Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Economia Política Aplicada Aula 4 Prof. Rodolfo dos Santos Silva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa inicial Olá, nesta aula você vai perceber que as transformações econômicas políticas e sociais ocorridas no final do século XIX foram impactantes sobre todo o século XX. Vai perceber que a Primeira Guerra Mundial, o enfraquecimento das economias e as punições impostas à Alemanha, impuseram ao mundo uma crise de consumo que foi acentuada pela grande depressão de 1929. A crise mundial quebrou inúmeras empresas e desempregou milhões de pessoas e novas teorias políticas e econômicas foram criadas para explicar esse fenômeno. Keynes foi o maior nome da economia do século XX e apresentou uma teoria que revolucionou o pensamento econômico e político. Antes de prosseguir, assista ao vídeo do professor Rodolfo em que ele comenta mais o que estudaremos aqui. Contextualizando A Segunda Guerra Mundial foi um acontecimento marcante e fundamental para a reconfiguração do território em âmbito mundial e para a divisão do mundo em dois grandes blocos econômicos: o socialista e o capitalista. As instituições multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, contribuíram para a reconstrução dos países destruídos pela guerra, que passaram a ser aliados do mundo capitalista e, por lado, a China apoiada pela URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em 1949, passou a ser um país socialista. Veja também o vídeo do professor Rodolfo em que ele contextualiza o que vamos aprender aqui. Acesse seu material virtual e confira! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Pesquise Tema 1: O século XX e suas transformações sociais, econômicas e políticas As transformações econômicas, políticas e sociais ocorridas no século XX, principalmente no campo teórico, são reflexos do que ocorreu no século XIX. Com a publicação do Manifesto Comunista em 1848, Marx prevê um fim próximo para o sistema capitalista, principalmente, devido aos seus vários ciclos de altos e baixos e, por sua concentração de riqueza nas mãos de poucos e grandes capitalistas. A previsão de Marx batia de frente com a ideologia dominante no período, o liberalismo econômico. Para os liberais, a economia tinha a capacidade de se autorregular: para toda produção haveria sempre um comprador. Nessa perspectiva, de um sistema autorregulador, muitos capitalistas investiram seus recursos no crescimento das estruturas fabris e comerciais, seja em papéis (ações), seja em mais produção. Os capitalistas, seguindo a teoria liberal, viam no Estado uma instituição que deveria manter-se afastada das ações econômicas, garantindo a lei, a ordem e a paz a quem detém o capital. Algumas mudanças tiveram importante significado para o desenvolvimento da Economia Política, principalmente o que ocorreu na Alemanha na segunda metade do século XIX. Tendo como sua principal base econômica o comércio e não a indústria, a Alemanha deu uma importante virada na sua história econômica e política, para a qual teve papel de destaque o estadista prussiano Otton Von Bismark (1815-1898), que uniu o povo de língua germânica em torno de uma nação imperial, o Império Alemão, depois de travar inúmeras batalhas por territórios com a Dinamarca, Áustria e França. De forma ditatorial e impetuosa, organizou o sistema industrial alemão, buscando a eficiência produtiva em curto período de tempo. No campo social, enfrentou com mãos de ferro seus opositores fechando inúmeras instituições, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 porém, contrário aos preceitos liberais de não intervenção do Estado na economia, cria algumas leis que vão contribuir para o desenvolvimento do capitalismo alemão como a lei de acidentes de trabalho, a lei que possibilita a organização dos trabalhadores em associações e sindicatos e a instituição de programas de ação social como seguro contra acidentes, doenças e invalidez. O professor Rodolfo vai explicar mais detalhes sobre o século XX e suas transformações sociais, econômicas e políticas. Acompanhe no seu material on-line. Outro alemão de grande destaque no período, para a economia e a política, foi Max Weber (1864-1920). Tendo sido influenciado pelas obras