com a vida hoje são aquelas que recebem mais suporte afetivo, as 
pessoas que contam com outras para suporte instrumental, acreditam que estarão 
mais satisfeitas no futuro. 
Palavras-chave: Relações sociais, Satisfação com a vida, Apoio social, 
Gerontologia 
 
RESUMEN 
Los propósitos: Esta investigación examinó la configuración de la red social del 
adulto y su satisfacción con sus relaciones sociales y su satisfacción de vida. 
Nosotros llevamos a cabo una investigación con 90 adultos con la edad entre 25 y 
85 años que contestaron los instrumentos: a) questinario de identificación; b) 
diagrama de la red Social; c) preguntas complementarias sobre la satisfacción de la 
red social; d) escala de médicion de satisfacción com la Vida. El análisis descriptivo 
indicó que 4 personas (media) ara parte de la red social de los adultos. Los 
participantes dijeron estar muy satisfechos con su red de la relación social. La 
mayoría de los participantes dijo niveles altos de satisfacción de vida, expectativa 
positiva con la vida en su futuro. Las personas que presentan la satisfacción de vida 
más grande actualmente aran aquéllos que reciben el apoyo afectivo, las personas 
que la cuenta del perro en otros para el apoyo instrumental cree que ellos serán 
que vive satisfecho vive en el futuro. La red social ara fuentes importantes de 
apoyo social y ara relacionado al sentido del bienestar subjetivo. 
Palabras clave: Relaciones sociales, Satisfacción de Vida, Apoyo social, 
Gerontología 
 
ABSTRACT 
Purposes: This investigation examined the adult's social network configuration and 
their satisfaction with their social relationships and their life satisfaction. We carried 
out an investigation with 90 adults with age between 25 and 85 years, who 
answered the instruments: a)identification questionnaire; b)Social network 
diagram; c)complementary questions about social network satisfaction; d)Life 
satisfaction scale. The descriptive analysis indicated that 4 persons (on average) 
are part of the adults' social network. The participants told to be very satisfied with 
their social relationship network. Most of the participants told high levels of life 
satisfaction, positive expectation with life in their future. The people that present 
larger life satisfaction current are those that receive more affective support, the 
persons who can count on others for instrumental support believe that they will be 
more satisfied in the future. The social network are important sources of social 
support and are related to the subjective well-being's sense. 
Keywords: Social relations, Life satisfaction, Social support, Gerontology 
 
 
 
Introdução 
As redes de relações sociais e o apoio social são tópicos atuais dentro da Psicologia, 
particularmente no que se refere as contribuições ao bem-estar de adultos e idosos 
(NERI, 2004). O interesse dos estudos sobre suporte social vem aumentando a 
partir da década de 1970, tendo em vista particularmente a relação entre suporte 
social e indicadores de presença/ausência de diversas doenças, bem como a relação 
de suporte com as previsões de diagnóstico e restabelecimento da pessoa 
(MATSUKURA, MARTURANO e OISHI, 2002). 
Capitanini (2000), revisando a literatura, descreve que autores afirmam que o 
suporte social ajuda a aumentar a competência adaptativa, através do manejo das 
emoções, de orientação afetiva e cognitiva e de retro-informação. A literatura sobre 
relações sociais no ciclo vital consagrou o uso dos conceitos de suporte social e de 
rede de suporte social. A expressão suporte social diz respeito aos aspectos 
funcionais das relações sociais, ligados à adaptação dos seus membros. As 
expressões rede social e rede de suporte social são relativas aos seus aspectos 
estruturais. 
As teorias que abrangem o desenvolvimento adulto pressupõem que há 
regularidades no ciclo da vida, onde se processam mudanças e que se tratam de 
adaptações cumulativas a eventos biológicos, psicológicos e sociais (ERBOLATO, 
2001). Crescem as evidências de que as relações sociais contribuem para o senso 
de bem-estar ao longo do ciclo vital (FREIRE, RESENDE e RABELO, 2004). 
As habilidades sociais são fundamentais para que a pessoa viva melhor em 
sociedade, possibilitando a sobrevivência do indivíduo e da espécie, por meio delas, 
aprendem-se formas de comunicação e regras para convívio, adquirindo 
conhecimento acerca de si e do mundo e dando-lhe significação, é possível 
construir uma identidade. Embora, na velhice, já tenham sido aprendidas muitas 
habilidades de que se necessite para bem viver, o contato com outras pessoas 
mantém-se imprescindível em qualquer época da vida. 
Na vida adulta, adulto jovem, meia-idade e velhice, há pressões sociais exercem 
grande influência, ou seja, comportamentos socialmente aprovados, papéis 
apropriados e esperado em diferentes idades, vinculando-se além da idade à 
gênero, estado civil, profissão, etc (ERBOLATO, 2001). A idade está associada à 
mudanças normativas de comportamento, esperadas e freqüentemente antecipadas 
e planejadas, que exigem igualmente mudanças no autoconceito, incorporação de 
novos papéis sociais e requerem adaptações (KIMMEL, 1990). 
As características do indivíduo e da situação influenciam o número, a natureza e os 
tipos de relações sociais, que por sua vez interferem no bem estar e na saúde 
global das pessoas. Segundo o modelo comboio de relações sociais (KAHN e 
ANTONUCCI, 1980) e a teoria da seletividade socioemocional (CARSTENSEN,1995), 
durante toda a vida, o indivíduo tende a manter estável o tamanho da rede social, 
assim como o grau de importância de seus componentes (NOGUEIRA, 2001). 
