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DIREITO ADMINISTRATIVO II Improbidade Administrativa.

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Improbidade Administrativa
Lei nº 8.429/92
Conceito: “Improbidade Administrativa, em linhas gerais, significa servir-se da função pública para angariar ou distribuir, em proveito pessoal ou para outrem, vantagem ilegal ou imoral, de qualquer natureza, e por qualquer modo, com violação aos princípios e regras presidentes das atividades na Administração Pública, menosprezando os valores do cargo e a relevância dos bens, direitos, interesses e valores confiados à sua guarda, inclusive por omissão, com ou sem prejuízo patrimonial. A partir desse comportamento, desejado ou fruto de incúria, desprezo, falta de precaução ou cuidado, revelam-se a nulidade do ato por infringência aos princípios e regras, explícitos ou implícitos, de boa administração e o desvio ético do agente público e do beneficiário ou partícipe, demonstrando a inabilitação moral do primeiro para o exercício de função pública.” Wallace Paiva Martins Junior.
“A ação de Improbidade Administrativa é aquela em que se pretende o reconhecimento judicial de condutas de improbidade na Administração, perpetradas por administradores públicos e terceiros, e a consequente aplicação das sanções legais, com o escopo de preservar o princípio da moralidade administrativa.” José dos Santos Carvalho Filho
PROBIDADE X MORALIDADE
 
princípios constitucionais
 
	
improbidade – atos ilícitos: desonesto, imoral e ilegal
imoralidade – desleal, desonesto
 
Improbidade Administrativa compreende o ato de violação à moralidade administrativa e a todos os princípios da Administração Pública.
 
Ato de Improbidade Administrativa é todo aquele que, à custa da Administração e do interesse público,
- importa em enriquecimento ilícito
- causa prejuízo ao erário
- atenta contra os princípios da Administração Pública 
Constituição Federal 
Art. 14, § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
 
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
 
Art. 37, § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
 
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
V - a probidade na administração;
Competência Legislativa
Art. 22, I, da CF – competência da União. 
medidas tomadas em relação a improbidade reflete nas esferas civis e eleitoral 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
 
 
Art. 24, da CF – direito processual, competência concorrente. 
 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
XI - procedimentos em matéria processual; 
Natureza Jurídica: ilícito civil (indisponibilidade de bens, ressarcimento de danos, perda de função pública) 
Penal e Administrativo – sanções diversas. Ações diversas.
 
Ilícito político – para alguns doutrinadores admitem natureza política em razão das sanções de suspensão dos direitos políticos.
Uma conduta pode gerar: 	
- ação penal
- processo administrativo disciplinar
- ação civil (improbidade administrativa)
Sujeito Passivo do Ato de Improbidade
Sofre o ato de Improbidade 
 
Lei nº 8.429/92 - Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
        Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
Sujeito Ativo do Ato de Improbidade
Pratica o ato de improbidade
1-) Agente Público - agente político, particulares em colaboração com o poder público e agentes administrativos (servidores públicos, empregados públicos e agentes temporários) 
2-) Terceiro – não é agente público, mas induz ou concorre para o ato de improbidade ou dele se beneficia direta ou indiretamente. Só é punível se agiu com dolo
 
Lei nº 8.429/92 - Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
Agente Político
STF – não admite concorrência entre dois regimes de responsabilidade político-administrativo exclui, portanto a admissibilidade da ação de improbidade quando o sujeito ativo é agente político que responde pelo crime de responsabilidade (Presidente da República e Ministros de Estado), sendo aplicável apenas a lei nº 1.079/50. A CF, nos artigos 52, I e II e 102, I “c”, atribui expressamente a prática de crimes de responsabilidade. 
Crime de responsabilidade art. 1.079/50
Art. 52, I e II a art. 102, I, “c”, da CF
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; 
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; 
Modalidades de Atos de Improbidade – rol exemplificativo
1-) Atos de Improbidade que importam enriquecimento ilícito do agente; (art. 9º) 
- percepção da vantagem patrimonial ilícita obtida pelo exercício da função pública
- exige dolo e consumação da conduta
conduta comissiva
 ”Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:”
 
2-) Atos que causam prejuízo ao erário público; (art. 10º)
- ocorrência de dano ao patrimônio do sujeito passivo
- a conduta pode provocar dano ao erário sem que haja locupletamento indevido (dispensável a ocorrência de enriquecimento ilícito)
- pune-se pelo dolo ou culpa
- prova da demonstração do elemento subjetivo (dolo
ou culpa) e o dano causado ao erário.
conduta omissiva (art. 10, IX) ou comissiva (art. 10, I)
 ”Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:”
3-) Atos que atentam contra os princípios da Administração Pública; (art. 11)
- preservação dos princípios gerais da administração pública
- modalidade subsidiária
- pode não haver dano econômico ou enriquecimento ilícito
- exigência de dolo
condutas comissivas (art. 11, III) ou omissivas (art. 11, II)
“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:”
Sanções
Natureza Jurídica: natureza extrapenal, caráter de sanção civil
 
Art. 12, da lei nº 8.429/92
Inciso I – aplicável no caso de enriquecimento ilícito
Inciso II – incide quando de trata de atos que provoquem danos ao erário
Inciso III – aplicável no caso de vulneração a princípios administrativos
 
