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FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 1 UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA FACULDADE: ENGENHARIA CURSO: ENGENHARIA ELÉTRICA – SISTEMAS DE ENERGIA E AUTOMAÇÃO. ENGENHARIA ELÉTRICA MÁQUINAS SÍNCRONAS ANO: 2008 PROF: Silverio Penin y Santos FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 2 CAPÍTULO I: FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE. INTRODUÇÃO As Máquinas Elétricas são sempre reversíveis, ou seja, transformam energia elétrica em mecânica e neste caso são motores ou mecânica em elétrica e neste caso são geradores. Do ponto de vista energético o tributo despendido para efetuar o fenômeno da Conversão Eletromecânica de Energia é o mesmo, ou seja, não há alteração do rendimento. Entretanto, razões condicionadas pela facilidade da aplicação incluindo custo da máquina não apenas na sua aquisição, mas também durante o funcionamento, além de facilidade da operação como controle da tensão, da velocidade ou do conjugado, condicionam a utilização do Conversor. A geração de energia elétrica tem sido proporcionada pelo Conversor denominado: Gerador Síncrono. A utilização de Geradores de Indução de custo menor que os Síncronos é limitada pela dificuldade de controle da tensão. Entretanto é necessário ressaltar que o “estado de arte’’ condicionado pelas passadas e atuais circunstâncias tecnológicas pode ser alterado rapidamente em função de inovações que a chamada revolução digital proporcionada pelos microprocessadores1 bem como pelos fantásticos avanços da eletrônica de potência. A rapidez das alterações jamais poderia ser imaginada algumas décadas atrás. Por isso não se deve descartar a possibilidade da utilização de Geradores de Indução no futuro quando os métodos de controle de tensão tornarem-se mais competitivos. Aliás, na geração eólica a utilização de Geradores de Indução constitui-se em tendência que parece ser prevalecente. Geração hidráulica: o gerador é síncrono Geração eólica: o gerador pode ser síncrono ou assíncrono 1 Inventados por Robert Noyce da Intel em 1972 FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 3 1.1- FUNCIONAMENTO EM VAZIO 1.1.1-Detalhes construtivos A figura 1.a mostra as partes principais da Máquina Síncrona(MS): O rotor é constituído pelo eixo(shaft) e a respectiva chaveta que efetua a transmissão da potência mecânica. O corpo polar, neste caso trata-se de uma MS de 4 pólos, é o local onde são colocadas as bobinas identificadas com S(sul) e N(norte) . No estator são mostradas as ranhuras ou canaletas e é mostrada apenas uma bobina estatórica O rotor onde está situado o campo que é alimentado por CC é denominado Indutor e o estator é denominado Armadura ou Induzido. A figura 1.b mostra o estator com o enrolamento completo. Rotor Estator Figura 1.a-rotor, estator com uma bobina Figura 1.b- estator com o bobinado As Máquinas Síncronas possuem normalmente a armadura ou induzido no estator e pólos no rotor, embora teoricamente nada impeça que a construção seja efetuada com os pólos no estator e a armadura ou induzido no rotor, pois o que importa é garantir que um campo magnético “corte’’ condutores ou seja “cortado’’ por eles. Como a potência de excitação é da ordem de 0,2 a 2% da potência da máquina2 é recomendável que os pólos situem-se no rotor onde devido a ação centrífuga ocorrem mais dificuldades de construção para potências elevadas. A retirada de potência em partes rotativas também é dificultada. Em função da rotação do rotor a construção do mesmo poderá ser efetuada de duas formas diversas: • Pólos salientes ou • Pólos lisos. . O rotor de máquinas com rotações menores como é o caso de máquinas acionadas por Turbinas Hidráulicas é de pólos salientes. O rotor de máquinas de altas rotações como aquelas acionadas por Turbinas a Vapor ou Gás são de pólos lisos para melhor suportar a força centrífuga 2 A utilização de excitadores com maior potência em máquinas menores ocorre em função de aplicações especificas como por exemplo a partida de grandes motores de indução FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 4 As figuras 2.a) e 2.b) representam alternador síncrono de 2 e 4 pólos rotativos, em ambos casos pólos salientes. A figura 2.c) é de um rotor de um alternador de 200MVA com 38 pólos em 60 Hz, portanto com rotação n=120f/p=120.60/38=200rpm. A massa do rotor é de 918 ton. As figuras 2.d) representam alternador de pólos lisos. Em ambos os casos o importante é entender que ao injetar-se corrente de excitação (corrente contínua) através dos anéis coletores representados apenas na figura 2.a) , o enrolamento de excitação também denominado enrolamento de campo (Field), impõe força magneto motriz Ff ao circuito magnético o que resultará em fluxo magnético conforme a expressão (1) F=Ff /SR i (1) Sendo SR i a somatória das relutâncias do circuito magnético percorrido pelas linhas de fluxo F, o qual cortará os condutores do estator colocados nas ranhuras, admitindo-se a existência de i circuitos magnéticos de secções, comprimentos e permeabilidades diferentes. Em outras palavras pode-se afirmar que para estabelecer um fluxo F em um Circuito Magnético CM total (constituído por i CM’s parciais) cuja somatória das relutâncias seja SR i é necessário uma Força Magneto Motriz Ff. A equação (1) pode ser escrita Ff=F .SR i. O cálculo de CM é normalmente efetuado utilizando-se a lei circuital de Ampère Ff =S(Bi.Si).∫dli/(m.Si)=SBi/m.∫dli Ou simplesmente Ff =SHi.∫dli(1’) Onde B é a indução, m é a permeabilidade magnética, S é a secção do CM e l é o seu comprimento Figura 2.a) – Geradores síncronos de pólos salientes de 2 e 4 pólos com anéis e Enrolamento FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 5 Figura 2.b) – Geradores síncronos de pólos salientes de 2 e 4 pólos (só chapa). Figura 2.c) Rotor de 38 pólos rotação nominal 189,4737 RPM Figura 2.d)- Alternador síncrono de 2 e 4 pólos lisos. Independente da forma da onda da força magneto motriz Ff o fluxo deve ser senoidal, pois a derivada do mesmo dΦ/dt resultará na tensão gerada no enrolamento do estator do gerador. Em alguns casos especiais pode-se construir a máquina síncrona com pólos constituídos por ímãs permanentes. Um exemplo deste tipo de gerador é o utilizado acoplado a turbinas de alta rotação, por exemplo, 80000rpm: a tensão é gerada em alta freqüência, retificada e convertida em alternada na FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 6 freqüência da rede, por exemplo, 60 hz. Nesta rotação, um enrolamento no rotor não suportaria a força centrifuga, o que justifica a utilização de ímãs permanentes. A figura 3.b) mostra um rotor de 4 pólos de ímã permanente. Figura 3.a: Núcleo estatórico de uma máquinasíncrona Figura 3.b: Rotor de ímãs permanentes de uma máquina síncrona As figuras 3.c e 3.d são de geradores de 1000KVA e 50MVA respectivamente. O estator é mostrado completo na máquina de 1000KVA e apenas parcialmente na de 50MVA. Neste capítulo somente é estudado o gerador propriamente dito. É necessário ressaltar, entretanto que o estudo de geradores síncronos implica também no conhecimento da forma de alimentar o campo do gerador bem como regular a corrente injetada ao mesmo para controlar a tensão de saída, como se verá mais adiante. Figura 3.c): Vista do estator enrolado de um gerador de 1000KVA Figura 3.d):Enrolamento de gerador de 50 MVA sendo recuperado FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 7 1.1.2 Enrolamentos do rotor. Forma de onda do fluxo em gerador síncrono Nas máquinas de pólos salientes o enrolamento do campo em cada pólo é uma bobina concentrada e abraçando o pólo e a FMM Ff gerada pelo pólo é retangular. Será a variação da relutância, que aumenta a partir do centro do pólo como evidenciado na figura 4.b a direita, que permite obter fluxo senoidal. Nas máquinas de pólos lisos, o enrolamento concêntrico mostrado na figura 2.d e 4.c permite criar Ff com formato senoidal e sendo o entreferro constante e, portanto também a relutância, o fluxo também o será. A seguir efetua-se a análise de pólos salientes e lisos . 