de Karl Marx, Weber, principalmente por entender como Marx que a sociedade capitalista concentra a riqueza e torna o trabalhador alienado, em sua obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo” (1904-1905), descreve o desenvolvimento da sociedade ocidental desde os seus princípios até o modelo industrial secular baseado no avanço da ciência e da engenharia efetivados pela relação custo-benefício e pela burocracia. Weber via no desenvolvimento do capitalismo importantes avanços no processo de produção, modernidade e racionalização, porém, percebia nele um sistema econômico extremamente desencantador, pois tinha suas bases no materialismo frio e calculista substituindo o lado intangível e cultural da sociedade, o que significou um grande retrocesso em âmbito social. As promessas de um capitalismo com alto desenvolvimento tecnológico apenas trouxe ganhos materiais estabelecidos pela eficiência das leis, normas e regras da burocratização e do Estado. Weber criticava o desencanto criado pelo sistema capitalista e sua burocracia crescente, entendia que ela seria a responsável pelas profundas mudanças sociais que afetam o comportamento dos indivíduos no sistema econômico, principalmente em relação às suas ações que são determinadas por outros que exigem uma busca gananciosa de todos por um emprego e uma situação econômica e financeira melhor, desprezando a moralidade e o social. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Esse modelo de sociedade burocrática é o preço que se tem de pagar pelos benefícios gerados pelo capitalismo. Em um modelo de sociedade mais avançada o nível de burocracia deverá ser tanto quanto a sociedade o possa suportá-la. Esse autor também percebia a existência de classes sociais economicamente diferenciadas, mas enxergava os diferentes estamentos sociais existentes desde aqueles forjados pela honra e prestigio, até aqueles ocupados pelas relações partidárias e políticas. A ideia da valorização das ações individuais e da cultura influenciaram a Escola de Frankfurt, da Universidade de Goethe - Alemanha. Weber afirmava que a racionalização levaria ao sistema capitalista sobressair-se como sistema econômico, discordando da tese de Karl Marx que seria um sistema econômico historicamente determinado à superação. Previu que no sistema capitalista a burocracia utilizada de forma moderada levaria a sociedade a ganhos de eficiência e eficácia, enquanto que o aumento da rigidez burocrática reduziria esses ganhos e tornariam mais difíceis a gestão. Agora, o professor Rodolfo vai falar mais sobre Max Weber, acesse seu material virtual e confira! Tema 2: Keynes e a teoria geral O século XX se inicia com um grande problema para a humanidade, a luta por território e poder movida pelas nações imperiais (França, Inglaterra e Alemanha) que culmina com a I Grande Guerra Mundial, além da intensificação da produção graças aos incrementos tecnológicos no processo produtivo e da sofisticação do modelo de gestão das empresas. Porém, a crença nas teorias liberais dos economistas clássicos e neoclássicos fez com que o Modo de Produção Capitalista e toda a sua classe dirigente se esquecessem dasleis econômicas de que para produzir há de se ter comprador, para se comprar há que se ter dinheiro, para se ter dinheiro é preciso ter trabalho e, com isso, se movimenta a economia. Não bastou produzir, não bastou ofertar créditos em excesso para CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 aquisição de ações na Bolsa de Valores se não havia onde empregar mais trabalhadores. A crise de 1929 atingiu todo o Modo de Produção Capitalista em todos os principais países do mundo. Segundo Singer (1989), no final dos anos de 1920, o capitalismo passa por uma de suas maiores crises, mas é em 1929 que o capitalismo sofre um grande golpe. É nesse ano que os EUA passam pelo seu mais forte momento da grande depressão e com ela o fim da economia de livre mercado, sem a participação efetiva do Estado. As empresas fecham as suas portas por falta de compradores, milhares de investidores desacreditados na economia correm para se desfazer das ações que possuíam, levando à quebra da Bolsa de Valores de Nova York e colocando em descrédito o sistema econômico liberal do Modo de Produção