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Art 137 a 145 CP

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Crimes em Espécie I
Art. 137 - 145
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Rixa
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
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O tipo penal previsto no artigo 137 trata da luta tumultuosa que tem entre si ao menos três pessoas, gerando vias de fato ou lesões corporais.
Os ataques devem ser contra todos, não se tolerando o avanço de duas pessoas contra um terceiro sob pena de incorrer em lesões corporais ou vias de fato em concurso de agentes.
Constitui-se o crime através da realização do verbo previsto no tipo penal – participar – podendo, ser de forma material ou moral.
A participação material diz respeito aos que efetivamente tomam parte no banzé, enquanto a participação moral é relativa àquele que estimula os demais a entrarem na contenda. Via de regra esta participação é comissiva, podendo, entretanto, ser comissiva quando havia o dever de agir.
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Objeto jurídico – Trata-se da vida e saúde das pessoas envolvidas na rixa. A rixa é um crime de dano para o indivíduo e de perigo para a coletividade (incolumidade pessoal)
Objeto Material – É o participante da rixa.
Sujeito ativo e passivo- por ser um crime de multidão (ou concurso necessário) existe a participação de no mínimo três pessoas, bastando que apenas uma seja imputável. Por ser crime de condutas contrapostas, os participantes são, ao mesmo tempo, sujeitos ativos de suas condutas e passivos em relação aos demais.
Elemento subjetivo – é o dolo de perigo, inexistindo motivação específica e forma culposa, consumando-se tão somente com a prática de vias de fato ou lesões recíprocas.
Tentativa – É possível apenas na rixa preordenada, tendo em vista que a subitânea ocorre de improviso.
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Rixa qualificada
Encontra-se aqui um exemplo de responsabilidade penal objetiva, em que havendo um resultado mais danoso (qualificador), todos os participantes da rixa deverão perceber a pena mais gravosa. (ver item 48 da Exposição de motivos da Parte Especial do CP).
Morte e lesão corporal grave e rixa qualificada
Rixa e legítima defesa
Rixa, legítima defesa e lesão corporal ou homicídio
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Crimes contra a honra
Os crimes contra a honra no Código Penal tem caráter subsidiário, apenas sendo aplicados quando da inexistência de previsão em legislação extravagante. (Código Penal Militar, Lei de Segurança Nacional e Código Eleitoral)
A honra é o conjunto de qualidades físicas, morais e intelectuais da pessoa, representando fonte de respeito social e auto estima. Trata-se de direito constitucionalmente tutelado através do artigo 5º, inciso X da CF.
Honra objetiva – é o modo pelo qual a sociedade tem a pessoa, envolvendo suas qualidades físicas, morais e intelectuais, ou seja, a reputação da pessoa.
Honra subjetiva – é o juízo interno, o sentimento que cada pessoa possui acerca dos seus atributos – qualidades.
	Honra dignidade – diz respeito às qualidades morais;
	Honra decoro – qualidades físicas e intelectuais.
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Honra
Objetiva
Subjetiva
Calúnia 
Difamação
Injúria
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 Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
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A calúnia é, por si só, uma difamação qualificada, atingindo a honra objetiva da pessoa por meio de imputação falsa de cometimento de crime (e não contravenção penal)
A calúnia deve ser objetiva, indicando concretamente o fato ocorrido como crime, e a participação efetiva do caluniado. O crime falsamente imputado pode ser doloso ou culposo, punido com reclusão ou detenção, de ação privada ou pública.
*falsamente fato definido como crime:
	Falsidade sobre o fato – o crime não ocorreu;
	Falsidade sobre a pessoa – o crime aconteceu mas a pessoa não 	participou.
E se lei posterior deixa de considerar o fato como crime?
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Forma de calúnia –
Inequívoca ou explícita – ofensa irrogada diretamente, não deixando dúvidas quanto ao ânimo de atacar a honra.
Equívoca ou implícita – a ofensa é indireta, não referindo-se ao crime diretamente, mas sim aos efeitos deste.
Reflexa- a ofensa é espelhada na conduta de outro. Ex. sujeito que oferece dinheiro ao policial. Imputa-se ao policial a corrupção passiva enquanto refere-se à corrupção ativa da outra parte.
Consumação – Se dá com a ofensa à honra objetiva, com o conhecimento por terceiro.
Tentativa – Não é admissível na modalidade verbal porém, pode ser levantada quando a ofensa for irrogada por meio diverso (escrito, gravado).
Calúnia e denunciação caluniosa – Art 137 e 339 do CP.
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Exceção da verdade
Para a existência da calúnia é necessária a falsa imputação de fato definido como crime, ou seja, se a imputação for verdadeira não subsiste o tipo penal.
Existindo uma presunção de falsidade, existe a possibilidade de prova em contrário. Já que os crimes contra a honra buscam proteger pessoas de “bem”, não há que se falar em proteção de honra objetiva de criminosos, motivo pelo qual espera-se a averiguação dos fatos.
A exceção de verdade é incidente processual prejudicial, constituindo medida de defesa indireta.
Exceções:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
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Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
      