1.1.2.1 Gerador síncrono de pólos salientes. A forma da FMM Ff imposta pelo pólo é retangular e é representada pelo retângulo definido por corte transversal do pólo conforme figura 4.b. Ao ser aplicado ao Circuito Magnético da máquina o fluxo será proporcional a FMM bem como à relutância que as linhas de fluxo encontram no caminho do Circuito Magnético. Assim, se o entreferro for constante a relutância será aproximadamente constante, porém se o entreferro aumentar do centro para as extremidades também a relutância aumentará nessa direção e por isso o fluxo diminui do centro para as extremidades dos pólos. A figura 4.b à direita evidencia o exposto. A Figura 4.a foi inserida com o objetivo de mostrar ao leitor uma forma de obter e injetar Corrente Contínua no campo do gerador: um pequeno gerador cujo induzido ou armadura situa-se no eixo, gera a energia em CA que será retificada por conjunto de diodos e na figura é identificado como Rectifier. Os pólos do excitador estão na parte fixa, mas não aparecem na figura Figura 4.a- Rotor de gerador sem escovas. FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 8 Sendo ΣRi a somatória das relutâncias do Circuito Magnético percorrido pelas linhas do fluxo e FMM a força magneto motriz aplicada ao referido Circuito Magnético, o fluxo será expresso pela equação (1) ou (1’): Desconsiderando-se a parte do ferro do Circuito Magnético, a expressão (1) pode ser escrita Φ = Ff/R o =Ff*µo*Sent/lent (1’’) Onde R o= lent/µo*Sent,é a relutância do ar , µo é a permeabilidade magnética do ar ou seja µo=4p.10-7 e Sent e lent são respectivamente a secção e o entreferro (distância entre o rotor e estator) A expressão (1’’) mostra que se alterando o comprimento do Circuito Magnético pode-se alterar a relutância. Utilizando-se essa propriedade, conclui-se que se o entreferro aumentar do centro para as laterais então a relutância aumentará correspondentemente e, portanto o fluxo diminuirá. A conclusão baseia-se no fato que a maior parte da FMM é “consumida’’ no ar. Por isso um desenho correto da sapata polar poderá proporcionar fluxo praticamente senoidal. A figura 4.b mostra pólos salientes de forma planificada; a esquerda com entreferro constante mostra a FMM retangular e o fluxo ‘’criado’’ pela referida FMM também próximo ao formato retangular. Na figura 4.b á direita o entreferro é variável (aumenta do centro para a periferia) e, portanto o fluxo diminui do centro para as extremidades. Assim o fluxo será senoidal e pode ser expresso como Φ = Φ max cosQ. (2) Onde é Q=0 ocorre no ponto central do pólo Figura 4.b):Forma de onda do fluxo(pólos salientes) com entreferro constante(à esquerda) FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 9 e variável(à direita). 1.2.2-Forma de onda do fluxo em gerador síncrono de pólos lisos. Figura 4.c)- Alternador síncrono de 4 pólos lisos: O enrolamento concêntrico é mostrado apenas em dois pólos Nas máquinas de pólos lisos, o enrolamento do campo é concêntrico. Ao ser percorrido por corrente contínua a FMM aumenta da extremidade para o centro em degraus representados por If. Nb sendo Nb o número de espiras de cada bobina. A distância correta entre as bobinas permite gerar FMM próxima a senoide. Considerando que o entreferro é constante o fluxo será evidentemente próximo a forma senoidal. Portanto se o fluxo possui distribuição espacial senoidal seja em máquina de pólos lisos ou pólos salientes, o mesmo pode ser expresso por: Φmax cosQ. (2’) Sendo Q =0 no centro do pólo. Se o rotor girar com velocidade ω=Q/t, em máquina de 2 pólos tem-se Φ=Φmax cos(ωt+a). (3) FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 10 Assim, para um observador fixo no estator, seja de uma máquina de pólos salientes ou pólos lisos, a distribuição espacial do fluxo será ‘’vista’’ por um observador fixo no estator como fluxo com variação senoidal no tempo, o que permite representá-lo fasorialmente. A expressão (3) será Φ=Φmax cosωt se em t=0 o ângulo a for zero. 1.1.3 Enrolamento do estator. Sendo máquina trifásica, a-a’ representa toda a fase a, b-b’ representa toda a fase b e c-c’ representa toda a fase c. A representação é efetuada com enrolamentos concentrados e de passo pleno exclusivamente para facilitar a exposição. As máquinas reais são fabricadas com enrolamentos distribuídos em várias ranhuras e com passo encurtado como será visto oportunamente3. A figura 1.a) mostra uma bobina do enrolamento de uma fase; a bobina ‘’abraça’’ 90º pois a máquina é de 4 pólos.A figura 1.b mostra o enrolamento completo. A figura 5.a) mostra um enrolamento estilizado das fases a, b e c, concentrado ou seja todas as bobinas de cada fase representadas por uma única; este enrolamento é também de passo pleno, ou seja ‘’abraça’’ 90º pois é uma máquina de 4 pólos Os enrolamentos das fases a, b e c (representados apenas pelos seus lados) possuem formação idêntica, porém defasados de 120º entre si. Naturalmente a ligação entre os lados das bobinas não é efetuada em linha reta como mostra a figura. Na realidade as cabeças de bobina são acomodadas na periferia do estator como mostra a figura 5.b) que representa um estator de gerador de 12 pólos com número total de ranhuras de 36. 3 A distribuição do enrolamento em várias pequenas ranhuras é efetuada para não criar uma grande ranhura e conseqüente irregularidade no circuito magnético. O encurtamento é efetuado para suprimir ou reduzir harmônicas da força magneto motriz de reação de armadura, como será visto mais adiante. FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 11 Figura 5.a) Enrolamento concentrado, passo pleno.Gerador 4 pólos. Figura 5.b)- Estator de gerador de 12 pólos ou 6 pares de pólos O enrolamento em 5.b) é distribuído e de dupla camada ou seja cada ranhurapossui dois lados de bobina. Mostra apenas 3 terminais A, B e C ou R, S e T embora a maioria dos geradores disponibilize também o neutro e possuem portanto pelos menos 4 terminais. A figura 5.c) mostra um estator de um gerador trifásico de 4 pólos com 48 ranhuras com passo encurtado de 1/3; em outras palavras a bobina começa na ranhura 1 e o outro lado está na ranhura 9. Caso fosse de passo pleno iniciaria na ranhura 1 e o outro lado estaria na ranhura 13. O enrolamento possui 12 terminais o que permite religar em várias combinações conforme mostra a figura 5.c). Os geradores até um ou 1,5 MVA acionados por motores a gás ou diesel ou mesmo pequenas turbinas a gás são fabricados em série e por isso devem ter alguma versatilidade quanto à tensão de saída justificando-se a fabricação com várias possibilidades de ligação. Geradores maiores, entretanto são fabricados para uma obra especifica e por isso possuem apenas uma tensão. FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 12 (ROTOR) MAIN ROTOR (4 POLE) FINAL DAS BOBINAS DO ENROLAMENTO DO GRUPO WINDING LEADS FINISH OF COIL GROUP Estator com 12 terminais reconectaveis Typical Main Stator 12 Wire Re-connectable INICIO DAS BOBINAS DO ENROLAMENTO DO GRUPO WINDING LEADS START OF COIL GROUP S N N S SHAFT GROUP 1 GROUP 4GROUP 3 GROUP 2 U6 W1 V6 U6 W1 V6 W6 V1 U1 U1 W6 V1 U5 W2 V5 U5 W2 V5 U2 W5 V2 U2 W5 V2 ENROLAMENTO DO ESTATOR MAIN STATOR WINDING SECTION ( 48 SLOT ) PASSO DE 2/3-8 RANHURAS- PASSO DE 1 A 9 2/3RDS PITCH 8 SLOTS ( SPAN 1 TO 9) ONE PHASE GROUP ( 4 COILS PER GROUP) Figura 5.c)- Estator de gerador de 4 pólos com encurtamento de 1/3 com 12 terminais conectáveis. Enrolamento do estator de 12 terminais reconectaveis Wound Main Stator 12 Wire Re-connectable Faixa de voltagem Voltage Range 380 to 440 V @ 50 HZ 416 to 480 V @ 60 HZ Faixa de voltagem Voltage Range 190 to 220 V @ 50 HZ 208 to 240 V @ 60 HZ Estrela serie Series Star U1 U2 U6 U5 V2 W2 W5 V6 V1 W1 V5 W6 U w v N 8 7 6 Estrela paralelo Parallel Star V5 U1 U2 U6 U5 V2 W2 W5 V6 V1 W1 W6 vw U N 6 8 7 Figura 5.d)- Enrolamento de conexão “reconectável” do estator com 12 terminais. A simbologia dos terminais é da NEMA (National Electrical Manufaturer’s Association). De acordo com ABNT os terminais seriam numerados de forma idêntica, mas com a letra T ao invés de U. Em 1.1.5 efetua-se a analise da distribuição e do encurtamento na tensão dos terminais da MS. 1.1.4 Funcionamento em vazio do gerador síncrono FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 13 Ao impor velocidade angular ω(em radianos elétricos) ao rotor (ωr), o fluxo corta os condutores do estator ou em outras palavras o fluxo Φ variará periodicamente nas bobinas que representam as fases a, b, c. 4 1.1.4.1 Graus Elétricos A variação do fluxo no tempo correspondente a uma volta completa do rotor em uma espira com 180 º na máquina de 2 pólos será equivalente a um ciclo completo. Em uma máquina de 4 pólos uma espira abraça 90º geométricos (figura 4.a). Assim quando o rotor ao completar uma volta, o fluxo na espira variará 2 ciclos. Se a máquina possuir p pares de pólos ou 2p pólos, a cada volta do rotor corresponderão p ciclos. Pode-se então generalizar dizendo que freqüência de variação do fluxo na espira será igual à rotação nr em rps multiplicada por p ou seja f=np ou nr=f/p. Ora, se a cada volta de 360 graus (geométricos) completa-se p ciclos e cada ciclo tem 360 graus ou 2∏ radianos elétricos, pode-se dizer que um grau geométrico corresponde a p graus elétricos. Em outras palavras um ângulo expresso em graus geométricos poderá ser expresso em graus elétricos desde que se multiplique o valor expresso em graus geométricos por p. Valor do ângulo em Graus geométrico = valor do ângulo expresso em graus elétricos /p Exemplo: Máquina de 4 pólos 90 graus geométricos correspondem a 180 graus elétricos ou seja 90 x 2. Esta máquina possui 360º geométricos e 720º elétricos. 