Para Erbolato (2001), os relacionamentos sociais são interações freqüentes, com 
certa durabilidade no tempo e certo padrão. Abrangem sentimentos positivos e 
negativos, percepção de si e do outro, diferentes graus de envolvimento afetivo e 
intermináveis intercâmbios. Segundo Nogueira (2001), relações sociais 
significativas permitem o desenvolvimento do self, dão sentido às experiências e 
podem oferecer apoio, importantes elementos no processo de adaptação, 
principalmente em momentos de transição da vida adulta. 
O engajamento em atividades sociais tem sido associado ao aumento do senso de 
bem-estar em adultos, bem como melhora no funcionamento físico (EVERARD et 
al., 2000). As redes sociais parecem ser fontes protetoras e mantenedoras de 
saúde (MATSUKURA, MARTURANO e OISHI, 2002), o relacionamentofortalece a 
saúde, uma vez que, os laços sociais podem estimular o senso de significado ou 
coerência na vida, neste sentido, o suporte emocional pode ajudar a minimizar o 
estresse (PAPALIA e OLDS, 2000). As pessoas que estão em contato com os outras 
podem ser mais inclinadas a ter hábitos saudáveis, a ajuda dada ou recebida 
contribui para o aumento de um sentido de controle pessoal, tendo uma influencia 
positiva no bem-estar psicológico (RAMOS, 2002). O suporte social que as redes 
sociais oferecem, reduz o isolamento e aumentam a satisfação com a vida das 
pessoas (CARVALHO et al., 2004). 
Andrade e Vaitsman (2002) relatam que uma das maneiras pelas quais podem ser 
compreendidas as influências positivas da rede social na saúde é quando há 
referências à ações terapêuticas prolongadas, durante vida toda a vida existe a 
constatação de que a convivência entre as pessoas favorece comportamentos de 
monitoramento da saúde, comportamentos corretivos, tais como: rotina de dieta, 
exercícios, sono, adesão a regime medicamentoso e cuidados com a saúde em 
geral. Assim, as relações sociais também contribuem para dar sentido à vida, 
favorecendo a organização da identidade através da inter-relação entre as pessoas. 
As relações sociais são dinâmicas por natureza. Variam de pessoa para pessoa, de 
situação para situação e conforme o tipo de interação (DESSEN e BRAZ, 2000). Os 
relacionamentos sociais, tão importantes para os indivíduos em todo o ciclo vital, 
têm pesos diferentes de acordo com a época de vida das pessoas, dependendo do 
gênero, do status conjugal, da presença ou da ausência de filhos, do tipo de arranjo 
domiciliar, da personalidade, de questões culturais, educacionais e políticas e do 
contexto como um todo. Além disso, é preciso lembrar que estes aspectos se 
combinam aos efeitos da estrutura e da função da rede social, em diferentes 
momentos da vida (PAPALIA e OLDS, 2000). 
Há várias categorizações do suporte social oferecido e recebido nas redes de 
relações sociais. Segundo Sluzki (1997 apud TEIXEIRA, 2002), com relação às 
funções da rede social, podem ser definidas em termos de: companhia social, apoio 
emocional, guia cognitivo e conselhos, regulação social, ajuda material e serviços, e 
acesso a novos contatos. Carvalho et al. (2004) descrevem suporte social em cinco 
dimensões: a)suporte emocional: sentimentos, estima, aceitação, apoio e 
segurança; b)suporte instrumental: ajuda concreta em termos de serviços 
específicos; c)assistência material: prestação ou troca de bens tangíveis; d)suporte 
informativo: informações e conselhos para maior compreensão dos problemas; 
e)suporte de convívio social: atividades sociais que visam um maior bem-estar. 
O grau de adaptatividade de uma relação ou de uma interação social específica, por 
exemplo um conselho, ou confidência, ou ajuda instrumental, depende do contexto 
relacional e situacional, assim como das necessidades e preferências do indivíduo. 
Em termos gerais, reflete as necessidades, as capacidades, os valores e as atitudes 
do indivíduo. A interação de eventos do contexto e das características pessoais 
desempenha papel crítico na compreensão da adaptação social dos mais velhos 
(LAWTON, 1989). 
Assume-se teoricamente que as relações sociais que uma pessoa tem ou 
desenvolve ao longo de seu ciclo vital guardam entre si relações hierárquicas, o que 
lhes confere características de rede. O grau de significado da rede de relações 
sociais está relacionado à avaliação que a pessoa faz sobre a natureza das suas 
relações (Exs: formais x informais, com familiares x amigos, íntimas x distantes) e 
ao grau em que elas suprem as suas necessidades. Entram na avaliação critérios de 
quantidade de pessoas que fazem parte da rede, o tipo de interação que 
proporcionam (Exs: afetivas, informativas ou instrumentais) e grau de 
desejabilidade dos relacionamentos e das interações (Exs: de livre escolha x 
compulsórias, agradáveis x desagradáveis, funcionais x disfuncionais) (CAPITANINI, 
2000). 
Os elementos chave do suporte social são dar e receber e, de acordo com Ramos 
(2002), receber e poder dar suporte a outras pessoas beneficiam psicologicamente 
e enriquecem o sentimento de auto-valorização das mesmas. A definição de 
suporte social, como qualquer informação ou ação de um semelhante que, contribui 
para que o indivíduo acredite que é cuidado, amado, estimado e valorizado, e que 
pertence a uma rede de relações e obrigações comuns e mútuas (CARVALHO et al., 
2004). O apoio social refere-se a avaliação generalizada que o indivíduo faz dos 
vários domínios da sua vida em relação aos quais julga que é querido e que lhe 
reconhecem valor, à avaliação que faz da disponibilidade dos outros próximos e da 
possibilidade de à eles recorrer quando precisarem (SILVA et al., 2003). 
