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CASO 07-THAÍS 7 Objetivos de Aprendizagem- ACIDENTES DA INFÂNCIA 1- Listar os principais tipos de acidentes na infância, relacionando com a faixa etária de maior incidência. 2- Entender como se dá a conduta médica em cada caso, detalhando a conduta em intoxicação, queimadura e obstrução de vias aéreas (pré-hospitalar, hospitalar...). 3- Conhecer os níveis de prevenção de acidentes, exemplificando de acordo com o tipo de acidente. 4- Analisar os órgãos reguladores dos produtos infantis (INMETRO). Os principais acidentes acometidos durante cada período da infância, são: 0-6 meses: queimaduras (banho de sol), afogamento (banho), sufocações, engasgos, intoxicações, colisão de automóveis e quedas 7-12 meses: afogamento, quedas, queimaduras, intoxicações, aspiração e ingestão de corpos estranhos, choques elétricos 1-3 anos: afogamento, quedas e colisões, queimaduras, intoxicações, aspiração e ingestão de corpos estranhos, choques elétricos, picadas venenosas, 3-7 anos: acidentes de trânsito (passageiros), quedas, queimaduras, intoxicações, aspiração e ingestão de corpos estranhos, choques elétricos, picadas venenosas e ferimentos 7-12 anos: acidente na escola, na vizinhança, nos esportes, de trânsito (pedestres e passageiros) Adolescência: agressões, acidentes de trânsito e esportivos, afogamentos e uso de drogas Foram identificados diversos fatores socioeconômicos relacionados aos acidentes com crianças: Renda familiar Educação materna Pais solteiros, idade da mãe, número de pessoas na casa e números de filhos Tipo de arrendamento, de moradia; nível de superlotação e fatores do bairro - em famílias pobres, os pais deixam seus filhos sozinhos ou com irmãos para irem trabalhar, não podem comprar equipamentos de segurança, podem estar expostas a ambientes perigosos como: lugar com alto tráfego, espaços inseguros para brincar, condições precárias de moradia... DICAS DE SEGURANÇA NOS AMBIENTES CASA Supervisione durante o banho, teste a temperatura da água antes do banho, manter perigo de intoxicação e coisas afiadas fora do alcance das crianças, manter tampa do vaso sanitário fechada. Use brinquedos apropriados para idade com selo do Inmetro, evitar travesseiro, lençol... no berço Grades nas janelas e móveis que possam servir de apoio pra subir longe delas, portões de segurança na escada, cobrir tomadas, trancar e esconder armas de fogo com munição em lugar distinto, esvaziar baldes, caixas d’água e cisternas tampadas, produtos de limpeza inacessíveis, cuidado com objetos de vidro, facas, cerâmicas, manter sacos plásticos, isqueiros e fósforo longe ÁREA EXTERNA Crianças <10 anos devem sentar no banco de trás do carro em cadeiras de segurança, ensinar a criança a atravessar a rua mas <10 anos atravessa pelo pulso segurado por um adulto. ÁREA DE LAZER Verificar se o brinquedo é adequado, observar pregos expostos, superfícies instáveis/quebradas, presença de ferrugem, pipa longe de fios elétricos, capacete pra bicicleta/skate/patins, cercas de grades de proteção na laje e na piscina, esvaziar piscina infantil imediatamente após o uso, ensinar a não mexer com animal quando ele estiver comendo, remover plantas venenosas. DICAS DE SEGURANÇA POR FASE DE DESENVOLVIMENTO 0-1 ano 2-4 anos 5-9 anos Acidentes + comuns Sufocação (letal), queda (lesão) Trânsito e afogamento (letal) Queda e queimadura (lesão) Trânsito e afogamento (letal) Queda e queimadura (lesão) Dicas Transportar no bebê conforto dentro de veículos Não: Dormir na mesma cama Deixar o bebê mamar sozinho Usar andadores Oferecer objetos de risco Incentivar brincadeiras com animais desconhecidos Segurar o bebê perto de substâncias quentes Proteger varandas e