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Acidentes na infância e adolescência

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23 5° Período B | 3° AF | Pediatria I: Saúde da criança e do adolescente 
Maria Diva Costa Alves | @medivou 
Acidentes na infância e adolescência 
Profª. Larissa Gouveia | 15.06.2022 
 
INTRODUÇÃO 
• No Brasil: principal causa de morte entre 
crianças e adolescentes de 1 a 14 anos; 
• Causam cerca de 13 óbitos por dia e são 
responsáveis pela hospitalização de mais 
de 120 mil jovens; 
• Mais de 90% desses eventos poderiam ter 
sido evitados com medidas simples de 
prevenção; 
• As quedas representam a maioria dos ca-
sos, seguidas por queimaduras; 
• Faixa etária de maior risco: 2 a 5 anos; 
• Épocas mais frequentes: férias escolares e 
verão (fim de tarde e começo da noite); 
Prevenção de acidentes: 
• Educação; 
• Ambiente; 
• Fortalecimento; 
 
FATORES DE RISCO PARA OCORRÊNCIA DE 
ACIDENTES DOMÉSTICOS 
• Baixa idade; 
• Sexo masculino; 
• Condições de moradia; 
• Baixa escolaridade dos pais; 
• Ambientes tensos; 
• Crises de raiva e agitação; 
 
ONDE OCORREM MAIS OS ACIDENTES 
DOMÉSTICOS 
1. Cozinha; 
2. Banheiro; 
3. Corredor; 
4. Escada; 
5. Quarto; 
6. Sala; 
 
RECOMENDAÇÕES GERAIS 
• Tomadas elétricas devem estar protegi-
das; 
• As janelas devem ser protegidas por gra-
des ou telas (se forem do tipo basculante, 
a abertura deve estar limitada a 10 cm 
com corrente); 
• Nenhum móvel deve estar em baixo das 
janelas para desestimular tentativas de es-
calada e evitar quedas; 
• Os móveis devem ter cantos arredonda-
dos para evitar lesões e traumas; 
• Não fumar dentro de casa e nunca na 
cama; 
• Cortinas não devem ter puxadores para 
evitar enforcamento e circulação; 
• As escadas devem ter portões ou cance-
las (em cima e em baixo) para evitar que-
das; 
RECOMENDAÇÕES NA COZINHA 
• Portão para impedir o acesso da criança; 
• Utilizar os queimadores (bocas) da parte 
de trás do fogão; 
• Os cabos de panela devem estar virados 
para dentro e para trás; 
• Objetos cortantes devem ficar fora do al-
cance; 
• Os materiais de limpeza devem estar em 
suas embalagens originais e fora do al-
cance, em armários altos e trancados; 
• Botijão de gás precisa ser mantidos fora 
da cozinha e as válvulas de liberação fe-
chadas; 
RECOMENDAÇÕES NO BANHEIRO 
• Armários contendo cosméticos, medica-
mentos, aparelhos elétricos devem ficar 
no alto e trancados; 
• O piso deve ser mantido seco, se tiver ta-
pete, que seja antiderrapante; 
• O ambiente precisa ser bem ventilado, 
sendo que se houver aquecedor a gás, 
ele deve passar por controle periódico; 
• Aparelhos elétricos não devem ser manti-
dos nas tomadas ou ligados após o uso; 
• A tampa do vaso sanitário deve ser manti-
da fechada e travada; 
 
 
 