Vale ressaltar que o suporte social deve ser compreendido como um processo 
recíproco, isto é, que gera efeitos positivos tanto para quem recebe como para 
quem oferece o suporte, permitindo que ambos tenham maior sensação de controle 
sobre suas vidas (MINKLER, 1985 apud CHOR et al., 2001). 
Capitanini (2000) relata também que redes de suporte social são conjuntos de 
pessoas que mantém entre si laços típicos das relações que envolvem dar e 
receber, permitindo-lhes manter a identidade social, receber apoio emocional, 
ajuda material, serviços e informações, bem como estabelecer novos contatos 
sociais. Elas podem ser categorizadas quanto às suas propriedades estruturais, 
como por exemplo: tamanho, estabilidade, homogeneidade, simetria, complexidade 
e grau de ligação entre seus membros. Podem ser vistas quanto à natureza das 
relações, por exemplo, formais x informais, envolvendo amigos x familiares x 
vizinhos x colegas. Segundo Kahan e Antonucci (1980) as redes de suporte social 
desenvolvem-se ao longo da vida como resultado de experiências, expectativas e 
significados relativos dos vários tipos de relação em que a pessoa se envolve. Elas 
são hierarquizadas e nos seus diversos níveis incluem-se os membros da família, os 
amigos, o cônjuge, os companheiros de trabalho e os profissionais com que cada 
pessoa se relaciona no curso de vida e em momentos específicos dela. 
Segundo Griep et al. (2003), apoio social trata-se de um sistema de relações 
formais e informais pelas quais os indivíduos recebem ajuda emocional, material ou 
de informação para enfrentarem situações geradoras de tensão emocional. Trata-se 
de um processo recíproco, ou seja, que gera efeitos positivos tanto para o sujeito 
que recebe, como também para quem oferece o apoio, permitindo que ambos 
tenham mais sentido de controle sobre suas vidas. Desse processo se aprende que 
as pessoas necessitam umas das outras. As redes de suporte e os comboios de 
relações sociais podem ser avaliados em termos quantitativos, ou seja, em termos 
do número e da freqüência de contatos, e também da qualidade de 
relacionamentos, associada aos tipos de trocas que proporcionam e à satisfação 
auferida com elas. Segundo Erbolato (2002) o comboio tem um efeito protetor 
sobre o indivíduo, ajudando-o a preservar sua autoestima, seu senso de controle 
sobre os eventos e seu senso de eficácia, proporcionando-lhe sentimentos de bem-
estar. Embora sejam bem conhecidos os efeitos positivos da quantidade de 
contatos sociais, a qualidade está mais relacionada com a saúde emocional e a 
qualidade de vida percebida, principalmente na velhice, quando o número de 
contatos sociais é mais restrito (GOLDSTEIN, 1998). 
Os contatos sociais permitem engajamento social, que também é uma forma de se 
vivenciar o desenvolvimento, na idade adulta, de maneira bem sucedida. O apoio 
social deve ser compreendido como uma experiência pessoale subjetiva que leva a 
um maior senso de satisfação com a vida. Silva e al. (2003) sugerem a existência 
de uma relação entre apoio social e uma variedade de medidas dependentes: 
saúde, adaptação psicológica, percepção de bem-estar, redução do mal estar, 
longevidade e mortalidade, satisfação com a vida, entre outros. 
A satisfação com a vida é uma das medidas do bem estar psicológico, que reflete a 
avaliação pessoal do indivíduo sobre determinados domínios. Um aspecto essencial 
do bem estar psicológico é a capacidade de acomodação às perdas e de assimilação 
de informações positivas sobre o self, um sistema composto por estruturas de 
conhecimento sobre si mesmo e um conjunto de funções cognitivas que integram 
ativamente essas estruturas ao longo do tempo e ao longo de várias áreas do 
funcionamento pessoal (NERI, 2001a). 
Albuquerque e Trócolli (2004) afirmam que a satisfação com a vida é um 
julgamento cognitivo de algum aspecto específico na vida da pessoa; um processo 
de juízo e avaliação geral da própria vida; uma avaliação sobre a vida de acordo 
com um critério. O julgamento da satisfação depende de uma comparação entre as 
circunstâncias de vida do indivíduo e um padrão por ele escolhido. 
Enquanto subjetiva, a avaliação da satisfação com a vida reflete as expressões de 
cada pessoa quanto a seus próprios critérios de satisfação com a vida como um 
todo e em domínios específicos, como saúde, trabalho, condições de moradia, 
relações sociais e outros. Assim, reflete o bem estar individual, ou seja, o modo e 
os motivos que levam as pessoas a viverem suas experiências de vida de maneira 
positiva (DIOGO, 2003). 
Segundo Freire (2000), a vida pode ser satisfatória, com qualidade e bem-estar, 
especialmente quando há disposição para enfrentar os desafios da vida, lutar pelos 
direitos dos cidadãos e pôr em prática projetos viáveis dentro das condições 
pessoais e do meio ambiente em que se vive, particularmente quando a pessoa 
conta com uma rede de suporte social. 
Erbolato (2001) investigou as mudanças na amizade e presença de amigos nas 
redes sociais de 36 adultos, divididos em três grupos: adultos jovem, na meia idade 
e velhos, e encontrou diferenças por gênero e faixa etária, em: definições, 
características e funções da amizade, nos tamanhos das redes de suporte, na 
presença de amigos nas redes, na sua importância enquanto fontes de alguns 
suportes sociais previamente escolhidos, e nas percepções de agência no início e 
término das amizades. 
