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Família Mustelidae → Mustela putorius furo – Ferret ou Furão - Furo do latim significa ladrão - O IBAMA regulamenta o ingresso desse animal no Brasil, devendo vir já vacinado e esterilizado 1) Histórico - Carnívoros da família dos Mustelídeos - Forma domestica do gambá europeu - São da família da lontra e da ariranha • Utilização - Peleteria - Proteção dos armazéns de cereais contra roedores - Desalojar coelhos de suas tocas - Aptidão em se infiltrar em buracos - 3° animal de estimação preferido nos EUA - Curioso, engraçado e sociável 2) Biologia - São carnívoros de origem europeia - Longevidade: 5 a 8 anos • Morfologia/anatomia/fisiologia - Animal tubular ou longilíneo - Coluna vertebral bastante flexível, permite um giro de 180° - Cabeça oblonga, ovalada - Maxilar potente - Patas curtas com cinco dedos em cada e com garras não retráteis adaptadas para cavar o solo - Comprimento: 44 a 56cm incluindo a cauda - Peso: 1 a 2kg machos e 0,5 a 1kg fêmeas - Possui glândula anal bem desenvolvida, sua secreção serve para demarcação de território ou afugentar visitantes indesejáveis - Mudança de peso sazonal: Modificação de até 40% do peso, acumula gordura no verão, e emagrece no inverno - Durante o inverno passa a maior parte do tempo dormindo → Sistema tegumentar - Mudança de pelo sazonal: Na primavera clareia e no outono escurece - Mudas ocorrem na primavera e outono - Após tricotomia para algum procedimento os pelos podem demorar até 3 meses para crescer totalmente - Pele é espessa e costuma exibir uma extensa camada de gordura subcutânea - Pele espessa e elástica, maior dificuldade para transpassar para coletar sangue ou administrar medicamentos - Não possui glândulas sudoríparas, mas diversas glândulas sebáceas ao redor na boca, queixo e região perineal - Pelagem densa e macia ao toque - Na época de trocas de pelo os folículo pilosos adquirem coloração azulada característica → Sistema digestivo - Possui formula dentaria comum aos carnívoros, 3 incisivos, 2 caninos, 6 pré-molares e 2 molares - Tubo digestivo curto, então precisa de alimentação mais frequente - Estomago possui grande capacidade de armazenamento - Não existe separação anatômica íleo-cólon - Não possuem ceco, nem válvula ileocecal - Microbiota bastante simples - Fígado possui 6 lobos com vesícula biliar com ductos comum ao pâncreas → Sistema genito-urinário - Bexiga pequena - Urina com Ph ácido - Pênis possui localização ventral, testículos dentro da bolsa escrotal - Bolsa escrotal tende a aumentar de volume na época reprodutiva - Apresentam osso peniano em forma de “J” - Próstata pequena na base da bexiga - Útero possui dois longos cornos e corpo curto - Clitóris bem desenvolvido e fica edemaciada na época da reprodução → Sistema cardiovascular - Coração com formato de cone - A artéria braquiocefálica parte do arco aórtico e irriga o cérebro em qualquer situação, mesmo quando ele vira 180° a cabeça - A conformação da aorta é para favorecer a flexibilidade deste - O coração aparece como se estivesse elevado em relação ao externo → Sistema respiratório - Apresenta pulmões desiguais - Pulmão esquerdo possui dois lobos, pulmão direito possui quatro lobos - Traqueia em formato de “C” → Sistema endócrino - Linfonodos semelhantes ao do gato doméstico - Timo proeminente nos jovens, muitas vezes confundido com neoplasias - Baço possui tamanho variado, dependendo da idade e estado de saúde do animal, muitas vezes consideram um aumento patológico e realizam uma esplenectómia sem necessidade - Pâncreas possui dois lobos → Reprodução - São Poliéstricos sazonais de dias longos - Na época de acasalamento os odores sexuais são liberados na urina e demais glândulas - Ovulação é induzida pela copula - Quando não ocorre a copula a fêmea pode permanecer no cio por um longo período resultando em hiperestrogenismo e causando aplasia medular e óbito - Podem apresentar falsa gestação que pode durar até 40 dias - Gestação de aproximadamente 42 dias - Filhotes nascem