janelas e escadas com redes Limitar o acesso à cozinha, lavanderia, piscina Usar as bocas traseiras do fogão e colocar os cabos virados pra dentro Colocar protetor de tomada Guardar em lugar seguro objetos cortantes Não deixar a criança andar sozinha na calçada Deixar a criança em ambiente seguro Não deixar andar sozinho na rua Utilizar assento de elevação infantil Utilizar colete salva-vidas e manter supervisão quando for nadar INTOXICAÇÃO O Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas (Sinitox) fornece informações às autoridades de saúde pública, aos profissionais de saúde e à população. Faixa etária mais acometida: <4 anos Tóxicos mais ingeridos: medicamentos Acidentes por escorpiões foram os mais frequentes em todas as faixas etárias. A conduta básica a ser instituída perante uma ocorrência toxicológica pode ser esquematicamente dividida em 4 etapas: 1) Verificar risco de vida; 2) Estabelecer diagnóstico; 3) Confirmar diagnóstico; 4) Tratamento da intoxicação aguda confirmas ATENDIMENTO Avaliação rápida das condições clínicas, iniciando pelo ABCDE A vias aéreas B respiração/ventilação C circulação D déficit neurológico E exposição EXAME FÍSICO Reconhecimento da síndrome tóxica e identificação do agente causal Síndrome anticolinérgica - Agitação psicomotora/sonolência, confusão mental, alucinações visuais, mucosas secas, rubor cutâneo, hipertermia, retenção urinária, midríase Agentes: antagonistas H da histamina, medicamentos antiparkinsonianos, antidepressivos tricíclicos, escopolarnina (hioscina), atropina Síndrome de depressão neurológica - Sonolência ao coma, hiporreflexia, miose, hipotensão, bradicardia, hipotermia e edema pulmonar Agentes: Opioide, monóxido de carbono, salicilatos, álcool, antidepressivos tricíclicos Síndrome colinérgica - Sialorreia, lacrimejamento, diurese, diarreia e vômitos, broncorreia, bradicardia, broncoespasmo, convulsões, fraqueza muscular, miose Agentes: agrotóxicos carbonofosforados e carbamatos, alguns cogumelos Síndrome simpatomimética - Agitação psicomotora, alucinações, sudorese, taquicardia, hipertensão arterial, midríase, tremores, convulsões e arritmia Agentes: anfetamina, ecstasy, cocaína, cafeína, teofilina, fenilpropanolamina, efedrina, pseudoefedrina Síndrome de liberação extrapiramidal - Hipertonia, espasmos, sinal da roda denteada, catatonia, acatisia, crises oculógiras, opistótono Agentes: bloqueadores dopaminérgicos, metoclopramida, butirofenonas, fenotiazídicos Síndrome meta-hemoglobinêmica - Cianose, astenia, irritabilidade, dispneia, depressão neurológica e convulsão Agentes: sulfona, anilina, sulfonamidas, quinonas, metoclopramida, cloratos, anestésicos locais, azul de metileno, nitrobenzeno... EXAMES COMPLEMENTARES Avaliar condições: hemograma, gases arteriais, provas de função renal e hepática, ECG... Identificação/quantificação do tóxico: Qualitativa: houve exposição ao agente tóxico. Urina/conteúdo gástrico Quantitativa: só se existir correlação entre as concentrações sanguíneas e os efeitos tóxicos. Sangue TRATAMENTO Interromper/diminuir a absorção Cutânea: retirar a roupa e lavar a área com água, e se a substância for oleosa, sabão Ocular: lavar com água corrente/soro fisiológico. Ir para um oftalmologista Inalatória: fornecer oxigênio úmido e suporte ventilatório, se necessário Oral: dose de carvão ativado Descontaminação gastrointestinal Provocar êmese: solução emetizante aniônica Lavagem gástrica Carvão ativado: pouco absorve ácidos, álcalis, álcoois, metais, lítio e cianeto Catárticos: associados com o carvão em doses múltiplas, repetir a metade da dose se não houver eliminação das fezes com carvão em menos de 6h. Reduzem o tempo de trânsito intestinal e os efeitos constipantes do