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O PAPEL DO FARMACÊUTICO NA ATENÇÃO 
DOMICILIAR 
 
Roberta da Silva Olmedilha¹, Alessandra Mara S. Cappelaro1 
 
¹Universidade Anhanguera de São Paulo – UNIAN-SP, São Paulo, SP, Brasil. 
Endereço para correspondência 
Roberta da Silva Olmedilha 
Rua Maquiavel, 78 - 09060-780 Santo André, SP, Brasil. 
Fone: +55-11-44214160 
email: roolmedilha@yahoo.com.br 
RESUMO 
A Atenção Domiciliar (Home Care) é uma modalidade de prestação de serviços na área da saúde que 
envolve pacientes idosos, portadores de síndromes e patologias degenerativas ou crônicas e pacientes em 
fase terminal, onde os cuidados acontecem num ambiente extra-hospitalar, ou seja, na residência. Nesse 
contexto, o profissional farmacêutico é de suma importância, pois além das atividades administrativas 
também desenvolve a responsabilidade técnica voltada para o controle, distribuição e dispensação de 
medicamentos, acompanhamento farmacoterapêutico voltado para a prescrição dos medicamentos, ou 
seja, verificar possíveis problemas relacionados aos medicamentos, reações adversas, interações 
medicamentosas e evolução do quadro clínico do paciente de acordo com a terapia medicamentosa 
escolhida. A visita domiciliar pode ser entendida como o atendimento realizado por um profissional ou 
equipe de saúde na residência do usuário, com o objetivo de avaliar suas necessidades, de seus familiares e 
do ambiente onde vive, a fim de estabelecer um plano assistencial voltado à recuperação ou reabilitação. 
No momento da visita domiciliar, o processo de atenção farmacêutica domiciliar é muito importante, pois 
engloba todas as práticas da atenção farmacêutica, tendo como diferencial a realização de um plano de 
adesão totalmente adaptado aos fatores sociais e familiares em que o usuário está inserido. O principal 
objetivo deste artigo é demonstrar, através do levantamento de dados bibliográficos dos últimos 20 anos, a 
importância do profissional farmacêutico na Atenção Domiciliar, dedicada aos usuários de medicamentos e 
seus cuidadores, em um ambiente extra-hospitalar, visto que é uma área da saúde ainda pouco conhecida e 
em fase de crescimento em nosso país. 
Palavras-chave: Atenção domiciliar, visita domiciliar, atenção farmacêutica domiciliar, assistência 
farmacêutica, medicamentos. 
 
ABSTRACT 
Home Care is a mode of service delivery in health care involving elderly patients, syndromes and chronic 
and degenerative diseases or terminal patients, where care happens in a non-hospital environment, ie, at 
the residence. In this context, the pharmacist is extremely important, because besides the administrative 
activities also develops technical responsibility focused on the control, distribution and dispensing 
medications, monitoring pharmacotherapeutic facing the prescription of drugs, ie, potential problems 
related to drugs, adverse reactions, drug interactions and clinical evolution of the patient according to the 
drug therapy of choice. Home visits can be understood as a service performed by a health professional or 
team at the residence of the user, in order to assess their needs, their families and the environment where 
they live, in order to establish a care plan focused on recovery or rehabilitation. At the home visit, the 
process of pharmaceutical care home is very important, because it includes all practices of pharmaceutical 
care, having the distinction of holding a membership plan fully adapted to social and family factors on which 
the user is located. The main objective of this paper is to demonstrate, through the analysis of bibliographic 
data of the last 20 years, the importance of the pharmacist in Home Care, dedicated to drug users and their 
careers in an environment outside the hospital, since it is an area of health that is still little known and is 
growing in our country. 
 