Nogueira (2001) descreve e analisa a configuração da rede social na vida adulta, 
num estudo comparativo com 150 homens e 150 mulheres pertencentes a três 
grupos etários: adultos jovens (25-35 anos), que eram na maioria casados, 
trabalhadores e com nível educacional médio ou superior; adultos de meia-idade 
(45-55 anos), casados, trabalhadores e com nível educacional fundamental ou 
médio; idosos (65-75 anos), a maioria dos quais eram casados, tinham nível 
educacional fundamental e estavam aposentados. Os sujeitos foram entrevistados 
sobre o tamanho, a natureza e as funções da rede de relações sociais, assim como 
sobre a satisfação com ela. Utilizando um diagrama da rede social foram obtidas 
informações sobre: o número de pessoas na rede, a idade, o gênero, o tipo de 
relacionamento e o grau de proximidade afetiva dos componentes da rede social. 
Foram identificadas as fontes principais de apoio emocional, instrumental e 
informativo, e avaliada a satisfação com a própria rede social atual, quando 
comparada com a rede de pessoas da mesma idade e com o número de 
componentes. Foram feitos testes estatísticos sobre a significância das diferenças 
entre grupos de gênero e idade. O número médio de componentes foi de 15 
pessoas. Os jovens relataram a maior rede (M=19) e os idosos a menor (M=12). 
Havia mais mulheres do que homens nas redes, mas os homens citaram mais 
homens e as mulheres, mais mulheres. Os jovens citaram mais pessoas mais 
velhas e de meia-idade e os idosos mais pessoas mais novas. As mulheres se dão 
mais com pessoas mais novas do que os homens. Os idosos relataram possuir mais 
relacionamentos muito próximos afetivamente do que os demais sujeitos. As redes 
dos idosos e dos de meia-idade privilegiaram relações familiares. O cônjuge foi 
apontado como importante fonte de apoio por homens de meia-idade; os filhos 
principalmente pelas mulheres de meia idade e idosas. Os jovens apontaram mais 
amigos do que os outros grupos. As mulheres foram as mais indicadas como fonte 
de apoio emocional e instrumental; para o apoio informativo, os homens citam 
mais homens e as mulheres, mais mulheres. As pessoas escolhidas como a 
principal fonte de apoio emocional, instrumental e informativo são as muito 
próximas em termos afetivos. A satisfação com o número de pessoas na rede, com 
a rede quando comparada com a de outras pessoas da mesma idade, foi alta em 
todos os grupos. A satisfação com a rede atual foi mais alta entre os idosos, 
principalmente entre as mulheres idosas. Os dados foram interpretados na 
perspectiva de desenvolvimento ao longo da vida, levando-se em conta normas e 
papéis etários. 
Erbolato (2004) em pesquisa 12 voluntários de ambos os sexos, com idades entre 
65 e 75 anos, com investigou a composição das redes sociais de idosos e a 
presença de provedores de suporte social psicológico nas mesmas, através do 
Diagrama de Kahn e Antonucci para análise dos aspectos estruturais das redes 
(tamanho e composição) e uma entrevista sobre seus aspectos funcionais, para 
identificar provedores de quatro tipos de suporte psicológico previamente 
selecionados: comunicação prazerosa, auto-revelação, segurança e apoio 
emocional. Os resultados, tratados qualitativa e quantitativamente, mostraram 
redes compostas principalmente por membros mais jovens (filhos, netos, genros e 
noras), por familiares diretos (descendentes) ou indiretos, companheiro(a) e 
amigos de mesmo sexo, que se revezavam no provimento dos suportes citados, 
com diferenças por gênero. A autora concluiu que, na amostra estudada, as redes 
sociais mostram-se eficazes na manutenção da qualidade de vida na velhice, 
permitindo oportunidades de comunicação prazerosa, confidência (auto-revelação), 
sentimentos de segurança e apoio em situações críticas. Familiares/companheiros 
perdidos são substituídos por parentes novos, não consangüíneos, ou por amigos 
íntimos, sugerindo um esforço adaptativo para manter as redes funcionais. 
Resende et al. (2004) descreveram e analisaram a configuração da rede social e a 
satisfação relatada com a rede social de 25 mulheres participantes de um grupo de 
convivência, com mais de 50 anos, a maioria casadas (40%) ou viúvas (44%), com 
ensino fundamental (68%), aposentadas (60%). Os instrumentos utilizados foram: 
a)questionário de caracterização dos sujeitos, b)Diagrama da rede social (número 
de pessoas na rede, idade, gênero, tipo de relacionamento e grau de proximidade 
afetiva dos componentes da rede social), c)Questões sobre a satisfação com a 
própria rede social atual, d)ficha de observação do processo grupal. A análise 
descritiva dos dados indicou que em média são colocadas 14 pessoas, sendo a 
maioria mais novas, mulheres, de relações próximas e familiares, sendo 
consideradas muito importantes e mais próximas afetivamente uma média de 6,2 
pessoas (dp=3,4), muito importantes e menos próximas 4,2 (dp=2,7) e 
importantes e mais distantes 4,0 (dp=3,2). A maioria das participantes 
apresentam-se muito satisfeitas com seu envolvimento social atual (72,0%), com 
seu envolvimento social comparado com outras pessoas de sua idade (64,0%) e 
com o número de pessoas de sua rede social (48,0%). 