Capitalista. Saiba Mais: como ilustração, assista ao filme: Entendendo a crise de 1929, disponível no link a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=CuFXVtrkA1M A economia capitalista não dava sinais de que iria sair da crise, quando um economista inglês chamado John Maynard Keynes apresentou ao mundo a sua proposta de salvação para o sistema. Keynes refutava as ideias de Adam Smith e dos defensores da teoria liberal, argumentando sobre a necessidade da intervenção do Estado na economia para impulsionar os investimentos e assegurar o pleno emprego de recursos. Para Keynes, o Estado, preservando a autonomia da iniciativa privada, deveria participar como elemento essencial de investimento no sistema econômico. O Estado deveria injetar recursos para proporcionar o fortalecimento da iniciativa privada, investindo em infraestrutura e, principalmente, atuando em empreendimentos onde as empresas capitalistas não estivessem dispostas a investir. Para a teoria de Keynes, o papel a ser desempenhado pelo Estado na economia é, também, o de manter empréstimos para garantir o bom funcionamento do setor produtivo e do comércio, e CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 socorrê-los, caso houvesse necessidade. Keynes atribui à demanda a crise pela qual passou o capitalismo. De acordo com a teoria keynesiana, o Estado deve intervir como comprador dos serviços privados com o objetivo de ampliar a demanda para absorver o excesso de mercadorias produzidas. Keynes estabelece a divisão da economia em microeconomia e macroeconomia. A microeconomia tem por objeto o comportamento individual do consumidor e do produtor (a conduta da empresa é assemelhada à de um empresário individual) e prossegue na linha tradicional do liberalismo que, na teoria econômica, está encarnado na doutrina neoclássica ou marginalista. Para a microeconomia tradicional não existe desemprego involuntário. Só existe desempregado porque o trabalhador não está disposto a trabalhar por um salário menor, se o trabalhador se dispusesse a trabalhar por um salário menor haveria trabalho para todos. A macroeconomia tem por objeto a economia nacional como um todo. Vamos aprender mais sobre Keynes e sua teoria? Então, acesse seu material on-line e acompanhe o vídeo do professor Rodolfo em que ele explica detalhadamente esse assunto. Tema 3: Impactos da Segunda Guerra Mundial sobre a economia e a política A Segunda Grande Guerra Mundial influenciou determinantemente no Modo de Produção Capitalista, principalmente os fatos que levaram a esse trágico acontecimento para toda a humanidade. Resquícios de um conflito mal resolvido da Primeira Guerra Mundial, a crise de 1929 e principalmente as reestruturações econômicas e políticas estabelecidas a partir da década de 1930 foram os grandes determinantes do conflito. As severas punições estabelecidas no Tratado de Versalhes-França (1919) à Alemanha, que deveria indenizar os países aliados (vencedores) por todos os efeitos da Primeira Guerra, impondo ao povo alemão grandes CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 sacrifícios e também à sua já fragilizada economia, foi questionada por Keynes, representante da Inglaterra, que se opôs às imposições do Tratado. Esse economista britânico entendia que a Alemanha não teria como pagar pelos danos causados pela guerra, o que de fato ocorreu. A crise de 1929 provocou mudanças na configuração econômica mundial. O Estado passou a intervir no mundo dos negócios porque o mercado, que de acordo com os economistas políticos clássicos e neoclássicos se autorregulava, dificilmente iria conseguir resolver o problema do alto nível de desemprego, queda nos salários, baixa constante nos preços e na demanda por produtos. As intervenções estatais realizadas a partir da década de 1930, em muitos países com ditaduras e em outros com governantes que permaneceram à frente de seus países por mais de uma década, iniciaram uma marcha em busca da retomada econômica e por mercados que provocaram novamente a disputa por exploração de territórios e a culminação na Segunda Grande Guerra Mundial. No vídeo, disponível no seu material virtual, o professor Rodolfo comenta mais sobre a Segunda Guerra Mundial. Acesse e acompanhe! A reestruturação dos países