carvão Aumento da excreção do agente tóxico Manipulação do pH urinário Múltiplas doses de carvão ativado e catárticos Remoção extracorpórea Depois de 60 minutos, muito pouco da dose ingerida é removida por êmese ou lavagem gástrica, sendo eficiente só o uso do carvão ativado. Lavagem gástrica não faz com intoxicação de derivados do petróleo ASPIRAÇÃO Maior frequência em crianças de 6 meses a 4 anos, 2x mais em meninos O diagnóstico pode exigir endoscopia.Se apresenta como desconforto respiratório súbito ou apresenta um tempo de latência e se manifesta por complicações. Classificação: Orgânica (60%): vegetais e animais Inorgânica: metal, plástico, vidro, borracha e talco Localização: Região supraglótica: obstrução mais grave -tosse metálica contínua/intermitente, rouquidão, afonia, estridor, taquipneia e disfunção respiratória Região infraglótica: aloja-se na traqueia/brônquios, podendo ocasionar obstrução total/parcial -obstrução total: parada cardiorrespiratória -obstrução parcial: tosse rouca, estridor inspiratório e expiratório, disfunção respiratória -obstrução tipo valvular, há tendência à hiperinsuflação associada à sibilância ou diminuição do murmúrio Suspeitar de criança <5 anos com súbita disfunção respiratória com tosse paroxística, estridor ou sibilância EXAMES COMPLEMENTARES Radiografias anteroposterior e lateral da região cervical, do tórax à inspiração e expiração para avaliar hiperinsuflação, atelectasia, infiltrados e consolidações no pulmão. TRATAMENTO <1 ANO: (Manobra dos golpes dorsais) coloca-se a criança em decúbito ventral sobre o antebraço do reanimador, com a cabeça mais baixa que o tronco e aplica-se 5 golpes firmes e rápidos na região interescapular da criança com a base da mão livre. Depois a deixa em decúbito dorsal, ainda com a cabeça mais baixa que o corpo, e comprime 5x o terço inferior do esterno. Se o objeto for visualizado, retira-se com os dedos ou com pinça. Se não desobstruir, faz respiração boca a boca ou ventilação com AMBU e repete-se a sequência. >1ANO: (Manobra de Heimlich) varia com o nível de consciência. Consciente Posicionar-se por detrás da vítima, envolvendo-a com os braços; Fechar uma das mãos, com o punho bem fechado e o polegar por cima, e posicioná-la na região superior do abdômen, entre o umbigo e o a caixa torácica; Colocar a outra mão sobre o punho fechado, agarrando-o firmemente; Puxar com força ambas as mãos para dentro e para cima. Caso essa região seja de difícil acesso, como pode acontecer em obesos ou gestantes nas últimas semanas, uma opção é localizar as mãos sobre o tórax; Repetir a manobra por até 5 vezes seguidas, observando se o objeto foi expelido e se a vítima respira. Inconsciente Deita a vítima em uma superfície plana Sentar-se de frente para a vítima, sobre sua bacia ou pernas; Posicionar as mãos abertas, uma sobre a outra na região superior do abdômen, próxima ao tórax; Fazer uma forte pressão para dentro e para cima, utilizando o peso do corpo, e repetir quantas vezes forem necessárias. Durante a realização da manobra, é importante observar se a vítima ainda respira. Caso ocorra uma parada respiratória, é necessário interromper esta manobra e iniciar a reanimação cardiorrespiratória, com massagem cardíaca e respiração boca-a-boca. Objetos no nariz: presença de secreção nasal unilateral persistente, mau cheiro na narina sem explicação, sinusite crônica, epistaxes recorrentes e halitose. Pode usar vasoconstritor pra visualização e aspirar secreção nasal. Corpo estranho no trato digestivo: predomina de 6 meses a 3 anos. A maioria dos objetos seguem o percurso do TGI, podendo ter perfuração e obstrução intestinal. A remoção é por cateter de Folley ou empurrando para o estômago. Objetos