Freire, Resende e Rabelo (2004)investigaram a configuração da rede de relações 
sociais de idosos freqüentadores de centros sócio-educativos com relação ao 
tamanho, à função e a natureza da rede, e a satisfação dos mesmos com essas 
relações. A análise descritiva dos dados indicou que com relação ao tamanho e 
natureza da rede, são consideradas muito importantes e mais próximas 
afetivamente uma média de 5,4 pessoas, sendo 83,7% familiares, 55,8% mulheres 
e 84,1% mais jovens. São muito importantes e menos próximas a média de 3,6 
pessoas, sendo 53,5% familiares, 73,5% mulheres e 74,8% mais jovens. As 
pessoas importantes e mais distante são em média 2,8 pessoas, 52,2% familiares, 
76,9% mulheres e 56,1% mais jovens. No que diz respeito à função da rede social, 
em relação ao apoio emocional encontrou-se que 49,0% são familiares, 66,9% 
mais jovens e 83,5% mulheres. Quanto ao apoio instrumental, 84,1% são 
familiares, 78,8% mais jovens e 50,9% mulheres. Em relação ao suporte 
informativo, 55,2% são familiares, 67,2% mais jovens e 60,8% mulheres. Em 
média, 4 pessoas fazem parte da rede social como um todo e pode-se dizer que os 
participantes obtém suporte emocional, instrumental e informativo principalmente 
de familiares, mulheres e pessoas mais jovens. Relataram estar muito satisfeito 
com seu envolvimento social hoje (67,9%), com seu envolvimento social quando 
comparados com outras pessoas da mesma idade (66,0%) e com o número de 
pessoas que compõem sua rede social (66,0%). 
Braga, Cardoso e Resende (2005), em pesquisa com 42 idosos, com idade média 
de 74 anos, a maioria mulheres (73,8%), viúvas (69,0%), que sustentam-se por 
renda própria (90,5%), e vivem sozinhas, em média, a 15 anos e têm 3 filhos, 
buscaram conhecer a satisfação com a vida, investigar a rede de relações sociais de 
idosos que vivem sozinhos e a satisfação com a rede, averiguar o grau de solidão 
que idosos que vivem sós apresentam, através de: a)questionário identificação; 
b)diagrama rede de relações sociais; c)questões sobre satisfação em relação às 
relações sociais; d)escala de satisfação com a vida; e)escala multifatorial de 
solidão. Encontraram que em média 3 pessoas fazem parte da rede social dos 
adultos, sendo consideradas muito importantes e mais próximas afetivamente em 
média 4 pessoas (dp=2,2), muito importantes e menos próximas 3 (dp=1,9), 
importantes e mais distantes 2 (dp=1,9). Os participantes relataram estar mais ou 
menos satisfeitos com seu envolvimento social hoje (50,0%), com seu 
envolvimento social quando comparados com outras pessoas da mesma idade 
(55,6%) e com o número de pessoas que compõem sua rede social (52,4%). A 
maioria dos participantes relataram elevado grau de satisfação com a vida (83,3%) 
e expectativa positiva com relação à vida futura (76,2%). Os idosos relatam sentir 
solidão (média 2,13; dp=0,22). As pessoas com maior satisfação são as que 
utilizam a fé/religiosidade como estratégia de enfrentamento, aqueles que não 
sentem solidão apresentam maior satisfação atual e tem pessoas importantes 
embora distantes com quem contar, quanto maior a rede de relações, menor a 
solidão e vice-versa. 
A rede de relações sociais pode ser estudada sob vários aspectos. Dada sua 
importância, têm sido objeto de estudo da Psicologia: o contexto social, as 
interações, as escolhas, as diferenças sociais entre homens e mulheres, entre 
outros aspectos das relações sociais no desenvolvimento humano. Entender a 
evolução das relações sociais ao longo da história de vida do indivíduo é um desafio 
a ser ultrapassado pela Psicologia. Descrever a configuração da rede de relações 
sociais na vida adulta pode contribuir para entender como este aspecto influencia o 
processo de adaptação do desenvolvimento adulto ao longo de transições 
evolutivas (NOGUEIRA, 2001). 
 
Objetivos 
a. Investigar a configuração da rede de relações sociais de adultos e a satisfação 
relatada quanto às suas relações; 
b. Verificar a satisfação com a vida de adultos; 
c. Descrever a relação entre a rede de relações e a satisfação com a vida. 
 
Método 
Participantes - 
Esta pesquisa foi composta por três grupos etários, o grupo I era composto por 
indivíduos com idade entre 25 e 35 anos (33,3%), o grupo II com idade entre 45 e 
55 anos (33,3%) e o grupo III com idade entre 65 e 85 anos (33,3%). 
Considerando as respostas das 90 pessoas, que participaram voluntariamente desta 
pesquisa, tem-se idade média de 49,96 (DP= 17,03) e que 72,2% são mulheres e 
27,8% são homens. 
Com relação ao estado civil dos sujeitos, havia um número maior de casados 
(70,0%) e um pequeno número de separados (4,5%), e o número de solteiros 
(12,2%) foi próximo ao de viúvos (13,3%). A escolaridade dos sujeitos informa que 
a maioria dos respondentes têm o nível superior (faculdade) (30,0%) ou ensino 
fundamental (primário / 1º série a 4º série) (30,0%), ensino médio (segundo grau) 
(24,4%), ensino fundamental (ginásio / 5º série a 8º série) (14,4%) ou nunca 
estudaram (1,1%). 
Os participantes aposentados representam 72,2% e os que não são aposentados 
representam 27,8%. Os participantes que trabalham somam 35,6% e os que não 
trabalham, 64,4%. A maioria (63,3%) dos respondentes sustentam-se por renda 
própria e 36,7% com renda familiar. 
Quanto ao arranjo familiar, a maioria dos respondentes moram com moram com 
cônjuge e filhos (50,0%), apenas com o cônjuge (14,4%), filhos (13,3%), pai, mãe 
e irmão(s) (8,9%), cônjuge, filhos e netos (5,6%), sozinhos (4,4% e com filhos e 
netos (3,3%). 