Key-words: Home care, home visit, pharmaceutical care home, pharmaceutical care, medicines. 
RPIF 
 2013 
 05 
Olmedilha e Cappelaro/Rev. Pesq. Inov. Farm. 5(1), 2013, 31-37. 
 32 
INTRODUÇÃO 
 
A Atenção Domiciliar é uma modalidade de 
prestação de serviços na área da saúde, onde os 
cuidados aos pacientes acontecem fora do 
ambiente hospitalar, porém com todas as 
exigências previstas para uma melhor qualidade 
de vida na sua recuperação (Leme, 2003). 
 O farmacêutico é o profissional da saúde 
que entra em contato com o paciente nos 
intervalos das consultas, antes mesmo de se 
iniciar a terapia medicamentosa (Planas et al., 
2005). 
 A facilidade de acesso ao farmacêutico, 
sua formação técnica com um amplo 
conhecimento sobre medicamentos e, a 
necessidade de seu melhor aproveitamento 
enquanto profissional da saúde, permite que o 
mesmo faça parte de uma equipe multidisciplinar 
(Dader, 1999). 
 É preciso que o profissional tenha 
competência técnica para construir um processo 
racional que considere tanto as questões 
farmacotécnicas e farmacológicas do 
medicamento quanto às questões terapêuticas, 
clínicas e humanísticas, trazendo contribuições ao 
processo de promoção da saúde (Magalhães e 
Carvalho, 2003). 
 A presença do farmacêutico atuando 
juntamente com a equipe multidisciplinar é de 
fundamental importância para um tratamento 
farmacoterapêutico eficiente, pois engloba os 
serviços de Atenção Farmacêutica, Assistência 
Farmacêutica, Farmacovigilância, Farmácia Clínica 
e Auditoria Farmacêutica (Planas et al., 2005). 
 O modelo de prática profissional que 
atende a esses objetivos é a Atenção 
Farmacêutica, que propõe ao farmacêutico um 
método que lhe permite padronizar sua prática 
clínica e realizar intervenções centradas nos 
pacientes, baseadas em um processo racional de 
tomada de decisões relacionadas à terapia 
farmacológica (Ramalho de Oliveira, 2003). 
 A Atenção Farmacêutica tem como 
objetivo prevenir e resolver os Problemas 
Relacionados a Medicamentos (PRM’s), com 
característica de ser um procedimento centrado 
no paciente e não somente no medicamento, é 
quando o farmacêutico assume responsabilidades 
no cuidado com o paciente (Cipolle et al., 1998). 
A proposta do Consenso Brasileiro de Atenção 
Farmacêutica (2002), também definiu que a 
Assistência Farmacêutica e a Atenção 
Farmacêutica são conceitos distintos. O Consenso 
estabeleceu que a Atenção Farmacêutica 
estivesse inserida nas atividades específicas do 
farmacêutico no âmbito da atenção à saúde, 
enquanto a Assistência Farmacêutica envolve um 
conjunto mais amplo de ações, com 
características multiprofissionais e enfoque em 
equipes multidisciplinares (Opas, 2002). 
 Na Atenção Farmacêutica Domiciliar, 
todas as ações construídas com o paciente, com o 
intuito de alcançar o objetivo terapêutico, são 
registradas incluindo a educação em saúde, 
encaminhamento a outros profissionais da saúde, 
intervenções na farmacoterapia, medidas não 
farmacológicas como incentivo à atividade física e 
à reeducação alimentar (Barros, 2005). O 
farmacêutico deverá elaborar, em todas as visitas 
domiciliares, um plano de cuidado com resultados 
positivos e negativos do tratamento 
farmacológico, possibilitando ao paciente 
participar de decisões terapêuticas, saber mais 
sobre sua doença, obter maiores informações e, 
conseqüentemente, cumprir melhor seu 
tratamento e obter melhores resultados (Zelmer, 
2001; Paulos, 2002). 
 Neste artigo de revisão utilizaremos a 
terminologia Home Care, em substituição à 
Atenção Domiciliar, pois apesar de ser uma 
palavra em inglês, é mais comumente utilizada. 
 