grandes/pontiagudos devem ser removidos por endoscopia, e os restantes, devem acompanhar por radiografia e inspeção das fezes. QUEIMADURA Lesão tecidual proveniente de trauma térmico, químico, elétrico ou radioativo. Classificação: De acordo com a profundidade, em graus Acomete derme, caracterizada por eritema e dor. Sem alterações hemodinâmicas. Ex: queimadura solar. Tratamento com compressa fria e analgésico Superficial: derme e parcialmente a derme, caracterizada por superfície rósea, úmida com bolhas muito dolorosas. São raras as cicatrizes. Não se rompe a bolha. Se a bolha estiver rota, faz desbridamento da ferida e curativo em seguida Profunda: camada reticular da derme. Pele seca, rosa-pálida, dependendo do comprometimento vascular a dor é moderada. Cicatriza em 3-9 semanas, podendo ser cicatriz antiestética e hipertrófica Derme e subcutâneo. Aspecto pálido e superfície endurecida. Lesões deformantes e sequelas. Demora pra cicatrizar e precisa de enxertia pra isso. Indolor por morte das fibras nervosas da derme. Alto risco de infecção e grande perda de líquido. De acordo com a superfície de área queimada: De acordo com a extensão: Pequena: até 10% da SCQ, sem envolvimento de mãos, pés, face e períneo Media: até 20%, sem envolvimento das vias aéreas ou traumas Grande: >30%; com inalação de fumaça ou queimaduras acima de 10% de III grau AVALIAÇÃO INICIAL Checa-se ABCDE, determina-se a profundidade da queimadura, SCQ e as partes do corpo envolvidas. Remove a roupa, lavar para reduzir a temperatura e se houver agentes químicos. Aplica-se gaze embebida em solução salina fria. Se a SCQ>15%, o acesso venoso periférico/intraósseo deve ser obtido imediatamente na pele sã; se >20%, acesso central. Qualquer queimadura significativa leva à produção de citocinas que promovem resposta sistêmica inflamatória, com aumento de permeabilidade capilar e perda de fluidos e proteínas intravasculares, redução do débito cardíaco e choque hipovolêmico. Ressuscitação volêmica deve ser com solução cristaloide. A mais usada é a de Parkland que sugere um esquema de Ringer Lactato a 4mgxkgxSCQ, sendo metade do volume nas primeiras 8h e o restante nas outras 16h. Nas 24h seguintes, inicia-se a infusão de colóides (albumina-250mL/10%SCQ acima dos primeiros 20%) a diurese hora deve ser 1 mL/kg/hora, medida pela sonda vesical de demora (Folley) Pequenas e médias queimaduras: analgésicos via oral/intramuscular Grandes queimaduras: narcóticos via endovenosa 0,1-0,1 mg/kg Recobrir lesões com gaze esterilizada ou panos limpos. Manter a cabeça e as extremidades queimadas elevadas para minimizar o edema. Queimaduras de II grau precisam de trocas diárias de curativos e antibióticos tópicos, ou o curativo biológico que adere a ferida até que ocorra a epitelização. Queimaduras de III grau são tratadas com excisão da área queimada e autoenxerto/aloenxerto ENCAMINHAMENTO: SQC>10% em queimadura de II grau/>5% em III grau Áreas de risco: face, períneo, mãos e pés; Queimadura em ambiente fechado (com queimadura das VA); Descarga elétrica/química Queimaduras circulares em extremidades Patologias preexistentes Condições socioeconômicas precárias Negligência familiar As seguintes normas para contenção das crianças ocupantes de veículos motorizados devem ser obedecidas: Do nascimento até 1 ano de idade: assentos projetados para lactentes, presos ao carro, usando o cinto de segurança e permanecendo em posição semirreclinada e de frente para a traseira do carro. Crianças de 1 ano até 4 anos: assento de segurança infantil. Permanecer sentada e voltada para frente. Criança com mais de 4 anos até que atinja 1.45m: deve usar o booster. Saúde da criança
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