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RECOMENDAÇÕES NO CORREDOR E NAS 
ESCADAS 
• Essas áreas devem ser mantidas constan-
temente iluminadas; 
• O piso deve ser antiderrapante, sem tape-
tes ou objetivos que atrapalhem a circula-
ção; 
RECOMENDAÇÕES NO QUARTO DA CRIANÇA 
• As camas devem ter larguras de 80 cm a 
1m, com proteções laterais e os espaços 
entre as grades devem ser de 5 a 7 cm 
para evitar que as crianças prendam a 
cabeça, mãos e pés; 
• Cuidados semelhantes devem ser toma-
dos com os beliches; 
• Cobertores e lençóis devem ser presos no 
pé da cama para evitar asfixia; 
• Evitar colocar TV e abajures; 
• Os brinquedos devem ser acondicionados 
em caixas com tampas removíveis. No ca-
so, os usados por crianças maiores preci-
sam ficar em prateleiras mais altas, longe 
dos menores; 
RECOMENDAÇÕES NO QUARTO DO CASAL 
• TV e outros aparelhos colocados devem 
ser instalados sobre móveis firmes e está-
veis; 
• Evitar usar a mesma tomada para dois ou 
mais aparelhos elétricos; 
• Medicamentos, perfumes e cosméticos 
devem ser guardados em armários altos e 
trancados; 
• Não fazer cama compartilhada com cri-
anças menores de 3 meses, em nenhuma 
hipótese; 
RECOMENDAÇÕES NA SALA DE JANTAR 
• O espaço para a circulação precisa ser 
suficiente para todos; 
• É importante serem mantidas em ordem; 
• Os aparelhos eletrônicos devem ser deixa-
dos fora do alcance das crianças; 
• Bebidas alcoólicas, fósforos e isqueiros pre-
cisam ser acondicionados em armários al-
to e trancado; 
• Os móveis devem ter pontas rombas, sen-
do que as mesas precisam ser firmes, de 
material inquebrável e não ter objetos e 
enfeites pequenos que podem ser engoli-
dos ou aspirados; 
• Evitar plantar ornamentais de fácil acesso; 
• As portas de vidro devem estar sinalizadas 
e mantidas fechadas; 
 
ASPIRAÇÃO DE CORPO ESTRANHO 
“A aspiração de corpo estranho é a entrada 
acidental de um objeto ou parte dele na via 
respiratória, causando obstrução parcial ou 
total da entrada de ar”. 
• Ocorre principalmente em bebês e crian-
ças pequenas (84% em menores de 5 
anos); 
• A gravidade dependerá do grau de obs-
trução que o objeto causou; 
• Engasgo, seguido de acesso de tosse, mui-
tas vezes acompanhada de lábios roxos 
(bastante sugestivo de aspiração); 
OBJETOS COMUMENTES ASPIRADOS 
• Alimentos: pipoca, nozes, amendoim, mi-
lho, feijão, salsichas e ossos ou fragmentos 
de ossos; 
• Peças de brinquedos; 
• Bolinhas, moedas, tampas de canetas, ta-
chinhas, pinos, clipes de papel; 
• Unhas, parafusos, balas; 
• Bexigas (geralmente fatal); 
“Brinquedos colocados à disposição devem 
ser suficientemente grandes, com pelo 
menos 3 cm de diâmetro e 6 cm de 
comprimento, para que não possam ser 
engolidos ou aspirados”. 
COMO IDENTIFICAR 
ENGASGO 
• Tosse reflexa; 
• Expulsar o objeto da via aérea; 
OBSTRUÇÃO INCOMPLETA 
• Dificuldade respiratória, ruidosa; 
• Lábios roxos, chiados; 
OBSTRUÇÃO COMPLETA 
• Não emite sons ou tosse; 
• Risco imediato de morte; 
 
 
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O QUE FAZER? 
MENORES DE 1 ANO 
 
• 5 batidas nas costas do bebê, entre as es-
cápulas; 
• 5 compressões abaixo do esterno; 
MAIORES DE 1 ANO 
 
RECOMENDAÇÕES 
• Acionar um serviço de emergência (se es-
tiver sozinho, sem acesso a um telefone 
celular, deixe a criança e vá até um tele-
fone, após, retorne rapidamente); 
• Colocar a criança deitada e fazer duas 
respirações boca a boca; 
• Mesmo expelindo o corpo estranho na 
manobra, levar a criança a um serviço de 
emergência; 
• Abrir a boca e ver se o objeto foi expelido. 
Se não, faça 30 compressões no tórax e 
abrir a boca novamente. Se o objeto tiver 
sido expelido, retire-o cuidadosamente 
com os dedos em forma de pinça e faça 
mais duas ventilações boca a boca. Re-
petir o procedimento até o socorro che-
gar ou a criança voltar a respirar; 
COMO PREVINIR 
• Ensinar a criança a não colocar pequenos 
objetos entre os lábios ou na boca; 
• Certificar-se de que os brinquedos estão 
em boas condições e são adequados à 
idade; 
• Comprar brinquedos adequados à idade 
de criança e certificados pelo INMETRO; 
• Oferecer alimentos bem cortados e em 
pequenas quantidades para evitar que a 
criança coloque muita comida na boca; 
• Ensinar a criança a mastigar bem seus ali-
mentos; 
• Não dar alimentos duros e crocantes (co-
mo pipoca, doces duros, amendoins, 
etc.), até que tenham pelo menos 4 anos 
de idade; 
• Ter muito cuidado com alimentos que pos-
sam se amoldar na via aérea (uva, toma-
te cereja); 
• Certificar-se de que a criança esteja acor-
dada e bem alerta antes de oferecer co-
mida; 
• Nunca dar ou deixar que a criança ou be-
bê se alimente deitado; 
• Não oferecer nada para a criança comer 
ou beber enquanto estiver andando, brin-
cando, falando, chorando, etc.; 
 