1.1.4.2-Geração de Tensão em uma Espira do Estator O cálculo da tensão em uma espira do estator representada na figura 5.a) será de acordo com Faraday Lenz: e= -dΦ/dt (4) e= - dΦmax cosωt. /dt5 (5) e= -. (-).ω.Φmax sen ω t (5) e= ω. Φmax sen ω t (6) e= ω. Φmax cos(ω t-90) (7) Portanto a tensão gerada na bobina está atrasada de 90º do fluxo Ff ou da Ff se estes forem representados como variações temporais. Esta é uma função senoidal sendo Emax=Φmax ω (8) O valor eficaz será : Eef=Φmax ω/√2 = 2.p.f/√2. Φmax 4 Na expressão foi suposta máquina de 2 pólos.Em 1.4.1 tratar-se-á de estender o raciocínio para máquinas de p pares de pólos. 5 w em radianos elétricos. FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 14 Eef=4,44. f . Φmax (9) 1.1.4.3-Geração de Tensão em N espiras (por fase) do Estator Se cada fase da máquina possui N espiras, a fórmula finalmente será: Eef=4,44.f. N. Φmax (9’) Se a máquina possui 4 pólos então a cada volta tem-se 2 ciclos ou seja f=2*n ou n=f/2. Se a máquina possui p pares de pólos a fórmula genérica será : n=f/p (10) f em rps O fluxo continua sendo: Φ= Φmax cos ω t Porém, ω =2p f= 2.p.n.p e=N. Φ max 2.p.p. n sen ω t. (11) e=N. Φ max 2.p.f. sen ω t. (11’) Figura 6.a)- Enrolamento do estator de um gerador de 2 pólos mostrando cada uma das fases (enrolamento concentrado e de passo pleno) O diagrama fasorial mostrado na figura 6.b) mostra a FMM Ff imposta pelos pólos. A tensão gerada na fase a em t=0 é zero . Deve-se ressaltar que a Ff é constante, pois é alimentada por corrente contínua. Admite-se ser uma distribuição espacial senoidal. Assim, quando é imposta rotação nr FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 15 ao rotor, caso gerador, o observador estatórico observará um campo alternado com freqüência f=p.nr sendo p pares de pólos. Por isso pode-se representar Ff como um fasor conforme já explicado6. Fica evidenciado, portanto que a cada valor de Ff corresponde um valor de Ef. Não é uma relação linear, pois a parte do ferro do CM satura, ou seja, os aumentos de Ef serão menores que os de Ff. A figura 6.b à direita mostra a saturação. Ef Figura 6.b)- Diagrama fasorial em vazio Nas fases b e c as tensões em vazio eb e ec serão respectivamente conforme figura 6.c : eb=N . ω. Φ max sen(ω t-120) (12) ec=N. ω. Φ max sen(ω t-240) (13) Desta forma gera-se um sistema trifásico equilibrado. Se em t=0 o campo esta alinhado com o eixo da bobina a-a’, o fluxo concatenado é máximo e a tensão ef é zero -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 Figura 6.c-Sistema trifásico equilibrado A seguir analisa-se o que ocorre quando o rotor após girar ocupa outra posição: a figura 6.d (à esquerda) mostra a distribuição espacial da FMM Ff e do fluxo Φ f quando os pólos estão ‘’passando’’ pela bobina a-a’ que representa a fase a, mas no instante que estão alinhados com a mesma (Mostra-se apenaso pólo norte sendo evidente a existência do correspondente pólo sul). Conforme já mostrado, embora Φ f seja uma distribuição espacial, a bobina a-a’ “enxerga’’ uma variação temporal e como Φ f é 6 Fisicamente Ff representa uma distribuição espacial senoidal, cujo valor máximo está no centro do pólo e girando com o mesmo e por isso foi colocado um gerador como figura de fundo supondo-se que o rotor gira no sentido. Ef sendo um fasor gira no sentido no sentido anti-horário podendo-se assim efetuar tal representação FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 16 suposta senoidal quando o pólo está alinhado com a bobina, o fluxo concatenado é zero. A tensão gerada Ef está atrasada de 90º e é máxima conforme já demonstrado. A figura 6.d (à direita) mostra a posição do pólo após ter girado 80º, bem como a distribuição espacial de Ff e de Φ f respectivamente. Cabe observar que no projeto e na construção das máquinas síncronas procura-se eliminar as harmônicas, o que justifica mostrar-se apenas a fundamental. A figura 6.d à direita mostra a tensão: • Na bobina a-a’: ef= - Nd(Ffmax .cos(80+90))/dt. =- -NwFfmax .sen(80+90)=0,1736. Efmax. Na representação fasorial Ef está atrasada 90º de Ff ( representada evidentemente por Efmax) • Na bobina b-b’, não representada na figura: ef= - d(Ffmax .cos(80+90-120))/dt. =0,766. Efmax • Na bobina c-c’ não representada na figura: ef= - d(Ffmax .cos(80+90-240))/dt. =- 0,939. Efmax Figura 6.d-Campo de um gerador de pólos lisos em t=0 e em t=3,7s correspondente a 80º 1.1.5 Enrolamentos do estator: Fatores de distribuição e encurtamento Como anteriormente explicado os enrolamentos reais são sempre distribuídos em dezenas de ranhuras ao longo do estator. O passo, ou seja, o ângulo definido pelo inicio e fim da bobina não é de 180º, mas é e normalmente encurtado, portanto menor que 180º. A seguir explicam-se as conseqüências da distribuição e do encurtamento. 1.1.5.1)Fator de distribuição FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 17 A distribuição visa evitar a colocação de muitos condutores na mesma ranhura o que provocaria grande vazio magnético. Além disso, a concentração geraria FMM de ração de armadura retangular com grande quantidade de harmônicas da ordem de 28,5%: quando o gerador entra em carga como se verá adiante, as FMM’s provocadas pelas correntes de carga geram uma resultante denominada reação de armadura, a qual ao se compor com a FMM do campo Ff resultaria em FMM resultante FR com muitas harmônicas e portanto o fluxo resultante também conteria acentuada quantidade de harmônicas. A tensão gerada conteria também harmônica, portanto a qualidade de energia gerada seria inaceitável. A distribuição reduz as harmônicas de forma progressiva. Figura 7.a.a(esquerda) - FMM retangular proporcionada por enrolamento concentrado Figura 7.a.b(direita) - FMM senoidal proporcionada por enrolamento distribuído. A figura 7.a.a) mostra FMM concentrada proporcionada por enrolamento concentrado e de passo pleno e a figura 7.a.b) mostra a FMM distribuída proporcionada por um enrolamento distribuído em 4 ranhuras por pólo e por fase. À medida que se caminha para o centro do pólo as FMM’s das bobinas vizinhas se adicionam à anterior; após a última bobina o fenômeno é ao contrario: as FMM’ s se reduzem. A FMM resultante assim criada pode ser substituída por uma FMM próxima a senoidal. Cálculo do Fator de distribuição Observe-se que as tensões geradas em cada lado das bobinas distribuídas estarão defasadas de ângulo igual ao ângulo entre as ranhuras Seja uma máquina trifásica com número total de ranhuras no estator Nr e de p pares de pólos ou 2p pólos e de q fases. O ângulo em graus elétricos será ∆=360.p/ Nr. O número de ranhuras por pólo e por fase é nr=Nr/(2p.q) FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 18 Exemplo: Um gerador trifásico de 4 pólos possui 48 ranhuras no estator . Qual o ângulo elétrico entre as ranhuras e qual o número de ranhuras por pólo e por fase Resposta: Como possui 4 pólos possui 720º elétricos Portanto o ângulo entre ranhuras será ∆=720/48=15º . O número de ranhuras por fase é 48/3=16 e por pólo e por fase é 16/4=4. Redução da tensão no enrolamento distribuído: Um enrolamento concentrado de N espiras (por fase) gera tensão EN=4,44Nf Φ max É fácil perceber que quando se distribui referida bobina de N espiras originalmente concentrada em duas ranhuras (cada lado da bobina em uma ranhura) em nr ranhuras, colocando-se N/(2.nr) espiras em cada dupla de ranhuras, as tensões em cada bobina serão iguais a EN/nr=4,44N/(2nr).f. Φ max. Cada uma das tensões assim gerada estará defasada da anterior em ∆ o. Portanto a soma das tensões EN/nr não será igual a EN, mas será menor conforme a expressão Σ EN/nr = EN. Kd < nr. EN/nr (14) Kd é denominado fator de distribuição,é sempre menor que 1 e será dado pela expressão: Kd=sen( nr. ∆ /2)/ nrsen ∆ /2 (15) A tensão gerada pelo enrolamento distribuído em nr ranhuras por pólo e por fase será E=4,44Nf Φ max.Kd (16) Exemplo: Seja um alternador trifásico, com ligação em Y, de 4 pólos 60 hz com 96 espiras por fase e com tensão por espira igual a 2,3929V para corrente de campo If. Se o enrolamento fosse concentrado sua tensão por fase para corrente de campo If seria 229,72V Calcular qual a tensão se a máquina possui 48 ranhuras e , portanto o enrolamento da fase for distribuído em 48/3=16 ranhuras. Solução: Se o número total de ranhuras é 48, o número de ranhuras por fase é 16, por pólo é 12 e por pólo e por fase é 12/3=4. O ângulo entre ranhuras será 720º/48=90.2/12=120.2/16=15 O fator de distribuição será: Kd=sen( nr. ∆ /2)/ nrsen ∆ /2=sen(4.15/2)/4.sen(15/2)=0,9576 A tensão gerada no enrolamento concentrado que seria E=4,44.f.N. Φ max =229,72V deverá ser multiplicada por Kd por se tratar de enrolamento distribuído, passando a ser E= 4,44.f.N.. Φ max .Kd=229,72.0,9576=220V Essa redução de 4,24% na tensão ocorrerá também na potência. Entretanto, no enrolamento concentrado o total das harmônicas da FMM gerada pelo enrolamento concentrado será 28,5% da onda gerada ao passo que com a referida distribuição o total das harmônicas será 9,8%. FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 19 Figura 7.b): uma ranhura por pólo e por fase. Passo pleno Figura 7.b):enrolamento distribuído em 4 ranhuras por pólo e por fase. Passo pleno A figura 8 mostra a referida distribuição. O enrolamento é de simples camada, ou seja, em cada ranhura somente existe um lado da bobina. Será visto que a maior parte dos enrolamentos é de dupla camada, ou seja, em cada ranhura existem dois lados de bobinas. FASE A E N R O L A M E N T O D E G E R A D O R T R I F Á S I C O D E 4 P Ó L O S -- S I M P L E S C A M A D A P A S S O P L E N O C O M 1 2 R A N H U R A S P O R P Ó L O O U 4 R A N H U R A S P O R P Ó L O E P O R F A S E FASE A e B D E 4 P Ó L O S -- S I M P L E S C A M A D A P A S S O P L E N O C O M 1 2 R A N H U R A S P O R P Ó L O O U 4 R A N H U R A S P O R P Ó L O E P O R F A S E FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 20 P A S S O D E 0 1 A 1 3 , = 15 n r = 4 K d = s e n (4.15 / 2 ) / 4 s e n ( 15 / 2 ) = 0,9576 E N RO L A M E N T O D E G E R A D O R T R I F Á S I C O D E 4 P Ó L O S -- S I M P L E S C A M A D A P A S S O P L E N O C O M 1 2 R A N H U R A S P O R P Ó L O O U 4 R A N H U R A S P O R P Ó L O E P O R F A S E Figura 8: Enrolamento distribuído 1.1.5.2-Encurtamento O outro artifício para reduzir as harmônicas é encurtando a bobina. Por exemplo, para suprimir a quinta harmônica basta encurtar o enrolamento de 1/5. Se o encurtamento for de 1/7 suprime-se a 7ª. A maior parte dos geradores é construído com encurtamento de 1/3 para suprimir a 3ª e múltiplas, pois geradores “paralelados” apresentam corrente de circulação no neutro proporcionada por essas harmônicas na hipótese de sua existência. Redução da tensão no enrolamento encurtado: Um enrolamento distribuído e de passo pleno de N espiras gera tensão E=4,44Nf Φ max .Kd Se ao invés de passo pleno, o mesmo for construído com passo encurtado, ou seja, se o referido enrolamento abraçar ângulo menor que um passo polar ou seja ângulo menor que 180º elétricos, o fluxo “visto’’ pelo enrolamento será menor e portanto a tensão gerada também será”. Se o número de ranhuras por pólo é Nrp e o número de ranhuras abraçado pela bobina é Nrb então o fator de passo (ou encurtamento) é Kp=sen((Nrb/Nrp).90) (17) A tensão gerada pelo enrolamento encurtado e distribuído será então E=4,44N.f. Φ max .Kd.Kp (18) Exemplo: Se o estator possui 48 ranhuras então o número de ranhuras por pólo é 12. Se o encurtamento é de 1/3 então o número de ranhuras abraçado pela bobina é 8. Assim o fator de passo é Kp=sen((8/12).90)=0,83 A tensão gerada no enrolamento E=4,44.f.N. Φ max deverá ser multiplicada por Kd e Kp passando a ser E= 4,44.f.N.Kd.Kp. Φ max=E=4,44.f.N.Fmax.0,9576.0,83 FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 21 A redução das harmônicas é significativa. A figura 8.a) mostra o THD para o enrolamento distribuído e encurtado do exemplo: Somente distribuído o THD é 9,8%; com encurtamento o THD é de 3,2% Figura 9.a)-THD de alternador de 48 ranhuras 4 pólos 3 fases com encurtamento de 4 ranhuras Este item foi inserido para mostrar como se podem reduzir as harmônicas nos enrolamentos do estator utilizando-se a distribuição e o encurtamento. Como o assunto é extenso o mesmo será tratado em Anexo especial onde será mostrada a dedução das expressões dos fatores de distribuição e de encurtamento. Serão mostrados também outros tipos de enrolamentos. Varias simulações serão mostradas. ENROLAMENTO DE GERADOR TRIFÁSICO DE 4 PÓLOS-- DUPLA CAMADA, PASSO ENCURTADO EM 1/3 DE RANHURAS COM 12 RANHURAS POR PÓLO OU 4 RANHURAS POR PÓLO E POR FASE FASE A FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 22 ENROLAMENTO DE GERADOR TRIFÁSICO DE 4 PÓLOS-- DUPLA CAMADA, PASSO ENCURTADO EM 1/3 DE RANHURAS COM 12 RANHURAS POR PÓLO OU 4 RANHURAS POR PÓLO E POR FASE PASSO DE 01 A 9 =15 nr=4 FATOR DE DISTR. Kd = sen ( 4 . 15 / 2 ) / 4 sen ( 15 / 2) = 0,9576 FATOR DE PASSO(ENCURTAMENTO) Kp = sen / p . 90= sen(8/12).90=0,866 FATOR DE ENROLAMENTO: Ke = Kd . Kp = 0,83 Figura 9.b: Enrolamento distribuído e encurtado 1.2) MÁQUINA SÍNCRONA: FUNCIONAMENTO EM CARGA Quando carga é conectada ao gerador7, a corrente que circula na armadura (corrente de carga), gera FMM denominada reação de armadura FRA ou simplesmente FA ou ainda A. Em cada fase, referida FMM de reação é pulsante, mas a composição das três fases resulta em FMM girante e será denominada força magneto motriz de reação de armadura FRA ou simplesmente FA. Portanto em carga, em regime permanente haverá duas FMM’s dentro do gerador quando o mesmo está em carga: Ff e FA. A composição de ambas FMM’s resulta em FR. Para melhor compreensão da superposição das FMM’s, mostra-se na figura 10.a) um núcleo com várias bobinas e, portanto submetido a várias FMM’s defasadas entre si pois as correntes que circulam nas bobinas são defasadas: a superposição de diversas FMM’s (figura 10.a) resulta em FR que gera FRS na curva real do material do núcleo ou seja na curva saturada (figura 10.c). Na hipótese de atribuir-se um fluxo a cada FMM (10.b), a soma dos fluxos individuais somente seria igual ao fluxo resultante da aplicação de FR na hipótese de circuito magnético linear, ou seja FRNS, circunstância que não ocorre nas máquinas elétricas. Por isso os modelos que consideram a superposição das FMM’s apresentam resultados mais precisos embora os modelos que consideram a superposição dos fluxos sejam mais usuais pela facilidade de implementação já que os fluxos podem ser expressos por indutâncias 7 A carga será considerada indutiva. Desta forma a corrente Ia sempre estará atrasada com relação a tensão Ef FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 23 percorridos por correntes e indutâncias podem ser determinadas com facilidade. Estes métodos possuem formas de corrigir os resultados como será visto oportunamente. R R R R R R R R R Figura 10: Determinação do fluxo resultante através da superposição das FMM’s proporcionadas por cada bobina. 1.2.1) Demonstração do ângulo de FA Ff e, portanto Φ f sempre estão alinhados com o pólo. É necessário encontrar o ângulo de FA para obter FR e o respectivo fluxo Φ R. • Fb= cos(-80-120).Famax=-0,9396. Famax no plano perpendicular a b-b’. • Fc= cos(-80-240).Famax=0,766. Famax no plano perpendicular a c-c’. • A resultante FA =1,5Famax atrasada de Ef em 80º. -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 -0.001 0.001 0.003 0.005 0.007 0.009 0.011 0.013 0.015 Ef fmm a fmm b fmm c Figura 11 FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 24 A figura 11 mostra a tensão Ef em preto e as forças magneto motrizes Fa(fmm a) em magenta, Fb(fmm b) em vermelho e Fc(fmm c) em ciano. Fa está atrasada de 80º de Ef. (Este valor de refere-se a fase a). Fb e Fc estão atrasadas de 120+80º e 240+80º respectivamente. Ef max A figura 11 à direita representa a situação na qual foram transcorridos 16,666*80/360 ms mostra: • Fa=cos(0).Famax = Famax no plano perpendicular a a-a’ . • Fb=cos(-120).Famax=-0,5. Famax no plano perpendicular a b-b’. • Fc=cos(-240).Famax=-0,5. Famax no plano perpendicular a c-c’. • A resultante FA =1,5Famax na horizontal (referencia). • Ef= cos80.Ef max =0,17. Ef max Conclusão: A defasagem –Ψ da corrente com relação a Ef reflete-se na defasagem de FA. Esta FMM está com ângulo espacial (elétrico) de –Ψ. Transcorridos 16,666*80/360 =3.70 ms que corresponde a ângulo de 0,003708.377= 1,3949 radianos ou 1,3949.180/p=80º: • O rotor girou 80º no sentido anti-horário, • A FA girou também 80º , • A corrente Ia será Iamax e • A tensão Ef será Ef=Ef max.cos80º =Ef max.0,17 Notar que a representação fasorial de Ef e da corrente Ia é efetuada por fasores que giraram também 80º no sentido anti-horário. A representação fasorial é normalmente reservada para funções trigonométricas, que representam fenômenos temporais, portanto para tensões e correntes. A representação de fluxos e FMM’s, que são distribuições espaciais constantes, porém girando com velocidade angular igual a representação fasorial dos fenômenos temporais 8 é factível ao se considerar que o observador estacionado no estator observa as FMM’s e fluxos como variaçõestemporais. 