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Protegendo a honra objetiva, a difamação consiste na imputação de fato ofensivo à pessoa, que não precisa ser criminoso.
Objeto Jurídico – honra objetiva
Objeto Material – pessoa que tem a honra atacada.
Consumação – por tratar-se de honra objetiva, consuma-se quando terceira pessoa toma conhecimento da ofensa.
Tentativa – Não é admissível na modalidade verbal porém, pode ser levantada quando a ofensa for irrogada por meio diverso (escrito, gravado).
Exceção da verdade – Como não se fala em fato “falso”, em regra, não há que se falar em exceção de verdade, contudo, esta é aceita quando o ofendido é funcionário público e a ofensa é em razão de sua função. Deve-se isto à função pública exercida e na necessidade de fiscalização pela população do bom andamento dos trâmites comuns.
Exceção de notoriedade – Artigo 523 do CPP
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Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
 § 3o Se a injúria consiste na utilização de
elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:      
Pena - reclusão de um a três anos e multa.   
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A Injúria diz respeito à ofensa irrogada contra a pessoa, feriando a honra subjetiva, ou seja, o modo como esta pessoa se vê em relação aos demais, sua autoconfiança.
Não é necessária a imputação de fato ou de crime, bastando a simples ofensa, ofendendo a dignidade (elementos morais) ou o decoro (elementos físicos ou intelectuais)
Na queixa-crime deve estar presente a descrição das ofensas proferidas, exatamente da forma como ocorreram.
Objeto Jurídico – Honra subjetiva
Objeto Material – Pessoa contra quem a ofensa foi irrogada
Consumação - Por tratar-se de honra subjetiva, consuma-se quando a vítima toma conhecimento da ofensa, pouco importanto se chegou ao conhecimento de terceiro.
Tentativa – Não é admissível na modalidade verbal porém, pode ser levantada quando a ofensa for irrogada por meio diverso (escrito, gravado).
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Perdão Judicial – Constitui causa extintiva de punibilidade , por meio de sentença declaratória de extinção de punibilidade (súmula 18 do STJ).
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
Injúria real – quando a injúria é acompanha de violência ou vias de fato, ou quando a agressão, por sua natureza (ex. rasgar a saia de uma mulher) ou pelo meio empregado (ex. atirar fezes na pessoa), torna-se aviltante (humilhante) - cria-se um concurso material obrigatório, em que as partes deverão responder pelos crimes cometidos.
Injúria qualificada –   Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Injúria X desacato (art 331 do CP) – Para o desacato a ofensa deve ser irrogada em razão do exercício funcional e na presença do funcionário.
Injúria e HIV – Artigo 1º da Lei 12.984/2014.
Honra subjetiva – capacidade de discernimento. 
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Disposições comuns
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.       
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
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 Exclusão do crime
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; (ver artigo 7º, §2º, da Lei 8.906/94).
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
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Retratação
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Parágrafo único.  Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.     
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único.  Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.

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