MATERIAIS - 
A pesquisa envolveu a utilização de quatro instrumentos que foram apresentados 
aos sujeitos num formulário impresso, numa única sessão de coleta de dados, em 
que se solicitavam respostas escritas: 
a. Questionário para a caracterização dos sujeitos: para levantar o perfil dos 
sujeitos envolvidos na pesquisa, no que se refere aos dados pessoais, tais como: 
idade, gênero, estado civil, escolaridade, ocupação, arranjo domiciliar e renda. 
b. Escala do tipo “ item único” para medida da satisfação geral com a vida 
(Cantril, 1967 apud NERI, 1998): Instrumento para medida de bem-estar subjetivo 
indicado por satisfação geral com a vida, contendo duas questões que avaliam a 
satisfação com a vida atual e futura, através da figura de uma escada de dez 
degraus simbolizando uma escala de dez pontos entre a pior vida e a melhor vida. 
São feitas duas questões, uma referente à satisfação com a vida atual e outra sobre 
a expectativa de satisfação com a vida nos próximos cinco anos. 
c. Diagrama para avaliação da rede social da vida adulta de Kahn e Antonucci 
(1980 apud NOGUEIRA, 2001): é composto por três círculos concêntricos. Colocado 
no centro o pronome "Eu", o sujeito deveria indicar as pessoas que compõem a sua 
rede de relacionamentos, de acordo com o grau de proximidade emocional. São 
instruídos para colocar no círculo mais interno, as pessoas que lhe são muito 
importantes e mais próximas; no círculo disposto em posição mediana, as 
importantes, mas menos próximas; e, no círculo mais externo, as pessoas que são 
importantes, porém mais distantes. Deveria ser indicada as seguintes informações 
sobre as pessoas colocadas na rede: idade, gênero e natureza do relacionamento. 
d. Questões sobre a satisfação com a rede de relações sociais: os sujeitos serão 
convidados a dizer qual o seu grau de satisfação com o número de pessoas da 
rede; com sua rede em comparação à de outras pessoas de sua idade; e a dizer 
também qual o grau de satisfação global com a sua rede atual. 
 
Resultados 
Os dados foram submetidos a análise estatística descritiva e a testes não-
paramétricos univariados e bivariados. Os resultados serão apresentados da 
seguinte forma:a)configuração da rede de relações sociais de adultos; b)satisfação 
relatada quanto à sua rede de relações; c)satisfação com a vida de adultos; 
d)relação entre a rede de relações e a satisfação com a vida. 
 
Configuração da rede de relações sociais de adultos 
A análise descritiva dos dados indicou que com relação ao tamanho da rede social, 
em média, o grupo de sujeitos entrevistados apontou 4 pessoas como membros da 
sua rede social, sendo consideradas muito importantes e mais próximas 
afetivamente (C1) uma média de 4,9 pessoas (DP=2,1), sendo 76,45% relações 
familiares, 50,20% mulheres e 57,24% mais jovens. São muito importantes e 
menos próximas (C2) a média de 4,1 pessoas (DP=1,9), sendo 57,75% familiares, 
65,68% mulheres e 43,19% mais jovens e 41,32% com a mesma idade. As 
pessoas importantes e mais distantes (C3) são em média 3,2 (DP=2,2), 55,56% 
familiares, 59,65% mulheres e 46,86% com a mesma idade. 
No que diz respeito à função da rede social, em relação ao apoio emocional 
encontrou-se que 41,46% são familiares, 60,67% com a mesma idade. Quanto ao 
apoio instrumental, 56,93% são familiares, 47,97% com a mesma idade e 34,05% 
mais jovens. Em relação ao suporte informativo, 43,33% são familiares, 56,62% 
com a mesma idade. Em média, 4 pessoas fazem parte da rede social como um 
todo e pode-se dizer que os participantes obtêm suporte emocional, instrumental e 
informativo principalmente de familiares e pessoas com a mesma idade. 
Na comparação da composição da rede social em percentual entre os sexos 
masculino versus feminino, houve diferenças significativas entre os gêneros para 
Idade e Suporte Informativo, sexo (C2 e C3) e Relação (C3, SE e SI). 
Para o sexo feminino, o C2 e o C3, recebem mais suporte de outras mulheres que o 
sexo masculino. São as pessoas da família que oferecem maior Suporte Emocional. 
Para o sexo masculino, o C2 e o C3, recebem mais suporte de outros homens do 
que o sexo feminino. Aceitam Suporte Informativo de pessoas mais jovens e 
recebem mais Suporte Instrumental dos amigos do que as mulheres. 
Na comparação da composição da rede social entre as faixas etárias (25-35, 45-55, 
65-85), houve diferença significativa entre faixas etárias. 
Satisfação relatada com a rede de relações sociais de adultos 
Com relação às relações sociais, tomando como base a situação atual, a situação 
atual em comparação com anos antes e a situação atual em comparação com a de 
outras pessoas da mesma idade tem-se que: a satisfação relatada com a rede 
social atual, hoje: 4,4% consideram-se pouco satisfeitos, 42,2% consideram-se 
mais ou menos satisfeitos e 53,3% consideram-se muito satisfeitos. Comparada 
com a rede social de pessoas da mesma faixa etária: 3,3% consideram-se pouco 
satisfeitos, 41,1% consideram-se mais ou menos satisfeitos e 55,6% consideram-
se muito satisfeitos. E comparada com o numero de pessoas que compõem a rede 
de relacionamentos sociais: 5,6% consideram-se pouco satisfeitos, 36,7% 
consideram-se mais ou menos satisfeitos e 57,8% consideram-se muito satisfeitos. 
Satisfação com a vida de adultos 
Ao analisar os resultados da Escala de Satisfação Geral com a Vida, constata-se que 
83,3% dos participantes estão satisfeitos com suas próprias vidas no momento, 
sendo que 35,5% colocam-se nos pontos 9 e 10 e 47,8% nos pontos 7 e 8 (Ver 
Figura 1). A maioria dos participantes (85,6%) também tem expectativa de vir a 
estar satisfeita com sua vida em futuro próximo, sendo que 65,6% das pessoas 
colocam-se nos pontos 9 e 10 e 20,0% nos pontos 7 e 8 da escala. (Ver Figura 2). 
