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Trabalho empreendedorismo Rural

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Curso Técnico em Agronegócio SENAR/MS
Polo: Campo Grande
Alunas: Aline de Oliveira Silva
Alice de Oliveira Silva
EMPREENDEDORISMO RURAL - REVIRAVOLTA NO CERRADO
Campo Grande, 1 de abril de 2017
Tutor presencial: Marcelo Theophilo Folhes
Disciplina: empreendedorismo e plano de negócios
Empreendedorismo Rural
Reportagem publicada em abril de 2016 na Revista Globo Rural
Título: Reviravolta no Cerrado
Texto: Viviane Taguchi e Cassiano Ribeiro.
Resumo: A tecnologia da integração mudou a vida da Fazenda Santa Brigida, em Ipameri (GO). Há 10 anos, era só pasto degradado e dívidas. Hoje, produz grãos, carne e madeira e virou modelo de agricultura sustentável.
Marize Porto Costa ortodontista nunca tinha participado das atividades da propriedade rural tocada no interior de Goiás, com foco na pecuária bovina (engorda). Em 2002 ficou viúva e foi obrigada a assumir a propriedade com 3 mil hectares.
Como a maioria das fazendas vizinhas, a área sofria com degradação das pastagens e existência de cupinzeiros gigantes, alta acidez e baixa fertilidade natural. O começo foi difícil e ela conta que teve que tirar dinheiro do consultório de ortodontia para pagar os funcionários. 
Em 2006 iniciou um projeto de longo prazo com objetivo de revitalizar o negócio e solicitou ao gerente que calculasse quanto custaria a reforma da pastagem e descobriu que a conta não fechava: teria que investir em adubo, semente, calcário, gesso, esperar o gado engordar para depois vender. 
No entanto, não desistiu e procurou suporte técnico da Embrapa e resolveu investir num sistema que ninguém acreditava na época: a ILPF – Integração Lavoura, Pecuária e Floresta. Ela conta que na época só queria recuperar o pasto e acabar com os cupinzeiros, nem pensou em lucrar com o negócio. 
Depois de 10 anos os números mostraram que houve uma reviravolta na fazenda e na vida de uma mulher que perdeu o marido e teve que cuidar de 3 filhos menores. Sem saber nada sobre agronegócio hoje ela é uma empresária rural de sucesso e referência. A área de integração começou com menos de 300 hectares e está 10 vezes maior, conferindo produtividade e rentabilidade para a família. 
MUDANÇA: 
A pecuária que antes era a única atividade da fazenda hoje é só uma das fontes de receita, o rebanho que se alimentava com pastos rasos e feios hoje tem comida farta e nutritiva, também não falta sombra para descansarem em dias quentes típicos do cerrado. 
As florestas de eucalipto plantado estão em toda área de pasto e nos vãos de cada linha de mata ainda há lavoura de grãos vendidos a cada ciclo produtivo. 
Logo no primeiro ano de adoção do ILPF o sistema já tirou a fazenda “do vermelho”. Marize prefere não falar em valores, mas afirma que sobra dinheiro para reinvestir novamente se fosse começar do zero. Atualmente a fazenda cresce 1000 hectares por safra. 
Os vizinhos acabaram seguindo Marize já que ela era o azarão que deu certo, contagiou as propriedades e até os funcionários que tem áreas pequenas (120 hectares). 
Seu exemplo contagiou os filhos que tiveram interesse em estudar e dar continuidade ao trabalho. A filha mais velha já entrou no negócio aos 25 anos, formada em engenharia ambiental e também publicou um estudo inovador que mostra como a adoção da tecnologia de ILPF em áreas do bioma Cerrado pode contribuir com a preservação do meio ambiente e aumentar a produção de alimentos no país sem aberturas de novas áreas para atividade agropecuária. 
Alguns números:
1 - A produtividade de soja em 2006 era de 2.700 quilos por hectare
Em 2016 chegou a 3.900 quilos por hectare
2 - A produtividade de milho foi de 5.400 quilos/hectare para 11.400 quilos no mesmo período.
3 – Na pecuária, os resultados de lotação foram de 1 cabeça para quatro por hectare.
4 – Produtividade foi de 69 quilos/hectare/ano para 730 quilos/hectare/ano.
O resultado da pesquisa da filha de Marize tornou-se uma tese de mestrado que comprovou na experiência familiar que mostrou nos indicadores de impacto ambiental, que o uso da ILPF representa uma necessidade 6 vezes menores de áreas indiretas para produção. 
Além disso a integração reduz a emissão de gases de efeito estufa (GEE) gerados na produção agropecuária. As reduções de CO2 equivalentes são de cerca de 2.390 toneladas, representando menos 55% do que os sistemas produtivos tradicionais. 
CURIOSIDADES:
- Estima-se que o Brasil tenha cerca de 100 milhões de hectares de pastagens com algum nível de degradação. O gado leva entre 5 e 6 anos para atingir o peso ideal e a lotação média é de 1 animal por hectare.
- Com sistemas de recuperação ou reforma de pastagens é possível iniciar o processo de recuperação do solo degradado com o cultivo de culturas anuais (Integração Lavoura-Pecuária).
- Com o sistema ILPF são inseridas espécies arbóreas, geralmente eucalipto, cujo ciclo de vida é de 6 a 7 anos, em todas as linhas dos pastos. Depois há corredores de florestas. – A colheita das lavouras anuais (soja, milho e sorgo) enriquecem o solo do pasto com matéria orgânica, através do sistema de plantio direto. Já o resultado da venda com a safra de grãos custeia o investimento do ILPF.
- A pastagem existente no loto já terá brotado mais nutritiva e com raízes profundas. O gado pode ganhar peso em quase metade do tempo. Também há conforto térmico graças à sombra da floresta.
- A área pode ser replantada com a lavoura de soja sem necessidade de gradeamento ou correção de solo e o sistema pode ser reiniciado. 
- Após o primeiro ciclo 6 - 7 anos, o eucalipto pode começar a ser cortado e a maneira vendida.
ILP – Integração Lavoura Pecuária – sistema de produção que integra o componente agrícola e o pecuário em rotação, consorcio ou sucessão, na mesma área e em um mesmo ano agrícola ou por múltiplos anos.
IPF – Integração Pecuária Floresta – Integra gado e floresta em consórcio
ILF – Integração Lavoura Floresta – Integra lavoura e o componente agrícola, pela consorciação de espécies arbóreas com cultivos agrícolas, anuais ou perenes.
ILPF – Sistema de produção que integra os componentes agrícola, pecuário e florestal em rotação, consórcio ou sucessão na mesma área. O componente lavoura restringe-se ou não à fase inicial de implantação do componente florestal.

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