iniciou-se na década de 1930, com a intervenção de ditaduras como a de Getúlio Vargas (Brasil), Mussolini (Itália), Hitler (Alemanha), Franco (Espanha) e até mesmo Roosevelt (EUA) iniciou o seu governo em 1933 e só o deixou após seu falecimento em 1945. Essas intervenções colocaram por terra as teorias liberais e contribuíram para o investimento estatal nas economias, aumentando o volume de produção e consequentemente a ampliação no número de trabalhadores contratados. Estando com o papel de investidor e ao mesmo tempo no papel de comprador dos bens e serviços realizados pelos setores produtivos e também de regulador do setor financeiro e das demais atividades econômicas, os Estados impuseram nova ordem econômica no mundo capitalista. É importante destacar que há uma reformulação na relação de trabalho no mundo capitalista. No Brasil, muitas medidas consideradas como avanços CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 no campo social ocorreram durante o governo de Getúlio Vargas, a partir de 1930, como a criação do Ministério do Trabalho; a possibilidade dos trabalhadores em sindicalizarem-se; o estabelecimento da jornada de trabalho de oito horas; a licença maternidade; a carteira de trabalho; concessão de férias e o pagamento de indenizações ao trabalhador que fosse mandado embora pelo empregador sem justa causa. Em 1939 foi criada a Justiça do Trabalho; em 1940, a Lei do Salário Mínimo e em 1° de maio de 1943, a CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas. Nesse período, Vargas ainda fundou a Companhia Siderúrgica Nacional, Companhia Mineradora Vale do Rio Doce e FNM – Fábrica Nacional de Motores, dando início às chamadas indústrias de base. Para entender melhor a reformulação da relação capital e do trabalho, assista ao vídeo do professor Rodolfo em que ele aborda esse assunto. Tema 4: As instituições multilaterais e seu papel no mundo contemporâneo A teoria keynesiana influenciou o desenvolvimento econômico no sistema capitalista. Os países, procurando garantir o pleno emprego, passaram a investir elevadas quantias na criação de infraestrutura de apoio às grandes corporações privadas. Assim, surgiram no Brasil a Petrobrás, a Telebráse outras tantas estatais consideradas de grande estratégia para o desenvolvimento do sistema capitalista. O crescimento da estrutura do Estado e seu poder de interferência na economia, aliados ao processo de inovação tecnológica, as rápidas mudanças no setor e a vontade do setor privado em se apropriar dos lucros auferidos pelo Estado com suas empresas estatais, até então consideradas estratégicas, proporcionou o resgate da teoria liberal com uma nova roupagem, trazida aos nossos tempos por Milton Friedman e Frederich Von Hayec, denominada de neoliberalismo. Antes mesmo do término da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos, prevendo que as forças aliadas já tinham como conquistar a vitória no CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 conflito, decidiu por chamar para o Estado de New Hampshire – EUA, na localidade de Bretton Woods a Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas, que foi realizada em julho de 1944. Essa Conferência foi chamada estrategicamente para traçar os rumos de como aconteceria o processo de reconstrução e as políticas econômicas e fiscais a serem colocadas em práticas após a Segunda Guerra. Liderados pelos Estados Unidos foram propostos uma série de acordos, dentre eles a criação do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento, que popularmente ficou conhecido como Banco Mundial, que além de ser o executivo do controle de empréstimos e de execução das atividades de reconstrução dos países, também controlaria a relação da moeda norte- americana com as moedas locais dos países a serem reconstruídos. Para reunir os recursos do Banco Mundo, foi criado o FMI – Fundo Monetário Internacional que tinha como objetivo reunir através de contribuições dos países-membros os recursos necessários a serem aplicados nessa reconstrução. Nessa Conferência ficou acordo, sob protestos de Keynes (representante britânico na Conferência), de que a moeda de aceitação e transação internacional deixaria de ser a Libra Esterlina (Moeda inglesa) e passaria a ser o Dólar (Moeda