 
 
 
Relação entre a rede de relações e a satisfação com a vida. 
Houve correlação significativa entre Satisfação Atual e Tamanho do Círculo 1 e do 
Suporte Emocional (SE) (os com Círculo 1 e SE de maior tamanho com maior 
Satisfação Atual) e Satisfação Futura e Tamanho do Círculo 2 (os com Círculo 2 de 
maior tamanho com maior Satisfação Futura). Na comparação da satisfação com a 
vida e o tamanho da rede social entre os sexos (masculino versus feminino). Não 
houve diferença significativa entre os gêneros, apenas algumas tendências 
(p<0.10) a menor tamanho da rede social entre os do sexo masculino (C1N e C2N). 
Na comparação da satisfação com a vida e o tamanho da rede social entre as faixas 
etárias (25-35, 45-55, 65-85). Houve diferença significativa entre as idades para 
Satisfação Futura (menor satisfação para grupo 65-85 anos em relação ao grupo de 
25-35), Tamanho da Rede Círculos 2 e 3 (menor tamanho para grupo 65-85 anos 
em relação aos grupos de 25-35 e 45-55), e Suporte Informativo (maior tamanho 
para grupo 65-85 anos em relação aos demais). 
 
Discussão 
Este estudo investigou a rede de relações sociais de adultos, bem como a satisfação 
relatada com a rede de relações sociais, sua satisfação com a vida e a associação 
entre bem-estar subjetivo, medido por satisfação, com a rede de relações. 
Os estudos sobre integração social e bem estar na velhice, apontam para a 
manutenção de relações sociais com o cônjuge, com os familiares e, 
principalmente, com amigos da mesma geração, para favorecer o bem estar 
psicológico e social. A qualidade dos relacionamentos é mais importante na 
determinação da satisfação com a vida, com as relações, e com a saúde física e 
mental que a quantidade dos relacionamentos (GOLDSTEIN 1998). O suporte social 
pode exercer um papel essencial promovendo e mantendo a saúde física e mental 
(RAMOS, 2002). 
Os entrevistados relataram que recebem maior suporte de pessoas familiares. Os 
efeitos positivos do suporte social estão associados com a utilidade de diferentes 
tipos de suporte fornecidos pela família (emocional ou funcional). Um dos efeitos 
positivos exercidos pela família na saúde está relacionado ao fato de que este 
suporte tende a reduzir os efeitos negativos do estresse na saúde mental. Isso na 
medida em que a ajuda dada ou recebida contribui para o aumento de um sentido 
de controle pessoal, tendo uma influência positiva no bem-estar psicológico 
(PRUCHNO, BURANT e PETERS, 1997; BISCONTI e BERGEMAN, 1999 apud RAMOS, 
2002). 
As mulheres foram apontadas com maior freqüência como compondo tais redes, 
com diferentes funções, o que pode estar relacionado com uma questão de gênero, 
como a tarefa de cuidar que geralmente é atribuída à mulher (NOGUEIRA, 2001). 
Mulheres de todas as idades são menos agressivas, mais solidárias, mais 
sugestionáveis, mais envolvidas e mais relacionadas socialmente do que os 
homens, essas características são positivamente relacionadas com a satisfação com 
vida e satisfação relativa às relações sociais (NERI, 2001a). 
O apoio social que as redes proporcionam remete ao dispositivo de ajuda mútua, 
potencializando quando uma rede social é forte e integrada. Quando refere-se ao 
apoio social fornecido pelas redes, ressalta-se os aspectos positivos das relações 
sociais, como o compartilhar informações, o auxílio em momentos de crise e a 
presença em eventos sociais (ANDRADE e VAITSMAN, 2002). 
Gianordoli-Nascimento e Trindade (2002), relatam que as diferenças de gênero são 
um produto histórico e de construção social e que as diferenças biológicas entre os 
sexos vão sendo apropriadas pelo social ao longo do tempo, naturalizando a 
diferença em todas as áreas de relacionamento que envolvem homens, mulheres e 
poder. Os autores citam o estudo de Hobfoll et al. (1996) que apontam que 
pesquisas realizadas com casais, em relação à utilização de suporte social, têm 
demonstrado que os homens, geralmente, têm em suas esposas, confidentes. Já as 
mulheres não estabelecem a mesma relação. No que diz respeito à relação 
conjugal, é evidenciado que os maridos buscam e encontram mais facilmente apoio 
em suasesposas, enquanto que as mulheres não o buscam ou não encontram 
reciprocidade. Os autores argumenta que tal relação se dá em função do sistema 
hierárquico que diferencia o papel a ser desempenhado por homens e mulheres. 
Erbolato (2002) relata que os papéis sociais, as formas de comportamento 
socialmente determinadas que carregam consigo uma expectativa de como devem 
ser executadas, permitem às pessoas uma certa flexibilidade em suas 
manifestações, pois são reflexos da cultura de uma sociedade particular, sendo que 
depois de aceitos os papéis, são também adotados estilos de interação com os 
mesmos, alguns são escolhidos como os papéis de pais, alguns como papéis 
profissionais e outros são atribuídos como papéis de criança ou velho. 
Silva e Gunther (2000) afirmam que embora uma pessoa possa ocupar diversos 
papéis ao longo do curso de vida, alguns papéis estão explicitamente relacionados à 
idade, e dessa forma, a experiência do envelhecimento envolve necessariamente 
mudança de papéis. Por isso deve-se aprender a construir os principais papéis de 
vida com bastante flexibilidade, de forma que eles sejam compatíveis com a etapa 
de vida, para que as pessoas encontrem satisfação em seus papéis e seus 
relacionamentos. 