INTOXICAÇÃO EXÓGENA 
“Trata-se do aparecimento de sinais e 
sintomas devido ao contato com substâncias 
químicas que prejudicam o organismo das 
pessoas, podendo provocar danos graves e 
até a morte”. 
• Qualquer substância, se utilizadana quan-
tidade incorreta, de forma inadequada 
ou fora da data de validade pode causar 
intoxicação; 
• As crianças de 1 a 4 anos de idade são as 
mais afetadas; 
• Geralmente ocorre de forma acidental e 
no ambiente doméstico; 
AGENTES CAUSADORES DE INTOXICAÇÃO 
• Medicamentos, produtos de limpeza, inse-
ticidas; 
• Tintas, graxas, xampus, cremes e cosméti-
cos diversos; 
• Bebidas alcoólicas; 
• Contato com plantas tóxicas e animais 
peçonhentos, como cobra, aranhas, es-
corpiões, lacrais e abelhas; 
 
 
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SINAIS E SINTOMAS 
• Vômitos; 
• Salivação excessiva; 
• Sonolência, desorientação; 
• Dificuldade de respirar; 
• Desmaio; 
• Convulsão; 
• Lesão, queimadura ou vermelhidão na pe-
le, boca ou lábios; 
• Cheiro característico de algum produto 
na pele, roupa, piso ou objetos ao redor; 
• Alterações súbitas do comportamento ou 
do estado de consciência; 
COMO PREVINIR 
• Manter medicamentos em locais fecha-
dos e fora do alcance das crianças; 
• Não usar medicamentos vencidos ou sem 
orientação médica e, ao medicar uma 
criança, não dizer que é bala ou outra gu-
loseima; 
• Dar preferência a embalagens de medi-
camentos que tenham tampas de segu-
rança; 
• Não oferecer embalagens ou frascos con-
tendo medicamentos para uma criança 
brincar; 
• Guardar/armazenar produtos de limpeza 
em armários fechados e longe do alcan-
ce das crianças; 
• Nunca colocar remédios ou substâncias 
tóxicas em garrafas de refrigerante ou em 
embalagens de outros produtos; 
• Não comprar produtos de limpeza de ori-
gem clandestina (em embalagens PET ou 
reaproveitadas); 
• Não utilizar venenos para ratos (raticidas) 
na forma de iscas, pó ou granulado em 
locais onde a criança e animais e estima-
ção possam alcança-los e comê-los; 
• Procurar ter conhecimento da toxicidade 
das plantas e do local onde estão; 
• Não andar descalço em locais onde esses 
animais possam estar presentes; 
 
 
 
