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A Reação Católica e as Protoformas do Serviço Social - Após os grandes movimentos sociais do primeiro pós-guerra, tendo por protagonista o proletariado, “ a questão social” fica definitivamente colocada para a sociedade. - Protoformas do Serviço Social no Brasil – 1920; - O aparecimento do Serviço Social, enquanto conjunto de atividades legitimamente reconhecidas dentro da divisão social do trabalho – 1940; - mobilização social, pela Igreja, do movimento católico leigo – 1930; - Surgirá o Serviço Social como um departamento especializado da Ação Social, embasado na doutrina social da Igreja Católica; Duas bases de análise: - Igreja como Instituição Social de caráter religioso (doutrina universalizante e formulada por intermédio de um centro internacional – relação de hierarquia com o Vaticano – linha política desenvolvida na Itália e França); - Natureza do engajamento da Igreja na dinâmica dos antagonismos de classe da sociedade na qual está inserida. - Perca do monopólio ideológico da Igreja – com as contrarreformas XIX, os Estados nacionais europeus são forçados a conceder espaço aos movimentos políticos ideológicos burgueses; - A Igreja reagirá – reagrupando suas forças, visando à reconquista de suas antigas prerrogativas e privilégios, tanto práticos quanto ideológicos. - Nação Católica - legitimação jurídica do acesso da Igreja ao ensino público, a obras e entidades de caráter de interesse público – e, através destes, aos cofres públicos – a superioridade da Igreja sobre o Estado. - As soluções formuladas para a realidade brasileira são ortodoxamente antiliberais e antidemocráticas. - Defesa de um Estado com autoridade absoluta, desde que sob a influência da Igreja. - Final da República Velha – Identidade entre Igreja e Estado – ampliação da sua área de influência; - 1930 – marca um novo período de mobilização do movimento católico laico – Igreja é chamada a intervir de forma mais ampla na dinâmica social. (p. 156) Movimento Político-Militar de 1930 e a Implantação do Corporativismo - Fim da década de 1920 – decadência da economia cafeeira e pelo amadurecimento das contradições econômicas e complexidade social geradas pelo desenvolvimento capitalista realizado sob a égide da expansão do café. - Crise mundial de 1929 – Aglutinação de oligarquias regionais não vinculadas à economia cafeeira, de setores do aparelho de Estado (Militar) e de fração majoritária das classes médias urbanas. - O Estado Novo – em nome da harmonia social e desenvolvimento – Política Social – legislação sindical e trabalhista - Ofensiva ideológica contra a organização autônoma do proletariado - Coibir a mobilização das classes exploradas urbanas como um todo, integrando suas reivindicações à estrutura corporativa do Estado. - Com a queda da República Velha – abrirá o campo de intervenção na vida social. (p.165) - É chamada a atuar nos momentos mais críticos para a estabilidade do novo regime e com ele disputará arduamente a delimitação das áreas e competências de controle social e ideológico. - Mobilização da opinião pública católica e à reorganização em escala ampliada do movimento católico leigo. -A partir de 1932 – grande diversificação e ampliação do aparato do movimento católico laico. (p. 168) - Harmonizar as classes em conflito e estabelecer entre elas relações de verdadeira amizade. Acima da regulamentação jurídica do Estado laico deverá prevalecer o comunitarismo cristão. - A integração entre a Igreja e o Estado: - obras de assistência, adesão ao sistema. - aspecto mais organizado, hierarquizado, exigente no plano da disciplina e também mais capas de violar o fundo das consciências para assegurar o consentimento e a obediência. - O Serviço Social, que surge nesse período, como desdobramento da Ação Social e da Ação Católica, não estará isento dessas marcas. PROTOFORMAS DO SERVIÇO SOCIAL GRUPOS PIONEIROS E AS PRIMEIRAS ESCOLAS DE SERVIÇO SOCIAL Participação do clero no controle direto do operariado industrial desde as primeiras grandes unidades industriais do século XIX. Capelas e missas nas indústrias Plano sindical – apoio patronal com iniciativas assistenciais (mútuas), contrapor o sindicalismo autônomo anarco-sindicalista. (Pernambuco, Rio Grande do Norte) Protoformas do Serviço Social – funda-se nas obras e instituições que começam a brotar após o fim da primeira guerra mundial. Contexto internacional – efervescência do movimento popular operário, União Soviética (1922-1991), Tratado de Versailles, primeiras Escolas de Serviço Social na Europa.