 
MATERIAL E MÉTODOS 
O material bibliográfico utilizado no presente 
estudo resultou de pesquisas em artigos 
científicos, teses, dissertações, monografias, 
pesquisas por meio de sites e manuais da 
biblioteca da Uniban Anhanguera Educacional, 
revisados nos últimos 20 anos. Para isso, foram 
utilizadas as seguintes palavras-chave: atenção, 
assistência, medicamentos,ética e importância do 
farmacêutico, utilizando a ferramenta de busca 
das bases de dados Bireme, Lilacs e Scielo. 
 Cada trabalho acessado foi analisado 
buscando em cada leitura os consensos quanto à: 
- redução no índice de erros no armazenamento 
de medicamentos; 
- redução no índice de erros na administração de 
medicamentos; 
- redução dos estoques que evita perdas e 
desvios; 
Olmedilha e Cappelaro/Rev. Pesq. Inov. Farm. 5(1), 2013, 31-37. 
 33 
- maior interação do profissional Farmacêutico na 
Equipe Multidisciplinar. 
 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Os serviços de home care foram iniciados a mais 
de um século nos Estados Unidos através das 
Enfermeiras Visitantes da Cruz Vermelha, porém 
sua expansão foi prejudicada devido à falta de 
exigências e legislações para desempenhar esse 
tipo de atendimento. Somente na década de 1980 
passou a ser uma ferramenta para a redução de 
custos e uma alternativa para a internação 
hospitalar. 
 No Brasil, essa modalidade encontra-se 
em fase de crescimento até hoje, com o 
surgimento de leis que regulamentam essa 
atividade e profissionais cada vez mais 
capacitados para desempenhar suas funções. 
 
Atenção domiciliar 
 
A Atenção Domiciliar (Home Care) é uma 
modalidade contínua de serviços na área da 
saúde, onde suas atividades são dedicadas aos 
pacientes/clientes, familiares e cuidadores em um 
ambiente extra-hospitalar. Tem como objetivo 
promover, manter e/ou restaurar a saúde, 
aumentando o nível de independência do 
paciente/cliente, enquanto diminui os efeitos 
debilitantes das várias patologias e condições que 
gerencia (Leme, s.d.). 
 É o atendimento de saúde realizado no 
domicílio do paciente. Uma excelente alternativa, 
tanto para casos simples (banhos, curativos), 
como para os procedimentos mais complexos, 
classificados como internação domiciliar. Conta 
com os profissionais necessários para esse tipo de 
assistência: médicos, enfermeiros, nutricionistas, 
fisioterapeutas, fonoaudiólogos, farmacêuticos e 
outros especialistas, compondo o que chamamos 
de equipe multiprofissional. Essa gama de serviços 
é desenhada para atender às demandas dos 
pacientes/clientes com qualidade e segurança, 
criando um vínculo de confiança entre a equipe, o 
paciente/cliente e sua família (Dal Ben, s.d.). 
 Da equipe multiprofissional do Home Care 
se exige conhecimento científico, experiência 
profissional e competência técnica, bem como 
habilidade nas relações interpessoais para lidar 
com as emoções e valores dos pacientes/clientes 
e familiares. A equipe possui um papel 
fundamental no atendimento domiciliar, devendo 
conhecer a situação real do paciente, 
aproximando familiares, esclarecendo as dúvidas, 
propiciando conforto e ajudando na reabilitação 
do paciente. Todos devem participar desta 
situação, que é nova para os familiares. Além 
disso, é preciso ter a prerrogativa de educar os 
envolvidos neste processo, tanto o 
paciente/cliente quanto seus familiares, para que 
se obtenha uma resposta mais adequada ao 
tratamento, possibilitando assim o sucesso dos 
serviços, com uma maior integração (Galvão e 
Pinochet, s.d.). 
 Os serviços de Home Care abrangem 
quatro modalidades diferentes de atenção 
domiciliar à saúde: atenção domiciliar, 
atendimento domiciliar, internação domiciliar e 
visita domiciliária. Essa divisão é baseada na 
Resolução RDC nº 11, de 26 de janeiro de 2006 e 
em documento publicado pelo Ministério da 
Saúde no ano de 2004 (Brasil, 2006). 
 