Modalidades: lei nº 8.429/92, art. 12
a-) perda de bens e valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio
b-) ressarcimento integral do dano
c-) perda da função pública- agentes políticos*
d-) suspensão dos direitos políticos
e-) pagamento de multa civil
f-) proibição de contratar com o Poder Público
g-) proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
Atos que geramenriquecimento ilícito
Atos que causam dano ao erário
Atos que atentam contra princípios administrativos
Perda da função pública
Perda da função pública
Perda da função pública
Indisponibilidade e perda dos bens adquiridosilicitamente
Indisponibilidade e perda dos bens adquiridosilicitamente
---------
Ressarcimento do dano
Ressarcimento do dano
Ressarcimento dodano (se houver)
Multa de até 3 vezes o que acresceu ilicitamente
Multa de até 2 vezes o valor do dano causado
Multa de até 100 vezes a remuneração do servidor
Suspensão dos direitos políticosde 8 a 10 anos
Suspensão dos direitos políticosde 5 a 8 anos
Suspensão dos direitos políticosde 3 a 5 anos
Impossibilidade de contratar com o Poder público nem de receber benefícios fiscais até 10 anos
Impossibilidade de contratar com o Poder público nem de receber benefícios fiscais até 5 anos
Impossibilidade de contratar com o Poder público nem de receber benefícios fiscais até 3 anos
Art. 37, § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
 
Aplicabilidade das Sanções
- princípio da proporcionalidade (extensão do dano causado e o proveito patrimonial obtido pelo agente)
- princípio da adequação punitiva
- aplicação de mais de uma sanção
 
 
- uma conduta que ofenda mais de um dispositivo = princípio da subsunção – a sanção mais grave absorve a menor
- várias condutas que ofenda mais de um dispositivo = as sanções poderão ser cumuladas
Declaração de Bens
Obrigatoriedade de apresentação da declaração de bens e rendas para o exercício de cargo, emprego e função (art. 13)
 
 
Procedimento Administrativo (art.14)
Qualquer pessoa pode representar à autoridade administrativa competente ou ao Ministério Público.
 
-autoridade administrativa: instaura procedimento administrativo e dá ciência ao MP e ao TC.
 
- Ministério Público: 
constata irregularidades - instaura inquérito civil 
não constata irregularidades – arquiva motivadamente
 
Inquérito Civil – procedimento investigatório. 
-Arquivamento
-Ação Civil Pública = Ação Civil de Improbidade Administrativa
 
*MP pode apurar o ato de improbidade de ofício, a requerimento da autoridade administrativa ou mediante representação.
Ação Civil de Improbidade Administrativa (lei nº 7.347/85)
 
Competência: juiz de 1º grau com jurisdição na sede da lesão. Não há prerrogativa de foro, exceção magistrados (no Tribunal ao qual esteja vinculado).
1-) notificação do acusado para apresentar defesa prévia (prazo 15 dias)
2-) juiz deverá: 	deferir a inicial (agravo)
				indeferir a inicial (apelação)
3-) se deferir a inicial cita o réu para presentar contestação e a ação segue o rito ordinário. 
* Em tutela cautelar o juiz poderá: determinar o afastamento preventivo do servidor; bloquear as contas; determinar a indisponibilidade dos bens ou determinar o sequestro dos bens
Legitimados ativos: Ministério Público e pacientes dos atos de Improbidade Administrativa (art. 1º), desde que legitimados no art. 5º, da lei nº 7.347/85.
Art. 5o  Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: 
        I - o Ministério Público;
        II - a Defensoria Pública *(ADI 3943);
        III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
        IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista
        V - a associação que, concomitantemente:
        a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
        b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. 
Objetivos: 	1-) declarar o ato de improbidade administrativa, responsabilizando o agente público que o praticou e, se houver, o terceiro com ele conluiado
			2-) decretar a punição dos réus com sanções civis, administrativas e políticas, bem como, conforme o caso, condená-los ao ressarcimento integral do dano efetivo causado por eles ao Erário e ao perdimento de bens ou valores acrescidos ilicitamente ao seu patrimônio.
 
Sentença: 	Declaratória (reconhece o ato praticado pelo agente)
			Constitutiva (anulação do ato ímprobo)
			Condenatória (aplicação da sanção)
Prescrição:
É imprescritível a ação de Ressarcimento de Dano causado ao Erário (art. 37, § 5º, da CF)
Ação Civil de Improbidade Administrativa contra:
a-) agente público eleito ou ocupante de cargo em comissão ou de função de confiança – 5 anos contado a partir do término do mandato ou do exercício funcional
 
b-) demais agentes públicos – prazo estabelecido em lei específica por faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público. Lei 8.112/90, art. 142, I – 5 anos a contar da data em que o fato se tornou conhecido (§1º, art. 142)
Prescrição em relação ao terceiro
Não há previsão legal. 
	*1ª corrente: aplica o mesmo prazo do agente público, vez que agiu em concurso.
	2ª corrente: aplicação do prazo de 10 anos do CC, como prazo genérico.
Em caso de morte do agente, as sanções pecuniárias se estendem aos herdeiros e sucessores do réu falecido, até o limite da herança transferida.
Mesmo após a aprovação das contas pelo Tribunal de Contas é possível a propositura da ação de improbidade, vez que poderá haver ato de improbidade sem dano ao erário.

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