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Andressa Borges CIDADANIA NO BRASIL (RESENHA) Em meados de 1500 , portugual era um país que extraia matérias primas do Brasil . Portugual tinha nada mais que interesse econômico. O livro traz os 500 anos da conquista da terra pelos portugueses , pude observar que eles não conseguem ocultar o drama por trás dos pobres, desempregados, analfabetos / semianalfabetos , etc . Percebe- se a crença de que a democracia política resolveria com rapidez os problemas da pobreza e da desigualdade. As populações eram analfabetas em um contexto de escravidão e de afastamento da vida política. O interesse nesse período estava nas classes proprietárias de terras ou nas mãos dos grandes mineradores. O poder público era exercido de maneira privada. Não havendo um sentimento de igualdade perante a lei, não podemos ainda falar de uma cidadania. A independência em 1822 não trouxe significativa mudança nesse quadro, como demonstração podemos observar que em 1824 continuava em uma monarquia de escravidão . A ponta do iceberg veio com os direitos sociais , implantados na epoca ditatorial onde ocorria a retirada dos direitos politicos e redução dos direitos civis e depois com os direitos políticos. O voto deu-se em outro período ditatorial, em que os órgãos de representação política foram transformados em peça decorativa do regime. Se os direitos sociais foram implantados em períodos ditatoriais, em que o Legislativo detia da criação das leis e logo o mesmo se encontrava fechado ou era apenas uma peça decorativa , a população em si criou a imagem de que a centralidade era o Executivo que detia da execução das leis. Assim , a visão que se tinha era de de que a negociação iria ser direta com o governo , sem a aprovação da representação . Com a visão de valorização do executivo ouve a desvalorização do legislativo e de seus respectivos titulares. Houve se então 3 fases do Governo Militar: A de 1964 a 1968 (governador Castello Branco e 1º ano de Costa e Silva) onde início com intensa atividade repressiva com períodos de abrandamento. Economia: combate à inflação, forte queda no salário mínimo e pequeno crescimento, sendo retomado em ritmo mais acelerado em 1968. Onde ocorreu o domínio dos setores mais liberais das forças armadas. De 1968 a 1974 (governador Médici) correu o alto crescimento econômico, decréscimo do salário mínimo, grande repressão política. E em 1974 a 1985 (governador Geisel e Figueiredo) houve a abertura do sistema, quebra-se a repressão, crise econômica (petróleo em 1973), trazendo os reflexos na década de 1980. Além da cultura política estatista ou governista, a inversão favoreceu também uma visão corporativista dos interesses coletivos. A prática política posterior à redemocratização tem revelado a força das grandes empresas de banqueiros, comerciantes, indústriais, centrais operárias, empregados públicos, todos lutando pela preservação de privilégios ou em busca de novos favores. Em 1881 foi instituído o voto direto com uma exigência de renda de 200 mil réis. A renda não era o maior problema , e sim a proibição do voto ao analfabeto. O que era contraditório , sendo que proibição acontecia em um Brasil onde no máximo 15% por cento da população era alfabetizada . Em 1886 foi excluído 80% do eleitorado. A proclamação da República (1889) não trouxe alterações significativas. A principal mudança no voto era a revogação da exigência da renda, mas mantinha-se a exclusão do analfabeto. Além disso, mulheres, mendigos, soldados e religiosos não votavam também. De 1889 a 1930 (Primeira República) não houve grandes mudanças. Foi adotado o Estado Federativo, onde cada Estado passa a ter seu Presidente. A descentralização aproximou o governo da população, mas abriu espaço para os “coronéis”. Eles se aliavam aos presidentes em nome das oligarquias. As fraudes nas eleições mantinham-se como algo comum. Veja que além das limitações ao voto, as fraudes ainda orientavam os resultados! A grande verdade era que o povo sabia manifestar-se de maneira “não-formal”, em movimentos mais ou menos violentos. A formalidade e o conceito do voto eram impedidos de se desenvolverem. Mas, quando a população sentia-se invadida nos seus interesses mais próximos do dia a dia, nos seus valores morais ou religiosos, as pessoas se manifestavam. As pessoas livres (os não escravos) com direitos civis limitados e direitos sociais precários, como desenvolveriam uma sensibilidade política! Só o tempo e as lutas produzem cidadania. Outro elemento cultural importante é a escravidão. Homens escravos cruzavam as ruas naturalmente, amamentavam as crianças, iam às compras para as senhoras e as escravas dormiam com seus donos. Como desenvolver um sentimento de cidadania? Mesmo o positivismo já fundamentado na Europa, não chegava ao Brasil que é tão grande: encalhava nas elites e não podia espraiar-se numa população sem escola e com uma imprensa limitada em recursos. Além disso, num país com um forte espírito religioso, até os padres possuíam cativos. Conclusão de que no Brasil, aconteceram primeiro as leis que contemplavam os direitos sociais. Somente após, surgiu a preocupação com a efetivação dos direitos políticos. Com isso a concepção de cidadania foi prejudicada. Num contexto de um Estado paternalista( , a busca por um novo rei na política enfraqueceu as consciências, evitando uma luta eficaz pela consolidação de direitos. A cultura do consumo dificulta o desatamento do nó que torna tão lenta a caminhada da cidadania entre nós, que é a incapacidade do sistema representativo de produzir resultados que impliquem a redução da desigualdade e o fim da divisão dos brasileiros em grupos separados pela educação, pela renda, pela cor. A população prefere apostar num executivo garantidor de alguns direitos para alguns. O legislativo e o judiciário aparecem no imaginário popular como figuras subalternas. A figura do político profissional é desprestigiada como agente transformador da realidade. O político é visto como um mediador de favores junto ao executivo. Uma espécie de mal necessário. A cultura criada onde a busca de direitos excluem deveres, onde a falta de conhecimento aliou-se ao imediatismo, só o tempo poderá mudar. Será necessário o investimento forte na escolarização , com jovens e crianças aprendendo nas salas de aulas. Por fim, o período entre 1945 e 1964 foi caracterizado pela reorganização das leis que foram respeitadas e as liberdades individuais, garantidas, salvo algumas exceções. Durante esse período, uma parcela significativa dos trabalhadores organizou-se de forma independente, enfraquecendo o "peleguismo", e formaram-se, em alguns Estados do Nordeste, as Ligas Camponesas, num processo de organização que, apesar de reunir ainda setores minoritários do campesinato, já apresentava certo grau de politização. A crise do populismo foi responsável pela polarização política, não ideológica, entre aqueles que defendiam uma política popular e nacionalista e aqueles que defendiam a abertura do mercado e uma maior aproximação com a política externa dos EUA. Referência CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.
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