Historia do Home Care 
 
A prática do Home Care é muito natural nos EUA 
há mais de um século, pois está associado a 
conforto, compaixão e segurança, já que os 
cuidados com o paciente acontecem em suas 
residências, deixando com que a família 
acompanhe todo o processo de recuperação mais 
de perto (Leme, s.d.). 
 Na França, a internação domiciliar é uma 
alternativa assistencial do setor de saúde que 
consiste em um modelo organizado capaz de 
dispensar um conjunto de cuidados e atenção 
para pacientes/clientes em seu domicílio, que não 
necessitam da infra-estrutura hospitalar, mas 
precisam de vigilância ativa e assistencial 
completa (Nogueira et al., 2000). 
 O pioneiro em atendimento domiciliar no 
Brasil foi o Hospital do Servidor Público Estadual 
de São Paulo em 1967, com o objetivo principal de 
reduzir o número de leitos ocupados. Para tanto, 
foi implantado um tipo restrito de atendimento 
domiciliar, englobando os cuidados de baixa 
complexidade clínica. Mas somente em 2002 a Lei 
nº 10.424 regulamentou a assistência domiciliar 
no Sistema Único de Saúde. Apesar desta 
experiência, foi apenas no início da década de 90 
que o setor privado começou a reconhecer a 
importância deste serviço com a criação das 
primeiras empresas focadas em internação 
Olmedilha e Cappelaro/Rev. Pesq. Inov. Farm. 5(1), 2013, 31-37. 
 34 
domiciliar, contando com o apoio logístico de 
equipamentos, materiais, medicamentos e 
profissionais especializados (Galvão e Pinochet, 
s.d.). 
 A primeira empresa privada deste 
segmento foi fundada em 1986 no Rio de Janeiro, 
porém atuava com exclusividade para o Plano de 
Saúde Amil. Nos anos seguintes foram fundadas 
empresas em São Paulo, Porto Alegre e Curitiba, 
que não tinham exclusividade com nenhum plano 
de saúde. Também foi o início da implementação 
de leis que regulamentam o setor e a criação da 
Associação das Empresas de Medicina Domiciliar – 
ABEMID (Leme, s.d.). 
 Em 1996 foi criado o NADI (Núcleo de 
Assistência Domiciliar Interdisciplinar) do Hospital 
de Clínicas de São Paulo que no início tinha como 
foco desospitalizar o paciente garantindo um 
tratamento mais humanizado. Porém, após alguns 
anos o objetivo passou a ser de dar um 
atendimento interdisciplinar na própria residência 
do paciente, levando em conta o tipo de doença, 
a piora do quadro clínico ou a impossibilidade de 
comparecer ao hospital e buscar melhor 
qualidade de vida para pacientes em fase terminal 
(Yamaguchi et al., 2010). 
 