1.2.2) Considerações a respeito da FMM FA de alternadores de pólos lisos A força magneto motriz FA, adicionada a Ff (força magneto motriz proporcionada pelo campo) resulta em FR, a qual causa o fluxo resultante no entreferro ΦR. Em máquinas de pólos lisos FA é calculada pela fórmula (23) que será deduzida adiante: 8 Esta afirmação é correta apenas para a fundamental FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 25 FA=0,9. q Ke. Npf. Ia (23) Onde q é o número de fases, Npf é o número de espiras por pólo e por fase e Ke é o fator de enrolamento que considera a distribuição Kd e o encurtamento (fator de passo Kp). Portanto Ke =Kd .Kp A consideração da superposição das FMM’s conduz a resultados mais precisos que os obtidos com modelagem que admite a superposição dos fluxos, o qual corresponde ao modelo das reatâncias, que é mais usual. Em condições de regime permanente, FA e o Ff possuem a mesma velocidade, não ocorrendo qualquer variação de fluxo e, portanto qualquer ação de transformação. Caso a corrente de carga esteja defasada com relação a tensão (caso de carga indutiva),a força magneto motriz de reação de armadura FA possui componente desmagnetizante . A figura 11.a) representa referida situação de forma simplificada. Figura 11a 12.a) pólos lisos 12.b) Pólos salientes Figura 12- Forças magneto motrizes de gerador de pólos lisos e salientes em carga. FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 26 A análise da figura 12.a e 12.b permite identificar a força magneto motriz de campo Ff no eixo direto, bem como da reação de armadura FRA, neste caso para gerador em regime com carga indutiva, entre os eixo do pólo (chamado eixo direto e o eixo perpendicular ao pólo( chamado eixo em quadratura); na máquina de pólos lisos, figura 12.a), a relutância oferecida a FA pelo circuito magnético é constante, se forem desconsideradas as variações da relutância devidas aos dentes bem como à saturação. A soma de Ff e FA pode ser efetuada. Sua resultante FR não importando a posição, causa o fluxo FR cuja derivada com relação ao tempo provoca o aparecimento da f.e.m resultante por espira ou a f.e.m ER do enrolamento, considerando todas as espiras em série do mesmo. Na figura 12.b) FA foi decomposta no eixo direto e em quadratura. 1.2.3) Cálculo da tensão em vazio e a respectiva corrente de excitação, para obter Vn em carga para máquinas de pólos lisos. 1.2.3.1-Método Geral A figura 13.a) representa o diagrama fasorial de uma máquina de dois pólos. Ff é a f.m.m gerada pelo campo. Ef é a força eletromotriz gerada no enrolamento a se somente houvesse Ff , e está atrasada 90º de Ff. Admitindo Ef como referência e admitindo carga indutiva a corrente Ia está atrasada do ângulo Ψ de Ef, a FMM de reação de armadura FRA está em fase com Ia.conforme já visto. Figura 13.a)- D. Fasorial pelo Método Geral (Superposição das FMM’s) A composição de Ff com FRA gera a resultante FR que aplicada ao circuito magnético gera o fluxo resultante ΦR . A derivada de NΦR proporciona a tensão ER. A corrente Ia circulando pelas bobinas da armadura provoca pequena queda na resistência da mesma, às vezes desconsiderada. FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 27 Cada corrente de fase Ia, Ib e Ic ao ser multiplicada por N(Na=Nb=Nc) cria uma FMM pulsante cuja resultante é a FMM girante FRA que se compõe com Ff resultando em FR; Entretanto cada FMM pulsante também cria um fluxo em volta dos condutores da respectiva fase denominado fluxo de dispersão Φl . Considerando ainda que a bobina possui resistência r pode-se escrever que a tensão v nos terminais do alternador é a tensão ER gerada pelo fluxo resultante ΦR menos as quedas na resistência da bobina e aquela devida a dispersão: v=eR – r Ia -NadΦl/dt Ia v= eR – r Ia -Lldia /dt= v=eR – r Ia -LldIamax sen(ωt- Ψ)/dt v== eR – r ia -wLldIamax cos(ωt- Ψ) ou em valor eficaz: V=ER-r Ia -jxl Ia (24) Conclusão: O fluxo de dispersão que se enlaça com as referidas bobinas do estator provoca queda de tensão jxl Ia adiantada 90º da corrente Ia. A figura 13.b) mostra as FMM’s além das tensões e correntes, o que permite visualizar melhor o exposto. A observação do diagrama fasorial da figura 13.a) ou 13.b) permite verificar que a FMM de reação de armadura muda de posição conforme o fator de potência da carga. Porém se o rotor é cilíndrico não haverá alteração de relutância. Assim, não ocorrerá alteração do fluxo em decorrência de uma possível alteração da posição da f.m.m de reação o que não ocorre nas máquinas síncronas de pólos salientes (como se verá em 3). Figura 13. b)-Diagrama fasorial das FMM do gerador em carga bem como das tensões e corrente. (desconsiderou-se a queda resistiva). FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 28 1º Exercício resolvido: Um alternador trifásico 93750 KVA, 13200 v, estrela, 60 hz, 4 pólos possui as seguintes características: ARMADURA: possuem fator de enrolamento Ke=0,828 devido ao encurtamento e a distribuição. O enrolamento é de dupla camada. Com 72 ranhuras, 6 bobinas por pólo e por fase, ou seja, 24 bobinas por fase e cada bobina tem 01 espira . São dois circuitos em paralelo por fase. PÓLOS: é um indutor cilíndrico com 10 ranhuras por pólo. Cada uma das bobinas possui 25 espiras e são dois circuitos em paralelo. Figura 14-Alternador de pólos lisos São dadas as curvas em vazio e em curto circuito FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 29 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000 7500 8000 8500 9000 9500 10000 10500 11000 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 900 950 1000 1050 1100 1150 1200 1250 1300 Vf Icc Icargafp=0 O Figura 15-curva em vazio e em curto de gerador síncrono de 97000 KVA em 13200 V a)Cálculo da FMM de reação de armadura da fundamental.(harmônicas são desconsideradas) A força magneto motriz de reação de armadura FA será: Ffase3max= -N*Ia* S2 *(4/p)/2 Fa=3/2*Ffase1max*Ke Ffase1max=N*Ia* S2 *(4/p) Ffase2max= -N*Ia* S2 *(4/p)/2 f a= -N * I a * S2 * ( 4 /p ) /2 Figura 16-FMM resultante FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 30 FA=3/2*Famax*Ke (24) Onde Ke é o fator do enrolamento (encurtamento +distribuição) Ke=0,828 e Famax é o valor máximo da FMM de reação de armadura da fundamental da fase a, caso o enrolamento fosse concentrado e de passo pleno. Famax =4/∏*Ns*Ia* S2 (25) substituindo (26) em (27) tem-se FA=3/2*4/∏* √2 *Ns*Ia *Ke FA=2,7 *Ns*Ia *Ke (26) a expressão (26) corresponde à expressão (23) abaixo apresentada como (26’) FA=0,9*q *Ns*Ia *Ke (26’) Ia é a corrente de armadura em valor eficaz. Ns =Npf é o num de espiras da armadura por pólo e por fase. q é o numero de fases A máquina tem 24 bobinas (01 espira por bobina) por pólo, ou seja, 6 espiras por pólo por fase, mas como são dois circuitos em paralelo equivale a 3 espiras por pólo e por fase Corrente nominal do alternador: Ia=93750000/(13200*√3 )=4100 A(em valor eficaz). Iamax=Ief.S2(27) Portanto a FMM máxima da fase 1 em análise será: Famax=4/∏*4100*3*1,42*0,828=18422,7 Ampére espira FRA=1,5*18422,7=27634 AE Este valor é a FMM máxima de reação de armadura. Portanto será utilizada como magnitude do fasor FA nos diagramas fasoriais do MÉTODO GERAL. b) Cálculo da FMM (valor máximo) ou seja Ff do campo imposto pelos pólos: Considerar 2 circuitos em paralelo. Portanto se If (ou Iexc) for a corrente no campo, a corrente em cada bobina será If /2. SOLUÇÃO: O enrolamento de campo é alimentado por CC e é correspondente à enrolamento monofásico. O valor máximo da componente fundamental da distribuição de FMM’S seria F’f=4/ ∏*N*If, se o enrolamento fosse concentrado em um único par de ranhuras. Como o enrolamento é distribuído e encurtado, pois é concêntrico (vide figura 14) deve-se calcular o fator do enrolamento do campo: Neste exercício este valor é dado: FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 31 Kef =0,8 Nf=5*25=125 espiras Assim Ff==4/∏*Nf*If/2* Kef =4/∏ *125*If/2*0.8=63,7*Iexc=63,7*If Obs:1)Utilizou-se o índice f de field (campo) para homogeneizar a simbologia da maior parte dos autores 2)Usa-se If/2 pois são dois circuitos em paralelo. Poderia se usar N/2 ao invés de If/2. C) Cálculo da corrente de excitação requerida pelo enrolamento de campo para manter a máquina com Vn ,In e fp=0,8 ind. Use o chamado método geral ra=0,0040 e xa=0,197 . Solução: Como se sabe é necessário identificar a fem do entreferro, ou seja, a fem resultante FR A fmm resultante, FR será a soma vetorial de Ff +FA. Mas FR pode ser calculada através do cálculo de ER –fem no entreferro ou seja fem resultante da aplicação de FR que proporciona ΦR (fluxo resultante no entreferro). O exame do diagrama fasorial permite melhor compreensão Figura 17-Diagrama fasorial pelo Método Geral (Superposição das FMM’s). Assumindo V como referência, referida f.e.m ER é : ER =V|0 +raIa |-36.8+jxlIa|-36.8=7630|0 +4100(0,8-j0,6)*(0,00402+j0,197)=8144|4,44 (desconsiderar ra provoca erro muito pequeno) Na curva de saturação para 8144 V 9tem-se FR /(Nf*Kfe)10=IR=520 A11 9 FR /(Nf*Kfe) foi obtida na curva de saturação ou curva em vazio.Por isso é chamado Método Geral saturado ou simplesmente Método geral. Se este valor fosse obtido na reta do entreferro, o Método seria denominado Método Geral não Saturado. FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 32 Note-se que o eixo está calibrado em ampéres e não em Ampére-espira. Portanto deve-se referir este valor a ampére espiras correspondentes: Fator de enrolamento do campo Kfe =0,8 N=5*25=125 espiras Assim FR==4/∏*N*If/2*Kef=63,7*520=33124AE com ângulo de 90+4,48=94,48º FRA=1,5*18422,7=27634 AE FRA=27634|-36.8 Ff=33124|94,8 -27634|-36.8=55464.27|116.67 A corrente correspondente a essa fmm Ff será: Ff=63,7*If=55464.27 A If=870 A Regulação: Com o valor de If=870 A na curva de saturação tem-se: Ef=10100 V A regulação será R=(10100-7630)/7630=0,32 1.2.4-Método da reatância síncrona ou da superposição de fluxos Outra forma de estudar o comportamento da máquina em carga é supor que cada FMM crie um fluxo e que a composição destes redunde em fluxo resultante ΦR cuja derivada proporcione a fem ER. Assim ao invés de somar as FMM’s, a operação de superposição será efetuada com os fluxos. Entretanto esta operação somente é válida na hipótese remota da linearidade do Circuito Magnético. A observação da figura 9, permite compreender porque ocorre grande imprecisão quando existe saturação. A somatória das FMM’ Φ1+ Φ2+Φ3+Φ4=ΦR proporciona a somatória dos fluxos Φ1 +Φ2+Φ3+Φ4 =ΦR somente se não houver saturação (curva não saturada NS). Na curva real saturada S, o ΦR(S) obtido pela aplicação de FR é muito menor que FR(NS) obtido pela somatória dos fluxos que existiriam se cada FMM fosse aplicada individualmente. 10 Como é um enrolamento distribuído e concêntrico é necessário multiplicar o numero de espiras pelo fator de enrolamento Kfe 11 Sempre que a curva de saturação em vazio e a curva de corrente de curto circuito são levantadas em função da corrente de campo If, as FMM devem ser divididas pelo número de espiras efetivos do campo para referir estas grandezas ao referido campo FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 33 Deve ser lembrado que o projeto de uma máquina elétrica contempla a utilização do material magnético com o maior nível de indução possível: nível baixo de indução, ou seja, na região linear implica em subutilização do material; por outro lado a partir do cotovelo da curva é necessário elevado aumento da excitação para pequeno aumento na indução. O modelo obtido a partir da superposição dos fluxos embora possa conduzir a valores imprecisos permite estudar a máquina teoricamente a partir de indutâncias e conseqüentemente reatâncias, parâmetros de fácil obtenção nos ensaios. Correções, devido à saturação são introduzidas nos cálculos finais, permitem conseguir resultados com boa precisão. Na figura 18 mostra-se o fluxo Φf imposto pelos pólos (lisos). A tensão gerada na fase ‘’a’’ representada pela bobina a-a’ é Ef= -NaΦf/dt. Ao se colocar carga, a FMM resultante da somatória das três FMM’s das fase a,b,c é FRA=Fa+Fb+Fc que se não houvesse outras FMM’s imporia o fluxo Φreação de armadura =FA Figura 18 -Fluxo de reação de armadura descomposto em: Φm e Φdispersão O fluxo resultante ΦR é: ΦR = Φf +Φreação arm (28) ER=dΦR/dt = d Φf /dt +dΦreação arm/dt (29) portanto ER = Ef +Ereação arm (30) Aplicando Faraday/Lenz na parcela Freação arm tem-se ereação arm= N.dΦreação arm/dt (31) como L=NΦ/i ou seja L.i=N. Φ (32) FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 34 Tem-se: ereação arm =Lreação armdia/dt (34) E sendo ia função trigonométrica, após manipular devidamente a equação tem-se Ereação arm=j.xreação arm.Ia (35) Procedendo-se as substituições devidas têm-se ER = Ef +Ereação arm j.xreação arm.Ia (36) ER é a tensão no entreferro para a máquina em carga; não é entretanto a tensão disponível nos terminais pois a corrente de carga ou armadura circulando nos condutores da armadura gera fluxo que se enlaça com os mesmos (Φ dispersão ) causando pequena queda de tensão fluxo. Aplicando Faraday/Lenz na parcela Φ dispersao tem-se : edispersao = Ldspersao.dia/dt (37) E sendo ia função trigonométrica, após manipular devidamente a equação, tem-se: Edisp= j.xdisp.Ia (38) O sentido igual para Em e Edisp pode ser observado na figura 19. xdisp é representada por xl (l de leakage que significa dispersão) A tensão V nos terminais do gerador pode ser escrita como V=Ef - j.xm.Ia - j.xl .Ia - ra Ia (39) Denominando reatância síncrona xs xs = xm +.xl (40) E substituindo (40) em (39) tem-se V = Ef - j.xs.Ia - ra .Ia (41) O diagrama fasorial da figura 19 permite visualizar melhor o exposto: FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 35 Figura 19 Diagrama Fasorial do gerador síncrono de pólos lisos em carga mostrando as tensões e correntes 1.2.5-Determinação dexs. Curva em vazio e em curto A vantagem do método das reatâncias reside na facilidade com que se pode determinar ra e xs. Considerando que o modelo da reatância ou superposição de fluxos implica em admitir a existência individual de cada fluxo, implica também na admissão da existência individual da tensão provocada por cada fluxo ou seja de Ef, Exs=Ereacao armad+El e V. O único momento em que Ef tem existência real e é possível determiná-la é em vazio e o modelo aparece na figura 20.a) Figura 20.a)- Modelo de gerador síncrono representado por uma fonte ideal, reatância síncrona e resistência do enrolamento. FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 36 Ao se colocar a a máquina em curto sem alterar a corrente de excitação If a tensão interna da fonte ideal da fase em análise não se altera. A determinação da impedância síncrona pode ser efetuada : zs= ra+jxs=Ef/Icc (41) A determinação de ra pode ser efetuada por medição direta, embora frequentemente seja desconsiderada. O circuito da figura 20.b) mostra como levantar os valores da tensão e da corrente para determinar xs. Este circuito é utilizado também para levantar as curvas em vazio e em curto, necessárias para análise mais completa da máquina. Curva em vazio: Com a chave CH2 aberta, alimenta-se o campo pela fonte de corrente contínua. A medição deve ser iniciada com If=0. A tensão medida será devido à indução remanescente. Os próximos pontos devem ser levantados sempre se aumentando a corrente de excitação. A curva em curto é levantada, colocando-se os terminais do gerador em curto, fechando a chave CH2. Figura 20.b) – Esquema de ligações para levantamento da curva em vazio e em curto. Com valores em questão traçam-se as curvas em vazio e em curto mostradas na figura 20.c). A divisão da tensão pela corrente permite levantar a curva da reatância síncrona não saturada ou saturada. A análise das curvas mostra que quando se a saturação, a reatância síncrona saturada começa a diminuir. FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 37 Figura 20.c) Curvas em vazio,em curto e da reatância síncrona Exercício resolvido 2; Encontrar a tensão em vazio necessária para que o gerador do exercício resolvido 1 possa fornecer em tensão nominal, carga nominal com fp de 0,8 indutivo. 2.1)Utilizar o método da reatância síncrona não saturada Solução: Conforme exposto xs pode ser calculada se houver a disponibilidade de ensaio em curto e em vazio As curvas apresentadas na figura 9 permitem calcular a reatância síncrona Caso os cálculos sejam efetuados na reta do entreferro, ou seja, considerando a máquina linearizada tem- se: xs =7650/3500 =2.18 Desconsiderando ra tem-s e E f =V|0+j xs Ia E f =7630|0+j 2.18.4280|-36.8 14984|29.13 Valor evidentemente muito maior que o encontrado no exercício resolvido 1 pelo Método geral. 2.1)Utilizar o método da reatância síncrona saturada Solução: Conforme exposto xs pode ser calculada se houver a disponibilidade de ensaio em curto e em vazio As curvas apresentadas na figura 9 permitem calcular a reatância síncrona saturada Caso os cálculos sejam efetuados na curva real tem-se FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 38 xs =7630/3900 =1.95 Desconsiderando ra tem-s e E f =V|0+j xs Ia Î 7630|0+j 1.95.4280|-36.8 Î E f = 14112|27.57 Valor evidentemente muito maior que o encontrado no exercício resolvido 1 pelo Método Geral embora menor que o encontrado em 2.2) Exercícios para resolver 1) Gerador de 200 Kva, 440 V, Y, 60 Hz, possui a curva abaixo. A resistência do enrolamento estatórico é de 1,0 ou 0,01pu e a reatância de dispersão é 10% ou 0,1 pu. A FMM de reação de armadura referida ao campo (para corrente de carga nominal) é de 32 A. 1.1)Determinar pelo método geral saturado a tensão em vazio para que em carga se tenha Vn , In e FP=0,8 Indutivo. Idem FP=1,0. Idem FP=0,8 Capacitivo. 