com olhos e ouvidos fechados e com uma pequena camada de pelos recobrindo o corpo 3) Manejo → Ambiente - Fácil adaptação em ambientes restritos como apartamentos - Necessitam de gaiolas adequadas, com andares - Toalhas, tecidos, redes, sacos para se enrolar e esconder - Pode ser criado sozinho ou em grupos - Suportam bem o frio - Piso da gaiola deverá ser de tela ou de plástico com substrato - Necessário caixas de areia para excretas - Comedouros grandes de plástico, inox ou alumínio - Bebedouro tipo nipple ou de cerâmica pesado - Ventilação moderada mas constante - Gaiolas podem conter tubos para brincadeiras ou descanso → Comportamento - Permanecem bem dentro da gaiola por horas se estresse - Dormem bastante, 12h a 20h por dia - Quando solto necessária vigilância constante por serem ágeis e curiosos - Necessitam de horas diárias de brincadeiras fora da gaiola - Necessário enriquecimento ambiental: bolas de tênis, de golfe, tubo de PVC, caixa de areia para cavar - Fora da gaiola montam esconderijos para estocar ração - Tendem a se apossar de objetos pequenos, são ladrõezinhos - Se adaptam facilmente a defecar e urinas em caixas de areia para gatos - São predadores noturnos - São territorialistas e as vezes pode ocorrer brigas pela tomada de hierarquia - Possui visão fraca então tendem a reconhecer os locais pelo olfato aguçado - Vocalização desde ronronados até gritos agudos de insatisfação - Não costumam tomar banhos, banhos regulares podem acentuar o odor almiscarado pela estimulação das glândulas sebáceas → Nutrição - Transito digestivo rápido então tendem a se alimentar com frequência - Em vida livre alimenta-se de pequenos animais e vegetais - Não digere bem fibras e proteínas vegetais - Necessidades nutricionais: proteínas 30% para adultos, e 40% para fêmeas em gestação ou filhotes em crescimento. Lipídeos de 20-30% - Consumo depende do peso corpóreo: 20 a 40g de ração por dia - Legumes e frutas: máximo de 20 a 30g por dia, uva passa, banana - Carne crua e gema de ovo são petiscos - Óleo mineral via oral: 1 ou 2 vezes/semana para regurgitamento de bolas de pelos - Animais apresentam insulinoma então não é aconselhável deixá-los em jejum prolongado - Rações podem ser para gatos → Manejo sanitário - Forte odor almiscarado em machos não castrados - Provem das glândulas sebáceas da pele e glândulas anais - A castração reduz o odor, mas não elimina - Banhos constantes reduzem a proteção natural da pele podendo causar dermatites e prurido 4) Clinica medica → Contenção física - São dóceis e amigáveis, não costumam morder se não se sentirem ameaçados - Por ser um animal muito ativo e possuir corpo tubular sua contenção torna-se difícil - Melhor maneira para realizar a contenção é pela prega de pele do pescoço e a sua suspensão no ar - Essa contenção facilita o exame físico, cavidade oral, orelhas, auscultação, palpação abdominal - Pode-se deitar o animal em decúbito dorsal no antebraço mantendo a base da cabeça entre os dedos da mão → Coleta de sangue - Coleta de sangue difícil por sua pele ser elástica, densa e possuir gordura subcutânea - Se necessário fazer a sedação com isofluorano, anestésico inalatório, causa hipotensão - Esse anestésico causa sequestro de hemácias pelo baço, interpretar os resultados dos exames baseando-se nisso - Durante a coleta é comum que o animal urine e defeque - Volume sanguíneo máximo a ser retirado: 10% do peso do animal, 15mL para um furão de 1,5kg - Veia cefálica, membros anteriores: Nem sempre é fácil de evidenciar no furão - Veia safena lateral, membros posteriores: Fácil visualização, menor volume sanguíneo - Veia jugular: Punção jugular requer tricotomia previa, permite maior volume sanguíneo - Veia cava cranial: Requer sedação do animal, bom volume sanguíneo, coletar com animal em decúbito dorsal→ Hematologia - Os valores de hematócrino, hemoglobina, eritrócitos e reticulócitos são maiores que os de cães e gatos - Contagem leucocitária tende a ser baixa em ferrets, e em animais doentes raramente apresenta alteração - Predomínio de linfócitos - Volume globular ligeiramente mais elevado → Urinálise - A coleta de urina pode ser por cistocentese, urina voluntária durante a contenção, pressão gentil da bexiga e cateterização da bexiga ou ureteral - A cistocentese é realizada com os animais sob sedação - A cateterização é difícil e necessita sedação, nos machos o orifício ureteral é difícil visualizar devido a presença do osso peniano - Volume urinário: 25-30mL - Ph urinário: 6,5-7,0 → Parâmetros fisiológicos - Temperatura corporal: 37,8-40°C - Frequência respiratória: 33-36 movimentos respiratórios por minuto - Frequência cardíaca: 225 batimentos por minuto - Volume sanguíneo: 60-80mL/Kg - Numero de cromossomos: 40 - Creatinina: Qualquer elevação deve ser considerada significativa, aumento da uremia - Fosfatemia: Bom indicador de disfunção renal - Hematócrito normal: 40, 45 → Fluidoterapia • Necessidades diárias: - Manutenção: 75mL/Kg/dia - Ringer lactato na maioria dos casos - Glicose 25%, furões com desnutrição ou anorexia grave, insulinoma pode dar choque nos animais - Fluidos isotônicos devem ser administrados durante qualquer procedimento cirúrgico • Via Subcutânea: - Indicada quando apresentam desidratação discreta - Volume diário administrado em 2 ou 3 locais diferentes • Via intravenosa: - Indicada em casos de vômito, desidratação grave, hipoglicemia, transfusão de sangue e anestesias prolongadas - Veias cefálica e safena lateral são de mais fácil acesso - A pele do furão é espessa então é necessária a perfuração prévia • Via intraóssea - Tolera melhor o cateter intraósseo que o intravenoso - Introduzido no fêmur ou na tíbia • Transfusão sanguínea - Necessária quando houver hemorragia, sangramento gastrointestinal grave, aplasia medular decorrente do hiperestrogenismo - Quando o hematócrito estiver maior que 15% e o estado geral do animal comprometido - Não sabe-se muito dos grupos sanguíneos dos furões podendo-se fazer transfusões sem risco de incompatibilidade - Dador: macho, de tamanho grande, com boa saúde, pode-se colher de 6 a 10mL sem riscos - Necessário aplicar corticoides por precaução, para o risco de reações alérgicas ou imunológicas do sangue transfundido - Conservação sob refrigeração: 4,6°C - Sangue heparinizado deve ser administrado imediatamente no receptor → Imagenologia - Necessária sedação para se obter radiografia de boa qualidade - 14 pares de costelas - Tórax alongado, coração, traqueia e pulmões claramente definidos - Silhueta cardíaca pode parecer descolada do tórax evidenciando pneumotórax, mas nos furões faz parte de sua anatomia - Esplenomegalia é um achado comum em furões, não é patológico - Rins pequenos, formato de feijão → Vacinação • Cinomose - É o vírus inativado, o vírus atenuado o animal corre o risco de manifestar a doença - A cinomose é fulminante nos ferrets - Vacinar filhotes a partir de 6 a 8 semanas de idade - Reforço, a cada 2 ou 3 semanas até 14 semanas de idade - Reforço anual • Raiva - Menos suscetível a raiva que os outros carnívoros - Primeira dose aos 3 meses de idade - Reforço anual - Ferrets de apartamento não é necessário vacinal, não tem contato com vetores × Reação vacinal: - Podem desenvolver reações vacinais alérgicas após 24h da administração - Aconselhável permanecer em observação por 30minutos após a administração da vacina - Sintomas são variáveis: apatia, febre, diarreia, vômitos, espasmos, hemorragia, auscultação pulmonar evidenciando estertores úmidos, mucosas pálidas e acinzentadas - Essa reação ocorre devido ao veículo da vacina que foi utilizado - Fazer a administração de Dexametasona e um anti-histaminico → Controle de ectoparasitas e endoparasitas • Helmintos intestinais: - Nematódeos e cestódeos, são infecções pouco patogênicas nos jovens, e assintomática nos adultos - Exames coproparasitológicos necessário • Pulgas: - Pode causar anemia em animais cronicamente infestados - Reação alérgica a picada de pulga é pouco comum - Tratamento utiliza-se os mesmos produtos que são usados em gatos • Carrapatos: - Infestações são raras - Não são vetores de doenças para os ferrets • Otodectes cynotis: - Causa a sarna de ouvido - Incidência alta - Secreção auricular amarronzada e discreto prurido - Diagnostico por exame microscópico do cerúmen ou exame otoscópico - Tratamento tópico com Selamectina e Ivermectina → Endocrinopatias • Hiperestrogenismo: - Distúrbio comum em fêmeas não castradas que não acasalaram - A ovulação é induzida pela cópula, se a fêmea não acasalar ela pode permanecer no cio por meses - Ocorre a alta concentração de estrógenos no organismo o que induz uma aplasia medular que pode acabar em óbito - A aplasia medular leva a uma trombocitopenia, que pode levar a hemorragias gástricas - Sinais e sintomas clínicos: Cio por mais de um mês, edema de vulva persistente, alopecia bilateral simétrica, hiporexia, letargia, fraqueza de membros pélvicos, mucosas hipocoradas, petéquias hemorrágicas - Hemograma apresenta anemia não regenerativa grave, leucopenia e trombocitopenia - Tratamento: Supressão do estro e tratamento de suporte ao organismo até que a medula volta ao seu funcionamento normal(ovarectomia) - Pela avaliação do hematócrito o médico veterinário irá indicar a remoção dos ovários ou não, se ele estiver maior que 25% a cirurgia é recomendada, valores menores que este não é aconselhável o procedimento - Prevenção: Ovariectomia da fêmea jovem • Doença da adrenal: - Surge no furão castrado, consequência da secreção hormonal sexual pela adrenal patológica - A adrenal começa a produzir esteroides que são similares aos hormônios sexuais, androsterona, estradiol - Sinais e sintomas: Alopecia progressiva, retorno a atividade sexual, enfraquecimento e atrofia muscular, prurido discreto, pele por tornar-se frouxa a palpação, distensão abdominal, anemia, poliúria/polidipsia - Patogenia: Hiperplasia cortical, adenocarcinoma corticoadrenal, adenoma corticoadrenal - Não há comprometimento da hipófise simultâneo - Diagnóstico: US indica adrenal anormal, laboratorial com dosagem dos hormônios sexuais no soro sanguíneo - Tratamento: Essencialmente cirúrgico, medicamentoso é paliativo - Tratamento Cirúrgico: Quando apenas uma das glândulas estiver comprometida, fazer a exérese completa da glândula acometida - Quando houver comprometimento das duas glândulas fazer a remoção total da glândula esquerda e a ressecção parcial da direita permitindo a síntese dos hormônios sexuais - Tratamento medicamentoso: Análogos de GnRH, causam a inibição das gonadotrofinas • Insulinomas: - Processo neoplásico que afeta as células beta das ilhotas de Langerhans no pâncreas - O carcinoma induz a secreção excessiva de insulina e por consequência ocorre a instalação de hipoglicemia - Patogenia: Devido a hiperinsulinemia ocorre o aumento no consumo de glicose pelas células dos tecidos periféricos, a glicogenólise e neoglicogênese no fígado estão inibidas, então a glicemia é diminuída. Com a baixa glicemia as células do sistema nervoso central são privadas de energia e então começam os sinais de neuroglicemia - Sinais/sintomas: Confusão mental, taquicardia, tremores, irritabilidade, colapso e coma - Diagnóstico: Fazer a glicemia de jejum no animal, dosagem de glicose após 4h de jejum • Tratamento higiênico: - Aumenta a frequência de distribuição de ração de alimentos ricos em proteínas e de alta digestibilidade como ovo e carne cozidas - Estimulação do apetite com alimentos apetitosos - Introduzir fibras na dieta - Leveduras diárias - Mel, xarope de milho ou alguma solução açucarada para aplicação na gengiva quando o animal tiveralguma crise de hipoglicemia • Tratamento médico: - Alguns medicamentos permitem controlar a doença durante vários meses - Corticoides favorecem a gliconeogênese hepática e reduzem a afinidade das células pela insulina - Prednisona e Diazóxido • Tratamento cirúrgico: - Ressecção cirúrgica do insulinoma - Recidivas são frequentes - Os insulinoma são pequenas massas esbranquiçadas visíveis no parênquima hepático
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