Atuação do farmacêutico no Home Care 
 
As atribuições internas do farmacêutico no Home 
Care têm algumas semelhanças com as atividades 
do mesmo em Farmácia Hospitalar, diferente 
apenas quando o atendimento é voltado para as 
visitas domiciliares (Yamaguchi et al., 2010). 
 As atribuições são regulamentadas pela 
Resolução nº 386/02 do Conselho Federal de 
Farmácia, onde o profissional presta orientações 
quanto ao uso, indicações, interações 
(medicamentosas e alimentares), efeitos 
colaterais, medicamentos via sondas (enterais e 
nasoenterais), guarda, administração e descarte 
de medicamentos para a equipe multidisciplinar, 
para o paciente e seus familiares. Além disso, 
gerencia o armazenamento dos medicamentos e 
materiais médicos garantindo que cheguem ao 
domicílio com qualidade e segurança (CRF, 2013). 
 Internamente, o profissional farmacêutico 
é responsável pelo Ciclo da Assistência 
Farmacêutica que compreende processos 
desenvolvidos para reposição do estoque de 
medicamentos e materiais. Dentro desse ciclo 
podemos citar a seleção, programação, aquisição, 
armazenamento, distribuição, prescrição e 
dispensação dos itens existentes na instituição. 
Também atua, como integrante da equipe 
multidisciplinar, na padronização dos 
medicamentos estocados (Nunes, 2010). 
No ambiente externo, que tem como foco a visita 
domiciliar, o profissional farmacêutico atua no 
gerenciamento de risco no uso de medicamentos 
(farmacovigilância), participa de grupos e 
comissões multiprofissionais, gerenciamento de 
suprimentos e logística, no controle de estoque e 
condições de armazenamento dos medicamentos 
e materiais nas residências. E, em alguns casos 
também pode-se citar a Farmácia Clínica, que 
avaliando a prescrição médica observa e notifica 
casos de interação medicamentosa, reação 
adversa e superdosagem(Nunes, 2010). 
O farmacêutico deve estabelecer uma relação de 
ética entre a organização que o contrata e os 
pacientes que solicitam o serviço de Home Care, 
incluindo alguns pré-requisitos como: treinar o 
paciente, a família e o cuidador para administrar 
corretamente os medicamentos; avaliar se as 
prescrições médicas estão adequadas ao Home 
Care, bem como, a indicação, dose, via e método 
de administração dos medicamentos; nos casos 
em que a primeira dose do medicamento seja 
administrada em domicílio, o farmacêutico deve 
avaliar juntamente com o médico titular, 
enfermeiro e cuidador, se o procedimento é 
seguro; também deve monitorar através de 
exames laboratoriais apropriados, se a terapia 
medicamentosa está respondendo positivamente 
(ASHP, 2000). 
 A documentação completa do paciente 
como dados pessoais, histórico de patologias 
anteriores, diagnósticos e resultados dos exames, 
local de aplicação intravenosa, início da terapia 
medicamentosa, perfil das medicações prescritas 
e não-prescritas, limitações funcionais, bem como 
toda evolução do quadro clínico do paciente é 
muito importante para o farmacêutico no que diz 
respeito à terapia medicamentosa prescrita. 
Também cabe ao farmacêutico a escolha 
adequada dos produtos, dispositivos e 
suprimentos incluídos na terapia do paciente, 
levando em conta a estabilidade e a 
compatibilidade dos medicamentos prescritos no 
dispositivo de infusão. Deve-se elaborar um plano 
de cuidado no início da terapia e revisá-lo 
regularmente (ASHP, 2000). 
 O profissional farmacêutico acompanha a 
equipe em domicílio para verificar o 
armazenamento e o cuidado com os 
Olmedilha e Cappelaro/Rev. Pesq. Inov. Farm. 5(1), 2013, 31-37. 
 35 
medicamentos e passa orientações ao cuidador 
sobre o uso adequado dos mesmos. O 
farmacêutico clínico atua participando do 
momento da prescrição, contribuindo para a 
assistência e atenção farmacêutica e 
demonstrando a importância da prática 
multiprofissional e sua participação pró-ativa no 
atendimento ao paciente (Yamaguchi et al., 2010). 
 Cabe ao farmacêutico a monitorização 
clínica da terapia de acordo com o que foi 
estabelecido no plano de cuidado, a 
responsabilidade pela documentação de todos os 
aspectos da farmacoterapia clínica, a liderança no 
desenvolvimento de um programa que monitore 
e documente possíveis reações adversas e erros 
de prescrição. A participação do farmacêutico na 