1.2)Faça um diagrama fasorial para os três FP. Use o preto para I. , o vermelho para o resistivo e o azul para o capacitivo 1.3) Determinar a reatância sínc. não saturada e a saturada (neste caso para 3 pontos após a parte linear) 1.4)Determinar pelo método da reatância síncrona não saturada a tensão em vazio para que em carga se tenha Vn , In e FP=0,8 Indutivo. Idem FP=1,0. Idem fp=0,8 Capacitivo. 1.5)Faça um diagrama fasorial para os três FP. Use o preto para I. , o vermelho para o resistivo e o azul para o capacitivo 1.2.6 Determinação experimental da Força Magneto Motriz de Reação de Armadura FA e da Reatância de Dispersão xl. Método de Pottier. FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 39 A figura 22.a mostra o funcionamento em carga com fator de potência indutivo. A figura 22.b) mostra o funcionamento em carga totalmente indutiva ou seja com fator de potência igual a zero. ângulo entre V e Ef) figura 22 a) figura 22 b) figura 22 c) A figura 22. c) mostra o funcionamento quando o gerador está em curto circuito. Nas três situações admite-se a mesma corrente Ia e, portanto a mesma FMM de reação de armadura FA. Observar que em curto ou com carga totalmente indutiva Ff e FA estão na mesma direção, mas em sentidos opostos. O método de Pottier Quando a máquina está em curto, a tensão nos terminais é zero ou próxima (o condutor que efetua o curto sempre possui alguma impedância). Como a impedância interna do gerador é fortemente indutiva pode-se considerar que a corrente de curto Iacc esteja 90º atrasada da tensão. Assim, jxlIa está adiantada de 90º da corrente e portanto em fase com a referida tensão de curto que é praticamente igual a zero. A tensão resultante ER =V+jxlIa = jxlIa . FR está, portanto adiantada de 90º de ER e oposta a FA . Ff será, portanto FR - FA. Na curva em vazio e em curto, referidas FMM’s podem ser subtraídas no eixo das abscissas. Na figura 23.b, mostra-se a determinação xl e de FRA : O ponto B foi ajustado para corrente de excitação Ff/Nf, tal que em curto a corrente de armadura seja, por exemplo, igual a nominal (poderia ser outro valor). A FMM de reação francamente desmagnetizante adicionada a Ff resulta em FR que manterá o fluxo FR para gerar ER para manter a corrente de curto. Como V=0 resulta ER = jxlIa. FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 40 Imagine-se agora o gerador em carga inteiramente indutiva, portanto com FP=0 e φ=90º atrasado. A corrente de carga foi ajustada para valor igual à corrente de curto, em nosso caso igual a nominal. Nestas circunstâncias ER = jxlIa é igual ao valor do ensaio em curto. Também o valor de FRA será igual ao do ensaio anterior. Portanto o triângulo ABC com catetos AC (ER = jxlIa) e AB(FRA) é constante desde que FP=0 e Ia=In. O lado AB repousa sobre o valor de tensão e o ponto B coincide com o valor de Vn e Iexc (para Ia=In e FP=0). Não se conhece, entretanto FRA que é uma das incógnitas. Também não se conhece xl , a outra incógnita. Não é possível, portanto plotar o ponto A ou o ponto A’. Ao invés de tentar reproduzir o triângulo ABC pode-se reproduzir o triangulo OBC, pois OB é conhecido e C’ repousa sobre a curva em vazio e o lado OC’ é paralelo a OC. Basta, portanto traçar uma paralela a reta do entreferro: a intersecção da mesma com a curva de saturação determinao ponto C’. A vertical passando por C’ determina o ponto A’. A’B’ é o valor de FA. A’ projetada no eixo das abscissas fornece o valor de FRA e C’ projetado no eixo das ordenadas fornece ER. Por outro lado xlIa= ER-V permite determinar xl=(ER-V)/Ia Ensaio para o levantamento de FRA e xl Há grande dificuldade para obter carga puramente indutiva. Por isso as normas aceitam que o fator de potencia da carga seja ate 0,4 indutivo. o erro é aceitável. Esta carga pode ser mais fácil ser obtida com motores de indução em vazio. A figura 23.a) mostra um esquema de ligações que permite o levantamento de um ponto em carga com fator de potencia entre 0,3 e 0,4 I com tensão nominal. Os watímetros são para assegurar que o fator de potencia é baixo. Provavelmente os motores (ou vários) usados para carga, não proporcionarão a corrente nominal. Após medida a corrente proporcionada pelo(s) MI(’s), deve-se escolher o primeiro ponto da curva (ponto B da figura 23.b obtido na curva em curto) com valor igual ao da carga Tensão do ensaio (A mais próxima da nominal) Corrente de carga (a mais próxima da nominal) Fator de potencia (o mais próximo de zero) Os dados da tabela permitem levantar o ponto B’ da figura 23.b) FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 41 figura 23.a- Levantamento de pelo método de Poitier Exercício resolvido 3. A curva da figura 23.b é de um gerador de 500 KVA em 606,5/350V 1800rpm, 4 pólos, 60 Hz. determinar o valor da reatância de Pottier ou dispersão e FRA. O eixo das abscissas esta em corrente de excitação, portanto as forcas magneto motrizes serão referidas ao campo. A corrente nominal In=500000/(1,73.605,5)=400 A permite determinar a FMM Ff quando o gerador está em curto circuito e a excitação foi ajustada para Ia=In.O ensaio realizado em carga com tensão nominal de 350V, corrente nominal de 400A e co-seno igual a zero permitiram determinar a corrente de excitação ou seja Ff/Nf igual a 87 A para essa situação e portanto o ponto B’. Transportar OB e marcar O’B’ sobre a paralela ao eixo das abscissas referente à tensão nominal e o próximo passo e permite determinar A’(350,43,5). Traçar uma paralela a reta do entreferro passando por O’ ate que a mesma intercepte a curva de saturação em vazio permite determinar C’ e consequentemente A’ Assim FA será 87-43,5=43,5 A e xl=380-350/400=0,075 ohms ou FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 42 Figura 23b 1.2.6 Potência em máquinas síncronas de pólos lisos. Figura 24.a FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 43 Como se sabe a potência em uma máquina elétrica é : P=q*V*Ia*cosφ (42) Deseja-se eliminar fatores externos na formula acima e colocar apenas fatores da própria máquina. Assim tem=se: • jxsIa projetado na perpendicular a V será igual a AB= jxsIa *cosφ Mas também • AB=Ef*senδ Portanto : • AB = jxsIa *cosφ=Ef*senδ Assim tem-se : Ia cosφ = Ef*senδ/xs Substituindo na equação 1 teremos P=q*V*Ef senδ/xs (43) Esta fórmula é expressa exclusivamente em função de parâmetros internos da máquina. 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 0.0167 0.0177 0.0187 0.0197 0.0207 0.0217 0.0227 0.0237 0.0247 0.0257 Series1 Figura 24.b-Curva de estabilidade de gerador A análise da equação da potência e da curva da figura 24.b), mostra que a máxima potência que o gerador pode fornecer é quando δ=90º Exercício resolvido 4: Gerador síncrono de 15 kva pólos salientes 6 pólos 60 hz trifásico conectado em Y, 220 V . δ FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 44 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 V Icc Vfp=0 Fig ura 25 A reatância de dispersão é= a 0,90 ohms xs=127/41=3,09 ohms Cálculo de Ef pelo método da reatância saturada. Ef=V|0+jxsIa|-36,8=222,43|25,99 Cálculo da Potência Calculando a potência que o gerador entrega a carga: P=qVfase*Ia* cosφ =3*127*39,4*0,8=12000W Calculando a potência que o gerador desenvolve em função dos seus parâmetros : P=q*Vfase*Ef/xs=3*127*222,43*sen25,99/3,09=12018 W Observação A seguir efetua-se o cálculo de Ef pelo método geral Calcule xl e FRA pelo método de Pottier Pelo gráfico xl =xp=36/39,4=0,91(é dado 0,9 ohms.adotaremos 0,9) FRA/Nf=2,9 A (o exercício estabelece valor de 2,96 (adota-se 2,96 A)). ER=V|0 +j0,9*39,4|-36,8 =150,9|10,84 No gráfico: FR/Nf=5,8A|100,84 Ff=5,8A|100,84 –2,96|-36,8 FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 45 Ff=8,23|114,86 Ef=175|24,86V Regulação 38% Cálculo da Potência P=qVfase*Ia* cosf =3*127*39,4*0,8=12000W P=q*Vfase*Ef/Xs=3*127*175*sen24,86/3,09=9071 O resultado é Menor12 1.3) GERADOR SÍNCRONO DE PÓLOS SALIENTES: FUNCIONAMENTO EM CARGA 1.3.1)Considerações gerais: A figura 25.b) mostra um gerador de 2 pólos lisos com as respectivas bobinas do estator e do rotor. Para as bobinas do estator a-a’, b-b’, c-c’ não haverá alteração da relutância R quando o rotor gira se o mesmo for liso o que equivale dizer rotor com entreferro constante. A figura 26.a) mostra um gerador de 2 pólos salientes com as respectivas bobinas do estator e do rotor. Para as bobinas do estator a-a’, b-b’, c-c’ haverá alteração da relutância R quando o rotor gira o que equivale dizer rotor com entreferro variável. Figura 26.a) pólos salientes Figura 26 .b) Pólos lisos 12 Conclusão: O método geral não se aplica para o cálculo da potência. FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 