americana). Após o término da Segunda Guerra Mundial, foi iniciado o processo de reconstrução dos países destruídos pelo conflito e uma nova configuração geográfica se estabeleceu entre o mundo socialista e o mundo capitalista, o que provocou a chamada Guerra Fria. A disputa por territórios de poder e de comercialização e sustentação dos sistemas econômicos deu início a uma série de transformações econômicas e políticas em todo o mundo. Em 1949, ocorreu a grande Revolução Chinesa. O país de maior população do mundo se tornou socialista e pôs em marcha um Plano Quinquenal que promoveu um aumento significativo na produção para o qual se impôs programas de produção em massa na agricultura, na indústria e infraestrutura. Em 1966, liderados por Mao CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Tsé-Tung, foi implantada a revolução cultural na China, que teve como objetivo “limpar o país” das influências burguesas, muitos foram reeducados nos moldes do socialismo chinês e outros foram condenados a trabalhos forçados. Por outro lado, no mundo capitalista foi colocado em prática em 1947, o Plano Marshall, um programa de recuperação dos países destruídos pela guerra na Europa, pensado e proposto pelo secretário de Estado norte- americano George C. Marshall, executado entre os anos de 1948-1951, sob o controle dos Estados Unidos os recursos, a política fiscal e monetária, reunindo 16 países que fundaram a Organização para a Cooperação Econômica Europeia, encarregada dos tramites dessa recuperação. Os países mais beneficiados com esse Plano foram a Inglaterra, a França, a Alemanha Ocidental e a Itália. Após seu término em 1952, o Programa continuou sendo executado e controlado pelo Governo norte- americano, que pôs em marcha a Doutrina Truman, que tinha por objetivo evitar a expansão socialista sobre a Europa. O Plano Marshall conseguiu atingir seus objetivos de reconstrução da Europa e ainda abriu caminho para o capital norte-americano penetrar no Continente Europeu. O FMI – Fundo Monetário Internacional, apesar ter sido criado na Conferência Monetária Internacional de Betton Woods - EUA, em 1944, é uma instituição multilateral especializada da ONU – Organização das Nações Unidas, com sede em Washington nos Estados Unidos. É uma instituição que tem em seus quadros de associados quase todos os países industrializados do mundo capitalista. Cada país contribui com uma parte para a composição dos recursos do FMI. Uma de suas funções, para o qual foi criado, é controlar a paridade monetária das moedas dos países com o ouro, tendo a moeda americana como referência no mundo capitalista. O FMI também é utilizado como um fundo aos quais os países podem recorrer de acordo com os problemas econômicos, detectados pelos agentes do Fundo, nesses países. O Fundo atua como propositor de medidas que podem ser adotados pelos países para melhoria de suas economias. De CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 acordo com Sandroni (2007, p. 348), quando há solicitações de auxílios por parte dos países, “o FMI oferece assistência, fiel a uma política do tipo monetarista (taxa cambial única e fixa, moeda conversível, corte nos gastos públicos, contenção salarial etc.), que nem sempre atende aos interesses dos países”. A CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina é um órgão regional das Nações Unidas, ligado ao Conselho Econômico e Social; foi criado em 1948 com o objetivo de elaborar estudo e alternativas para o desenvolvimento dos países latino-americanos. Tem sede em Santiago do Chile, promove uma conferência a cada dois anos para debater seus projetos e analisar a situação dos países-membros. Os primeiros estudos da Cepal caracterizaram a América Latina como região fornecedora de produtos primários e consumidora de produtos industrializados vindos do exterior. Identificaram o atraso como sendo culpa da exploração econômica por parte de seus colonizadores e apontaram o Tratado de Methuen (Inglaterra e Portugal) em 1703, como uma das causas do não desenvolvimento econômico. Buscando a superação desse quadro de subdesenvolvimento, formou-se no organismo um quadro de especialistas, renomados dos países da região (economistas, administradores, sociólogos) que, trabalhando numa direção