elaboração de políticas e procedimentos dentro 
da organização é essencial para a qualidade desse 
atendimento (ASHP, 2000). 
 O acompanhamento farmacoterapêutico 
é responsável por garantir a utilização adequada, 
efetiva e segura dos medicamentos pelos 
pacientes, seja em âmbito hospitalar, 
ambulatorial ou Home Care, maximizando os 
resultados da farmacoterapia e minimizando 
riscos e erros, eventos adversos e custos. O 
farmacêutico, como membro da equipe 
multiprofissional de saúde, realiza a revisão, 
avaliação e otimização da farmacoterapia utilizada 
pelos pacientes, a reconciliação da 
farmacoterapia quando do internamento e alta do 
Home Care; realiza visitas clínicas ao domicílio do 
paciente para monitorar uso, reações adversas e 
interações medicamentosas; orienta o paciente 
sobre o processo de uso correto dos 
medicamentos; participa na elaboração de 
políticas de medicamentos, protocolos clínicos e 
padronização de medicamentos nas instituições 
onde atua, com base nas relações risco-benefício 
e custo-eficácia (Nunes, 2010). 
 Realizar o Acompanhamento 
Farmacoterapêutico (AFT) requer um método de 
trabalho rigoroso por várias razões. Se por um 
lado se trata de uma atividade clínica e, portanto, 
condicionada à decisão livre e responsável de um 
profissional, por outro lado exige que seja 
realizada com o máximo de informação possível. 
Isto é, trabalhar para que algo tão pouco 
previsível como a resposta e o benefício de uma 
ação em um paciente, se produza com a maior 
probabilidade de êxito. Por esse motivo, os 
profissionais clínicos necessitam nessas atividades 
de protocolos, manuais de atuação, consensos, 
etc, para sistematizar parte do seu trabalho. O 
AFT, como qualquer outra atividade sanitária 
necessita, para ser realizado com a máxima 
eficiência, de procedimentos de trabalho 
protocolizados e validados, por meio da 
experiência, que permitam uma avaliação do 
processo e, sobretudo, dos resultados (Llimós et 
al., 2003). 
O Documento de Consenso em Atenção 
Farmacêutica, propiciado pelo Ministerio Español 
de Sanidad y Consumo, define Seguimento do 
Tratamento Farmacológico personalizado como a 
prática profissional na qual o farmacêutico se 
responsabiliza pelas necessidades do paciente 
relacionadas com os medicamentos. Isto se realiza 
mediante a detecção, prevenção e resolução de 
problemas relacionados com os medicamentos 
(PRM). Este serviço implica um compromisso, e 
deve ser fornecido de forma continuada, 
sistematizada e documentada, em colaboração 
com o próprio paciente e com os demais 
profissionais do sistema de saúde, com o objetivo 
de alcançar resultados concretos que melhorem a 
qualidade de vida do paciente (Espejo et al., 
2002). 
 O Método Dáder se baseia na obtenção 
da história Farmacoterapêutica do paciente, isto 
é, os problemas de saúde que ele apresenta e os 
medicamentos que utiliza, e na avaliação de seu 
estado de situação em uma data determinada a 
fim de identificar e resolver os possíveis 
Problemas Relacionados com os Medicamentos 
(PRM) apresentados pelo paciente. Após esta 
identificação, se realizarão as intervenções 
farmacêuticas necessárias para resolver os PRM e 
posteriormente se avaliarão os resultados obtidos 
(Machuca; Fernández-Llimós; Faus, 2004). 
O conceito de Problemas Relacionados com os 
Medicamentos (PRM) encontra-se definido no 
Segundo Consenso de Granada como: problemas 
de saúde, entendidos como resultados clínicos 
negativos, derivados do tratamento farmacológico 
que, produzidos por diversas causas têm como 
conseqüência, o não alcance do objetivo 
terapêutico desejado ou o aparecimento de 
efeitos indesejáveis. Assim, PRM é uma variável 
de resultado clínico, uma falha do tratamento 
farmacológico que conduz ao aparecimento de 
um problema de saúde, a um mau controle da 
doença ou a algum efeito indesejado. Estes PRM 
podem ser de três tipos: relacionados com a 
necessidade de medicamentos por parte do 
paciente, com sua efetividade ou segurança. 
Olmedilha e Cappelaro/Rev. Pesq. Inov. Farm. 5(1), 2013, 31-37. 
 36 
O Segundo Consenso de Granada estabelece uma 
classificação de PRM’s em seis categorias, que por 
sua vez se agrupam em três subcategorias, como 
apresenta o Quadro 1. 
 