46 A figura 27 mostra várias posições do rotor e a respectiva permeância13 P . É fácil perceber que se o formato da sapata polar for desenhado para reproduzir fluxo senoidal quando corrente If é aplicada ao campo, ou seja se o entreferro aumentar do centro para as extremidades do pólo para que a permeância aumente senoidalmente e se referidas extremidades forem arredondadas com raio adequado, a permeância terá variação senoidal e portanto a indutância própria também já que L=N2.P. Quando o pólo passa da posição 1(mínimo entreferro - máxima permeância) para posição 2(máximo entreferro) a permeância passa de uma máxima indutância para mínima indutância. O valor médio da permeância é no ângulo Θ=45º. Portanto a indutância própria possui um valor médio L1 ao qual se adiciona um valor variável de acordo com uma função trigonométrica co-senoidal com o ângulo 2Θ (completa um período a cada 180º) . Portanto a indutância própria de a-a’ será Laa=L1+L2cos2 Θ (44) Onde L2 é o módulo da função trigonométrica de segunda harmônica. Figura 27 A indutância própria das bobinas b e c variam com a mesma lei porém defasadas de -120º e +120º. 13 permeância é 1/R e equivale a condutividade que o circuito magnético oferece ao fluxo. A indutância própria L=N2/R pode ser expressa também como L=N2.P FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 47 Lbb=L1+L2cos2(Θ-120º) (44’) Lcc=L1+L2cos2(Θ +120º) (45) Utilizando-se o mesmo procedimento, pode-se mostrar que as indutâncias mútuas entre as fases “a’’, “b’’e “c’’ serão: Lab =- L1/2+L2.cos (2 Θ -120)= - L1/2 -L2.cos (2 Θ +60) (45’) Lac =- L1/2 -L2.cos (2 Θ -180) (46) Lac=-L1/2 -L2.cos (2 Θ -60) (46’) Rotor A permeância oferecida ao rotor e constante a menos das pequenas variações em função das ranhuras.Por isso as indutâncias das bobinas do rotor são constantes. Neste trabalho consideram-se apenas as bobinas dos pólos representadas por uma única denominada ‘’f’’.Entretanto existem outras 2 bobinas: a bobina D que é constituída por barras nas sapatas polares e curto circuitadas nas extremidades e a bobina Q constituída das mesmas barras mas observado-a a 90º da face central do pólo. Portanto a FMM Ff sempre é aplicada ao mesmo circuito magnético será constante em regime permanente. Neste trabalho capítulo sòmente se considera a máquina após a carga estabilizar. O período transitório ser estudado oportunamente. 1.3.2- REGIME PERMANENTE Quando o gerador está em regime permanente existem apenas uma FMM Ff proporcionada pelo campo e 3 FMM’s pulsantes Fa, Fb, e Fc que se compõem resultando em FMM girante FRA. Portanto são consideradas apenas Ff e FRA que se supostas senoidais, podem se compor e gerar resultante senoidal, não importando qual seja a carga, desde que equilibrada. No caso de pólos salientes o entreferro é variável, aumentado do centro do pólo (eixo direto) para as laterais o que permite gerar fluxo em vazio senoidal conforme exposto repetidas vezes, com harmônicas devidas apenas a saturação. Neste trabalho considera-se apenas a fundamental. O erro cometido é menor que as linearizações admitidas na formulação das modelagens efetuadas a partir da superposição dos fluxos. FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 48 Quando se aplica carga, a composição das forças magneto motrizes criadas pelas três correntes de armadura, , cria FMM girante de reação de armadura FRA, com rotação n igual à rotação do eixo imposta pela máquina motriz. Para enrolamentos distribuídos e encurtados é razoável supor que cada uma das FMM’s pulsantes Fa, Fb e Fc sejam senoidais. Assim, a FMM de reação de armadura resultante das somas das FMM’s de cada fase, é senoidal e seu ângulo espacial coincide com o ângulo elétrico Y que é a defasagem entre Ef e Ia. Esta propriedade permite concluir que o ângulo de FRA depende de f, o ângulo do fator de potência como já visto anteriormente. Entretanto à reação de armadura FRA, diferentemente de Ff, não se oferece entreferro com a geometria que resulte em funções trigonométricas para as permeâncias vistas do estator e portanto para as indutâncias das bobinas a, b, c. Apesar dessa geometria, o fluxo resultante proporcionado pela FMM resultante FR, gera tensão ER praticamente isenta de harmônicas graças a técnicas aprimoradas de distribuição e encurtamento. 3.3-Decomposição de FA (FRA) no eixo direto e em quadratura de acordo com a teoria de Dupla Reação de Blondell14 Na figura 26.a) representa-se gerador de pólos salientes: para cada posição de FA (FRA) existe uma permeância diferente que depende do ângulo Q conforme expressões 44 a 46’ e figura 27 . A soma direta de Ff e FA (FRA) não é possível, pois atuam em Circuitos Magnéticos com permeâncias diferentes,o que implica em erro que facilmente pode ser evitado decompondo FRA em duas componentes: Fd no eixo direto e Fq no eixo em quadratura15 . A relutância oferecida a cada componente é constante, desde que desconsiderada a saturação. Desta forma pode-se efetuar o estudo do comportamento do gerador de pólos salientes com razoável precisão. A solução pode ser obtida pelos dois métodos estudados em geradores de pólos lisos: 1.3.2.1 Método Geral A decomposição de Ia e FA (FRA) nos eixos d e q pode ser efetuada pelas expressões: Id=Ia.senΨ (47) Iq=IacosΨ (48) FRAd=FRA.senΨ (49) 14 André Blondel, fisco francês 1863-1938. Inventou o oscilógrafo em 1893.Possui trabalhos valiosos sobre a inércia de geradores, sobre motores assíncronos e sobre motores de tração. 15 JORDÃO R. G. p.143-158 Teoria de Dupla Reação. FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 49 FRAq=FRA.cosΨ (50) Para se proceder a decomposição é necessário obter o ângulo Ψ entre Ia (e FA (FRA)) e Ef (Ef sempre está no eixo em quadratura q). Obs.: Foi mantida a simbologia de em função de varias figuras terem sido construídas desta forma. A figura 28 mostra a decomposição de Ia e FRA nos eixos d e q. FRAq é aplicado a um circuito magnético de grande entreferro e portanto linear. A substituição do efeito da FMM pelo fluxo correspondente que pode ser calculado pela expressão ΦRAq=FRAq/R q não incorre em erro provocado por saturação por se tratar de C. M. linear. Para melhor interpretar fisicamente o que ocorre imagine-se a máquina em vazio com corrente de campo If e, portanto com Ff aplicado ao CM . Ao colocar carga indutiva, a componente FRAd desmagnetizante reduz a FMM no eixo direto para F’R=Ff-FRAd à qual corresponde fluxo R’ que concatenado com a bobina a-a’ proporciona E’R no eixo em quadratura. Esta seria a tensão de entreferro se inexistisse a componente FRAq O efeito de FRAq na tensão pode ser obtido por N.dΦRAq/dt=Laqdiaq/dt. Ao derivar a corrente e considerando valores eficazes, obtem-se o efeito da reação no eixo em quadratura jωLaq.Iaq = jxaq.Iaq que subtraído de E’R resulta em ER . A reatância xaq é denominada reatância de reação de armadura no eixo em quadratura e pode ser determinada experimentalmente. Partindo-se dos elementos conhecidos: tensão V, corrente Ia, fator de potencia, reatância xl e reatância xaq pode-se determinar o valor de Ef se for conhecido Ψ Os seguintes passos devem ser percorridos: • Calcular ER=V+jxlIa • Calcular E’R=jxaq.Iq. • Com o valor de E’ R determina-se F’ R cujo ângulo é o de E’ R mais 90º • Calcular F RAd • Ff=F’ R-F RAd • Com Ff determina-se Ef O cálculo de F RAd é efetuado pela expressão (23) ou (26’), que fornece que FRA multiplicada por sen Ψ fornece F Rad FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 50 FRAd=0,9*q *Ns*Ipf *Ke*sen Ψ 16 17 (51) Figur a 28 Em conformidade com o procedimento efetuado para máquina de pólos lisos, a seguir desenvolve-se método para determinar o comportamento da máquina de pólos salientes através da superposição de fluxos ou das duas reatâncias. A figura 29 mostra não apenas o efeito de FRAq através de xaq mas também de FRAd através de xad. Por ocorrer no eixo direto com FRAd pode ser calculado ΦRAd . Seu efeito será N.dΦRAd/dt=Laddiad/dt. Ao derivar a corrente e considerando valores eficazes, obtém-se o efeito da reação no eixo direto jωLaq.Iad = jxad.Iad Figura 29 O exame da figura 29 permite escrever a equação: 16 Esta expressão foi deduzida para CM de pólos lisos. Na pagina 49 apresenta-se Considerações sobre FRAd e FRAq de máquinas de pólos salientes. Para FRAd a constante 0,9 é substituída por 0,75. FUNCIONAMENTO EM VAZIO OU EM CARGA, EM REGIME PERMANENTE S Penin y Santos 51 Ef=V+jxlIa+ +jxaqIq +jxadId (52) Ef=V+jxlId+ jxlIq +jxaqIq +jxadId (53) Ef=V +j(xl+xaq )Iq+j(xl+xad )Id (54) Ef=V +jxq Iq +jxd Id (55) onde xd =xl+xad (56) xq =xl+xaq (57) A figura 30 repete a figura 29 de forma mais simplificada mostrando apenas a aplicação do método das reatâncias:
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