[2: 1919 – tratado de paz entre o países europeus, Alemanha perde território e colônias, acordos econômicos, entre outros. ] Contexto interno – manifestações operárias – 1917-1921 – existência de uma questão social e necessidade de procurar soluções para resolvê-la, senão minorá-la. Instituições que surgem nesse momento – obras que envolvem famílias burguesa, maioria mulheres. Associação das Senhoras Brasileiras (1920) Liga das Senhoras Católicas (1923) O surgimento dessas instituições – primeira fase do movimento de “reação católica” – divulgação do pensamento social da Igreja e da formação das bases organizacionais e doutrinárias do apostolado laico. Diferente de ações anteriores – “socorro aos indigentes”, mas de assistência preventiva, apostolado social, atender e atenuar determinadas sequelas do desenvolvimento capitalista (menores e mulheres) Confederação Católica (1922) – precursora da Ação Católica – centralizar politicamente esses primeiros embriões de apostolado laico. A importância dessas instituições- a partir do seu desenvolvimento que se criarão as bases materiais e organizacionais, principalmente humanas, que a partir da década de 1930 permitirão a expansão da Ação Social e o surgimento das primeiras escolas de Serviço Social no Brasil. Movimento laico – dentro da Ação Social Católica Envolvimento da juventude Católica - Juventude operária, estudantil, universitária, feminina O elemento humano e a base organanizacional que viabilizarão o surgimento do Serviço Social – Obras sociais da Igreja relacionadas a prevenção e os novos movimentos de apostolado social – intervir junto ao proletariado (Movimento Laico) controlado pela hierarquia. HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL A emergência e institucionalização do Serviço Social como especialização do trabalho ocorre nos anos 20 e 30, sob influência católica européia. Com ênfase nas idéias de Mary Richmond e nos fundamentos do Serviço Social de Caso, a técnica está a serviço da doutrina social da Igreja.Nos anos 40 e 50 o Serviço Social brasileiro recebe influência norte-americana. Marcado pelo tecnicismo, bebe na fonte da psicanálise, bem como da sociologia de base positivista e funcionalista/sistêmica. Sua ênfase está na idéia de ajustamento e de ajuda psico-social. Neste período há o início das práticas de Organização e Desenvolvimento de Comunidade, além do desenvolvimento das peculiares abordagens individuais e grupais. Com supervalorização da técnica, considerada autônoma e como um fim em si mesma, e com base na defesa da neutralidade científica, a profissão se desenvolve através do “Serviço Social de Caso”, “Serviço Social de Grupo” e “Serviço Social de Comunidade”. Nos anos 60 e 70 há um movimento de renovação na profissão, que se expressa em termos tanto da reatualização do tradicionalismo profissional, quanto de uma busca de ruptura com o conservadorismo. O Serviço Social se laiciza e passa a incorporar nos seus quadros segmentos dos setores subalternizados da sociedade. Estabelece interlocução com as Ciências Sociais e se aproxima dos movimentos “de esquerda”, sobretudo do sindicalismo combativo e classista que se revigora nesse contexto.O profissional amplia sua atuação para as áreas de pesquisa, administração, planejamento, acompanhamento e avaliação de programas sociais, além das atividades de execução e desenvolvimento de ações de assessoria aos setores populares. E se intensifica o questionamento da perspectiva técnico-burocrática,por ser esta considerada como instrumento de dominação de classe, a serviço dos interesses capitalistas. Com os “ventos democráticos” dos anos 80, inaugura-se o debate da Ética no Serviço Social, buscando-se romper com a ética da neutralidade e com o tradicionalismo filosófico fundado na ética neotomista e no humanismo cristão. Assume-se claramente no Código de Ética Profissional, aprovado em 1986, a idéia de “compromisso com a classe trabalhadora”. O Código traz também outro avanço: a ruptura com o corporativismo profissional, inaugurando a percepção do valor da denúncia (inclusive a formulada por usuários). No âmbito da formação profissional, busca-se a ultrapassagem do tradicionalismo teórico-metodológico e ético-político, com a revisão curricular de 1982. Supera-se, na formação, a metodologia tripartite e dissemina-se a idéia da junção entre a técnica e o político. Há ainda a democratização das entidades da categoria, a superação da lógica cartorial pelo Conjunto CFESS/Cress, que conquista destaque no processo de consolidação do projeto ético-político do Serviço Social.Nos anos 90, se verificam no âmbito do Serviço Social os efeitos do neoliberalismo, da flexibilização da economia e reestruturação no mundo do trabalho, da minimalização do Estado e da retração dos direitos sociais. O Serviço Social amplia os campos de atuação, passando a atuar no chamado terceiro setor, nos Conselhos de Direitos e ocupa funções de assessoria entre outros. Discutindo a sua instrumentalidade na trajetória profissional, ressignifica o uso do instrumental técnico-operativo e cria novos instrumentos, como mediação para o alcance das finalidades, na direção da competência ética, política e teórica, vinculada à defesa de valores sócio-cêntricos emancipatórios. Partindo do pressuposto da necessidade da capacitação continuada, o Serviço Social busca a ultrapassagem da prática tecnicista, pretensamente neutra, imediatista ou voluntarista. Nos anos 2000 esta conjuntura provoca novas disputas em torno da questão social e do papel a ser cumprido pelas políticas sociais, verifica-se a proliferação de cursos de graduação privados de baixa qualidade, implementação do ensino de graduação à distância, com prejuízo ao ensino presencial. Reduz-se a capacidade de mobilização em torno de projetos coletivos, o que gera novos desafios para a luta pela consolidação dos direitos da população usuária dos serviços prestados pelos assistentes sociais.Esses elementos apontam para a necessidade de fortalecer o projeto ético-politico profissional, que vem sendo construído pela categoria há mais de três décadas.
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