Quadro 1. Classificação de PRM do Segundo 
Consenso de Granada. 
 
 
 Entende-se por problema de saúde (PS) a 
definição que considera: “qualquer queixa, 
observação ou fato percebido pelo paciente ou 
pelo médico como um desvio da normalidade que 
afetou, pode afetar ou afeta a capacidade 
funcional do paciente” (Wonca, 1995). 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 
 
A Atenção Domiciliar ainda é uma modalidade de 
prestação de serviço pouco conhecida, mas está 
em fase de expansão em nosso país, pois hoje 
temos várias legislações que contribuem para seu 
crescimento e divulgação. Muitos acreditam que 
esse serviço envolve apenas médicos e 
profissionais de enfermagem, porém a equipe 
multidisciplinar é composta por diversos 
profissionais da saúde, inclusive farmacêuticos. 
 O atendimento domiciliar possibilita uma 
maior interação entre o paciente e os 
profissionais envolvidos, aumentando a aceitação 
dos familiares e agilizando o processo de 
recuperação. 
 O trabalho interdisciplinar é, atualmente, 
uma das bases para a mudança do modelo de 
assistência à saúde. No decorrer deste estudo, 
percebeu-se a importância da contribuição de 
outros profissionaisda equipe de saúde para a 
resolução de PRM e para a melhora dos pacientes. 
Além disso, a realização de visitas domiciliares é 
fundamental para conhecer melhor o ambiente 
familiar e para facilitar a identificação de 
problemas que possam interferir no sucesso do 
plano terapêutico. Desta forma, o atendimento 
farmacêutico no âmbito do domicílio, sua inserção 
no currículo dos cursos de farmácia e sua inserção 
na equipe básica da Estratégia de Saúde da 
Família, possibilitariam a detecção e resolução 
dos erros relacionados ao uso do medicamento, 
tornando-se uma importante ferramenta para o 
sucesso da farmacoterapia. Portanto, o 
farmacêutico desempenha papel importante 
tanto administrativamente como tecnicamente, 
pois também está incluído na equipe 
multidisciplinar. 
 O Brasil está em fase de reestruturação na 
área do medicamento, envolvendo desde a 
formação e prática dos profissionais de saúde até 
o bem estar e qualidade de vida. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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home care. Am J Health-Sys Pharm. 2000; 
57:1250-5. 
Barros JAC. Atenção Farmacêutica implantação 
passo-a-passo. Belo Horizonte: Faculdade de 
Farmácia, 2005. 
CRF (Conselho Regional de Farmácia). Cartilha de 
Farmácia Hospitalar. Comissão Assessora de 
Farmácia Hospitalar. 2013. 
Brasil. Conselho Federal de Farmácia. RE 
386/2002. Dispõe sobre as atribuições do 
farmacêutico no âmbito da assistência domiciliar 
em equipes multidisciplinares. Dispõe sobre as 
Necessidade 
PRM 1: O paciente apresenta um 
problema de saúde por não utilizar a 
farmacoterapia que necessita. 
PRM 2: O paciente apresenta um 
problema de saúde por utilizar um 
medicamento que não necessita. 
Efetividade 
PRM 3: O paciente apresenta um 
problema de saúde por uma 
inefetividade não quantitativa da 
farmacoterapia. 
PRM 4: O paciente apresenta um 
problema de saúde por uma 
inefetividade quantitativa da 
farmacoterapia. 
Segurança 
PRM 5: O paciente apresenta um 
problema de saúde por uma 
insegurança não quantitativa de um 
medicamento. 
PRM 6: O paciente apresenta um 
problema de saúde por uma 
insegurança quantitativa de um 
medicamento. 
 
 
Olmedilha e Cappelaro/Rev. Pesq. Inov. Farm. 5(1), 2013, 31-37. 
 37 
atribuições do farmacêutico no âmbito da 
assistência domiciliar em equipes 
multidisciplinares. 
Brasil. Serviço de Atenção Domiciliar. RDC 
11/2006. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de 
Funcionamento de Serviços que prestam Atenção 
Domiciliar. 
Cipolle RJ, Strand LM, Morley PC. Pharmaceutical 
Care Practice. New York: McGraw-Hill, 1998. 
OPAS; Organização Mundial de Saúde – OMS – 
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Atenção Farmacêutica (Proposta). Brasília: 
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