comum, tornaram-se conhecidos como integrantes da Escola da CEPAL. Os técnicos da CEPAL (entre eles, Raul Prebisch – o grande inspirador da Comissão –, mas também, Celso Furtado, Felipe Herrera, Oswaldo Sunkel) defenderam a necessidade de promover a industrialização da América Latina e a diversificação geral de sua estrutura de produtiva. Nesse sentido, propuseram medidas para uma melhor distribuição de renda, reorganização administrativa e fiscal, planejamento econômico, reforma agrária e formas de colaboração entre os países para superar as deficiências concorrenciais no mercado internacional. Além disso, a Cepal elaborou programas educacionais e de saúde CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 pública, energia e transporte. Em 1984, a CEPAL passou a incorporar em suas metas os países caribenhos e iniciou um processo de promoção na região do desenvolvimento social. Além dos países da América Latina e Caribe, fazem parte da Cepal o Canadá, a França, o Japão, Países Baixos, Portugal, Espanha, Reino Unido, Itália e EUA. Atualmente, ministra cursos de formação nas diversas áreas do planejamento e presta assessoria técnica aos governos. As principais teorias da Escola da Cepal têm sido criticadas por tentarrepetir, num quadro histórico e econômico bastante diverso, os caminhos percorridos pelas nações industrializadas no século XIX. Assista ao vídeo, disponibilizado no seu material on-line, em que o professor Rodolfo fala mais sobre as instituições multilaterais e seu papel no mundo contemporâneo. Trocando ideias Discuta com seus colegas qual é o impacto dos acontecimentos que vimos na aula de hoje, principalmente decorrente da crise de 1929, no cenário atual do nosso país em relação à economia. Na prática Verifique quais são os projetos financiados pelo Fundo Monetário ou pelo Banco Mundial na sua Cidade ou Estado. Que tipo de projetos foram financiados? Que benefícios trouxeram para a população? Síntese O conteúdo apresentado nesta aula nos trouxe os acontecimentos do final do século XIX e do século XX que impactaram sobre as transformações econômicas e políticas. Dentre os assuntos, estão referenciadas as mudanças na passagem da Prússia para o Império Alemão na segunda metade do século XX, o grande conflito da Primeira Guerra Mundial e a Depressão de 1929. Também se destacou a presença do Estado na economia a partir da década de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 1930 e os reflexos dessa presença na teoria econômica de John Maynard Keynes. Vimos, ainda, que a Segunda Grande Guerra Mundial e a guerra fria entre os EUA – Estados Unidos da América e a URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas mudaram a configuração econômica e geográfica do mundo. Assista ao último vídeo desta aula para você relembrar o que mais estudamos aqui. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Referências ARAÚJO, Carlos Roberto Vieira. História do pensamento econômico: uma abordagem introdutória. São Paulo: Atlas, 2006. FRANCO JUNIOR, Hilário e CHACON, Pulo Pan. História econômica geral. São Paulo: Atlas, 1992. GALBRAITH, John Kenneth. O pensamento econômico em perspectiva. São Paulo: Edusp, 1989. HUNT, E. K. e SHERMAN, HOWARD, J. Sherman. História do pensamento econômico. Petrópolis: Vozes, 1977. HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. MAGALHÃES FILHO, Francisco de B. B. História econômica. São Paulo: Saraiva, 1987. MARX, Karl. Manuscritos econômicos-filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2004. PETTY, William. Obras econômicas. Coleção: Os economistas. São Paulo: Nova Cultural, 1996. QUESNAY, François. Quadro econômico dos fisiocratas. Coleção: Os economistas. São Paulo: Nova Cultural, 1996. REZENDE, Cyro. História econômica geral. São Paulo: Contexto, 2001. SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do Século XXI. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2007. SMITH, Adam. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. Coleção: Os economistas. São Paulo: Nova Cultural, 1996. VASCONCELLOS, Marco A. S. e GARCIA, Manuel E. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva, 2014. WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. Rio de Janeiro: Martin Claret, 2001.
Compartilhar