De maneira geral os respondentes, de todas as faixas etárias, se mostraram 
satisfeitos com seus relacionamentos. Neri (2001b) relata que a literatura sobre 
apoio social e rede de relações sociais propõe que a manutenção de relações sociais 
com o cônjuge, com os familiares e principalmente, com amigos da mesma 
geração, favorece o bem-estar psicológico e social dos idosos, os relacionamentos 
entre amigos idosos são particularmente benéficos, porque são de livre escolha e 
assim mais funcionais ao atendimento das necessidades afetivas dos envolvidos, a 
qualidade percebida é mais importante do que a quantidade de relacionamentos, 
para as relações sociais e a saúde física e mental, as relações sociais entre as 
mulheres são qualitativamente superiores às dos homens, porque elas têm mais 
habilidades interpessoais, são mais calorosas e capazes de estabelecer relações de 
intimidade. 
Assim sendo, podemos dizer que esses dados em relação ao suporte social indicam 
que os idosos não se isolam, mas continuam a manter uma rede de amigos, alguns 
mais restritos à família que outros (DATAN, RODHEAVER e HUGHES, 1987 apud 
SILVA e GUNTER, 2000). 
A maioria dos participantes relataram elevado grau de satisfação com a vida e 
expectativa positiva com relação à vida futura. Diener e Suh (1997), em uma 
revisão de estudos sobre o tema, indicam que o bem estar subjetivo não diminui 
com a idade, apesar do declínio associado à idade em recursos como saúde, 
situação conjugal e renda. Ao contrario, os idosos tendem a se descrever como 
mais satisfeitos do que os jovens, essa diferença pode ocorrer porque as novas 
gerações são sempre mais exigentes do que as anteriores, o que resulta em 
discrepância nas avaliações que os mais jovens e os mais velhos fazem de sua 
satisfação com a vida (FREIRE, 2000). 
A satisfação com a vida é um dos indicadores de bem-estar, geralmente definido 
como se tendo uma boa vida e sendo feliz. O bem-estar subjetivo refere-se a 
avaliação, cognitiva ou afetiva, que o indivíduo faz sobre a própria vida. As pessoas 
experimentam abundante bem-estar subjetivo quando apresentam estados afetivos 
positivos, quando envolvem-se em atividades prazerosas, quando estão satisfeitos 
com a vida (DIENER, 2000). 
As pessoas que apresentam maior satisfação com a vida hoje são aquelas que 
recebem mais suporte afetivo, as pessoas que contam com outras para suporte 
instrumental, acreditam que estarão mais satisfeitas no futuro. Pode-se observar 
no desenvolvimento desta pesquisa que as relações sociais e o suporte social, seja 
ele qual for (emocional, instrumental ou informacional) são de grande importância 
em todos os momentos da vida, e, sendo assim, os comportamentos se alteram de 
acordo com as mudanças de metas, de objetivos, de acordo com as motivações 
implementadas pelas tarefas evolutivas. As redes de relações são importantes 
fontes de suporte social e estão relacionadas ao senso de bem-estar. 
 
Considerações Finais 
Este estudo salientou a importância das relações sociais, principalmente através da 
família como suporte social, na saúde da pessoa adulta e idosa. Pode-se verificar a 
importância para o ser humano viver inserido na sociedade, sendo que esta 
necessidade está relacionada a sobrevivência, pois relacionar-se é de relevância 
vital, tendo em vista o contato com diversos tipos de pessoas. O contato com 
outras pessoas serve também como parâmetro para auto-avaliação e auto-
conhecimento (ERBOLATO, 2001). 
O suporte social é de relevante importância para o aumento da confiança pessoal, 
da satisfação com a vida, da capacidade de enfrentar problemas, aumenta a 
autoestima e a vontade de viver (ANDRADE e VAITSMAN, 2002). 
Acredita-se na importância desse estudo também na reiteração de desmistificar 
alguns aspectos referentes à velhice, tais como, a idéia de que com o avançar da 
idade, os idosos diminuem suas redes de relações sociais, tornando-se menos 
satisfeitos com a vida. Embora muitos pensem que envelhecer significa deixar de 
desenvolver-se, adoecer e afastar-se de tudo, na verdade, na velhice, existem 
possibilidades da pessoa continuar ativa e de ter uma boa qualidade de vida 
(VITTA, 2000). 
Os contatos sociais permitem engajamento social, que também é uma forma de se 
chegar ao bom envelhecimento, e uma das formas de se engajar socialmente. 
Segundo Freire (2000), a vida na velhice pode ser satisfatória, com qualidade e 
bem-estar, especialmente quando há disposição para enfrentar os desafios da vida, 
lutar pelos direitos dos cidadãos e pôr em prática projetos viáveis dentro das 
condições pessoais e do meio ambiente em que se vive. 
De acordo com os resultados obtidos nesse estudo, pode-se perceber a relação que 
existe entre redes de relações sociais de adultos e satisfação com a vida, onde 
encontrou-se que, as pessoas que possuem uma maior rede social relatam ser mais 
satisfeitas com a vida e obter maior suporte social. 
A investigação sobre as preferências e escolhas sociais, bem como sobre as funções 
dos participantes da rede, pode ajudar a ampliar o conhecimento acerca do 
processo de desenvolvimento na velhice, e apontar áreas e temas que necessitem 
de um número maior investigações, como por exemplo, a relação entre as redes de 
relações sociais e a satisfação com a vida, pois existem variáveis sociais e culturais 
referentes à esse tema que podem ser considerados, bem como subsidiar 
intervenções visando o aprimoramento da qualidade de vida de adultos e idosos e 
seus grupos de relações. 
 
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