 
AFOGAMENTO 
“No mundo, todos os dias morrem cerca de 
480 crianças por conta de afogamento. No 
Brasil, trata-se da segunda maior causa de 
mortalidade em pessoas com idades de 5 a 
14 anos e a terceira maior causa de morte 
externa. Esse é um problema que poderia ser 
evitado com medidas de prevenção, pois 
89% dos casos são por falta de supervisão 
das vítimas”. 
• Crianças com menos de 5 anos e adoles-
centes com idade de 15 a 19 anos são os 
grupos de maior risco; 
• 2x mais comum em meninos; 
• Para se afogar, não é preciso estar em 
mar aberto: uma criança pode ser afogar 
em 5 – 8 cm de água dentro de 30 segun-
dos; 
COMO PREVINIR 
• Mantenha os ambientes seguros, com bal-
de, bacias, tanques, fora do alcance de 
crianças menores de 5 anos; 
• Mantenha tampas de vasos sanitários 
sempre abaixadas, de preferência com 
travas específicas; 
• Ensine seu filho a não fazer brincadeiras na 
água como “dar caldo”, a não fingir afo-
gamento e nem nadar sozinho; 
• Instale barreiras que controlem o acesso a 
reservatórios, como cercas em torno de 
piscinas; 
• Prefira escolas e creches sem piscinas ou 
lagos para crianças menores de 6 anos; 
• Ensine crianças a nadar (de preferência 
maiores de 6 anos, segundo OMS). Esco-
lha escolas de natação com professores 
qualificados; 
• Aprenda e treine as pessoas responsáveis 
por cuidar da criança a nadar, fazer res-
gate e realizar manobras de reanimação 
se necessário; 
• Ensine as crianças a respeitarem as placas 
de proibição de praias e piscinas; 
• No mar, fique longe de correntes; 
 
 
 
 
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ACIDENTES DE TRÂNSITO 
Os acidentes de trânsito são a principal 
causa de morte acidental de crianças e 
adolescentes com idades de 5 a 14 anos no 
Brasil. Em 2017, 817 crianças dessa faixa 
etária morreram vítimas de acidentes de 
trânsito e, em 2018, 8826 foram 
hospitalizadas, segundo o MS”. 
COMO PREVENIR 
• Nunca saia de carro com crianças sem 
usar o bebê conforto, a cadeirinha ou o 
assento de elevação, nem mesmo para ir 
só até a esquina. Esteja sempre atento, 
pois muitas colisões acontecem próximas 
a área de destino e origem ou em ruas 
com baixo limite de velocidade; 
• Só use o bebê conforto, cadeirinha ou 
assento de elevação que possuam o selo 
de INMETRO ou a certificação americana 
ou europeia; 
• Siga sempre o manual de instrução dos 
dispositivos de retenção veicular, certifi-
que-se que eles são apropriados a idade 
da criança e que se adaptem adequada-
mente ao veículo; 
• O cinto de segurança é projetado para 
pessoas com no mínimo 1,45 cm de altura, 
se a criança ainda não atingiu essa altura, 
ela precisa usar o assento de elevação 
para evitar que se machuque gravemen-
te em caso de acidente; 
• O airbag do passageiro pode machucar 
seriamente uma criança quando essa esti-
ver sentada no banco da frente, por isso, 
se for transportar uma criança em cami-
nhonete, desative os dispositivos; 
LEI DA CADEIRINHA 
• Até 1 ano: bebê conforto; 
• 1 – 4 anos: cadeirinha; 
• 4 – 7,5 anos: assento de elevação; 
• 7,5 – 10 anos: cinto de segurança no ban-
co traseiro; 
• Após 10 anos: já pode ser transportado no 
banco dianteiro, sempre com cinto de se-
gurança; 
 
QUEIMADURA 
Primeiros socorros: lave a parte queimada 
com água corrente. Não passe nada na 
queimadura e procura um médico. 
 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
 
• A cultura de violência enraizada nos mo-
dos de ser e agir, estará presente, tam-
bém, na maneira de cuidar de uma crian-
ça; 
• Agressões verbais são consideradas tam-
bém uma forma de violência contra a cri-
ança, que pode deixar sequelas por toda 
a vida do indivíduo; 
• Quanto maior a capacidade da família 
em cuidar bem de uma criança, maior se-
rá o seu potencial afetivo e cognitivo; 
INVESTIR NA PRIMEIRA INFÂNCIA É 
• Melhorar a qualidade da educação e da 
saúde; 
• Elevar a rendas das famílias; 
• Ajudar a diminuir o índice de criminalida-
de; 
• Incrementar os níveis de qualidade de vi-
da da população; 
• Construir políticas intersetoriais com alcan-
ce para atender as necessidades das fa-
mílias; 
 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
• Criado em 13 de julho de 1990; 
• Ampliação nos direitos da criança e do 
adolescente;

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